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Eletrocardiograma: - O Eletrocardiograma (ECG) é um exame que permite a reprodução gráfica da atividade elétrica do coração. - Essas ondas elétricas refletem os fenômenos de despolarização e repolarização das células do coração. - Elas têm um potencial de repouso de -90mV, resultante de um equilíbrio dinâmico entre as forças do gradiente químico (Na+ e K+) e elétrico. - Quando a inversão da carga elétrica da membrana celular (despolarização) se propaga em direção a um eletrodo, temos uma onda positiva. Do contrário, a onda é negativa - O ECG é uma sucessão de ciclos cardíacos (P-QRS- ST-T-U) desenhados com diversas morfologias, conforme as 12 derivações empregadas, sendo elas: → 6 no plano frontal das extremidades colhidas nos membros; → 6 no plano horizontal localizadas no precórdio. - Derivações representam a ligação de dois eletródios com polos elétricos diferentes (positivo e negativo) que “olham” o coração de diversos ângulos (de frente, dos lados, de baixo) e captam as diferenças do potencial geradas pelo miocárdio. - As 3 DERIVAÇÕES BIPOLARES criadas por Eithoven (D1, D2, D3) formam um triângulo equilátero que lhe permitiu idealizar uma teoria para deduzir o eixo elétrico do coração. - São derivações que levam em consideração o polo positivo e negativo dos vetores traçados no chamado Triangulo de Eithoven. - Essas derivações também se caracterizam por serem frontais, visto que levam em consideração apenas o plano anterior do tórax do paciente. - Com a evolução da eletrocardiografia surgiram as DERIVAÇÕES UNIPOLARES (Wilson). Elas são divididas em DERIVAÇÕES PERIFÉRICAS ou FRONTAIS (aVR, AvL e aVF) e DERIVAÇÕES HORIZONTAIS ou PRECORDIAIS (v1, v2, v3, v4, v5 e v6). - A diferença consiste apenas na variação do potencial de ação, na qual leva em consideração apenas um polo do vetor. - As derivações precordiais recebem este nome por percorrerem não apenas a região anterior do tórax do paciente, bem como a região que compreende a linha axilar anterior e média, podendo ter uma visão lateralizada da ponta do coração (ictus cordis). - Cada grupo corresponde a uma região diferente do coração, configurando as paredes contíguas do ECG, ou seja, para identificar um problema em alguma parede cardíaca basta atentar-se à derivação que possibilita uma melhor visualização dela. → Parede septal: V1 e V2; → Parede anterior: V3 e V4; → Parede lateral: DI, aVL, V5 e V6; → Parede inferior: DII, DIII e aVF - As derivações D1, D2, D3, aVF, aVL, aVR representam o plano frontal. - As derivações V1 a V6 representam o plano horizontal e são conhecidas como derivações precordiais. → V1: 4° espaço intercostal direito justaesternal; → V2: 4° espaço intercostal esquerdo justaesternal; → V3: entre V2 e V4; → V4: 5° espaço intercostal esquerdo, na linha hemiclavicular (ictus cordis); → V5: a nível de V4, na linha axilar anterior; → V6: a nível de V5, na linha axilar média; OBS.: Existem outras derivações que podemos utilizar em casos específicos. *Em pacientes com infarto agudo do miocárdio, se suspeitarmos de acometimento de parede posterior, podemos utilizar o V7 e V8. → V7: 5º EIC, linha axilar posterior → V8: 5º EIC, linha hemi-escapula *Na suspeita de infarto de ventrículo direito, devemos realizar V3R e V4R (derivações direitas). Seguem os mesmos parâmetros de localização de V3 e V4, só que no hemitórax direito: → V3R: na borda esternal direita, entre 4º e 5º EIC. → V4R: 5º EIC, na linha hemi-clavicular direita - O estudo eletrocardiográfico consiste na interpretação de ondas e complexos que indicam a atividade elétrica do coração. Onda P - Essa onda indica a despolarização atrial. Representa uma atividade elétrica gradual e regular, o que justifica sua morfologia arredondada. - Sua orientação varia com a derivação analisada, mas dizemos que o ritmo é sinusal quando ela é positiva em DI, DII e AVF e negativa em AVR. - Quanto à duração, nota-se uma variação entre 0,08 a 0,11 segundos para padrão de normalidade - Podemos perceber alterações na Onda P indicando o surgimento de algumas patologias: → Ausência da Onda P: Quando o ECG não apresenta essa onda, afirmamos que o ritmo não é sinusal. Um exemplo de patologia com essa configuração é a Fibrilação Atrial. → Surgimento da Onda F: Quando a Onda P (morfologia arredondada) desaparece e é substituída pela Onda F (onda em cerrote). É comum no Flutter Atrial. Complexo QRS - É um complexo formado pelas Ondas Q, R e S, que, juntas, representam a despolarização ventricular. - Pela sístole ventricular apresentar um caráter mais enérgico que a atrial, entende-se que a morfologia do complexo é apiculada. - Sua orientação varia com a derivação, assim como a Onda P, mas no geral ela é marcada por suceder esta onda e por apresentar Q e S negativas e R negativa quando a Onda P for positiva. - É importante destacar que a duração do complexo varia de 0,08 a 0,12 segundos. Caso esse intervalo não seja respeitado, configura-se como um fator patológico, visto que isso interfere na duração do Intervalo PR, a ser explicado a seguir. Intervalo PR - Não representa uma onda e sim um intervalo marcado do início da ONDA P até o início da atividade do COMPLEXO QRS. - Representa o intervalo entre a despolarização das células do nó sinusal até o início da despolarização do miocárdio ventricular. - Sua duração normalmente varia de 0,12 a 0,20 segundos. Quando essa duração se prolonga é indicativo de determinada patologia, chamando atenção para a importância de verificar esse parâmetro, mesmo que ele não seja determinante para que o ritmo seja sinusal. OBS.: Bloqueios Atrioventriculares: ocorrem quando não há comunicação entre átrio e ventrículo. *Essa doença possui uma classificação e desde o seu primeiro grau podemos perceber essa dissociação com o atraso da chegada dos impulsos elétricos, ou seja, lentificação do Intervalo PR. *No caso de BAVT (bloqueio atrioventricular total) o que chama atenção no ECG é a completa desorganização dos impulsos eletrofisiológicos, em que as ondas surgem no traçado eletrocardiográfico sem seguir a ordem primordial (P- QRS-T). Onda T - Essa onda representa a repolarização ventricular. - Sua morfologia arredondada acompanha o movimento de diástole – relaxamento – do miocárdio. - Diz-se assimétrica por apresentar uma ascendência lenta e descendência rápida. - Sua orientação é variável a depender da derivação analisada. O esperado é que ela seja encontrada nas derivações DI, DII, V3 a V6 sendo positiva. Intervalo QT - É o intervalo entre o início do COMPLEXO QRS e o final da ONDA T, marcando, assim, toda a atividade ventricular. - Sua duração pode variar de 0,30 a 0,44 segundos. Segmento ST - É um segmento marcado do fim do COMPLEXO QRS ao fim da ONDA T. - No final do QRS existe um ponto chamado PONTO J que, além de marcar o início deste segmento, é comparável à linha de base (INTERVALO PR) para averiguar se ele se encontra nivelado, ou seja, normal. - Caso seja encontrado um desnivelamento, isso pode indicar determinadas patologias – geralmente relacionadas com a falta de oxigênio no miocárdio. Supradesnivelamento: Desvio acima de 2 mm na malha quadriculada. Comum nos casos mais severos de Infarto Agudo do Miocárdio Infradesnivelamento: Desvio abaixo de 2 mm na malha quadriculada. Comum quando há isquemia miocárdica. - Dividimos essa análise em alguns passos realizados após a identificação do paciente (idade, peso/IMC, etc). → 1º passo: Ritmo; → 2º passo: Frequência cardíaca; → 3º passo: Calcular o Intervalo PR; → 4º passo: Estabelecer o eixo do Complexo QRS; → 5º passo: Calcular a duração do Complexo QRS; → 6º passo: Calcular intervalo QT; → 7º passo: Observar alterações no Segmento ST;→ 8º passo: Observar a polaridade e a morfologia da Onda T; → 9º passo: Buscar outras alterações eletrocardiográficas (Ex. Onda U) MALHA QUADRICULADA: - 1 quadrado maior é formado por 5 quadrados menores em todos os lados. Sendo assim, o quadrado maior é uma figura com as dimensões 5mm x 5mm. Já o menor, 1mm x 1mm. - Para uma onda do ECG percorrer a distância de um lado do quadrado maior (5mm), o tempo necessário será de 0,20 segundos. - Para que se percorra a distância de um lado do quadrado menor (1mm), leva-se 0,04 segundos FREQUÊNCIA CARDÍACA: - Fazendo uso da malha quadriculada pode-se calcular a frequência cardíaca do paciente submetido ao exame de eletrocardiografia. - Para realizar esse cálculo, analisa-se a distância percorrida entre dois COMPLEXOS QRS consecutivos. - Tendo a medida desta distância em número de quadrados menores, usa-se esse número como divisor e o número 1500 como numerador. O resultado dessa razão representa a frequência cardíaca do paciente. - Ou então, ao invés de contar a distância com os quadrados menores, usa-se os quadrados maiores para fazer a estimativa. Tendo esse número como denominador, ocorre a simplificação do numerador para 300 (porque dividimos 1500 por 5, já que em um quadrado maior temos 5 quadrados menores). O resultado dessa divisão dá um valor aproximado da frequência cardíaca do paciente. EIXO CARDÍACO: - O eixo é montado ao plotar as derivações frontais bipolares (DI, DII e DIII) e unipolares (AVF, AVR e AVL) sob uma circunferência (o coração). - Para realizar o cálculo do eixo cardíaco, deve-se ter em mente a comparação entre as derivações DI e AVF. - Para simplificar, o determinante é identificar a orientação delas (positiva ou negativa). - O eixo cardíaco é dito normal quando essas duas derivações têm orientação positiva (ou seja, o ritmo é sinusal). - Matematicamente, isso é compreendido entre 0º e 90º. - Vale ressaltar que o intervalo permitido para aceitar o eixo como fisiológico varia de 90º a -30º (AVF à AVL), permitindo, dessa forma, que o AVF possa ter orientação negativa sob a condição de ser numericamente menor que DI. - Para quantificar essas derivações basta contar quantos quadrados menores elas se distanciam da linha de base. RITMO SINUSAL: → Onda P precedendo o QRS em todas as derivações e positiva em DI, DII e aVF, negativa em aVR. → Frequência: entre 60 e 100 bpm. → Intervalo PR: normal entre 0,12 e 0,20s (compreendido entre 3 e 5 quadradinhos). → Eixo cardíaco: entre -30° e +90°. → Duração do Complexo QRS: normal entre 0,8 e 0,12s. → Intervalo QT: normal entre 0,36 e 0,44s. → Segmento ST: ausência de supra ou infradesnivelamento. → Onda T: morfologia assimétrica e polaridade concordante com QRS.
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