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A NOÇÃO ps FATO PSÍQUTCO
ROBERT BLANCT{E
A.S" CÓPIÂS
ELOCO N NO D"A,
DE,: FITSFÓITIA
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i 1A doutrina segundo a qual existe uma realidade Ínental oposta à realidade
fisica ipor caracteres específioos, mas acessível como ela, ainda que de outra
maneird, à"obseivação, sutrriietida como ela ao determinismo da natureza e
entiando com ela na composição 8o universo, esteve ligada estreitamente à
concepção de una Psicologia çientífica, tal como ela se.constituiu, ao longo do
século XlX, como ciência dos fatos mentais e de suas leis. Sabe-se das
diÍìculdacles que fez nascer esta doutrina, notadamente quanto ao tema das
relações entre os fenômenos flsicos e os fenômenos psÍquicos. Após ter tentado
resolvê-las por toda uma floração de hipóteses, os psicólogos acabaram por
renunciar a ocupar-se 'dbste, próblerna, relrletendo.o' aos filósofos. Mas os
ernbaraços que criava a idéia de uma 'realidade'mental' justaposta à realidade
fisica coriviclavant naturalmente a repor em questão esta idéia !ÌlcsmÍì. Como
contestar', no entanto, a existência dos fatos mentais? Fazê-lo, seria não somente
expor-se à censura de cuftivar o paradoxb, mas tarnbem cobrir-se de ridículo,
negando I pqqqihilidEdt {g H*}u Psicologia empírica justamente no momento emque esta sè'âchâü4 em plerio iJesenvolvimento.
9rn, dççdç há quasg B4| Século,a situaçÊq modificap:$Çl .4p dificrrldadEp de
que,fa{puo$,$ub$itteÍn; {e{n tE[rpcpbidq solqçãq. Er.n compe4saç4o, q Psicofogia
sô*.rea.E çp çieutir. por isso mesmo, ó yalor,do reali,rryp irrlrol,óuiôo ccsrã d*
,impor..se aop.espíritos corn a força de uryq evidência, e sup'nqg?çãa, se bem fluç I
Itranstqtne ilin$a nQsso$ hábitos de pens4mQnlp, não'pareççrá rhais tõo par4{oxal.
O tnomento parece então apropriado para urn minucioso exame deste postulado
daPsiq,ologiaglásçica. ' , , , . , ' , , , I i i , , , , , , l ' , , i ì , , r
i: ,;.r. ,Q[e, a psicologia contemporânea tenda.a renurciaf a.este:postrrlacto não
baçta parq ternar tal exame prçpocqmente caduco. A dissociação do laço que,dnia
f.eqlistrto nqicológicq e Psicqleeia iientífica já copeçou, mas,éstá ainda lòage de
tg.f.rtgnuinadq, Seria,c,Òntribuir para sua plena realização tentar pôr a nu as
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obscuritlades, as confusões de idéias e os equívocos gerados pela noção de urna
realidaile mental suscetível de fornecer alimento a uma "Física" cto espírito.
Para justificar a oportunidade de nosso habalho, gostaríamos de mostrar,
pr:r algurrs exernplos, como o realismo psicológico, ainda que não rnais eNibicïcr
tão ingenuamente quanto ouhora, permanece l'ivo na Psicologia contemporânea:
uln curse-çle Fsicologia reçentemente. publicado-ççirtinua-a apresentar-a clistinção
tradicional entre os fatos psíquicos e os fatos fisicos, a delimitação da Psicologia
como ciência dos fatos'mentais'ou dos fatos de experiência interna, a sirnetria
desta experiência interna com a observação sensível, em suma, a idéia de que o
uliverso se compõe de duas espécies de realidades (ou pelo menos de uma
-*---realidadsse manifestando sob dois aspectos), das-quais uma-é objeto da Física;a
outra da Psicologia; abrindo o VIII Congresso Internacional cle Psicologia,
I{eymans, após ter lembrado as tendências recentes clos psicologos a abandonar a
idéia de leis mentais e a constituir uma Psicologia na qual o mental não tivesse
' nrais lugar, vê nisso um acesso passageiro de desencorajarnento, r:onüda a
ietonìar a "via régia da Psicologia", a encarar seu campo de trabalho "sob o
ângulo da hipótese do paralelismo universal", e a buscar os "fatos mentais
capazes de entrar em leis mentais"; um psicologo inrportante colno Claparccle
rejeita, corlro desproüdas de valor para o psicologo, certas clefinições rnais
novas, voltando à definição tradicional do psíquico corÌlo inextenso,i não
ioçalizável no espaço, irredutível ao moümento, interno, subjetivo e aíètado ds
egoid:ide, por oposição à espacialidade, à exterioridade, à oirjetivielacle, à
existência independentç de nós dos objetos fisicos, que podem sempre ser, no firn
das,contas, reduzidos a movimentos materiais; será preciso,lembrar g quff]to as
concepções de Freud, que tão poderosamente contribuírarn para renoyAr íì
Psicologia, pennanecem impregnadas de realismo? ; i. ì
; j f)eixando de lado, agora; os autores que continuarn a definir a Psiçologia,
por oposição à Física, como a ciência dos fatos mentais, volterno-nos: par"a
aqueles que a concebem como a ciência do cclmportamento dos organismoq, Há
yárias:maneiras de entendê-la, mas a idéia que esta defïniçãrc quer sugqrir é
Fomprç a cle uma ciência QUÊ, ern lugar de opor-se à Física como a ciôncip:dos
fenômenrìs internos e espirituais à ciência dos fenômenos extenlos e materiais,
situa-se, ao contrário, para alérn da Biologia, no prolongamento da Física;
incidindo como ela, e como' todas as ciências, sobre fenônnenos acessívçis à
experiência coletiva. Uma tal Psicologia,repudiou o realismo psicológico? Há,
sern tlúüda, behavioristas ingansigentes. Mas, justamente, a maior parte {os
psicologos protestai contra o behaüorismo radical, acusattdo-o rie negar
paradoxalnrente a existôncia da mente. Fora raras exceções, a Psicologia dita
objetiva admite, então,. ela tzunbérn, que a realidade fisica se duplica de urna
realidacle mentil cujos traços característicos pennanecem senclo a interioridade e
a subjetividade. E, com, efeito, porque estã realidade mental não tii qob a
experiência sensível 'e objetiva, é porque ela não pode ser inserida na rede
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I
 No$o dc Frtò Püquico
Robdt lJbÉhó
I
espacial que se preconiza, para atingi-la,-urn método indireto. O método Ínudou, o
alvo dcrradeiro pennilìeceu o mesuto. Apesar de apresentar-se colno ulna
sirnples exterìsão da Biologia, a Psicologia do compoftamellto lnftntúln a
pretertsão de nada deixar escapar do objeto da Psicologia clássica, estendcnclo
scu donrí;rio até as atividades intelectuais. Através do compoúarnento, é, então, a
alividade-rnental que ela, no.Íim das contas, se.propõe essçnciahnente.estudar, e
da nraneira a mais realista. Para convencerïno-nos disto, basta ler o trabalho no
qual Piéron, representante qualificado em França da Fsicologia otljetiva, expôs as
grandes linhas desta Psicologia. Aí vereÍnos que a noção tradicional de "fatos
nrentais" concebidos como "internos" pennzutece tão vlaz que o autor não
estaria nluito longe de pô:los no'rnesmo plano dos fenômenos fisiologicosauese
ocultariiun no "interior" do organismo. Aí veremos, ainila, como a concepção de
unra Psicologia do compodarnento, muita clara quanclo diz respeito a reações
elcnrentares, corn as quais não se deixa o detemrinismo biológico, se obscrlrece
quanclo se chega às "reações intelectuais": cla se dobra então no sentido da
Psicologia clássica e restaura a idéia de um "detenninismo mental". Mesmo na
['sicokrgia do cotnportatnettto, o realismo psicologico subsiste, então, pelo menos
enr estaclo latente.
Nada talvez mostre melhor a sobrevivência deste realisrno na Psicologia
contemporânea do que a natureza das reservas que são constantemente
fonnulactas pela maioria dos psicólogos à forma intlansigente da Psicologia do
cornportamento. Faz-se notar que o estudo do comportamento puro e simpfes,
abstração feita de sua sigrificação, nada teria em comum,colrì o que se costuma
entender pela palawa Psicologia. Mas acrescenta-se que só o recurso à
introspecção permite dar um sentido a um. comportamento. O sentidq dg
comportamento é, entÍlo, tomado por uma realidade mental escondida atrás de sua
realidade rnaterial e revelada, diretamente, apenas ao sujeito. A çiualiriade da
realidade e do pensamento se üansforma assim no dualismo ôntico do fisíco e do
rnental, característico do realismo psicológico conternporâneo. Deste gênero de
prgurnento, e desta transposição, qualquer um achará, facilmente, exemplos.
Tonrarernos rün, de uncurto artigo no qual Charles Blondel reivindica a Í'vida
interior" corno o objeto autêntico de toda Fsicologia, lnesmo a do
comportanlento: l'As Psicologias do comportamento, osçrpve qle, não fazem,
talvez, abstração da mente e de seus estados, tão completamente colno
desejariarn. Se, entre os comportamentos, elas contam o verbal, é óbüo que elas
ententleur por isso unr conÌpoúamento verbal inteligível. Mas as palavras que
empregÍÌmos não têm sentido para nós nem para nossos ouvintes se não são os
signos de todo urn jogq dç experiências qge forçoso é, de qualquer modo,
qualificar de mentais, I, para compreender o que nos dizem, e mesmo o que
dizemos, é preciso que façamos, mais ou menos'deliberada e conscientemente,
uma volta a nós mesmos que se assemelha muito à introspecção". E ele cqnclui
que toda obra psicológica deve, no fim das contas, chegar a uma "rçferência
A Noíão dÊ F6!o Põlquho
Roòqt lllscM
ì
necessÍiria à experiência interior", dando como exemplo particulanxìcnfe
característico os estudos de Lévy-Briilrl, que, analisando c! pensamerìto cios
plinritivos, nos infonnaria assim de sua "vida intcrior". Ou nos enganarÌ1os muito
ou esta assirnilação do pensamento à vida interior, da inteleeção à introspecção
não é senão unra fcrrma urn pouco mais sutil da confusão, favclreçida aliás grelo
chrploselÍidorla palawa refl.çxã0, que Íazem.os.estudantes.d.e ï'sicc{clgia çiuando
tomam por un casolde introspecção a meditação do filosofo ou do matemático,
quando tornam pela contemplação de urna realidade mental a propria atividadc; do
espíritcl. Até aqui deixarnos de lado o çaso daqueles dentre os behavioristas que
são bastante intrépidos para ir até a negação da existência dos fatos mentais. Felo
' lxr-flms-repudiararn eles, a5sim procedendo, o realismo psiÕológico'/ Arroí-õ'qüC
acabamos de dizer compieender-se-á como, sem buscar o parado:io, poelemos
sustentar que, pelo contrário, esta negação mesma, no sentido em qlle eles a
entendern, é dele uma nova manifestação. Para os trehavioristas, tanto quanto
ara seus adversários mentalistas, a negação ou afinnaçiio da rcalidade psíquica
não se distingue ão ou nação da iritualidade do
'['oda a controvérsia limi o-se, então, a se perguntar se a atividade rJo
pensarÌìento se rsduziria a unla atividacle conporal ou s0 consistiria nulna série de
fenônrenos especificzunente mentais, irredutíveis a fenôrnenos frsicos. NIas, que
as operações do pensiunento sejarn asçirniláveis a Í-cnômenos da natureza e algo
sobre o que não paira a menor dúüda, o ponto litigioso sendo apenas o dç,saber
se, esses f,enômenos são fisicos ou psíquiccrg. Aí estariaj enttretanto, {odg a
questão, a assimilaçãq dos pel:ìsÍÌmentos a fenôrnenos naturais sendo justarn-pnte a
qssQncia do realismo psicologico. Digamo{o, logo, a ppQsiçãq entrç,, os
behavioristas e os mentalistas é uma falsa alternativa na qual pretendemos qão
nos , cleixar enceÍrar, Sejeitando tanto a negação do penszunetrto quanlo ír
pfinnação de uma realidade mental. Mas a única maneira de;escapar distq ó
precisamente abandonar,o pgstulado realista. Poúam que o pensamento é uma
realidade, a questão não será mais do que decidir se esta realidade é fisica, e
apreensível pelos sentidos numa experiência objetiva, ou psíquica, e apreensivel
por introspecção nutrna experiência estritarnente subjetiva. Desde então, yocôs
não poderão evitar as dificuldades da irltima tese senão'caindo na absurdirlade da
prirneirp. Re.ieitern, ao contrário, o postulado fg4l!!!q-dissocietn as idéias de
perìsalnerì9 e de r fogq poderyo dar lazão smo. tgmpe, ao
ttefiãtiõiGia, qrlando èlzurãga a úistência de fffiespçcifiõps, e a
seus arlïcrsarios rttentalistas, gl.s surt.,rtrtr quq q lrt.-q petsallìento
fenômenos fisicos. Nós nos explicaremos
sobre esse ponto no curso nosso ensaio. Gostaríamos apenas de assinafar,
aqui, como a çontrovérsia que se instituiu a respeito do behaüorismo, não tendo
sentido ia nãq ser pela 4doção do postuladp ,realista,., testemuúa da igual
persistência deste postulado nos dois campos. Tentar, copo vamos fazê-lo, a
crítica tleste postuladg, tentar mostrar que a possibilidade de pesquisas
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Noçlo dc Fcfo Pliqüco,
Robqt tlüsuhé
psicologicas não está ligada à existência de f,atos rnentais espeeíf,icos, lliïc será,
etrtão, ern üsta do estado atual da Psicologia, um empreendimento supérfiuol.
Repudiar o realismo é perfilar-se ao lado daqueles a que a harirção chama
idealistas. Mas, é preciso considerar que entre as doutrinas geralmentc l'çcobertas
pelo nonre idealismo há umrl que não podemos qualificar de outro mrodo que
çonìo rçalista.- Isto é, não podemos dar nenhrmr abrigo à.noção cia ídçalismç
ontológico. Situzurdo nossa tesç na comente idealista, referimo-nos apenas a urn
idealisruo epistenrológico. Mas, importa, no lirniar deste exarne, assinalar r:lu
singlrlar engano que mais de uma vez se cometeu a respeito cleste último. Se o
fazernos, não é apenas para evitar nele recair, é tanrbérn porque elç nos clá run
nCIvÕ-testemtirúio da fticilidãde conl a qual o espírito deixâ:se ir ern difeçã$-ãõ
realisrno. 'frata-se da curiosa confusão pela qual o idealisrno epistemológíco, cpre
inrplica a rejeição do realismo psicologico, é identificado justaurer:te a elc: ollllro
se a essência do idealismo consistisse ern reduzir toda existência à exístência
urenlirl. Cefiarnente, tal era bem a significação do iclealisnro ontologico, pois as
ideias às quais reduz ele as coisas são por sua vez concebiclas conro coisas
rnentais, não como atos de intelecção. Mas, criticar o idealisrno epii;trrrilclógico,
tornarrdo-o pelo idealismo ontologico, conlo o ftrz por exemplo ltussel, é crrganar-
se conrplctamente de endereço. Suas objeções incidindo, na verdacie, cçrntra um
realisnxr psicologico de tendências subjetivistas, nada de espantoso tlue esta
transposição se revele inconsistente, e que o idealisrno episternologicei possaj
aqui,, concqrdar,corn ,seu radversário na repulsa:a tal concepção. Sç:;nos
reportannos, por exemplo,, às críticas que Russel formula em relaçãq ,ao
idealisrno, verernos que este poderia subscrever todas 
.as proposições gopra$
quais'Russel irnagina fulrniná-lo. "O que estabçlece a Logica, declara ele, ainda
gue,tp fenha o costq{ne de chamá-lo leis do pensamento, é !ão otljetivo, incidin{o
{ão pouco sobre o mental quanto a lçi da gravitação'?. "Seja a proposiçãa 2+2:4.
t É,necessário precisar que se acontece, por abreviáção, chamarrnos sirnplesrnente psicólogos
os que adinitem o realisn:o psicológico, nosso estudo não é de maneira algurna dirigidoicontra
a Fsicologia, rnas apenas contra certa tese de que a Psicologia çlássica permaneoeu Bolidária
sem ver seu caráter metafisico, e da qual n Psicologia atual'terian acrcdítarnos nós;, todo
interesse em $e libertar. Ì-.{ãqlse deve esqueçer qug a afirmação drj uma Fsicofogia cigptiÍïpa
linritada ao estudo dos fenômenos não era em sua origern senão o reverso da negnção ctrd umd
i'sieologia métafisica que pretendia frovar pela observaçõo interior a'sübstancialúade'dâ ãl'nia.
tssta negação conserva hoje hinda toda sua f'orça. Mas'a alternativâ"do sübstancialismb'e'do
fenomenisnlo que os psiçôlogos clássicos se compraziam em estabelecer é tão falsa quanto'o é;
no interior do fenomenismo, a que fae nascer a discussão do behaviorismo, e precisameqte pela
mesma razão. Que se trate, com efeitn, de realidade substancial oulde realidade fenomenal, é
sempre às voltas,co1n uma concepção realista do espírito que estamos, e é essa concepçãp, ela
propria, que, unia vez que.impõe a escolha entri teses opostas e igualmente enibaiaçantes,
ilevi:ria, de saídq séi iiostá em discússão. À alternatirla do substancialismo e do fenòmèiiiimo,
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lue pennanecé no plano db realismó,'é nècessário substituir, ainda umâ vez,'a ilo realismô b dé
seu contiário.
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A NoçIo rb Ërlo PrJquico
Róst BüdEhó
Para os idealistas, esta proposição exprime una lei clo pensanìento: quer dizer,
quCI sCI será sempre forçado a crer que há 4 coisas quandohâ'2 e 2, ainda que de
fato possa ocoÍïer que haja 5 ou 3, ou antes, que, à parte o espírito, as coisas não
tenham número. Ora, é evidente que o conteúdo do que se crê quzurcio se crê que
2+24, não é que o espírito possui certa propriedade; então, se 2*2:4 fosse uma
lçi do pensarrlçnto, seria.uma.Jei 
-que nos. forçaria-a crçr--no.que.pode bem-$.e,r.
falso". O idealista epistenrológico não diria outra coisa, pois sua tese se situa
exatamente nas antípodas deste realisrno psicologico, com a única diferença de
que ele não recoúeceria corno suas as teses que lhe são atribuídas. E Russel
conclui: "A Matemática é composta de proposições que,não contêrn nenlurm
: rëal, seja meirtal, como'quérem os idè'alistas,"Sa fisiôó, cómil ilíãëmconsntull l t(
os ernpiristas. Há dois mundos, o da existência e o do pensamento. O erro capital
do idealismo consiste em querer achar para o mundo do pensarnento um lugar no
mundo da existência, a saber, no espírito". Situar a verdacle no mrmdo da
existência, fazer dela uma realidade mental, é uma tese que nos parece rnerecer
proprizunente o nome de realismo psicológico, é uma tesb que o idealismo
ppisternologico repele. A confusão destas duas teses opostas, a facilidacle çom a
qual se inlerpreta a segunda Brn função cla prinreira, rcvela a Íbrça do que {r{o se
pode chamar de outro modo senão de preconceito realista. Empregando çsta
expressão, queremos apenas afastar previamente, como nula e inaceitável,,toda
crítica qug não ultraplsse o. ponto de üsta deste realismo espontâneo. Que as
críticas desse gênero não sejarn raras, eis o qug mostraria ainda a opoúunidade de
uma tentativa de denunciar as dificuldades do realismo quando ele se aplica a
uma concepção do espírito 9 de suas relações com a matéria" Seriaìillútil
multipficar exernplos da confusão que acabamcs de assinalar. Perunitir-noq-ão,
entretanto, dar tun outro, e analisá-lo com {gun detaihe, pois, clesta -r./(Ju, trata-se
de uttì esforço positivo para resolver o problqrna que está ne_qontro de .rpssio
pJg!-rlg !-{iìb-alho, o das relações enfie o
à tíía 7 ; C o rpo@tinguagenldo Auafi smo epistemologico; pelq
quat se chega ao idealismo, ora a do dualismo psicofisico, coÍn o qual instalamo-
1os enl pleno realismo, e deste casamento inconsiderado nasceu unÌa teoria
verdadeiramente monstruosa, 
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', 
, i , ;; ,. .,
, A idéia central da obya, que subscreveríarnos de bom graclo, ri tleni a dp
criticar p emprego do dualismo ôntico fisico/psíquico na definição do que,pejam
matéria e espírito. E substituíJo pela dualidade epistemológica objeto
conhecido/ato de conltecer. "Nós não conhecemos outra coisa que não sensações,
E então impossível lazey uma distinção enhe a natrxeza fisica e o olrjetcl de
conhecinrerrto contido ern todq sensação. A linha fronteira do Íïsiço e do psíquico
não pode pa$sar por aÍ, "uma yez que ela separaria fatos idênticos". Errarn, então,
aqueles que põem utn abisme entÍe as modificações cerebrais e as serlsações,
lmìa vez que a sensação, enquantg objeto de coúecimentg, se confunde pom as
proprieclades da natureza fisica. E no interior da sensaçãg que deve op€râr1se o
I
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corte, e ele se estabelecerá enhe o objeto de cotúecfunento e o ato de coúecer,
entre o conteúdo da sensação e a consciência desse conteúdo, e é esta a distinção
a mais geral que se possa haçar no domínio de nossos conlìeciÍÌrentCIs. Bínet faz
notar que esta distinção não deve ser entendida no sentido ôntíco: "Nós dizemos
que a matéria é algo que é sentido, mas não dizemos, sirnetricamente, que o
. espírito- é-algCI-.que sènte.-ErnpregaÍnos urna fórmula bçm mais prudente, e bem
mais justa, pondo o espírito no fato de sentir. Repitamos mais uma'vez: o espírito
é o ato de saber, não éiurn sujeito qüe sabe." Ate aqui, a tese parece nitiilamente
orientada no sentido do dualismo epistemológico. Mas, em que consiste este ato
de çonhecer pelo qual Binet define o espírito? Apercebemo-nos, rapidamente, ao
-------16:16;age_ests?to-não'"é-êfetivitmente 'ativo;-seirdo 'tão p-ouco -âtivd-qüãnt(r-wn
moümento material: como o seria para quem reduz a idéia à imagem, explica a
universalidade e a necessidade de certos juízos por associações não desmentidas,
e assimila o raciocínio a um mecanismo mental? A oposição do conteúdo e do ato
não pode ter sentido nuÍn pensamento empirista, que, por essência, não podg
reconhecer senão o dado, o que tem por resultado reduzir o próprio ato a ceúo
çonteúdq"' Assint, Bínet não teme chamar de fenômenos mentais os atbs. do
conhecírnento, estabelecendo uma oposição entre fenômenos tais como .pgdras,
grãos ,tle areia, pedaços de 
.ferro, cérebros ç outros fenômenos denominaclos
l'estados mentais". O atq de coúecer não é senão um estado mental; a otrlpsição
do cqnteúdo sensível e do ato de pensamento não significa para Binct n;rda rlrais
qu.e a oposição tradicional entre os fatos fïsicos e qs fatog rpmtais. F'3ern
çntendiclo, a transposição realista do ato de conhecimento acarçeta, por simetria,
urna tratrsposição análoga parp o objeto corúeciclo, como a frase que se acalla cÍe
ler já bem claramente o indica. E, falando de sua concepção realista da m4téria,
referimo-pos simplesmente,à maneira pela qual ele concebe a realidade físiça
fenomepal. Sua tese cenhal a tinha identificado à sensação, ,oe, . rnaiq
preclsarnente, ao conteírdo da sensação, oposto ao ato de coúeçimer:to, lnas,
pomo este ato e agora assimilado ao tradicional "estado mental", nada mais se
pode fazer do conteúdo do, que identificá-lo à realidacle fisíca, ,no sqrúirlo
pldinario do, tenno, Binet pão deila dg f7zê-la; mais,exatzunentg, ocoryp-lhe
identificá-lo a esta parte do.mundo ,fisico que e um,movimento cereirryl: ".4
$ensação e o fenômeno qqq se produz e se experimenta quando um e4citante age
çobre um dos nossos órgãos, dos seniidos. Este fenôrneno compõe-se, ent{o; de
duas partes: umq açã9 exçfcida de fora por um corpol quglqrqer sobre,a $essa
substfucia neryosa,,€ €ÍIl seguida o fato de sentir esta ação'l. Parece-nos que, tpl
1naneira de opor o filico ao mental não se distingue da que Binet buçcava e;4tar
escrevendo o que, lemos:já acima: "Nós não: conhecemos outra coisa í{uelnãq
sensações. E ent{o impossível fazer uma distinção entrç a natureza Íisiqa ç. p
pbjçtq cle conhecimento contido em toda sensação. A lirúrq fi-onteira clo.fisiço e
do psíquico não pode paqsar por aí, uma vez que ela separaria fatos idênticos", A
iroptttiRo será ôonfinnada it .*u*inamol a maneira pela qüal Binef p,õe o
A No{o ilc lrto Prlquico
Itoôst lìlsrchd
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A No{íõ íla lirio Prlquico
R.otìcd tliuohC
problema da união do espírito e do corpo. Para ele, as principais cÍi{iculdades
dcste problerna "provêrn destes dois fatos, que parecem incompatíveis: de unra
parte nosso pensarÌlento é condicionado por certo movímento intra-cerebnal cle
nroleculas e átornos e, de outra parte, este mesrno pensamento não tem
consciência deste movimento molecular. Como é possível que nossa consciôncia
ignore estç evento Íìsiológico 
-do qual depende e, colrÌo -sç jon'asse de nossçr
sistema nervoso, se volte pÍIra um objeto longínquo?". Vê-se que a tese de F3ínet
e desprovida de toda significação, 'urla vez que ela consa[ïra, frnalnrente, a
distinção tradicional a que ela parecia se opor, levando a enunciar o prolrlema das
relações espírito/corpo 'nos mesmos tennos ern que o fonnulava o realísrno
rlualista ilrerente"-à Psicologia 'clássica:- Que-um- autor'ïenha podido.-recÍiir--no' ---."
dualisrno psicofisico, após ter definido o espírito pela ativiclade de conhecimento
e tô-lo assinr distingrrido ao Ínesmo tempo de um sujeito substancial e de todcr
conlericlo fenornenal, eis o que seria, scrn dúüda. incxplicável, se o reaìismo não
tivesse se inrposto a ele com toda a força de un preconceito. E porque ele nos
dava unÌ exemplo paÍicularmente irnpressionante deste preconceito, e porque o
dava alllicando-se, justatnente, ao problcrna que nos proporÌìos tnriar,' que
julgarnos oportuno tnencionar aqui seu estudo.
Em resurno, se convém, comü o dizíamos, libcrar a Psicologiada tesç clo
realisnro psicologico, isto é, da afirmação de que existe uma realidade rneptal
especíÍìca, ssta primeira dissociação nos parece solid;ria de urna segtinda, que
tleveria, clesta vez, operar-se na noção confusa'de realidacle rnental, para separar
as duaq idéias de espírilo e de realidade. Assim se explicaria o caráter ilusóqio de
urna Psicologia concebida pom.o "Física" do espírito e a diüsão que tgndç
pspontaneanente a, estabelecer-se entre duaslespécies de Psicologia, 1ÌmA, das
quais ó uma ciência da natureza, rnas nada tem a ver corn o mental, e a outra um
estudo do espírito; mas profirndamente diferente das ciências,naturais. Ora,,esta
dissociação entre o espírito e, a realidade, nós a encontramos feita nesta fonlna de
idealisrno que é o iclealismo epistemológico; Explicando a objetividade do lreal
pçlgúeU-que o pensantento impõe aos fenô
por isso mesmo,liítingue a ãtïüdãcle ìntelectual ao mesmo Ìempo
r
conffiçotffiõir
exlsrerìcra, e reouzir o espírito a uma espécie de realidade, como o faz este
realisnro cla idéia que se chama iclealisrno ontologico. Nós não tivernos; por
conseguinte, senão gue. nos deixar guiar por esta conen{e. cle peqsamento,i q
idealismo epistemoló'gico, quer dizer qÌre nós não pretendemos originaliclade para
as idcias rliretoras do nosso trabalho. Restava-nos, somente, uma dupla tuefa a
realizar. Era preciso prirneiro aplicar o princípio idealistâiâorproblepa qug nos
nos,púnhamos" Para isso,,não bastava extrair,deste princípio a condenaç{o,do
realismo psicológico, çm geral, nem,mostrar que significação ele comandava
atribuir à oposição do fisico e do rnental. E este o objeto dej nosso prirneiro
li
li
Á No{o it Frr,o Prl{ubo i'
Robál BhúEhé
capítulo, rnas ele não é senão preliminar. Era n.r*rráJro ainda, e sobretuclo,
seguir as consequências que acalTetava o princípio em cada rnna das grandes
classes de "fatos psíquicos" que a Psicologia clássica tiúa distinglido, para
denunciar, ern cada uma delas, a ilusão realista: donde nossos capítulos sobre a
inragern, o pensamento, a vontade e o sentimento. Entretanto, à medida em que
quitávanros esta primeira tarefa, a necessidade de uma segunda nos aparecia com
insistência. Em cada um dq nosSos capítulos, parecia-nos, com efeito, que a
aplicação do princípio idealista, ao mesmo tempo que permitia superar as
dificuldades que acumula o realismo psicológico, revelava uma lacuna no
idealisrno epistemológico tradicional, desde que, deixando o problerna do fisico e
tlo-mental em geral, girávamcis em direção ao probleniã das relaçõêS*entÍê
espírito e organisrno. Não é segrro que esta questão não passe de run caso
particular da precedente, colno o idealismo paÍece geralmente supor. Fomos
assirn levados a propor, sem nos afastar da linha geral clo 'idealisrno
episternológico, uma concepção nova da natureza do corpo próprio.
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Nodo dc Fslo P$Íqúë
Rob;rt Blmçhé
CAPÍTï.]LO I
Físico e Mental
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Quando se põe o problema da distinção entre fatos fïsicos e fatos
psíquicos, considera-se que a dificuldade incide unicamente sobre a diferença que
separa o psíquico do Íísico, como se nenhuma incerteza neinasse quanto a"o
senticlo da palawa fato. Ora, acontece que esse termo é equívoco. E preciso,
errtão, começar por dissipar o equívoco que talvez seja a razão principal da
dificuldade, pois, seria bem possível que a distinção enhe o psíquico e o fïsico
coincidisse, justamente, por uma de suas significações, conn a distinção entre os
dois sentidos da palawafaÍo. Que é, então, um fato?
Um fato é, prirneiramente, o que é suscetível de ser conhecido direta e
incontestavelmente, sem a intervenção cle neúuma operação intelectual que lhe
sirva de prova; é o que é tal que basta que seja mostrado para que não se possa
de nenlrun modo duvidar de sua realidade. E um fato quer dizer: é assim e não de
outro modo, sem quc eu compreenda por quê; impõe-se a mim, limito-rne a
eonstatá-lo sern poder explicáJo. O fato opõe-se, assim, à tripótese ou à teoria
como o dado ao realizado. Este sentido da palawa é usual. Mas e preciso notar
que o dornínio do fato, se se toma a palawa estritarnente nesta acepção, reduz-se
a nrrrito pouca coisa. Não, é unt fato que a Terra gíre, pois a afir'rnação ctrçt
nrovirlreuto da Tera é urna hipótese, repousando erla própria sol,rre u1n grartde
número de outras hipóteses.Não é um fato que Napoleão tenha sido irnperaclor
pois o passado escapa a'toda observação. Não é um f4to que üvamos soïr o
regirne republicano, pois um regime não é algo que possa ser visto, {ocado, nem
constatado irnediatamente de neúuma maneira. Não e um fato,que Paris seja
unra cidade de França, pgiq jamais vemos Paris, nem a França, mas apenas casas
e calnpos, Pode-se mesmo dizer que venlos casas e ciunfles clu que a existência
de um objeto qualquer seja jamais para nós um puio fato? AÍinnar a presença de
unr olrjeto é sempre ultrapassar o dado atual. Assim, se quiséssemos achar o fato
bruto, puro, liwe de toda interpretação, seria preciso buscír-lo aquérn cia
percepção, pela qual afinnÍÌmos a existência de objetos, e tender para a pura
sensação, pela qual seríamos simplesmente afetados de certa maneira. O fato
bruto e a fenômenp, a imagem tal qual se apresentaria a uma consciência de
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Esta maneira de conceber o fato não esgota, no etüanto, a sigrúlìcação clc
tenno. Frequentemente, em lugar de chamarmos fato à imagem, distinguimos ao
çontrário unr clo outro: clpopos à sirnples imagem (subjetiva), o fato (otrjetivo); rì
aparência ilusoria :(qu, pelo menos, incerta, e verdadeira somente a título de
aparência), o fenômeno fisico; à presença em mim de uma sensação clue tne é
propria, a existência de um o objeto exterior; independente de miúa sensação. A
Terra g aparentemente imóvel, o bastão mergulhado na águn 
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está,
aparentemente, quebrado; de fato, a Terra gira, o bastão não está quebrado.
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Á Noção da Frto Fríquio
Robcn Etsuhé
Reenconlra-se assim a distinção entre o fato psíquico, que níïo é um Íàto senão
para aquele que se acha por ele afetado, e o fato fisico, cuja existência e ouja
natureza independem da maneira pela qual etparece às consciências individuais e
ao qLral, por esta Íazãa, reserya-se proprialnente o llome rJe j"ato. Ei-nos, então,
erÌl presoÍrça de urn outro sentido da palawafato, repor$ando, ele tarnbém, sobre
e uso, I que se distingue do prirneiro ou rnesmo a ele se o.põe, Mas, que signifïca,
exatamente, esta oposição entre o fato e a imagem? Não se trata, para clizer a
verdade, de uma separação enbe dois tipos de fatos, dos quais um seria
totalnrente estranho ao outro. A retidão do bastão não se opõe, de modo nenhtun,
à minha sensalção visual, e menos ainda a toda sensação possível. Percetler não
quebrado o bastão, enquãnto que é quebrada a línha que dá sua imagem üsual;"é
afïrmar que o bastão aparecerio como não quebrado ao tato, e mesrno à visão se
o retiriisselnos da água. Não é, então, negaÍ a intagettr atual; é, ao cotttrário,
aÍìnnar que uma uecessidade a liga a outras imageus detenninadas, A cliferença
que sepal'a a imagern subjetiva do fato objetivo não é outra senão a cliferença que
separa a imagem considerada isoladamente da imagern integrada nurn sistema no
rlrral carllr urna está ligacla necessariantente a todas as outras. É, então, a
concepção das leis da natureza, leis segundo as quais a presença de cada imagern
e detenninável em função de outras imagens, que nos pennite passaÍ da
subjetiviclade da irnagem à objetiüdade do fato. Urna consciência reduzida, colÌlo
o quer o sensu:rlisrno, a contemplar passivamente uma sucessão de itnagens, seria
absolutarnente incapaz de {istinguir o fato da aparência; para ela,.não ,hgveria
senão aparências, mais ou menos üvas somente. O laço que une as aparências
para fazê-las çntrar no sistema do codrecimento não pode ser dado, mas apenas
concebidcl. Só o pensamento é capaz de estabelecer relações entre as ap,arências
para assim çonstituir fatos. O fato é obra do espírito, que explica a presençade
cada irnagern ligando-a 4 ouüa,s com a ajuda de leis convenientemente escolhidas,
equ9'compreendendo-a,confere' lheassirnalgunaobjet iüdade"i !
, Assirn, quando dizemos: E unr.fato, referimo-nos, ora à experiência bnúa
(às imagens tais como seriam dadas antes de toda tentativa de interpretação), ora
à experiência organiizada (na qual o pensamento conseguiria compreender,cada
irnagerrr, determinando seu lugar no conjunto das inragens). Para dizer a verdade,
a signiÍicação habitual da palawa oscila entre essas duas significações extrentas,
ellì vez de'coincidir exatamente com uma ou com a outra,, e esta indecisão
favorece a confusão entrg os dois sentidos. De uma parte, não há jamais, para
nós, íato bruto, não há jamais imagem separada de toda interpretação: pois não há
inlagem senão para üma consciência que é por ela afetada, e que não pode sê-lo
sem satrer ao mesmo ternpo que o é: em 'cottsciência hâ ciência. Esta pura
imagenr não é, então, senão um termo ideal, que não pode ser efetivamente clado,
llma vez cpre suporia ao rnesmCI tempo a vigília e o sono da consciência. Assitn é
irnpossível falar dela propriaurente, e sem se deixar trair pela expressão. Todas as
palavras de que nos servimos põem a dualidade de uma consciência passiva g tlas
i1
 Nqão dc Frb FrJqún
Rotrt lìlsrchd t2
inragerr; que ela acolheria, como a placa fbtográÍìca acolhe as impressões
Iurnitror;:rs, enquanto que nesse estado de pura sensação a clualidacle do senciente
e do s.:r,rtido desaparece. Isso quer dizer que o fato bruto reduz-se a uiÌÌ linrite2.
Mas o ruüsrÌìo ocorre com o fato objetivo. Urn fato qualquer só seria trllcrululcufe
olrjetiiu So o espírito Í'osse capaz de ligá-lo à totalidaclc dos outros Íatos, fÌ que
çlc sri llil(lpria fueer se possuísse o sistema;lçabaclo das--lçis cla naturfiua Ê CI
conlrcr;irnento perfeito de todas as partes do universo. Pois não basta (lr!$ ìuna
imagern seja relacionada a algumas outras para que se tenha o direito de conferir-
ilre, coru certeza, a otrjetividade: é preciso ainda que esse sistenra liinitado de
irnagerrs venlia a ser, por sua vez, inserido no sisteura universal. E inútil sublinhar
que--o deseuvolvimento da ciência, ainda que -pennitindo estender sobrer*a.s
irnagerrs urna rede de leis cadavez rnais vasta e cada vez mais cerrada, recua ao
rìlesnìo lcnrpo para ÌnÌr longÍttquo cada vez urais inaccssivel o acabarnento do
sistenra que ela trabalha para constnrir. Devetnos, então, rigorosaruente falanclo,
driviclar ern altr4urrt grau da objetividade de todos os fatos, na nrcdicla cln que não
sabenros <lrganizá-los em utn sistema único. E assim, tal como o fato bruto, o fato
ritrjctivo nÍïo passa clc urn limile, aquele para o qual tendc o espírito ern scu
es;Íbrço 1ríu? constituir a ciência da natureza.
Isolando e apresentando em totla sua pÌrrcza cacla ulrìa clas drras
sigrri{ìcações que comporta, confundidas, a acepção usual da palavra.fato, chega-
se a essa annnaçao:Jatnars nos acnrurìos ern presença oe latos Drutos ou oú Iaïos
gbjetivos, mas 
.sorÌlente .diante de fatos situados nunìa série que, segunitro p
afinnação:janais nos acharìos ern presença de fatosbrutosou dc fatos
sentido em que é percorricla, tende, seja para o fato bruto, seja pÍira o f,ato
pbjetivo. O que chamamgs urn fato e sempre utn teciclo de afirmações. l!{aSr.de
pfirnrações que jamais formam um sistema quç se possa inserir num sistemarÍotal
perfeitanrente coeren{e. Nenhum fato é, então,,para faiar pnopriamente,lbrulq,
nem objetivo. Todo fato tomará a fisionomia de um ou do outro, confoq4e f,or
comparaclo a um sistetna ntais vasto que o compreenda ou, ao contrario, 4,üffi
sisterna rÌìenos vasto nele compreendido. E por isso que nenhum dos exemplos
qus se possa dar rle fato bruto ou de fato otrjetivo será exatanente convgniente.
Mas e útil, e rÌìesrno indispensável, se se quer tranquilizar-se quanto ao risco de
2,Enterrrlernos por inngent, ou por experìêtrcia hntta, o lirnite ideal para o qual tende urna
análise quc parte de nosso conhecimerìto atual, e não um estado que precederia realmente a
àxperiência organizada. Falando de imagens, queremos dizer simplesrnente que nosso
conhecimerito do real não se resolve num sistema de relações puraminte fbrniais coi'ho'aqüelas
de que se ocupam as matemáticas e a logica" e que o valor de verdade das proposições:Íisicas
vem de que elas incideni sempre, no frm das contas, sobre um dado sensível, mesmo se esse
dado é cada vez mais mascarado pelas aÍÌrmações que o interpretam. Estamos então lonÊe de
sustentar quc o confrecimento oomeqe, cronologicamente, pela sensação bruta, para elqvqr-se
progressivamente &o pensamento. Da sensaçãó bruta jamais seria possível sair, do,mçsmo
inodo qLie partiirdci do coiúeço iridefinidarnente recuado do tempo jamais se chègaiia'ag
presente, mas;pode-se, idealmente, remontar indefinidamente do presei,rte ao pãssado" e, dtj
mesmo modo, cortar pouco a pouço da percepção atual as afìrmações que a envolvem. ' I
conÍìlsão, pôr ern relevo e apresentar separadzunente as ciuas significações
extrenras entre as quais oscila a signiÍìcação ordinária'Ja'palalrra.faÍo. Que fique
possuenl crs caracteres do que 
1e 
entende ordinariamente por realidQde: ' '
^ 
Nqio d4 Falo P6lgú@
Robqr Blnehé 1?
entendido, então, que,,dorÍìvante, quando, em nosso texto, falzurnos de fato bruto
ou de fìrto objetivo, estarernos desigrrando turicamente clois lirnites purarnente
ideais tl istinguidos pela análise. Lirnites estes que são exatanrente aqueles entre
os rluais se lÌìove o conilccitnento. O conltecirnento cortsiste, não em acurnular o
rrraior núrrtero possível tie irnagens, merÌos ainda ern achar pr:r trás cias imagens
rurna realidade mais profurtda que elas dissimrulariarrt, rnas enl relacionar, urnas às
ouü'as, irnagens dadas das quais se parte, rnediante laços necessánios
denominados leis da natureza. Etn outros tennos, a obra do pensarnento, primeiro
na percepção; em s'egfttidqrna:híêncial consiste ern fabricar uma recle de relações
que lesponda à dupla condição de constituir unr sisterna intelitr;ível e de aplicar'-se
às irnagens dadas, conferindo assim, por una mesma operação, ao conhecimento,
o valor objetivo, ao real, a inteligibilidade; ou mlis exatzunente, fabricando ao
rÌìcsnÌo tenrpo o couhecimento, conferindo-lhe Ìun valor objetivo, e o real,
confleritrdo-lhe a inteligibilidade. Estas relações niÍo deven.l ser çonsicleracins
bÍrrrrq rt:uis,rÌtas sotnente corno 
.vcrdadeirus3; elas nãcl são nern íhtos brutos, unra
vez quo os supÕetn, nern fatos otrjetivos, urna vez (pre serverìr para constrtrí-lgs.
Lìlas perteucelrì a urììÍì outra ordern que não a do fato ou da rcalidade fi que se
potlc c,lr:rrrrar a ordcln do pcnsatnctitcl ou da vcrcl;rclc.
, Isstl posto, cCInro cottvént etttettder a oposição tradicional enlre o lncutal e
o l ìsico?
, Desde lggo, a difçrença que se estabeleca entre a realidade das ünagens e a
realidadg do ,rnundq .fisiqo ,{rõe é,.de rqzureira nenhuma,. a que separaria duas
espécies de realidade justapostas. gpm mesÍno universo,. mas a. que separa.dois
planos de realidades, os doiç planos extremos, urn dos quais rnarça p ponto de
parlida e"q oqtro"p ponfo-.{e,çhegada, de nosço conheciglçnto do real. pu q.real é
qara rnirii o dadQ, puro. e s$nples, abstração feita de ,toda aÍinnaç$q.dp tuna
relaÇãoentreesse.dadgelalgumaouhacoisa:
inragcrrs que constituern. o resíduo conçreto de nrerr pensamento atual, de tal
nr;urcirl rccluzindo-se, dçsse ponto de vista, a essas'irnagens que ocupaul
atrrallrrçrrle minha consciência, que,'nesse plano inferior de çonhecirnento, todo o
rcal :;i;r iu psíquico. Ou o real e o objetivo, é acluilo cuja existência, podenclo ser
estatr,.:li",.'icla pelo pensamento, ultrapassa os lirnites de minha individualidade e
poclc r;*r legitirlamente afinnado por toclo ser pensante' - o que é real então são
ps olrj,:tus materiais, ou antss, uma vez que a existência de um objeto só e certa
t As d",,'r;rlrinações são livres, e pode-se, se se quer, empregar resl no sentido deverdsdeiro.Ê,
ben'l o quese faz, crembs nQ$, qgpndo se diz que as leis naturais são reais, ou quandq, sç.di.z
que elas exislsm: tonram-se essas.palavras num sentido laudatório, para exprirnir que elas não
sÍcr ilusoríag,'que elai iêrn um valòr objetivo, numí palavra, ciue et.{s iãó veí"dedeirirs. Mas
haveria uni'erfo evidentel'em paàsar ddssa simples'dènonrinação''à"afiinração"ile'.qüe'êlâs
Á Noçõo dc Frto Priquirc
Rolrd llluçM t4
se esse ob.jeto é ligado por leis à totalidade dos objetos, o que é real é o conjunto
do univet'so. As iuragens isoladas perdem, assirn, sua realidacle: a realidade
consistinclo na inlinidade das irnagens ligadas num Írnico sistenra por ulÌra rede de
rclaçõcs inteligíveis. Nesse plano superior de conhecimento, a úuica realiriade é a
rcalitladc fìsica. Pode-se então dizer das irnagerìs que elas são rcais, pode-se
Írrrnbr':trr rlizçr-.çlo universq tnaLsial-que elp é real, po.dc-se-ftl-ar cle fatçs psíquicos
e de latos fisicos, nas é claro que perderemos'o rumo se, dèsconhecenctro a dr"rpla
significlção dos tertnos dos quais nos servirnos, pretendennos justapor, nuln
mesmo lllmo de existência, a realidade da imagem e a realidade do universo.
Seria o rnesmo que classificar em duas espécies biologicamente clistintas os cães
0-ãs-células que compõern o'organismo do cão. A oposição da realidãalé-dã
irnagern à realidade do universo material reduz-se à distinção entre os elementos
concretos irredutíveis do uriverso nraterial e o conjunto desse universo ele
proprio, ou seja, à clistinção entre parte e todo. P:rssar da imagern isolacla às
irnagens ligadas num sistema de objetos fisicos não é cessar de consiclerar uma
rcalidaclc para voltar-se ern direção a outra, nras inlroduzir na realitlacle clada as
relações que a transformarão numa realidade inteligível,,deixando o plano da
scnsaçiio para tetttar atingir o plano de um urtiverso transpuente ao pensarÌiento.
Assitrt, o dualismo cotnurnente estabelecido entre o psíquico e o fisico não deve
ser tratado como um dualismo ôntico, lÌìcS como a oposição clas duas formas
extreuras sob as quais o perÌsamento pocle considerar a realidade.
i ,', Mas esta oposição entre dois planos extrernos de realidade irnplica, pg.r;sua
vez, urna nova dualidadej a da realidade e do pensiunento. O pensamelttôi lãq
pode,' com efeito, de nenhuma maneira, ser considerado cotno ,real.. Ele não
pertence à realidade bruta: como esta, por definição, exclui todo pensamelÌto,
nenhuma magia, conseguirá achá-lo ali nem dali Íazê-lo sair, as tentativas
sensualistas sendo destinadas, de antemão, ao fracasso. Ele tarnpouco é, corno o
qug{a o :naterialismo, uma parte da realidade objetiva, que ele tem justarnente
por nrissão constituir e na qual, por conseguinte, não pode ser incluíclo. Mas, se o
pensanìento não pertence a nenltum plano da realidade, é ele que permite'elevar-
se de um plano de realidade a um plano superior; se ele nãq é real, é a cpndição
da 'realidade objetiva do universo. Pois esta realidade não se distingue da
realidadc bruta da sensação senão pelas leis que ligam as imagens urnas às outras
de maneira que cada uma delas apareça como necessária relativamente a tocJas as
outras e seja assitn liberada da subjetividade das irnpressões inclividuais. E, essa
rede de leis pelas quais são ligadas todas as imagensr e Q pensamento que as
estabelece. Somente, tais laços são laços inteligíveis, de modo neúum laços
reais. As leis da natureza não são uma realidade que viria justapor-se à realidade
do univprso, colng um fio So: âcÍescenta às pérolas para colnpor um col4r.,As
yel4ções estabelecidas , pelo pensatnento, â rrÍr€Íros que' se torne pgÍ ;elas, as
fórmulas que as exprimem, não podem ser dotadas de existência, rnas somente de
verclade; e corno o verdadeiro só é verdadeiro enquanto e çompreendido, a
A Noçtu dô fdo Priiqui&
Roòqt lllgrçhó l5
inteligôncia dessas relações e seu estatlelecimento são Ìlma irnica CI iltesrila
operação. Estabelecer relações entre as imagens não é, então, acrescentar às
coisas urÌlA nova coisa, é tornar inteligível um dado incoerente: o estabeiecimento
clas relaçeies enlre as imagens fazendr: com qÌle elas gzuihern uru sentidc,; é corncr
sc, de clcris hornerìs erÌl presença do mestno texto úa llíada, r'ur soubsss* [irogo 0
o oìttro ttÍio.:Se, então, pode-se dizer que o-pensamçnto--çstii no trn,,ilrcr$o, é
sonrente no sentido de que ele é imanente ao universo, no sentido soruerrte de quo
a existência do universo supõe como condição a verdade das relações qut:
pemritem explicar não importa qual de seus elementos em função clos cutros. )
pensalnerrto está no universo constituído pela ciência como a intenção clo pintor
esfá-llo quadro concluído. Assim, a tradicional distinção do'espírito e do lrrmrdo
Íisico se justifïca, mas de rnaneira diversa da justificação concebicla pelo realisnicl
psicologico. Ela só se justifica se se renuncia a ver no espírito e na uratil:ria duas
cspecies tle coisas que entram na conlposiçÍio cle uur lììeslììo uuiverso, r;e sc lìul
do espír ilo, ttão uma realiclade ao lado da realidlulc do nrundo fisico, nì:ìs urlrt
condição cla realidade objetiva desse muttdo.
, Chegatnos assim à idéia de duas dualiclacles solitlárias, ncnirturra drs
quais llcrrnite pôr cottto urn problema de relações entre f,enônrcnos o irro[rleura
das rclações entre os dois tennos que cl:ls opõem. A prirneira é a slualiel;ìde dLls
pl:rrros cxtrcmos ertlrc os quais se move llossa noção tlo real: é a dualidarlc ckl
irnageur e do urtiverso, que não são duas realidades numericameute tlistirrfil:; quc
entrariarn como ingredientes complementares na cornposição do univcrso" nr:rs
duas rnnneiras diferentes de conceber a realidade. A seguncla dunïidade 4 a cla
tealidatlc e do pensatnento, que tambérn não são duas realidades, unìa vez qqe a
idcia total de realidade forma um dos termos da oposição (que, efetivzunen{e, só
se estabelece entre a atiüdade intelectual, de um lado, e do outrr:, o rJado sobre o
lual ela se exerce e ao qual ela se esforçu' po, conferir uo *r.roro {**p"
inteligibilidade e objetiüdade). A prirneira dualidade implica, aliás, a seguncÍa,
pois a distinção entre os dois extrehros da realidade, signiÍicando a distinçâio de
unra realiclade çega e de uma realidads penetracla de pensamento, obriga a
estabclecer urna nova dualidade, a da orclem da realidadc ou da existü: cia e a
ordenr do pcnsarncnto ort da verdade.
Ora, a Psicologia clássica confunde esta dupla dualidade sol"r a irnica
oposiçãcl clo fisico e do psíquico, se representando, além disso, esta oposição
çclmo a dç duas sérieq de fenômenos igualmente reais e sqbrç as relações das
quais a ciência da natureza , poderia se pronunciar. Misturando a ardeqr da
existência e a orderú da verdade, ela junta, ilegitimamente, para qonstituir os
l'fafgs mentais", o dado e o pensado,'a realidade bruta que se impõe ao espirito
passivo p as, relaçQes inteligíveis que estabelece a atividade espiritual" Depois,
esctuecendo que o dado pe rpduz à pura sensação, e pertencç, por consegqi[te,
fntegralmpnte ao rnwrdo rnental, esquecendo que o universo Jira sua objetivicladç
das leis estabelecidas pelo pensamento, põe, diante da realidade psíquica, tal
I
I
, l
I
^ 
NoSo & t'el,o thl(tuico
Robsl,llbwM t6
c0rÌìo a oompreendeu, e c0m0 uma
prinreira, a realidade fisiça do nlundo
Descle logo, os tennos reunidos
Ì
realidade dada absolutarnente clistinta da
rnaterial. E rlifïcii irnaginar confusão maior.
para fonnar a realídacïe psíqa.rica são
cclmpletiunente heterogêneos, uÍn deles não podendo, de nenhuna illaïÌCItrra, ser
tratado couro una realidade: quzurdo se passa da consideração das irnager:s à
consideraçãodas opçraçÕçs intslectuais, não-se.passa de-uma çiasse a outra de
fatos psíquicos. passa-se 
'da ordetn do fato, suscetível de ser dado ou não, à
ordern do pensamento, suscetível de ser verdadeiro ou falso. Ilepois, uma vez que
se etiquetou como realidade psÍquica tanto as qualidades qufi ÍlCIs dão a$
sensações individuais quanto a afinnação das relações çrn vir"{ude das qllais cada
elemento clo dado, aparecenclocomo necessanarnente ligado a todos os "oïItroq
nos aparece, por isso mesmo, corno independente do que há de inclivielual na
sensação, nacla mais resta para constituir a realidarle otrjetiva do rnurado fisico.
Ssu conícírclo (as qualidades sensíveis) e sua fornra (o sisterna das lcis naturais)
Íìrranr ;rreviamente atrsorviclos pslo qìre se nomeou a realidade psíquica. g
riniversc-r fisico nada rnais sendo do que a realidade trnrta clas iinagens
prganizaclas de dentro pelo penszunento, nada há nele que subsista para foqmar
cot1lraste com o mental. O que há de espantoso se, após uma tal confusão dçsde o
princípio, cresçiull os ernbaraços à rneclida que se avança, sgja querendo
çstabelecer as leis naturais ligando uns aos outros os diferentes fatos psícplicos
(conlo se tudo o que se junta de qualquer maneira sob esse norne pudesse, ser
considerado como real), seja sg interrogando sobre as relações Eue eles entrelêm
com os fatos Íisicos (como se se estivesse em presença de dois dados)? , ; ;,;r,, , ì
, , Mas a oposição dos fenômenos fisicos ç dos fenômenos rnentais, tAl ,çorno
a concebe o realismo psicológico, é, ainda hoje, tão comtunente aceita, faz cïe tal
maneira parte dessas lações, correntes em torno das quais vêr'n se organizar
rnilhares de idéias secundárias, que não podemos nos orgulhar de f,azen renlurciar
a ela de um irnico golpe. Examinemos, então, o que se cleve pensar das oposições
às qu:ris se liga diretarnente a do flsico e do psíquico: a oposição do objetivq e do
subjetivo e a oposição da experiência externa e da experiência in{ema. . ,t
r A separação do fïsico e do mental coincide, para a psicologia clássica, corn
a do objetivo e do sutljetivo. Mas esses termos são equívocoS; e, por conseguinte,
tarnbem o é a correlação que se estabelece entre eles. Num primeiro sentido, a
diferença entre o objetivo e o subjetivo, é a diferença entre o que e váliclo para
torlos,e o que só o e para alguns, é a diferença entre o "sinômic.o" e o individual,
J,á encontramos esta distinção: é a das duas fonnas extremas sob aq qqqis o
esJríritcl pode considetar a realidade, é a oposição da experiôncia bruta, ou do real
tal qual ele é dada a cada um na pura sensação, à tnesma experiêr:,:ia, mas
organizad& num sistema pelas reiações que estabelece o pensaÍnento,entre seus
elementr:s e liberada assim das particularidades iqdividuais" A imagem isolada é
subjqtiva; o universo material é objetivo. Esta distinção entre subjetivq e ptrjetivo
é perfeitamente çlarq; ela concorda çom a distinção dos dois sentidos extremgs da
I ' i ,
palawaJitto e,porconseguinte, se nos servimos dos quaiificativos rJe 1,;sícluiccl e
de Íìsico l)ara precisar estes sentidos, com a distinção clo fato psíquir:o * clo fato
Íïsiccl. Mas ela pode tarnbém, nuÍna acepçâlo bem cliferente, cÍizer res;lreito à
distinç:iÍo do pensamento e do objeto pensado. Esta distinção rìos ó aincla farniliar:
. ela oorresponde com exatidão ao dualismo prececlentenìente reconheçido entre a
qldEnula-pças-arnQrrto ou da.yçrdade e a ordpm-da*.qxistê$çia-.ou da rçalidaçlç.-Ela."
é, ela tanibéú, perfeitamente legítima. Somente, é precisci eütar çonfundi-la iom
a distinção precedente entre o indiüdual e o universal. Pois o pensamento não
tern, couro pensamento, neúum caráter individual; pelo contrário, é ele que,
estabelecendo relações inteligíveis e universalmente válidas entre as imagens (até
cntãuisoladas); hansfonrt'ã',aS'inrpressõés indiç,iduais infïnifiúnehte'diüersasïIïïia
runivcrso idêítico para toclôs.-Somos então vitiiiias de unra çorrftrsiío de lingurgcrn
tlrurrrtkl rcturinros trruna rìrcsnta rcalidirrlc urcrttal, a prctcxto dc sercrn iguahncntc
srrtl.jctivos, os pensattretttos é as imag,cns. Sutrjctivos elcs {r são, nrns não lro
inesrno sentido; lottge disso, cada urn aparoce bcui antes como objetivo no
scntido Çnr que o outro é subjetivo. As intagens síïo individuais, nras são otrjctos
dc pensarnento; o pensamento é a atividade que ocoÍre num irrdivíduo, mas tern
urn valor universal e é, pon esta razão, condição cla otrjetiviclacle do rnundo. A
distinção do objetivo e do subjetivo não traz. cntão nenhuma força à distinção
traclicionrrl do fisico e do tnental. Ao contrário, o que toma urna força nova é a
obrigaçãa de conceber de ouha maneira a oposição do fisico e do mental e de
separarnitidarnente os dois sentidos que acreditarnos dever atribuir-lhe, ì.una vez
quÊ a oposição do otl.jetivo e, do subjetivo revela, quando exarninada, o ryIe..rno
equlvoc0.
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Igualmente obscua, e por razões análogas, e a diferença estabeleeida peïa
Psicologia clássica entre duas formas irredutíveis de experiência, uma das c{uais
nos revelaria os fatos fisicos, a outra os fatos psíquicos. Certamente, o coptraste
entre dois gêneros de experiência inteiramente dissemelhantes, se ,f,osse
nitidanrente marcaclo, traria um argunento f'ortíssirno para justiÍli:a"r a: cisão
operada pelo psicologo entre os fatos que caem sob: a experiêncin externa
sensível e aqueles que dá a experÍência futtema ou psicológica. Mas, , esse
contraste não é, na verdade,, o de duas experiências distintas e completaqente
heterogêneas; é o de duas formas extremas de uma mesma experiência. ;Se,
relaxarclo os laços que- estende entre as itnagcns a atividade intelectual,
aproximamo-nos do plano inferior de conhecimento no qual o espírito limitar-se-
ia 0 açolher pstupidnmente o dado, tocla a experiência torna-se intema' e
pslcologica; pois todo o dado çonsiste em sensaçÕes, isto é, enr '*e$tados
t t
de
mentais", eo'nesta atitude de extrerna distensão intelectual, nada pode fazer figura
objeto Íisico nern dg mundq exterior. E um'turbilhão incessante de imagens
que surgem para logo desaparecer, setn nacla que ofereça um gancho pelo qual se
possa retê-lo; é o perpétuo escoar de um rio de águas sempre,renovadas;,telna
sobre o quaf toda uma literatura psicológíca hordou infinitas variações, Mag, o
1l
 NoçIo do Frt{ Pdquim
Lobql t)lurché l8
progresso oa percepçao conslste ern salr deste torpor contemplatlvO para
substituir pouco a pouco à consideração das irnagens a consideração dos objetos,
percepçaoconslste salr destetorporcontemplativoda
tratando-as não ntais como coisas, mas apenas como qualidades das çoisas. A
realidade à qual a experiência nos faz então atíngir é um mundr.. de objetos fïsícos
que apresenta uma relativa estabilidade, e que o pensamemto constrói, ligando,
-ÌÌnuas as--ç-utras, as.qualidadçs-que.as" $çnsaçÕçs rçvelam.-A expçriência.Íen-dç
assim a tornar.se inteiramente externa e sensível. E ela o seria exclusivarnente,'se
o espírito f'osse çapaz de reunir, num sistenna acabado, a totalidade das imagens,
de maneira que çada uÍna aparecesse coÍno um fi'aglnento necessiário da historia
do ruriverso. Enfitn, a diferença entre experiência interna e experiência externa se
----- redurÍìnalmentè à difefenia enüe dois grau$ de experiêneia, porqtie a diferença
entre o psíquico e o fisico se reduz à diferença entre dois planos de realidade.
Será isto, entretanto, tudo? Não reencontraremos também aí, confundida corn a
primeira, a diferença entre a ordem do fato e a ordern do conhecimento ? E o que
vai nrostrar o exarne desta curiosa ruptura de equilíbrio pela qual é logo
perturbacla, na Psicologia clássica, a sirnetria prirneira das duas formas de
experiência.'Pois a experiência psicológica, que se tinha, de inícin, simpïesmente
justaposto, sobre o mesmo plano de conhecimento, à experiência sensível, não
tarda a avançar sobre ela, a tal ponto que acaba por recobri-la inteirarnente.
Quanclo, pela experiência externa, uma sensação revela run fato fisicer, esta
sensação constitui, por sua vez, um fato psíquico que, como tal, será eiç mesrno
revelado pela experiência interna. Esta deve, então, aparecer como runa espécie
de sentido comum abraçando todos os outros, um olho interior aberto ao mundo
dos fatos rnentais, e por conseguinte às sensações, corÌlo os sentidos são abertos
ao mrurdo exterior. Dir-se-á, então, que a experiôncia sensível é apenas mecliata,
uma vez que ela, mesmoela, é conhecida por intennédio da rnente, e que a
ciência a mais próxima do fato e, por conseguinte, a menos duvidosa de todas, é a
Psicologia; toda a Física não, passando, aliás, de um capítulo da Psicologia,
ciência uriversal. A experiêpcia sensível não se opõe mais:agora à experiência
psicplogica, é apenas un de seus casos. Mas, por quê parar aí ? Afirmâ-sç que as
lualiclades são conhecidas pelas sensações, depois, que as sensaÇões lsão
conhecidas pela mente: por que não uma terceira fonna'de experiência,,pela,qual,
clo mesnro modo que a mente conhece estç coúecimento das qualidades qpe é a
sensaçi[o, seria por sua vez conhecido este conhecimento das sensações que,é a
m*nte, e depois uma quarta forma para coúecer esse coúecirnento da rne$te?
Nãq é vcrdadeiro que, assim como não podemos experimentar uma sensação sem
saber que a experiúentamos, tampouco podemos saber isto sem saber que o
sabernos, e seÍn saber isto ainda? Este encaixamento ilimitado de experiê4cias,
que a cxperiência sensível, preüzunente, suporia, é como que ulÌla prova por
absurdo do ero que comete o psicologo quando interpõe, entre o espírito e o
conhecimento sensível, um coúecimento introspectivo. Vítima da ilusão realista
(que conranda tudo situal no plano da existência), ele torna por uma coisa dç uma
I
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' ANododc Ír'o Pr|qOrn
nobqt lllaruhé l9
espécie nova o sotúecirnento das coisas, de tal modo que ele cleverá sìipor, paÍa
explicar que se possa coúecer uma coisa, unìa espécie de conhecirnento de
scÌgundo grau pelo qual se conhece, previamente, esta coisa mental que é o
conlìeciuìento da coisa. A verdade é muito mais simples: é que toda expe!:iêrìçia
sìrpõo a dualidade de urn objeto de experiência e de um ato clt: conhecirncnto. Os
objctos cl.c-o.xperiêrtcia, os útiços que poderu.ser dados".sãe--íìs ilìragerÌ$ que nps
dão os sentidos, de sorte que toda a experiência é sensível. Mas a scnsação
supõe, alérn da qualidade sensível, o espírito ao qual ela seja dada e quo a põe
corÌro qualidade sensível: e por isso que a ptua sensação não é senão um lirníte
inacessível. Em ouhos termos, não há, falando propriamente, "dados de
cunsciência", só há dados dos ' sentidos e a consciêncía clesses -ïrlilos;
consciência, isto é, conhecimento, e não realidade a conhecer; a consciência ó um
ato, o proprio ato de saber, e não urn objeto de contemplação. A oposição da
cxperiência interna à experiência externa, convenicrtternente interpretacla, nada
nrais significa agora do que a obrigação de distinguir, na pró1lria experiôncia, o
pensarnento que cottltece e a realidade conhecicla. Esta oposição é, então.
ecprívoca: ora ela marca a distância que separa duas maneiras extrernas de
consirlerar a realidade, ora ela designa a correlação, no intcrior de todr,i
conheçiruento, do ato cÍe conltecer e do objeto cotrhecido. Pela tercoir;r vez,
chegarnos à mesma conclusão: que se examine a oposição tratlicional do fisico e
clo nrcnlrl, ou a dcl otrjetivo e do subjetivo, ou ainrla a da experiênçia exÍcrna e da
çxperiência iirtema,. poÍ tqda parte encontram-se, coqfimdidas nurna ,úníca
dualidade, a:dupla dualidade de dois planos.exhemos de realidade, dç um ladoi
c la ordem da real idade e tda ordem:do pensamento, do outro, ' , : . ; , , . ì : ì . i , .
, 
',, 
, ïsta çonfusão sendo recoúecida, nada ímpecle a conservação da'diSti"$ção
entre o fisico e o meptal, dpqde que se a haduTa, tacitamente, numa ou noutrp das
duas distinções que ela recobre, de maneira a não aplicar a uma o que só convém
à outra" Ora a oposição do fisico e do mental significará a oposição do fato
otr-jetivo ao fato bruto, ou seja, do universo à imagem, ora designará a oposição
da realidacle e do pensiunento (caso enr que seria necessário ainda dal a saber se
a realidade que se distingue do pensamento é a realidade da imagern ou â do
universo). Qualquer que seja, aliás, dessas duas traduções, 4 que se adote, jamais
se dsvsrá interpretar o dualismo psicofisico corno un clualismo ôntico,
justapgndo nunl nlesmo universo duas espécies de realidades. , r ;
Esta reüsão do sentido tradicionalmente atribuído à oposição do fisrco e
çlo nrental açarreta a obrigação de submeter a exzune certas idéias conexas,iuÍrìa
delas sendo a concepção que convém fazer do que são pesquisas psioologicas.
O "fato psíquico", propriamente dito, reduzindo-se à sensação, o domínio
da Psiçologia; se se quisesse continuar a defini-la corno a: ciência dqr fatos
prentais, estaria longe de estender-se à totalidade do espírito. No interior do
espírito, é preciso traçar uma liúa de separação entre as imagqns, que,.só elas,
pcldenr ser dadas ou não, e às quais poderá, por conseguinte, conür o nome de
I
A Noçlo dc Fal,o Pslquiw
Lolut tllurché 20
fatos psíquicos, e as operações do pensamento, suscetíveis de ser válidas ou não,
rnas que não podern ser consideradas como dados, urÌìa vez que seria preciso
cntão supor urn pensarnento de segundo grau ao qual o primeiro Í"osse dado, e isto
indeÍìnirlamente. A Psicologia, na medida em que ela se apresenta çonìo ulna
ciência rle fatos, não pode, então, incidir sobre as operações intelectuais. A idéia
cle conl;iclerar a atividacle intelectual corno um Ínecanismo tÌack:, do qual seria
p,o.fìivgl descrever, a partir de observações minuciosas, todas as engreÍìagens e
e5plipar em,seguida o funcionarnento, não é natural senão entre aqueles para
quern o próprio pensamento nada mais é do que' certa combinaçãg,, de
repieseritações e o espírito urna mera coleção de imagens.'Não é por âcasio.'que
os criadores da Psicologia clássica foram empiristas. .A pretensão de escrever ìrm
tratado Da Inteligência seguindo o mesmo métoclo oom o qual se esçreveila um
tratado Do Calor ou I)a Respiração supõe a tese de que os atos intelectulis são
Í'enôrncnos naturais acessíveis à obseryação, e conlo só as imagens poclenl ser
coirsideraclas corno Íhtos, envolve a suposição de que os atos intelectuais se
reduzern a sucessôes de imagens, o que é precisatnente uma das aÍìnnações
çssenpiais do ernpirismo. Assirn, não é um nreclíocre tema'de espanto ver uma
Psicologia quase oÍìcial, a que expõem a maior parte dos livros destinados'ao
ensino, tratar das operações intelsctuais ao mesmo tcrnpo em que? ï)or um iado,
se defïne como ciência natural e, por outro, rejeita o ernpirismo. Entre os dois
seria preciso escolher; e, se o etnpirismo parece incapaz de dar conta clas
operações intelectuais, deve-se ou renunciar a introduzir essas operações no
domínip da Psicologia ou cessar de concebê-la como ciência dos fatos menÍais.
Como, aclemais, ç isto será üsto mais tarde, a vontade e o sentimento não podem
ser expficados sem menção à atiüdade intelectual, seria preciso concluir;que a
Psicologia, se se persistisse pm defini-la como çiência dos fatos mentais, nãq,teria
putro objeto que não o mundo das imagens.
, 
' Poile-se mesrno dízer, proprizunente, que ela seria ciência do mundo clas
imagens no mesrÌro sentido em que se diz que a Física é a ciência do rnundo
nralerial? Cedamente, é possível estabelecer leis que liguem as irnagens tunas iìs
oulras e constituir, assim, uma ciência das imagens. Mas esta ciênçia não e a
Psicologia, é a lìísica. Pois, estabelecer leis que penni(arn calcular cada irnagcrn
em firnção de algurnas outras é reunir as irnagens em sistemas e compor assirn
objetos Íìsicos, e deixar o plano da experiência lrruta ou psicológica, na qual se
eslaria absorvido na contemplação estúrpida do dado, para tentar cornpreender
estç'dado operaçao,constrturrestç' oado e, por uma mesma operaçao, constltulr um unrverso oDJeuvq.' /\
diferença entrç a atitude psicologica e a atitude ciçntífica é exatamente a que
unrversoobjetivq.'A
separq as duas atitudes extremas que podemos adotar para considerar a realidacle:
f ,então, claro que não podemos adotá-las simultaneamente. Ou tomamos as
iniagens no estado de iSolamento no qual cada uma é uma realidade indiscutível,
pondo-se por sua mera presença: a realidade que considerpmos e então psíquica,
nìas nossa atitude é a iregação mesma da atitudecientífrcal ou, aclotando a atitude
 Nodo do Früo ltlqúm
Robcrt Hünçhé 2I
cietttílica, fentantos explicar cada imagçrÌÌ relacionando-a, seglndo leis, a outras
iinagerts: constituiremos assim uma ciência da natureza, a i;ísica (as imagens
tornando-se simples qualidades das coisas e a realiclatle sendo transfrricla clas
intagerts aos objetos). Enfirn, se o dado, na meditla eÍìì que é dado, é inteiramante
psít1uicti, toda ciência do tlado é uecessariarnente lìisica. E por isso que â
tentalivit de. constituir, ern simetria corn a ciênçia tlos fenôrnenos íïsiç:os, trlÌlÂ
ci0rrciit r1os fenôrtÌcnos psiquicos, buscrutdo as leis qlre os ligaur uiis z{os or,rtros,
tenr algo de contraditorio. A única ciência possível da natureza é aqueia que,
parlindo dos dados, isto é, das imagens, se propõe a elaboração de um sistema de
leis qrre os liguern uns aos outros, de maneira a tomá-los inteligíveis, pennitinclo
vcr tìâ prcsença de cada imagern um çfeito necessario da presença das clutras;----
Segue-se daí que a Psicologia pode tomar dois carninllos, dos quais urn não
leva ;ì rrenhum cotrhecirnento verdacleiro, e foi dc fato abandonado pelos
llsic<iltlgos, enquílttto que o outro pennitiria unr saber psicologico autêntico.
I'odc-:;c, primcir;rnrente, çontinuar a dar conìo objcto da Psicologia a
consideração rios "fatos mentais". A Psicologia se distinguirá, então, das ciências
da natureza, não por seu objeto, que será sernpre o dado sensível, nras, pela
atitucle intclectual adotada, que será a inversão da atitude cientíÍìca. Ao inves de
btrscrlr ligar os elententos do dado para entender ca*.la urn ern funçfio dcs outros,
renunciirrá a interllretar as sensações para tentar experirnentá-la.s da maneira a
rrrais irrli0nua, isto é, rJanclo as costas à çiência, c tendenrlo para o caos , dns
irrrpressõe$ puras. Desta atitude de distensão o artista poderi! tirar proveito, pas
lão há grande cqisa a extrair para o conhecimento. É, então, urna outra direção a
que scrá tomada pelas pesquisas psicorógicas, se elas querem chegar à
cientificidade; no sentido amplo em que esta palawa desiEra todo verdadçiro
conhecirnento. Renunciar-se-á, então, a considerar fatos mentais. Ou o estudo
incidirá sabrefato.s que se tentará ligar por lers, e ent.{o a Fsicologia, ern lugar de
opor-se à Física, será somente um de seus capítulos; ela não se ocupará de um
ruuurdo nrenlal distinto do murdo material, ela se ocupará desses fenômenos oll
irnagens aos quais se reduzem, como todos os fenômenos fisicos, os movirnentos
de urn organismo, paÍa tentar ligá-los ao resto clas imagens e fazê-tros entrar,
assirn, no sisterna do universo objetivo; ela prolongará a Biologia, do mesmo
nrpdo que a Biologia não se tornou utna ctência senão prolclngando a Físico-
qrrírnica. Ou bern e ao psíquico, por oposição ao fisico, que ela se aplicará; nesse
caso,. deixará de considerar as imagens e 'é para o estudo das operações
intelpctuais que ela se voltará, renunciando, do mesmo golpe, à cientificidade, nq
pcnticlo estrito ern que esta palavra designa o estudo dos Íatos e a busca dç leis
naturais, e se definindo como um aperfeiçoamento da Psicologia vulgar (aquçla
gue toclo mundo pratica, sem o saber, em suas relações com seus semelhant"es) e
nãq cortro um prolongamento da ciência da naturgza. Quer dizer qrle o camiúo
cjue poclemr tomar pesquisas psicológicas bifurca-se desde o início para levar seja
a ulna Psicologia do comportamento, seja a urna Psicologia da'interpretação: a
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prirneira incidirá sobre certos fatos fisicos, a segturda, sCIbre a atividade do
perlsamerÌto, e as explicações que elas tentarão diferirão exatatnente conìo uln
fenôrneno difere de uma explicação de texto

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