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DESCRIÇÃO Classificações de escoamentos, cálculo da vazão, energia e perda de carga. PROPÓSITO Apresentar as características que diferenciam os diversos tipos de escoamentos e os conceitos de vazão e conservação da massa, além do efeito da perda de carga, bombas e turbinas no comportamento da energia ao longo de tubulações. PREPARAÇÃO Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos: papel, caneta e uma calculadora, ou use a calculadora de seu smartphone/computador. OBJETIVOS MÓDULO 1 Classificar os escoamentos MÓDULO 2 Aplicar os conceitos de vazão MÓDULO 3 Calcular a pressão ao longo de tubulações DINÂMICA DOS FLUIDOS O especialista Gabriel de Carvalho Nascimento fala sobre a dinâmica dos fluidos. MÓDULO 1 Classificar os escoamentos OS TIPOS DE ESCOAMENTO O especialista Gabriel de Carvalho Nascimento fala sobre os tipos de escoamento INTRODUÇÃO Quando precisamos resolver um problema de fluidodinâmica é fundamental classificar o escoamento corretamente para selecionar a estratégia mais adequada para sua solução, buscando a metodologia mais simples que contemple os efeitos relevantes. Os escoamentos podem se diferenciar quanto a diversos aspectos, entre eles: REGIME TEMPORAL VARIAÇÃO NO ESPAÇO INFLUÊNCIA DA VISCOSIDADE TURBULÊNCIA COMPRESSIBILIDADE CONTORNOS Neste módulo, veremos detalhes sobre cada uma das classificações mais relevantes. CLASSIFICAÇÃO DOS ESCOAMENTOS REGIME TEMPORAL Regime temporal é o escoamento de uma massa fluida que pode ser avaliado com base no campo de velocidade, definido por: → V = → V(X, Y, Z, T) = →U(X, Y, Z, T) Î + →V(X, Y, Z, T) Ĵ + →W(X, Y, Z, T) K̂ Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Em que →u , →v e →w são as componentes do vetor velocidade nas direções x , y e z , respectivamente. Uma das avaliações que devemos fazer é se o escoamento varia ou não ao longo do tempo, ou seja, se as grandezas físicas (ex.: velocidade, pressão e temperatura) dependem da variável tempo. Sendo assim, é possível classificá-lo em: Permanente ou estacionário (steady) Quando as grandezas não variam ao longo do tempo, ou seja, ∂η / ∂ t = 0 para qualquer grandeza η( → V, p, T, ρ. . . ) Transiente ou transitório (transient) Quando há variação de grandezas ao longo do tempo, ou seja, ∂η / ∂ t ≠ 0 DICA Apesar de ser necessário que todas as grandezas se mantenham constantes para determinar se o escoamento é permanente, para maioria dos escoamentos, basta avaliar a velocidade. EXERCÍCIO RESOLVIDO 1 Classifique os escoamentos definidos pelos campos abaixo entre permanente (estacionário) e transiente (transitório): a) → V = (aye − bt) î b) → V = y2 + z2 2 a î c) → V = ax2 î + bxy ĵ + cyk̂ d) → V = (ae − by) î + bx2 ĵ e) → V = (ax + t) î + bx2 ĵ RESOLUÇÃO Conforme vimos, a classificação quanto ao regime temporal é feita com base na influência do tempo nas grandezas físicas. Isso significa que, se houver a variável tempo (t) na expressão que fornece o campo de velocidades, o escoamento é transiente, caso contrário, permanente. Sendo assim: a) Transiente, pois há a variável tempo em → V = (aye − bt) î ( ) b) Permanente c) Permanente d) Permanente e) Transiente, pois há a variável tempo em → V = (ax + t) î + bx2 ĵ VARIAÇÃO NO ESPAÇO Todos os escoamentos ocorrem nas três direções (x, y e z). No entanto, quando representamos matematicamente as grandezas físicas, é possível que uma ou duas direções sejam desconsideradas. Essa simplificação facilita o modelo matemático e a sua solução, além da visualização do escoamento através de gráficos, como as linhas de corrente. Linhas de corrente em um escoamento – simulação CFD Para determinar qual a dimensionalidade do problema, basta avaliar quantas direções têm influência nas grandezas físicas (ex.: → V , p e T ): UNIDIMENSIONAL (1D) Há variação apenas ao longo de um eixo (ex.: x), então dois eixos podem ser desconsiderados (ex.: y e z). BIDIMENSIONAL (2D) Há variação apenas ao longo de dois eixos (ex.: x e y), então apenas um pode ser desconsiderado (ex.: z). TRIDIMENSIONAL (3D) Há variação ao longo de todos os eixos, então todos devem ser considerados. Assim como no regime temporal, normalmente basta avaliar o campo de velocidades para definir a dimensionalidade do problema. ATENÇÃO A classificação da dimensionalidade é feita com base na quantidade de variáveis espaciais (x, y e z) de que → V depende. EXEMPLO O campo de velocidade definido por → V = (x + y)k̂ tem apenas uma componente (em z, conforme o vetor unitário → k ), porém ele varia ao longo de dois eixos (x e y). Portanto, trata-se de um escoamento bidimensional. EXERCÍCIO RESOLVIDO 2 Classifique a dimensionalidade dos escoamentos definidos pelos campos do exemplo anterior: a) → V = (aye − bt) î b) → V = y2 + z2 2 a î c) ( ) → V = ax2 î + bxy ĵ + cyk̂ d) → V = (ae − by) î + bx2 ĵ e) → V = (ax + t) î + bx2 ĵ RESOLUÇÃO Sendo a dimensionalidade avaliada com base na quantidade de variáveis dimensionais que influenciam na velocidade, então: a) → V = aye - bt î → 1D (y) b) → V = y2 + z2 2 a î → 2D (y e z) c) → V = ax2 î + bxy ĵ + cyk̂ → 2D (x e y) d) → V = ae - by î + bx2 ĵ → 2D (x e y) e) → V = (ax + t) î + bx2 ĵ → 1D (x) INFLUÊNCIA DA VISCOSIDADE Um dos principais objetivos de se classificar os escoamentos é verificar quais aspectos não são relevantes e quais simplificações são aceitáveis. Entre esses aspectos está a influência das tensões viscosas, o que classifica o escoamento em: Viscoso A viscosidade μ tem influência significativa, logo a tensão cisalhante τ deve ser considerada. Não viscoso ou invíscido A viscosidade é desprezível, assim a tensão cisalhante pode ser desconsiderada, ou seja, τ = 0 . Nesse caso, o fluido é chamado de ideal. TENSÃO CISALHANTE É um tipo de tensão gerado por forças aplicadas em sentidos iguais ou opostos, em direções semelhantes, mas com intensidades diferentes no material analisado. ( ) ( ) ( ) javascript:void(0) O número de Reynolds é um adimensional que mede a razão entre forças inerciais, representadas pela quantidade de movimento (produto de massa pela velocidade), e forças viscosas, representadas pela viscosidade: RE = ΡVL Μ Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Na qual: ρ : (kg/m³) massa específica V : (m/s) velocidade da corrente livre L : (m) comprimento (ou largura) de referência μ : (kg/m.s) viscosidade Como a viscosidade (μ) está no denominador, quando a influência dela for significativa, o valor de Re será baixo. Em escoamento ao redor de esfera, por exemplo, isso ocorre para Re < 1. No entanto, um valor elevado de Re não necessariamente indicará escoamento invíscido (τ = 0) , pois mesmo sendo relativamente baixa, a tensão cisalhante pode ter uma influência importante. O maior exemplo do efeito secundário da tensão cisalhante baixa é o desprendimento das linhas de corrente, o que é caracterizado pela esteira formada atrás de um corpo no caminho do escoamento. Na figura seguinte, a esteira é evidenciada pela ausência das linhas de corrente ao lado direito da esfera (após o vento passar por ela). Esteira do escoamento após passar por uma esfera Em aerofólios (ex.: asa de avião), a geometria é propositalmente desenhada para reduzir ao máximo a esteira. Veja: Linhas de corrente ao redor de uma asa Quando a esteira é desprezível, o escoamento pode ser calculado com τ = 0 , o que simplifica a solução matemática do problema. Posteriormente, a tensão cisalhante junto à superfície sólida pode ser adicionada para obter a força de arrasto causada pelo “atrito”. RESUMINDO Se o número de Reynolds for baixo (ex.: para esfera, Re < 1), o escoamento é classificado como viscoso. Se Re é elevado, a viscosidade pode ser desconsiderada para o cálculo do campo de velocidade apenas se não houver esteira. Porém, a tensão cisalhante deverá seravaliada junto à superfície sólida. TURBULÊNCIA No número de Reynolds, Re = ρVL μ , a força inercial, proporcional a ρVL , representa a tendência que o fluido tem de manter sua velocidade, enquanto a força viscosa, proporcional a μ , representa o que procura resistir ao escoamento. Portanto, quanto menor o denominador (viscosidade), menos “controlado” é o escoamento e maior é o valor de Re . Esse é o caso dos escoamentos turbulentos, ao contrário dos laminares. Para que valor de Re , então, há uma mudança no comportamento do escoamento? Depende do tipo de escoamento ao qual estamos nos referindo. A seguir, ilustraremos dois casos: escoamento no interior e no exterior de tubulações. O escoamento no interior de tubulações é um dos fenômenos de maior interesse na engenharia. Re Classificação Imagem Re < 2300 Laminar 2300 < Re < 4000 Transição 4000 < Re Turbulento Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Classificação de escoamento no interior de tubulações Fluidos passando ao redor de cilindro, por sua vez, podem ser exemplificados por correntes marinhas em dutos submarinos, corrente de rios em pilares de pontes e vento em edifícios. Re Classificação Imagem Re < 40 Esteira laminar e permanente 40 < Re < 150 Esteira laminar e periódica 150 < Re < 300 Transição 300 < Re Esteira turbulenta Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Classificação de escoamento ao redor de cilindros Mesmo para outros formatos de corpos, os valores indicados na tabela podem servir como referência para ordem de grandeza que indica escoamentos laminares ou turbulentos. EXEMPLO Se o escoamento ao redor de um duto submarino tem Re ≅ 50.000 (muito maior que 40), você pode ter certeza de que o escoamento é turbulento. SAIBA MAIS Normalmente, o engenheiro não tem dúvida se o escoamento é laminar ou turbulento, pois as condições mais comuns resultam em Re muito elevados. Faça um teste, calculando o valor de Reynolds para escoamentos que venham à sua mente. Saiba que o cálculo de Re remete muito mais à ordem de grandeza do que a um valor exato. Assim, não se preocupe em fazer estimativas grosseiras para os parâmetros necessários (velocidade e dimensão de referência). COMPRESSIBILIDADE A influência da compressibilidade no escoamento pode ser medida pelo número de Mach: MA = V C Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Em que V é a velocidade de referência do escoamento e c é a velocidade do som no fluido. Quanto maior o valor de Ma , maiores são os efeitos da compressibilidade. Quando o número de Mach é muito menor que 1 (Ma ≪ 1) , o escoamento pode ser classificado como incompressível, ou seja, com massa específica ρ constante. Na prática, é comumente aceito considerar que Ma ≪ 1 ↔ Ma < 0, 3. Ma Classificação Ma < 0, 3 Incompressível Ma > 0, 3 Compressível Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Classificação de escoamento no interior de tubulações Avaliando-se a condição limite (Ma = 0, 3 → V = 0, 3c) , temos: Para a água V = 0, 3 · 1000 = 300m /s = 1. 080km /h. Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Para o ar, nas CNTP V = 0, 3 · 340 = 102m /s = 367km /h. Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal De maneira geral, líquidos resultam em escoamentos incompressíveis; enquanto gases, compressíveis, o que ocorre para o escoamento no interior de tubulações de abastecimento de água e do ar ao redor de aviões, respectivamente. Escoamento de água em tubulações (incompressível) e do ar ao redor de aviões (compressível) Há exceções que valem ser citadas, como o corte de materiais com jatos de água a altíssima velocidade (cerca de 1400km/h) e a refrigeração de ar por dutos (velocidade de 10 m/s). Veja: Corte de materiais com jatos d’água e dutos de ar-condicionado LEIS BÁSICAS PARA SISTEMAS E VOLUMES DE CONTROLE Antes de iniciar o equacionamento dos problemas, é importante definir qual é o tipo de domínio de análise — sistema ou volume de controle: Sistema É constituído por determinada quantidade de matéria (massa), assim deve acompanhá-la ao longo do tempo. Volume de controle Compreende determinada região do espaço, por onde o fluido pode entrar e sair em diferentes aberturas, sendo delimitado pela superfície de controle. EXEMPLO Qual é o melhor domínio para análise de um bloco em um plano inclinado? Em se tratando de sólido, a massa do bloco é bem definida e se desloca como um todo. Portanto, o equacionamento com base no sistema é o mais adequado. E para avaliar o escoamento em determinado trecho de tubulação? Nesse caso, a massa (matéria) de interesse é um fluido cujas partículas entram e saem da região de interesse (trecho de tubulação), o que inviabiliza o equacionamento do sistema. Então, o volume de controle passa a ser a melhor opção. A seguir, listaremos as leis da Física que servem como base para o desenvolvimento das equações abordadas na mecânica dos fluidos. Essas leis são definidas, inicialmente, com aplicação num sistema. PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DA MASSA Também chamada de princípio da continuidade, estabelece que a massa do sistema se mantém constante, ou seja: msistema = c te → dm dt sistema = 0 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal PRINCÍPIO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO LINEAR (MOMENTUM) A partir da definição da quantidade de movimento linear P num sistema → Psistema = ∫ M → Vdm Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal O princípio correspondente se refere à 2º Lei de Newton: → F = d → P dt sistema Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal PRINCÍPIO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO ANGULAR Definindo a quantidade de movimento angular H no sistema por: → Hsistema = ∫ M →r × → Vdm Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal De maneira análoga ao princípio anterior, teremos: → M = d → H dt sistema Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal PRINCÍPIO DA ENERGIA Definindo-se a energia do sistema por: ( ) ( ) ( ) Esistema = ∫ M e dm Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Esse princípio se refere à 1ª e à 2ª Lei da Termodinâmica: 1ª Lei da Termodinâmica: Q̇ - Ẇ = dE dt sistema 2ª Lei da Termodinâmica: δS ≥ δQ T Adicionalmente, vale citar as relações de estado, que complementam as leis básicas fornecendo a pressão e energia do fluido em função da massa específica e temperatura, ou seja: P = P(Ρ, T) E = E(Ρ, T) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Um exemplo de relação de estado é a Lei dos Gases Ideais, pV = mRT , que pode ser reescrita como p = m V RT = ρRT , ou seja, uma expressão que fornece p em função de ρ e T . MÃO NA MASSA TEORIA NA PRÁTICA Desde as primeiras civilizações, ficou evidente a necessidade do fornecimento de água para as aglomerações urbanas. Exemplos antigos de construções de aquedutos são encontrados desde o século III a.C. em diversas cidades romanas, com quilômetros de extensão e, em maior parte, subterrâneos. ( ) { A prática comum da engenharia para o dimensionamento de dutovias é considerar uma única velocidade média ao longo da seção transversal do duto e vazão constante, facilitando o cálculo das grandezas físicas ao longo da linha. Velocidades típicas giram em torno de 1,5m/s, e os diâmetros usuais para abastecimento vão desde 2” e podem chegar até 2 metros. Para que seja possível iniciar o equacionamento (que será feito nos próximos módulos), vejamos a classificação do referido escoamento, de forma que seja considerado o mais simples possível. RESOLUÇÃO CLASSIFICAÇÃO DO ESCOAMENTO EM DUTOVIAS O especialista Gabriel de Carvalho Nascimentofala sobre classificação do escoamento em dutovias. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Aplicar os conceitos de vazão ANÁLISE DE ESCOAMENTO COM VOLUME DE CONTROLE O especialista Gabriel de Carvalho Nascimento fala sobre análise de escoamento com volume de controle. INTRODUÇÃO Um dos métodos mais práticos para resolver problemas de fluidodinâmica, quando possível, é a solução em volume de controle (VC). Para isso, primeiramente, são listados os princípios da mecânica dos fluidos, baseados em leis da Física e, posteriormente, adaptadas para um VC. Com esse método, problemas como o cálculo da força resultante de um jato atingindo uma placa podem ser resolvidos em poucas linhas. VAZÃO VOLUMÉTRICA E VAZÃO MÁSSICA Conforme aprendemos no módulo 1, o tipo de domínio de análise mais apropriado para o estudo de fluidos é o volume de controle (VC). O VC é delimitado por uma superfície de controle (SC) ao longo da qual pode haver entrada ou saída de fluido. Logo, é fundamental sabermos quantificar o fluido que passa por essas aberturas. Essa quantificação é feita através da vazão definida pela quantidade de fluido que atravessa uma superfície S ao longo do tempo. Vazão em uma superfície S VAZÃO VOLUMÉTRICA, Q : É a quantidade de volume por tempo que atravessa S , ou seja, Q = dV /dt , calculada pela integral Q = ∫S → V. d → A . Considerando-se uma velocidade média (único valor constante) Vm e perpendicular à superfície, essa integral é simplificada para Q = VmA Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal No S.I. , a vazão volumétrica é medida em m³/s, porém o mais usual para tubulações é L/s ou m³/h. VAZÃO MÁSSICA, Ṁ É a quantidade de volume por tempo que atravessa S , ou seja, Q = dm /dt . Como dm = ρ dV , basta multiplicar a expressão anterior por ρ : ṁ = ρVmA Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal No S.I., a unidade adotada para a vazão mássica é kg/s. SAIBA MAIS Vazão volumétrica, ou simplesmente vazão, é a quantificação mais utilizada para fluidos incompressíveis, ou seja, líquidos. Em se tratando de gases, como o volume sofre grande variação com as condições de pressão e temperatura, é mais comum medir o escoamento pela vazão mássica. EXERCÍCIO RESOLVIDO 3 Qual é a velocidade média de escoamento numa tubulação de 4” onde escoam 12 L/s? RESOLUÇÃO A vazão pode ser volumétrica ou mássica. Pela unidade informada no enunciado (L/s), vemos que se trata de Q (vazão volumétrica), calculada por: Q = VmA → Vm = Q A Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal A área interna da tubulação (superfície por onde há o escoamento) será: A = πD2 4 = π ( 4 ⋅ 0,0254 ) 2 4 = 0,0081 m² Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal A vazão, no S.I. é: Q = 12L /s = 12 1000 m 3 /s = 0,012 m3 /s Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Então: Vm = Q A = 0,012 0,0081 = 1,5 m /s Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal CONVERSÃO DAS LEIS BÁSICAS DE SISTEMA PARA VOLUME DE CONTROLE A seguir, faremos a conversão das leis básicas (Módulo 1), a partir de um sistema, para um volume de controle (VC). Matematicamente, isso pode ser feito pelo Teorema do Transporte de Reynolds, que equaciona uma grandeza N qualquer (ex.: massa) por: DN DT SISTEMA = D DT ∫VCΗ Ρ DV + ∫SCΗ Ρ → V ⋅ D → A Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Na qual η ( ) é definido como a quantidade da grandeza N por unidade de massa, ou seja, η = dN /dm . Apesar de parecer uma equação complexa, ela estabelece algo muito simples e intuitivo: a variação da grandeza N do sistema é igual ao que varia internamente no VC somado ao que é trocado ao longo de SC (superfície de controle). Uma primeira simplificação que adotaremos daqui em diante, é considerar apenas escoamento permanente. De acordo com o que vimos (Classificação dos escoamentos) isso significa que as grandezas físicas não variam ao longo do tempo, ou seja, a derivada temporal é igual a zero, o que ocorre na primeira parcela do lado direito da equação. A outra simplificação é considerar aberturas (entrada ou saída de fluido) uniformes ou com valores médios, o que significa que η , ρ e → V não variam ao longo de SC, consequentemente podem ser retiradas da integral. A simplificação do lado direito da equação anterior se resumirá a ∑ (η ρ VA)i , que é o somatório de cada abertura i. Observando a definição de vazão mássica ṁ , teremos: DN DT SISTEMA = ∑ ±Η Ṁ I SAÍDA : + ENTRADA : - ṀI = ΡIVIAI (1) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal A vazão mássica vem do produto escalar entre a velocidade → V e o vetor normal à área ( ) ( ) { d → A . Desse modo, se ambos tiverem o mesmo sentido (saída de fluido pela superfície), o produto será positivo, mas se tiverem sentido contrário (entrada de fluido), será negativo. Veja: Vazão como produto escalar entre velocidade e área ATENÇÃO Se VC está em movimento, a velocidade utilizada no cálculo de ṁ ou Q deve ser a relativa a SC, ou seja, → Vr = → V − → VSC . Isso se faz necessário para considerar a quantidade de fluido que, efetivamente, entra ou sai no VC. EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE Substituindo a grandeza genérica N da Equação (1) pela massa, em que η = dN /dm = dm /dm = 1, teremos: DM DT SISTEMA = ∑ ± ṀI Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal De acordo com o princípio da continuidade (módulo 1), a massa do sistema é constante, logo, (dm /dt)sistema = 0 e ∑ ± ṀI = 0 SAÍDA : + ENTRADA : - ṀI = ΡIAIVI = ΡIQI (2) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Essa é a equação da continuidade, na versão válida para escoamento permanente em um VC com aberturas uniformes. EXERCÍCIO RESOLVIDO 4 Numa mangueira de 20mm de diâmetro, onde escoa água a 1,0m/s, se sua saída é parcialmente bloqueada, reduzindo a área interna pela metade, qual será a velocidade do jato? RESOLUÇÃO O primeiro passo é definir qual será o volume de controle (VC). Devemos optar por uma superfície de controle (SC) cujas aberturas envolvem dados conhecidos ou que desejamos calcular. Então, é intuitivo optar pela região delimitada na figura a seguir. ( ) { Figura 2: Formação de uma treliça simples a partir do elemento básico ABC / Fonte: Autor Aplicando o Princípio da Continuidade, (equação 2), considerando a entrada 1 (negativo) e saída 2 (positivo): - ṁ1 + ṁ2 = 0 → - ρ1V1A1 + ρ1V2A2 = 0 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Como o fluido é incompressível (água), a massa específica é constante (ρ1 = ρ2) : V2 = A1 A2 V1 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Como a abertura bloqueada (2) tem a metade da área, A1 /A2 = 2: V2 = 2 · 1 = 2, 0m /s Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Esse exemplo nos mostra que, se reduzirmos a área de saída (2), haverá um aumento da velocidade, o que nós já aplicamos, intuitivamente, quando colocamos o dedo na saída da mangueira com o objetivo de obter um jato com maior alcance. EQUAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO LINEAR (MOMENTUM) Seguindo para o próximo princípio ou lei básica da mecânica dos fluidos, vamos agora substituir a grandeza genérica N da Equação (1) pela quantidade de movimento linear (momentum) P = ∫ → Vdm , sendo η = dN /dm = d → P /dm = → V: D → P DT SISTEMA = ∑ ± → V Ṁ I( ) ( ) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Lembrando que, de acordo com a 2ª Lei de Newton, d → P dt sistema = → F: → F = ∑ ± → V Ṁ I SAÍDA : + ENTRADA : - ṀI = ΡIVIAI = ΡIQI (3) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagemhorizontal Essa é a equação da quantidade de movimento linear que permite calcular a força atuando num VC. EXERCÍCIO RESOLVIDO 5 Calcule a força necessária para manter imóvel uma placa onde incide, perpendicularmente, um jato d’água com área transversal de 2,0cm² a 10m/s. RESOLUÇÃO Primeiramente, devemos delimitar o VC escolhido para solucionar o problema. Devemos escolher uma SC que tenha aberturas que envolvam dados conhecidos ou que desejamos calcular. ( ) ( ) { Em seguida, aplicaremos a equação que permite obter a força aplicada num VC (equação 3). Por se tratar de uma equação vetorial, vamos separar a análise em eixos (x, y e z). Observa-se que o único eixo de interesse é aquele orientado com a direção do jato. Nessa direção, há apenas uma abertura (entrada do jato). Portanto: Fx = - Vj ˙ mj = - Vj ρVjAj = - ρV 2 j Aj Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal A área do jato é: Aj = 2 cm 2 = 2 ⋅ 10 - 2 2 m2 = 0,0002 m² Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Então: F = - 1000 ⋅ (10)2 ⋅ (0,0002) = - 20 N Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal O sinal negativo indica que a força é contrária ao sentido do jato. É importante ressaltar que a força calculada pela equação 3 é a aplicada no VC, ou seja, no fluido. Por isso, a força que o fluido exerce na placa será a reação (sentido contrário) da calculada. MÃO NA MASSA TEORIA NA PRÁTICA As estações de tratamento de esgoto (ETEs) são de grande importância, principalmente em áreas urbanas, pois reduzem o impacto ambiental causado pela concentração de habitantes. Nessas instalações, processos físicos, químicos e biológicos removem a carga de poluentes do esgoto, reestabelecendo um nível adequado para ser devolvido ao ambiente (ex.: rios, lagoas e mares). Em uma ETE, normalmente, há diversos tanques, utilizados em etapas como decantação, aeração e filtração. Para que o tratamento seja adequado, é importante controlar o volume e, como resultado, a vazão de enchimento de cada tanque. ( ) ( ) Suponha uma estação de tratamento de esgotos (ETE) que receba efluentes no momento de pico com a vazão total de 140L/s. Após a chegada em um barrilete, essa vazão é distribuída, através de um barrilete, para quatro tanques. Apenas o medidor do tanque 1 está funcionando, que marca uma vazão de 72m³/h. No tanque 2, foi montado um dispositivo improvisado, com um tubo horizontal de Di = 6 " e uma régua abaixo de sua extremidade h = 1m (figura seguinte), que mede a distância alcançada pelo jato. A velocidade pode ser obtida com um simples cálculo cinemático, considerando L = 90cm. No tanque 3, que tem uma área de 100m², um medidor do nível d’água mostra que houve um aumento de 30cm em 10min. Assumindo regime permanente, calcule qual é a vazão que chega no tanque 4. RESOLUÇÃO O PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DA MASSA NA PRÁTICA O especialista Gabriel de Carvalho Nascimento fala sobre o princípio da conservação da massa na prática VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Calcular a pressão ao longo de tubulações ENERGIA AO LONGO DE TUBULAÇÕES O especialista Gabriel de Carvalho Nascimento fala sobre energia ao longo de tubulações. INTRODUÇÃO A equação de Bernoulli é uma das mais conhecidas na mecânica dos fluidos. Com ela, é possível explicar e prever diversos fenômenos de interesse para a Engenharia de maneira prática e intuitiva. Adicionando-se o efeito da perda de energia, obtém-se uma equação de grande importância para o projeto de tubulações, pois permite calcular a pressão em qualquer ponto de uma rede. EQUAÇÃO DE BERNOULLI – INTERPRETAÇÃO MECÂNICA Para a próxima dedução, vamos considerar escoamento com as seguintes simplificações: PERMANENTE (não varia no tempo) INCOMPRESSÍVEL ( ρ constante) INVÍSCIDO (tensão cisalhante nula) Seja o escoamento representado pelas linhas de corrente da figura (a), onde atua a gravidade →g e o sistema de coordenadas cartesiano tem o eixo x na direção horizontal e z na vertical. Partícula de um fluido ideal ao longo de uma linha de corrente Analisando detalhadamente a partícula da figura (b), vamos definir um outro sistema de coordenadas, com a componente s na direção do caminho percorrido pela partícula e n na direção normal. Ampliando ainda mais a partícula (figura (c)), podemos representá-la no plano da imagem como um retângulo com dimensões ds e dn , cujo centro encontra-se na coordenada (s,n). Definindo-se a pressão na linha de corrente analisada como função da posição s, as pressões nas faces perpendiculares à direção do caminho são as apresentadas na figura (c). As forças decorrentes da pressão e do peso são as únicas atuantes, tendo em vista que não há tensão viscosa (fluido ideal – escoamento invíscido). A resultante de pressão na direção s será obtida pelo produto com as respectivas áreas: ∑ DFP = P S - DS 2 DN DY - P S + DS 2 DN DY = - P S + DS 2 - P S - DS 2 DN DY( ) ( ) [ ( ) ( )] = - P S + DS 2 - P S - DS 2 DS DV ⏞ DS DN DY = - LIM ΔS → 0 P S + ΔS 2 - P S - ΔS 2 ΔS DV Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Que, de acordo com a definição de derivada é: ∑ DFP = - ∂ P ∂ S DV Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Para obter a soma de todas as forças, resta somar a projeção do peso dFgsenβ = dm gsenβ = dVρgsenβ = dVρg ∂z / ∂s: ∑ DF = - ∂ P ∂ S DV - DVΡ G ∂ Z ∂ S (4) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal De acordo com a 2ª Lei de Newton, essa soma deve ser igual a: ∑ DF = DM A = DVΡ DV DT (5) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal A velocidade é função também do espaço, ou seja, V = V(s, t) , assim, pela regra da cadeia, a derivada em relação ao tempo será dV dt = ∂V ∂s ∂s ∂t + ∂V ∂t . Como estamos assumindo escoamento permanente, ∂V ∂t = 0 . Além disso, a derivada [ ( ) ( ) ] { [ ( ) ( ) ]} ∂s ∂t corresponde à velocidade V (variação da posição no tempo). Substituindo essas informações na equação 5: ∑ DF = DVΡ ∂ V ∂ S V = DVΡ 2 ∂ V2 ∂ S (6) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Igualando as equações 4 e 6: - ∂ P ∂ S DV - DVΡ G ∂ Z ∂ S = DVΡ 2 ∂ V2 ∂ S ∂ P ∂ S + ΡG ∂ Z ∂ S + Ρ 2 ∂ V2 ∂ S = 0 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Integrando-se essa expressão de um ponto 1 a um ponto 2 ao longo de s: ∫P2P1 ∂ P ∂ S DS + ΡG∫ Z2 Z1 ∂ Z ∂ S DS + Ρ 2 ∫ V2 V1 ∂ V2 ∂ S DS = 0 P2 - P1 + ΡG Z2 - Z1 + Ρ 2 V 2 2 - V 2 1 = 0 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Dividindo-se essa expressão por ρg e separando os pontos: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) P1 ΡG + V21 2G + Z1 = P2 ΡG + V22 2G + Z2 (7) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal ESSA É CONHECIDA COMO A EQUAÇÃO DE BERNOULLI, QUE RELACIONA A ENERGIA (OU CARGA) DO FLUIDO HI EM DOIS PONTOS. ELA PODE SER INTERPRETADA COMO A SOMA DE TRÊS ENERGIAS MECÂNICAS: CARGA DE PRESSÃO, CARGA CINÉTICA E POTENCIAL GRAVITACIONAL. Observações sobre a equação de Bernoulli: É VÁLIDA APENAS PARA ESCOAMENTO PERMANENTE, INCOMPRESSÍVEL E INVÍSCIDO. COMO SE TRATA DE ESCOAMENTO INVÍSCIDO (FLUIDO IDEAL), NÃO HÁ TENSÃO CISALHANTE (“ATRITO”), LOGO, NÃO SÃO CONSIDERADAS PERDAS DE ENERGIA. NÃO SÃO CONSIDERADOS EVENTUAIS GANHOS DE ENERGIA, COMO OCORRE COM BOMBAS. NO FORMATO APRESENTADO PELA EQUAÇÃO 7 (HÁ OUTROS NA LITERATURA), TEM COMO DIMENSÃO O COMPRIMENTO (UNIDADE METRO, NO S.I.). FOI DEDUZIDA PARA DOIS PONTOS AO LONGO DE UMA LINHA DE CORRENTE. TAMBÉM PODE SER UTILIZADA NUM VOLUME DE CONTROLE COM APENAS UMA ENTRADA (PONTO 1) E UMA SAÍDA (PONTO 2). EXERCÍCIO RESOLVIDO 6 Considere o escoamento do ar ao redor de uma asa de avião: Esse tipo de escoamento pode ser considerado invíscido, exceto na esteira formada apósa passagem pelo corpo. Desse modo, assumindo regime permanente e escoamento incompressível, calcule a pressão no ponto 2, onde ocorre estagnação (velocidade nula). RESOLUÇÃO O escoamento em questão reúne as condições necessárias para validade da equação de Bernoulli (permanente, incompressível e invíscido). p1 ρg + V21 2g + z1 = p2 ρg + V22 2g + z2 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Como V1 = V , z1 = z2 e V2 = 0 : p1 ρg + V2 2g = p2 ρg → p2 = p1 + ρV2 2 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Portanto, a pressão no ponto 2 será maior que em 1. Com base no que vimos no exercício anterior, outra interpretação que pode ser dada aos termos da equação de Bernoulli num ponto i é: pi ρg , carga de pressão estática: é que está aplicada na partícula fluida. pi + ρV2i 2 , carga de pressão de estagnação: é a que ocorre num ponto mais adiante com estagnação (velocidade nula). V2i 2g , carga de pressão dinâmica: é a carga somada à estática para obtenção da carga de estagnação. SAIBA MAIS O termo “caga de pressão estática” é questionável, pois ocorre num fluido com escoamento (não é estático!). No entanto, é comumente utilizado na literatura. ANÁLISE GEOMÉTRICA DA ENERGIA: LINHA DE ENERGIA, PIEZOMÉTRICA E TOPOGRÁFICA A análise geométrica da energia é um método que pode facilitar bastante a análise do escoamento ao longo de tubulações. Para isso, são definidas: LE – LINHA DE ENERGIA Corresponde à altura obtida com a soma de todas as parcelas da equação de Bernoulli (equação 7), ou seja, num ponto i será: LEI = PI ΡG + V2I 2G + ZI (8) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal LP – LINHA PIEZOMÉTRICA Corresponde à altura obtida com a soma da carga de pressão e potencial (cota topográfica): LPI = PI ΡG + ZI (9) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Observe que a diferença entre as duas corresponde à carga cinética, V2i /2g . Para aplicar a análise gráfica, vamos considerar o escoamento invíscido (sem “atrito”) que parte de um reservatório com nível constante numa tubulação que tem seu diâmetro gradualmente reduzido da seção 2 para 3. Linha de energia e linha piezométrica em escoamento invíscido Como o escoamento é invíscido, não há perda de carga, então a LE se mantém constante. No entanto, ao entrar na tubulação (sair do reservatório), o fluido ganha velocidade V2 , o que passa a distanciar LP de LE. Quando um tubo vertical é colocado num furo junto à parede do tubo, ele medirá a carga de pressão, então o nível d’água se elevará além de zi (cota no tubo do escoamento), à altura pi /ρg , totalizando LP (equação 9). Por isso, esse tubo é chamado de piezômetro. Quando a extremidade inferior do tubo vertical é posicionada no centro do tubo onde há escoamento, ocorrerá a pressão de estagnação ( pi ρg + V2i 2g ) , que somada à cota zi , totalizará LE (equação 8). Da seção 2 para 3, ocorre uma redução da área interna do duto. De acordo com a equação da continuidade, isso acarreta o aumento da velocidade. Assim, LP se afastará ainda mais de LE. EXERCÍCIO RESOLVIDO 7 Antes e após um pequeno trecho com redução gradual de diâmetro, ilustrada na figura, foram instalados piezômetros que marcaram uma diferença de altura Δh = 10, 0cm . Se foi medida uma vazão constante Q = 0, 6L /s de água e D1 = 1 ”, qual é o diâmetro D2 ? RESOLUÇÃO Por se tratar de uma redução gradual e um pequeno trecho de tubulação, podemos considerar escoamento invíscido (sem “atrito”). Além disso, o fluido é incompressível (água) e escoamento permanente (vazão constante). Essas condições são suficientes para validade da equação de Bernoulli. p1 ρg + V21 2g + z1 = p2 ρg + V22 2g + z2 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal A soma da carga de pressão com cota topográfica é definida como LP (Linha Piezométrica), cuja altura é medida pelos piezômetros: LP1 + V21 2g = LP2 + V22 2g → V22 2g = V21 2g + LP1 - LP2 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal A velocidade V1 é obtida através da definição da vazão: Q = VA → V1 = Q A1 = 0,6 ⋅ 10 - 3 π ( 1 ⋅0,0254 ) 2 4 = 0,6 ⋅ 10 - 3 5,06 ⋅ 10 - 4 = 1,18 m /s Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Continuando a equação anterior: V2 = V 2 1 + 2g LP1 - LP2 = √(1,18)2 + 2 ⋅ 9,8 ⋅ 0,1 = 1,83 m /s Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Aplicando-se a equação da continuidade entre os pontos 1 e 2: ṁ1 = ṁ2 → ρV1A1 = ρV2A2 → A2 = V1 V2 A1 → πD22 4 = V1 V2 πD21 4 → D2 = V1 V2 D1 = 1,18 1,83 ⋅ 0,0254 ≅ 20mm Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal ( ) √ ( ) √ √ PERDA DE CARGA EM TUBULAÇÕES Consideramos até aqui apenas escoamentos invíscidos, ou seja, sem tensão cisalhante (“atrito”), consequentemente sem perda de energia. Na análise de tubulações, essa simplificação só é válida para trechos muito curtos e transições (ex.: redução de diâmetro) graduais. Porém, na maioria dos projetos de tubulações, essa simplificação não é válida e devemos considerar a perda de energia (carga), que é dividida em dois tipos: Perda distribuída Ocorre pelo “atrito” com as paredes do duto ao longo do comprimento. Perda localizada Se deve às recirculações e intensificação da turbulência causada pela mudança da direção de fluxo em acessórios como curvas, tês, válvulas e reduções. Após o desenvolvimento feito para a equação de Bernoulli, observamos que a carga hidráulica em um ponto i do escoamento ao longo de uma linha de corrente é calculada por: HI = PI ΓI + ΑI V2I 2G + ZI Α : FATOR DE CORREÇÃO ESCOAMENTO LAMINAR : Α = 2 ESCOAMENTOS TURBULENTOS : 1,04 < Α < 1,11 (10) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Para utilizar a mesma formulação em uma tubulação, é necessário considerar Vi como a velocidade média ao longo da seção i , ao invés da velocidade em determinado ponto. Por conta dessa aproximação, faz-se necessário a inclusão do fator de correção α . Para escoamentos turbulentos, comumente se considera α = 1 . Em relação ao que foi desenvolvido até o tópico anterior, agora precisamos incluir a perda de carga. Portanto, a carga no ponto 1 será igual à carga no ponto 2 mais a perda hp { : H1 = H2 + HP P1 ΡG + V21 2G + Z1 = P2 ΡG + V22 2G + Z2 + HP (11) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Nessa equação, observa-se a importância da perda de carga, pois seu valor é necessário para calcular a pressão no ponto 2. O engenheiro deve ser capaz de calcular a pressão na tubulação para verificar se está acima do mínimo necessário para operação e abaixo do máximo admissível pelo material. A maneira mais conhecida de se calcular a perda distribuída é através da fórmula universal da perda de carga (ou de Darcy- Weisbach): HP = L F D V2 2G (12) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Na qual: L(m) : comprimento entre o ponto 1 e 2. D(m) : diâmetro interno da tubulação. f (adimensional): fator de atrito, função de Re e ε /D , sendo ε ( ) ( ) (em metros) a rugosidade do material do tubo. V(m /s) : velocidade média do escoamento. Em caso de escoamento laminar, Re < 2300, o fator de atrito é dado por: f = 64 Re Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Para escoamentos turbulentos, a equação teórica mais precisa para o cálculo do fator de atrito f é a equação de Colebrook-White: 1 √F = - 2,0LOG Ε / D 3,7 + 2,51 RE√F Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Porém, devido à dificuldade de se utilizá-la, pois f está implícito (dentro e fora do logaritmo), háformulações aproximadas, como a de Swamee-Jain: F = 0,25 LOG Ε / D 3,7 + 5,74 RE0,9 2 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal O método mais prático de se obter f , sem fazer muita conta, é pelo diagrama de Moody: Diagrama de Moody A perda de carga localizada, por sua vez, pode ser calculada por: HPLOC = K V2 2G ( ) [ ( ) ] Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Onde K é uma constante adimensional que depende do tipo de acessório. Em caso de acessórios com redução ou alargamento de diâmetro, o valor de V deve ser referente ao menor diâmetro (maior V ). Acessório K Cotovelo de 90° raio curto (joelho) 0,9 Curva de 90° 0,4 Válvula de gaveta aberta 0,2 Entrada na tubulação (saída do reservatório) 0,8 Saída da tubulação (entrada no reservatório) 1 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Exemplos de valores de K para cálculo da perda localizada EXERCÍCIO RESOLVIDO 8 No ponto A de uma tubulação horizontal de 50mm de diâmetro interno em PVC (ε = 0, 04mm) , um manômetro registra 5bar de pressão. Quando ocorre escoamento permanente de 4 L/s, qual será a pressão no ponto B, situado a 122m após o ponto A? RESOLUÇÃO As condições de pressão em dois pontos de uma tubulação podem ser relacionadas pela equação 11, que requer a perda de carga hP , calculada pela equação 12: hP = L f D V2 2g Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Onde f = f Re, ε D é o fator de atrito. O número de Reynolds para esse escoamento será: Re = ρVD μ Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal A velocidade de escoamento é: V = Q A = 4 ⋅ 10 - 3 π 50 ⋅10 - 3 4 = 2,0 m /s Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Então: Re = 1000 ⋅ 2,0 ⋅ 50 ⋅ 10 - 3 0,001 = 10 5 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal A rugosidade relativa é: ε D = 0,04 50 = 0,0008 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Com os valores de Re e ε /D calculados, podemos obter no diagrama de Moody () f ≅ 0,0215 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Substituindo na Fórmula de Darcy-Weisbach (equação 12): hP = 122 0,0215 50 ⋅ 10 - 3 ⋅ 22 2 ⋅ 9,8 = 11m Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Agora, a pressão no ponto B pode ser obtida pela equação da energia (equação 11): pA ρg + V2A 2g + zA = pB ρg + V2B 2g + zB + hp Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Como ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) zA = zB (tubulação horizontal) e VA = VB (mesmo diâmetro): pA ρg = pB ρg + hp → pB = pA - ρghP = 5 ⋅ 100 ⋅ 10 3 - 1000 ⋅ 9,8 ⋅ 11 = 392 kPa ≅ 4bar Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal ENERGIA FORNECIDA POR BOMBAS E RETIRADA POR TURBINAS Bombas fornecem energia para o fluido, enquanto turbinas fazem o contrário. Bomba d’água (esq.) e turbina hidráulica (dir.) A energia provida por uma bomba hB e retirada por uma turbina hT , então podem ser adicionadas na equação 13: P1 ΡG + V21 2G + Z1 = P2 ΡG + V22 2G + Z2 + HP - HB + HT (13) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Observe que hB é subtraído, pois os valores de h nessa equação se referem à energia perdida. Os parâmetros hB e ( ) ( ) hT são denominados carga da bomba e turbina, respectivamente. Porém, no dimensionamento desses equipamentos precisamos especificar suas respectivas potências ˙ WB e ẆT, o que é feito por: ẆB = Ρ QG HB ΗB (14) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal para bombas e por: ẆT = ΗT Ρ QG HT (15) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal para turbinas. Devem ser levadas em conta as eficiências de ambas, ηB e ηT . EXERCÍCIO RESOLVIDO 9 Uma bomba deve ser dimensionada para recalcar água através de uma tubulação com diâmetro constante, partindo do reservatório A, no nível do mar e sob pressão atmosférica, até o reservatório B, 25m acima e com pressão manométrica de 10m.c.a. Se a vazão é de 54m³/h, a perda de carga na tubulação é de 4m e a eficiência da bomba é de 70%, qual a potência necessária em cv? RESOLUÇÃO A equação da energia mais completa que vimos aqui (equação 13) permite calcular a carga de bomba: p1 ρg + V21 2g + z1 = p2 ρg + V22 2g + z2 + hp - hB + hT Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Como a tubulação tem diâmetro constante, V1 = V2 . Além disso, não há turbinas, então: hB = p2 ρg - p1 ρg + z2 - z1 + hp = (10 - 0) + (25) + 4 = 39m Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal A potência da bomba é obtida pela equação 14: ẆB = ρ Qg hB ηB = 1000 ⋅ 54 3600 ⋅ 9,8 ⋅ 39 0,7 = 8190 W = 8190 735 cv ≅ 11 cv Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal MÃO NA MASSA TEORIA NA PRÁTICA O tubo de Pitot é um dispositivo utilizado para medição da velocidade de um fluido. Ele é empregado em aviões, para medição da velocidade do ar, e em embarcações, para velocidade da água. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Apesar de ser relativamente simples e bastante eficiente, a utilização do tubo de Pitot não é totalmente à prova de falhas. Um dos casos mais conhecidos de falha é o do voo 447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico na noite entre 31 de maio e 1º de junho de 2009, com 228 pessoas a bordo. Segundo o relatório do BEA (Bureau d’Enquêtes et d’Analyses), um dos medidores Pitot do avião registrou uma queda de velocidade de 274 nós (507km/h) para 52 nós (96km/h) em apenas 2 segundos, o que seria fisicamente improvável. Essa inconsistência, além de divergência entre a medição dos diferentes medidores instalados no avião, levou o piloto automático a se desativar, retornando o controle para a tripulação. Isso é apontado como a causa do que desencadeou uma série de eventos e, por fim, a queda do avião. A hipótese mais provável levantada por todas as investigações, tendo em vista as condições atmosféricas, é que houve um depósito de cristais de gelo no tubo de Pitot, causando sua obstrução, ocasionando erro de leitura. Na figura, é feita uma representação simplificada do tubo de Pitot. A velocidade é medida, indiretamente, pela diferença de pressão p1 − p2 . Baseando-se na equação de Bernoulli, explique por que a velocidade pode ser obtida através de p1 − p2 . Calcule qual era a diferença de pressão correspondente à medição de velocidade de 274 nós e 52 nós, considerando que o avião voava a uma altitude de 10600m. RESOLUÇÃO O TUBO DE PITOT O especialista Gabriel de Carvalho Nascimento fala sobre o tubo de Pitot VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Abordamos diversos aspectos sob os quais os escoamentos podem ser classificados. Saber classificar adequadamente o problema é fundamental para escolher o melhor método de solução. Vimos que quando passamos de um sistema, cujas formulações são vistas na Física, para um volume de controle, mais adequado para fluidos, obtemos expressões simples que permitem a solução de diversos problemas em poucas linhas; por fim, enfatizamos a utilidade da análise energética em tubulações e o efeito da perda de carga. Com este conteúdo, você tem agora o conhecimento necessário para a análise de escoamentos incompressíveis e permanentes, que são os mais comuns na Engenharia. PODCAST AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BEA. Final Report. Accident to the Airbus A330-203 registered F-GZCP. Air France flight AF 447 Rio de Janeiro – Paris. In: BEA. Consultado em meio eletrônico em: 10 fev.2021. BRAGA W. F. Fenômenos de Transporte para Engenharia, 2 ed. Grupo GEN, 2012. FOX, R. W.; MCDONALD, A. T.; PRITCHARD, P. J. Introdução àmecânica dos fluidos. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2014. LIVI, C. P. Fundamentos de Fenômenos de Transporte - Um Texto para Cursos Básicos, 2 ed. LTC, 2012. WELTY, J. R.; RORRER, G. L.; FOSTER, D. Fundamentos de Transferência de Momento, de Calor e de Massa, 6 ed. LTC, 2017. WHITE, F. M. Fluid Mechanics. 7 ed. New York: McGraw-Hill, 2010. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos tratados neste conteúdo, pesquise: Abordando a dinâmica de fluidos por uma via intuitiva, embora de validade restrita: princípio da superposição, de Marcus V. Ramalho e Marcus B. L Santos. Dependence of flow classification on the Reynolds number for a two-cylinder wake, por W. Wong, Y. Zhou e M. M. Alam. Journal of Fluids and Structures. Elsevier, 2014. Fluid dynamic performance of a vertical axis turbine for tidal currents. Renewable Energy. Elsevier, 2011. Hydraulic and rotor-dynamic interaction for performance evaluation on a Francis turbine. Garcia, M. et al. International Journal on Interactive Design and Manufacturing. In: Springer, 2016. CONTEUDISTA Gabriel de Carvalho Nascimento CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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