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do valor da força de trabalho, uma vez que este valor se tenha acrescido por motivo dos maiores gastos na formação da força de trabalho, das exigências mais complexas do processo de produção, da criação de novas necessidades materiais e culturais. Em qualquer caso, todo progresso no capitalismo suscita anta- gonismos. A elevação do salário real não raro vem acompanhada de fenômenos como o desgaste mais acentuado das energias físicas e/ou psíquicas (constate-se, a propósito, o alto índice de doenças mentais nos meios operários), maior insegurança de manutenção do emprego, crescimento do número de desempregados e dilatação dos períodos in- termitentes de desocupação, o que aumenta a carga sobre os operários momentaneamente empregados. Não se pode tampouco dissociar o es- tudo do padrão de vida geral da classe operária da situação peculiar daquelas camadas de trabalhadores mais sujeitos ao desemprego e aos baixos salários. Ao padrão de vida dos operários alemães ou franceses, relativamente elevado, constitui elemento de contraste o mesquinho nível de condições de existência dos trabalhadores imigrantes proce- dentes da Europa meridional, África e Oriente Médio. De igual maneira, seria erro grosseiro abstrair, nos Estados Unidos, o alto nível de vida dos operários brancos de todos os flagelos que se abatem sobre os operários negros e de origem latino-americana. A tais fenômenos do cotidiano dito normal, acrescentem-se as calamidades das crises econômicas que, apesar da inventividade key- nesiana, continuam a fazer parte do ciclo capitalista. VI. Valor e Preço — O Problema da Transformação A explicação das oscilações momentâneas dos preços de mercado pelas variações na oferta e demanda só pode satisfazer à observação dos fenômenos em sua superfície. Os economistas, que não se conten- tavam com a observação superficial, entenderam que devia existir um regulador determinante, não das oscilações dos preços, mas do nível em que elas ocorrem. Smith e Ricardo definiram aquele regulador como o valor-trabalho. Ao mesmo tempo, traduziram o valor-trabalho em termos de preço, sem qualquer mediação. Por conseguinte, o preço natural (Smith) ou o custo de produção (Ricardo) devia ser igual ao valor-trabalho, o que criava in- solúvel impasse, conforme já foi mencionado no início da seção IV. Marx esforçou-se no sentido de eliminar esta transição imediata do conceito abstrato de valor à realidade empírica dos preços. E o fez descobrindo as mediações dialéticas que balizam o trajeto do valor aos preços de mercado. A primeira mediação consiste na taxa de mais-valia, que se dis- tingue da taxa de lucro. A taxa de mais-valia é a relação entre a mais-valia e o capital variável. A taxa de lucro é a relação entre a mais-valia e o capital individual total (soma do capital variável com OS ECONOMISTAS 44
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