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Homeostase da glicose - células B pancreáticas: centro do processo homeostático -> ajusta a quantidade de insulina secretada precisamente a glicose ingerida, promovendo a captação de glicose após as refeições e regulando a sua liberação pelo fígado no estado de jejum - as células beta pancreáticas estão localizadas nas ilhotas de langerhans no pâncreas; esse órgão inicia sua formação a partir de um primeiro brotamento dorsal e um segundo ventral do intestino primitivo entre a quarta e a sétima semana do desenvolvimento - no estado de jejum as demandas energéticas do organismo são mantidas pela oxidação de ácidos graxos e pela liberação de glicose pelo fígado através da gliconeogênese e da glicogenólise - gliconeogênese: conversão de lactato, alanina e glicerol em glicose - a insulina inibe a produção de glicose hepática, enquanto que o glucagon promove esse processo - a secreção de insulina é estimulada pela ingestão de comida, pela absorção de nutrientes, por níveis elevados de glicose circulante (glicemia) - esse hormônio promove o anabolismo de glicose, lipídios e proteínas - além da glicose, hormônios insulinotrópicos liberados pelo trato gastrointestinal (como as incretinas) e vias autonômicas neurais promovem a liberação de insulina - peptídeos insulino trópicos: GIP e GLP-1 -> secretados de acordo com a quantidade de nutriente ingerido -> promovem o ajuste da insulina liberada para a necessidade real de insulina - a insulina é sintetizada como uma cadeia polipeptídica única a qual é processada primeiro para proinsulina (com remoção do peptídeo sinal) e depois há a ligação entre a porção A e B por ligações dissulfídicas e depois a clivagem do peptídeo C que também é liberado com a insulina - no citoplasma de células beta, moléculas de insulina são coordenadas por íons de zinco formando hexâmeros (faz com que a metabolização de glicose seja mais lenta) Secreção de insulina - glicose -> principal secretagogo - a glicose entra nas células por difusão facilitada por transportadores do tipo GLUT na direção a favor do seu gradiente de concentração - ação da glicoquinase diminui a concentração de glicose intracelular e facilita sua entrada - O Glut2 é o das células beta pancreáticas - O GLUT4 é um transportador que fica armazenado nas vesículas intracelulares e a sinalização da glicose promove sua mobilização para membrana -> aumenta sensibilidade daquele tecido a glicose (tecido adiposo e músculo) - A glicose entra nas células beta pancreáticas pelo transportador de glicose GLUT 2. A metabolização de glicose leva a aumento na concentração de ATP intracelular, o que age inibindo canais de potássio. O canal de potássio se fecha, aumentando a carga positiva dentro da célula, levando a uma despolarização da membrana; isso leva a abertura de canais de cálcio voltagem dependentes e o influxo de cálcio promove a exocitose dos grânulos e insulina - adenilato ciclase promove a geração de cAMP que a ativa a proteoquinase A (PKA) - a fosfolipase C aumenta IP3 e diacilglicerol, que ativa a PKC - a fosfolipase A2 (PLA2) aumenta formação do ácido araquidônico que da origem as prostaglandinas que inibem a secreção de insulina, e aos leucotrienos, que as estimulam - a fosfolipase D leva a composição de ácido fosfatídico, que facilita a entrada de cálcio pela membrana por desenvolver atividade ionófora - PKA e PKC -> possivelmente sensibiliziam os canais de cálcio voltagem dependentes - IP3 -> provoca abertura de canais de cálcio do RE -> facilita interação do cálcio com a calmodulina - calmodulina ativa uma proteinoquinase dependente de calmodulina - PK dependente de CaM, PKC e PKA induzem fosforilação de componentes do citoesqueleto -> exocitose de insulina - incretinas e alguns medicamentos também promovem a secreção de insulina - hormônios gastrointestinais (GLP-1, GIP, secretina, colecistoquinina, gastrina) -> aumento da secreção do hormônio logo depois da ingestão do alimento, antes mesmo de sua absorção - aminoácidos são importantes para o processo de secreção de insulina pelas células B, assim como os ácidos graxos ácidos graxos, depois de um tempo, passam a ser tóxicos para a células beta -> lipotoxicidade - Acetilcolina (secretada pelo sistema parassimpático) via M3 pode ativar receptores que promovem também a excreção de insulina - Epinefrina circulante e a norepinefrina secretada pelas terminações nervosas adrenérgicas inibem a secreção de insulina por ativar uma proteína Gi -> inibição da AC -> inibe adenilato ciclase - Aumento do AMPc -> inibição do canal de potássio - Somatostatina inibe glucagon e insulina - contrarreguladores da insulina: glucagon, catecolaminas, cortisol, GH Secreção é bifásica - primeira fase: liberação rápida do hormônio já armazenado nas células beta - segunda fase: liberação tardia -> liberação continuada e nova síntese de insulina Receptor de insulina - expresso em todos os tipos celulares - receptor tirosina quinase com homologia ao receptor de IGF-1 - subunidades alfa e beta (produtos de um único gene) ligados por ponte dissulfeto - duas cadeias alfa extracelulares que possuem domínio para ligação de insulina - duas cadeias beta que atravessam a membrana - subunidade beta: atividade tirosina quinase intríseca - sem ligante - subunidade alfa inibe a ação da subunidade beta - com ligante - ativação do receptor -> cada subunidade beta transfosdorila a outra e autofosforila em sitios específicos desde a região mais próxima a membrana até a cauda intracelular do receptor - ativação do receptor -> transdução de sinal -> fosforilação de proteínas intracelulares - o receptor de insulina fosforila a IRS (IRS 2 é a mais importante) -> cria locais de reconhecimento para moléculas contento domínios com homologia a Src 2 - PI 3-quinase Os tecidos críticos para regulação da glicemia são o fígado, músculo esquelético e tecido adiposo -> efeito de baixar a glicemia (níveis circulantes de glicose) Diabetes - falha na manutenção da homeostase de glicose sanguínea - Diabetes melito tipo 1: insuficiência secretória de insulina geralmente causada por destruição autoimune das células beta - anticorpos contra antígenos da ilhota (insulina e GAD) - mais frequente em jovens - Diabetes melito tipo 2: resistência a ação da insulina pelos tecidos alvos - Existem também outros tipos, como o MODY e o diabetes gestacional - Aspecto metabólicos do diabetes - diabéticos possuem uma maior produção hepática de glicose mesmo após as refeições quando a glicemia tende a se eleva - possuem uma menor utilização de glicose no músculo mesmo com elevações nos níveis plasmáticos de insulina - possuem maior liberação de glucagon mesmo com a glicemia pós prandial - possuem um pico menor de insulina e uma liberação mais prolongada desse hormônio - possuem maior lipólise no tecido adiposo mesmo com níveis mais altos de insulina plasmática Tratamento do diabetes - estilo de vida, exercícios e medicação - existem condições que podem alterar os padrões de tratamento, como uma dislipidemia, hipertensão e obesidade - além disso, existem várias complicações que podem ser causadas por diabetes, como a retinopatia, neuropatia, nefropatia, doença cardiovascular, etc. - Diabetes tipo 1 - reposição de insulina - é essencial que a dose de insulina e calorias ingeridas correspondam - Diabetes tipo 2 - abordagem clássica: manejo em etapas - 1º passo: encorajar o paciente a reduzir a hiperglicemia através de combinação de dieta e exercício seguida de um agente antidiabético oral na monoterapia - se o controle glicêmico continua insatisfatório, são administrados gradualmente outros agentes orais seguidos por insulina quando necessário Insulinoterapia - mimetiza a ação do hormônio de insulina, diminuindo a glicemia por ação via receptor de insulina - no diabetes tipo 1 a liberação de insulina não existe, e nesse caso o objetivo da insulinoterapia é simular a curva de secreção do indivíduo normal, mantendo a dose basal de insulina e estimular a captação pós-prandial- geralmente administrado por injeções subcutâneas de insulina ou análogos Nome Duração de ação Mecanismo Insulina regular Ação curta Solução de zinco cristalinas em pH neutro Solução aquosa em pH neutro O agregado diminui a velocidade de absorção Lispro, Aspart, Glulisina Ação curta (muito mais rápidas que a regular) mesmo que regular Lispro - inversão do B28 e B29 Aspart - prolina por espartado -> reduz autoassociação = ação mais rápida Glulisina - B29 por ácido glutâmico + B3 por lisina = reduz autoassociação e melhora dissociação em monômeros NPH, Determir Ação intermediária Suspensão de zinco com protamina em tampão fosfato (NPH) ou tampão acetado (determir) Determir - possui miristoilação da lisina e não tem B30 - diminui risco de hipoglicemia noturna - possui ligação a albumina -> retardo na absorção, ação e clearance Glargina Ação prolongada Solução; tem pH ácido - possui dois resíduos a mais de arginina e uma troca por glicina - aumento do pKa, o que reduz solubilidade no pH fisiológico, reduzindo absorção - tem ação prolongada - mimetiza insulina basal Degludeca Ultralenta Ativa em pH fisiológico formando multihexâmeros - possui conjugação com ácido hexadecanoidóico na posição B29 - forma complexos multi-hexâmeros, retardando a absorção - se liga a albumina - o resultado é um efeito prolongado de, geralmente, mais de 24h - causa uma hipoglicemia menos severa que a glargina - Insulina de curta duração são administradas antes das refeições - Uma única injeção de insulina de longa duração é suficiente para manter a euglicemia - Efeitos adversos - lipodistrofia (atrofia ou hipertrofia) no local de administração - hipoglicemia -> tratar com carboidratos Anti-hiperglicemiantes Classificação Fármacos Mecanismo de ação Fármacos que aumentam a secreção de insulina Sulfonilureias Glinidinas Se liga a subunidade SUR1 Sulfonamidas: inibindo o canal de potássio -> despolarização da membrana -> abertura do canal de cálcio -> exocitose de insulina - 1ª geração: tolbutamida - 2ª geração: glibenclamida - maior afinidade por SUR1, menores doses para atingir o mesmo efeito hiperglicemia nte Provoca ganho de peso e pode causar hipoglicemia - cuidados com idosos com comprometimento renal Glinidas - repaglinida e nateglinida - são secretagogos com as sulfoniluréias, porém não relacionadas estruturalmente - menos potente e tem início e término de ação rápidos - utilizadas para reduzir glicemia pós-prandial Fármacos que diminuem produção hepática de glicose Biguanidas (Metformina) Metformina - primeira linha de tratamento do DMT2 - não causa aumento de peso, algumas pessoas perdem peso - entram na célula pelo transportador Oct1 no hepatócito, entra na mitocôndria e inibe o complexo transportador de elétrons, diminuindo a concentração de ATP - Há um aumento do AMP cíclico, o que ativa a AMPK -> ativa fatores de transcrição (CBP e CRTC2) que diminui a expressão de genes da gliconeogênese - promove o aumento do lactato (pode causar acidose lática) - diminui a produção de glicose hepática Tem baixa ligação a proteínas plasmáticas, sendo excretada inalterada na urina Fármacos que reduzem a resistência à insulina Tiazonelidionas - Glitazonas (Pioglitazonas) Atividade depende da presença de insulina Usados em monoterapia ou em associação com metfformina, sulfonilureia ou insulina Agonistas do receptor nuclear PPARg (também no PPARa) - a ação primária desses fármacos é na regulação da transcrição gênica de genes relacionados ao metabolismo de glicose e lipídico e na diferenciação de adipócitos Age na transcrição de genes que promovem a diferenciação de adipócitos e a síntese de triglicerídeos - promove captação de ácidos graxos e glicose e armazenamento (aumento da lipogênese) - diminui produção hepática de glicose - aumenta a sensibilidade à insulina no músculo Tem grande ligação a proteínas plasmáticas -> grande meia vida e efeito prolongado Metabolização hepática Ganho de peso, edema e aumento de pós carga, hepatotoxicidade Fármacos que retardam a absorção pós-prandial de glicose Inibidores da alfa-glicosidade (acarbose) Inibe enzimas presentes no intestino que transformam carboidratos complexos em glicose - age diminuindo a glicemia pós-prandial São pouco absorvidos (a ação é na borda de escova do estômago) Terapia adjuvante no tratamento do DMT2 -> não interferem na glicemia de jejum (baixo risco de hipoglicemia) Efeitos adversos podem levar a resistência do paciente frente ao tratamento - flatulência, diarréia, distensão abdominal Fármacos que mimetizam incretinas (único injetável) Análogos que GIP-1 (Exenatida, Liraglutida) Incretinas promovem a secreção de insulina pouco antes da ação da glicose -> é por isso que a glicose oral produz maior secreção de insulina do que a administrada por via intravenosa Age nas células beta pancreáticas via receptor acoplado a proteína G => aumento de AMPc -> exocitose de insulina São metabolizados por DDP4 Liraglutida: tem maior tempo de ação pois tem uma cauda de ácido graxo que promove ligação à albumina Exenatida: menor tempo de ação, não é metabolizado pela DDP-4,é um homólogo de GLP-1 - permitido para monoterapia GIP não é efetivo em portadores de diabetes tipo 1 Administração parenteral -> injeção subcutânea (antes das refeições) Causa intolerância gastrintestinal, geralmente é para terapia adjuvante Fármacos que inibem a dipeptidilpeptidase (DDP-4) Vildagliptina, Saxagliptina, sitagliptina Enzima localizada no lado luminal das células endoteliais capilares que metaboliza as incretinas - agem inibindo essa enzima -> aumenta incretinas Aumento de GLP-1 e GIP -> aumento da secreção de insulina dependente de glicose oral - reduz secreção de glucagon - diminui o apetite Fármacos que inibem o cotransportador de sódio e glicose tipo 2 (SGLT-2) Canaglifozina, Dapaglifozina, Empaglifozina Aproximadamente de 180g de glicose são reabsorvidos por dia nos tubulos renais - mais que isso: glicosúria renal Sódio/Potássio ATPase promove energia para a entrada de glicose Transportador SGLT promove entrada de glicose nas células e passagem de glicose para o sangue Inibição dessas enzimas evita a reabsorção de glicose - aumenta glicosúria e natriurese - melhora glicotoxicidade - aumenta sensibilidad e a insulina e secreção nas células beta - diminui o risco de hipoglicemia Aumento do risco de infecções genitais e do trato urinário
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