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Isadora Albuquerque – Medicina 7° periodo • Ocorre até os 30 meses e faz parte do desenvolvimento do esqueleto, saindo do comportamento uterino e adotar características para iniciar a marcha. • Ocorre depois dos 30 meses do genuvaro e vai até os 60 meses. • As deformidades irão se corrigir até o sétimo ano de idade. Importante lembrar que as alterações fisiológicas são bem localizadas (ou seja, em MMII, sem demais alterações sistêmicas). TÍBIA VARA DE BLOUNT É uma exceção à normalidade. Todavia, na presença de um genuvaro, é importante observar se a alteração persiste por mais de 30 meses e se progride; Trata-se de uma doença da porção póstero-medial da tíbia na sua porção proximal; É aquela criança que anda normal, come normal, brinca normal. Entretanto, tem um genuvaro persistente e progressivo; O diagnóstico é feito, normalmente, após o período de alterações fisiológicas, quando é possível perceber que, ao invés de diminuir, está aumentando. A alteração radiográfica só aparece por volta dos 3-4 anos; O tratamento é cirúrgico. • Doenças osteometabólicas: são alterações congênitas do desenvolvimento ósseo, os mais comuns são as alterações da vitamina D, que são os vários tipos de raquitismo. O paciente vai ter, concomitantemente, outros sinais: deformidade de membro superior, alargamento de placa fisária, baixo peso e estatura, etc. Ou seja, dá sintomas sistêmicos. • Displasias esqueléticas: são doenças congênitas da placa de crescimento, fazendo o paciente ter: baixa estatura com peso normal, deformidade vertebral, deformidades de membros superiores. São doenças mais sistêmicas Isadora Albuquerque – Medicina 7° periodo • Alterações na adolescência são sempre patológicas, pois só são comuns na primeira infância; • Podem ser de etiologia idiopática (relacionada ao crescimento) ou osteometabólica; • Precisa ser corrigida cirurgicamente. Caso não seja, produzirá um desgaste no joelho e uma osteoartrose bastante precoce (por volta dos 30-40 anos) Anteversão do Colo Femoral • Alteração fisiológica que se resolve com o desenvolvimento; • As crianças pequenas tem facilidade para sentar em W, por terem um aumento da anteversão do colo femoral; • O ângulo cervicodiafisário é o ângulo do colo com a diáfise; ele possui uma anteversão, visto que a cabeça do fêmur “olha para a frente” cerca de 5 graus, mas a criança nasce com essa anteversão em torno de 50 a 70 graus, por isso que ela consegue sentar em W e que as pernas ficam para dentro; • Exame físico: → Marcha com os pés e joelhos voltados para dentro, em decorrência dessa anteversão; → Aumento da rotação interna do quadril. • Para que o quadril se desenvolva, ela precisa estar em contato com a cabeça do fêmur tem que está em contato com a cartilagem trirradiada do acetábulo, estimulando o desenvolvimento, se isso não acontecer o acetábulo não vai se desenvolver e o fêmur vai luxar. • Não é raro (ocorre em 1 a cada 1.000 nascimentos); • Ocorre mais em meninas; • Está muito relacionada a apresentação pélvica; • Fatores predisponentes: → Frouxidão cápsulo-ligamentar; → Má posição intrauterina (pélvica ou agripina); → História familiar; → Sexo feminino. • Deformidades associadas: → Pé torto congênito; → Torcicolo congênito. → Quando há uma displasia do desenvolvimento do quadril, sempre deve-se procurar essas outras comorbidades. • Diagnóstico clínico: TRIAGEM NEONATAL NO PRIMEIRO DIA DE VIDA → Manobra de Barlow e Ortolani: o bebê em decúbito dorsal, o médico com o polegar na altura do trocanter menor e o terceiro dedo na altura do trocanter maior, vai reduzir e luxar o quadril. Quando reduz o quadril, chama de Ortolani e quando luxa, chama de Barlow. São manobras Isadora Albuquerque – Medicina 7° periodo consideradas de triagem para o recém-nascido no primeiro dia de vida → Quando o bebê é pélvico ou tem história familiar, além do exame de triagem, é mandada para o exame após 15 dias de vida, para fazer uma reavaliação e, muitas vezes, exames complementares DIAGNÓSTICO CLÍNICO A PARTIR DOS 2 MESES → A partir do 2 meses, a manobra de Barlow e Ortolani não é mais possível, uma vez que o quadril começa a ficar rígido, dificultando a manobra. Nesses casos, observamos alguns achados ao exame físico: 1. Assimetria de pregas glúteas ou prega poplítea, ambas articulares; 2. Manobra de Galeazzi positiva: uma perna mais curta do que a outra; 3. Pistonagem: é a manobra de Ortolani e Barlow, só que com a resistência que o quadril já possui. Ao tentar comprimir o quadril, observa-se que ele tem um movimento anormal, além da diminuição da abdução do quadril que está luxado. • Diagnóstico radiológico do recém-nascido: NOS PRIMEIROS MESES → Ao nascer, só há osso da metáfise femoral para baixo, toda a parte proximal é cartilaginosa, diferentemente do adulto. → Raio x: como não dá para ver a cabeça do fêmur, avalia-se outros sinais para saber se o fêmur está no lugar: a) Arco de Menard-Shenton: é a porção superior do forame obturatório com a porção medial do colo femoral; b) Índice acetabular: calcula a altura dos acetábulos (tem que abrir entre 25 e 30°) → Ultrassonografia: melhor, pois consegue avaliar a parte óssea e a partecartilaginosa. Por tal motivo, é considerado o padrão ouro para luxação de quadril. Todavia, é um método examinador dependente, por isso ainda se faz o raio x. A PARTIR DOS 4 MESES → Por ter a cabeça do fêmur visível ao raio-x em crianças a partir dos 4 meses, a USG perde a sua importância; • Tratamento: → Diagnóstico precoce (na triagem neonatal): o tratamento é o uso de suspensório por 4 meses, com taxa de sucesso de 99%. → Diagnóstico de 4 a 18 meses: a) Tração prévia; b) Redução sob anestesia geral – tenotomia do adutor; c) A criança tem que ficar 4 meses de gesso; c) Risco de necrose da cabeça femoral → Diagnóstico acima dos 18 meses (quando a criança já andou e mancou):redução aberta, com apenas 20% de bons resultados. NORMALIZAÇÃO DO ACETÁBULO APÓS REDUÇÃO Antes de 1 ano 96% Entre 1 e 2 anos 55% Após 2 anos 20% Isadora Albuquerque – Medicina 7° periodo • É a alteração da coluna mais presente; • Conceito: trata-se de uma anormalidade lateral e rotacional da coluna; • Exame físico: → Teste do minuto: olhar a altura dos ombros, a altura das escápulas e o triângulo do talhe, todos estarão desnivelados → Busca da gibosidade: junta as mãos do paciente e manda ele inclinar o tronco para frente e verá a formação da giba. Escoliose idiopática → Não tem causa primária conhecida; → Aparece quando a criança dá o “estirão”, mas antes vinha normal. • Critérios para a escolha do tratamento: → Localização da curva; → Grau de desvio/lateralização (ângulo de Cobb); • Tratamento: → Enquanto o paciente estiver em curva de crescimento e a curva dele for entre 20 e 40°, o tratamento é o colete; → Quando para de crescer ou quando a curva é mais acentuada, o tratamento é cirúrgico. Por isso é importante o exame de triagem. Escoliose Congênita • Ocorre em crianças muito pequenas, antes da fase do “estirão” • Está associado a causas de malformações da coluna (hemivértebra); • Não há tratamento para esse tipo de escoliose. Todavia, se a deformidade for em uma vértebra apenas, as demais vértebras conseguem se equilibrar e o paciente pode ter um bom prognóstico. • Nas crianças, a dor é investigado mais detalhadamente, pois, embora seja mais raro do que no adulto, o quadro álgico costuma ser menos benigno nessa faixa etária; • Durante a anamnese, é importante questionar: presença de outros sintomas (tumores),traumas, infecções na coluna (especialmente nos menores de 4 anos), espondilolistese (em adolescentes); • No exame físico, procurar por: estigmas cutâneos na coluna (pode indicar malformação neurológica), encurtamento dos músculos isquiotibiais (alterações neurológicas e causa de dor muscular). • Quando investigar com radiografia? → Em menores de 4 anos; → Quando tem sintomas > 2 meses; → Quando o paciente acordar com dor durante à noite; → Na presença de sintomas constitucionais (algum outro sintoma além da algia) Obs.: escoliose normalmente não cursa com dor. Assim, quando a dor da criança for importante, tem que se pensar em outra causa e não na alteração clínica • Se exame neurológico e radiográfico forem normais, a orientação é repouso e observação clínica. Caso a dor não cesse ou piore, é indicado fazer uma cintilografia (pensando principalmente em osteoblastoma e em osteoma osteoide, que são tumores comuns na coluna). • Se houver qualquer alteração neurológica alterada, é mandatório fazer ressonância magnética. • Popularmente chamado de “pé chato”; Isadora Albuquerque – Medicina 7° periodo sem carga com carga • O que faz p arco plantar do pé é o arco longitudinal do pé, que é um ligamento. Ao nascer, todos os ligamentos do nosso corpo são mais moles e ganham resistência com o passar do tempo. Por isso, é muito comum que ao começar a andar (primeiros passos) não haja arco plantar na marcha. → O que avalia-se para saber se é normal? 1. Paciente sem carga há cava, mas durante a carga, a cava some. Sem demais queixas, é uma criança saudável. Nesse caso, é fisiológico e pode durar até os 8 anos de idade; 2. Jack test: o flexor do hállux passa embaixo do ligamento longitudinal do pé. Ao fazer a flexão do hállux, o pé normal formará uma cava. 3. Mobilidade do retropé: ao ficar de “ponte de pé”, o pé entrará um pouco para dentro e formará uma cava, mostrando que a mobilidade do retropé está normal. No paciente com o pé plano fisiológico, há presença desses três testes. • Conduta: → Observar até os 8 anos; → Radiografar se houver perda de mobilidade (Jack Test e mobilidade do retropé ausentes) • Principal diagnóstico diferencial para quando estiver diante de um quadro onde um ou mais dos testes para o “pé chato” estiver ausente. • Pé plano com menos movimento que o normal • Ocorre quando o paciente nasce com uma barra no meio de dois ossos do tarso. Como no início há a barra é feita de cartilagem, o paciente mexe menos o pé, mas não sente dor. Conforme o envelhecimento, essa barra vai virando osso, ela trava o movimento, a criança começa a referir dor (“ele sempre teve o pé chato, mas agora está sentindo dor”) e, ao fazer o exame de Jack test ou mobilidade do retropé, percebe-se que o paciente não tem tanta mobilidade no pé. • Tratamento cirúrgico, pois precisa ressecar a barra. Pé torto congênito • 1 a cada 500 nascimentos. No Brasil, há 7.320 casos novos ao ano; • Diagnóstico clínico: pé em equino (pé para baixo), cavo (aumento do arco plantar), varo (calcanhar para dentro), adulto (antepé rodado para dentro) e supinado (primeiro raio encima do quinto); “Semelhante a um feijão.” • Se, ao tentar fazer a mobilidade do pé, observar resistência/rigidez, não precisa de mais nada para dizer que é pé torto congênito, nem de radiografia. • Se não tratada, é uma doença incapacitante ao longo do tempo. Não mata o paciente, mas sua capacidade ambulatória fica comprometida. • Patologia: → Pode se visualizar o pé torto a partir do segundo trimestre da gestação na ultrassonografia gestacional; → Não há causa bem definida: erro de posição ou erro de formação do tállus. → Em decorrência da posição que fica o tálus, há o espessamento de todos os ligamentos mediais e mal posicionamento de todos ossos do tardo: a) Tálus em flexão plantar; b) Navicular subluxado medial; c) Calcâneo aduzido e invertido. • Diagnóstico: → O diagnóstico é clínico; → Lembrar de ver se existem outras lesões associadas, especialmente torcicolo congênito e luxação congênita do quadril; → Pode ser de dois tipos: 1. Pé torto idiopático: com varo, valgo, equino, adulto (como descrito anteriormente). É aquele paciente que não tem uma comorbidade causando, por isso, ao corrigir, ele ajeita. 2. Pé torto teratológico: vai ter uma doença que causa. Por isso, no tratamento, precisa corrigir a lesão, mas, principalmente, tratar a doença de base. • Tratamento: → Tratamento conservador (técnica de Ponseti): tratamento de escolha para o pé torto congênito. Foi idealizada para fazer nos pacientes de 1 semana de vida a 28 meses, mas hodiernamente consegue-se aplicar em crianças mais velhas. Por Isadora Albuquerque – Medicina 7° periodo obviedade, quanto mais cedo iniciar o tratamento, maior a chance de sucesso. A técnica é baseada em gessos seriados, onde em cada gesso há uma tentativa maior de redução da talonavicular Quando consegue obter a redução, é feita uma tenotomia percutânea do aquiles, o paciente começa a usar o último gesso e, posteriormente, uma bota. Se o médico só fizer o gesso e retirar, a chance de recivida é alta, por isso o paciente usa a órtese até o quarto ano de vida, quando então é liberado do tratamento. É importante ver a adesão, visto que é um tratamento demorado (4 anos) e, a cada vez que recidivar com a criança maior, o tratamento fica mais difícil. → Encaminhar o paciente para iniciar tratamento com gesso EXPLICANDO A TÉCNICA DE PONSETI Toda semana a criança vai para colocar o gesso. Quando estou colocando o gesso, faço uma manobra de redução trazendo o navicular no sentido do tálus, aí eu coloco o gesso. Na semana seguinte quando for trocar, vai estar mais mole; nesse momento, repete-se a manobra e coloca novamente o gesso, reduzindo cada vez mais, levando o pé de abduzido a aduzido (aberto), até que se consegue reduzir a talonavicular. Nesse momento, sabemos que o pé está na posição normal. Posteriormente, faz a tenotomia do aquiles e o uso da bota até os 4 anos de vida.
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