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Mic�se� opo�tunista� � emergente� ● Fungos agentes: ○ Candida spp. e Cryptococcus spp. Antibioticoterapia ● Antes do advento da antibioticoterapia (1940-1950): ○ Infecções microbianas (maioria) → óbito ● Aumento da sobrevida dos pacientes ● Pacientes se tornaram mais vulneráveis às infecções oportunistas ● Criação de janelas de oportunidade para que os microrganismos se tornassem presentes ● Instalação do processo infeccioso: ○ Equilíbrio micro-organismos/hospedeiro → comprometido ● Relação microrganismo/hospedeiro: ○ ○ Aumento do número populacional → doença (micose oportunista) Imunossupressão ● Uma das principais causas das doenças oportunistas ● Estados de imunossupressão: ○ Transitórios ○ Permanentes ● Ocorrências: ○ Diabetes mellitus ○ AIDS (SIDA) ○ Transplantes ○ Terapêuticas → antibióticos, corticóides, protocolos de tratamentos para pacientes com câncer e transplantados Candidíase (ou candidoses) ● Causa: ○ Leveduras do gênero Candida ● Candida albicans → microbiota normal (60% da microbiota normal) ● Outras sp: fontes exógenas e encontradas na natureza (tropicais e subtropicais) ● Rompimento do equilíbrio levedura-hospedeiro → doença ● Candidoses orais: ○ Quadros clínicos variáveis com grande diversidade de apresentações clínicas ● ○ Candida albicans, pseudomicélio e clamidósporos (resistência - reserva nutritiva, com membrana espessa e semelhante aos esporos das bactérias) ● ○ Formação de clamidósporos ○ Microcultivo em ágar-fubá, incubado por 7 dias ○ Candida albicans ● Candida spp: ○ Habitat: ■ Trato gastrointestinal do homem (mucosa oral e intestinal), sistema urinário do homem e de outros animais de sangue quente (primatas, domésticos e pássaros) ● Infecção endógena: ○ Doença oportunística ■ Causada pelo estresse ou debilidade do hospedeiro ● Transmissão pessoa x pessoa: ○ Ato sexual ○ Mãe-filho durante o nascimento ● Manifestações clínicas: ○ Mucosa oral do recém nascido → sapinho ○ Mucosa oral do adulto → estomatite ○ Sistema genitourinário → DST ○ Mulheres → vulvovaginite (principalmente em grávidas) ○ Homem → balanites ○ Lavadeiras, copeiras e faxineiras (contato direto com a água e com as mãos constantemente úmidas) → ungueal e periungueal ○ Cárie ■ Causada pela Streptococcus mutans , mas as cândidas podem estar associadas ○ Intestino → nem sempre benigna ○ Mucosa ocular ○ ● Candidoses orais: ○ Quadros clínicos variáveis ○ Pseudomembranosa: ■ Pontos esbranquiçados na mucosa, que se tornam confluentes para formar pseudomembranas aderidas à mucosa, com fungo eritematoso ■ Condição que facilita a infecção → pH baixo ■ Comum em recém nascidos e em portadores de próteses totais ○ Atrófica aguda: ■ Secundária ao quadro de pseudomembranosa ■ Lesão eritematosa visível e dolorosa localizada no dorso da língua, sem placas brancas ■ Outra regiões da boca → geralmente associada à antibioticoterapia prévia ■ ○ Queilite angular: ■ Candida ou outras leveduras associadas ou não a bactérias ■ Maceração do tecido umedecido do ângulo da boca é sensível, podendo sangrar ○ Queilite candidósica: ■ Secundária à candidose ■ Inoculação traumática de um agente infeccioso ■ ○ Hiperplásica crônica: ■ Semanas ou meses ■ Placas de coloração branca e com evidente contorno eritematoso, fortemente aderidas à cavidade oral ■ Fator predisponente → tabagismo ■ Causar displasia e malignidade ■ Diagnóstico diferencial → leucoplasia ➢ Placa branca que não pode ser removida por raspagem ■ ○ Atrófica crônica: ■ Semanas ou meses ■ “Estomatite de dentadura” ■ Ocorre em 65% das pessoas que usam prótese ■ Eritema crônico na região coberta pela dentadura ■ ● Candidíase mucocutânea crônica: ○ CMCC (formas graves): ■ Pacientes com imunodeficiência hereditária ■ Mau funcionamento das células T ■ Associado ao metabolismo de Fe e Zn ■ Displasia do timo ■ Complicações: ➢ Sistema respiratório → pneumonias ➢ Sistema gastrointestinal → lesão ulcerativa do esôfago (dificuldade de engolir) ➢ Sistema cardiovascular → endocardites ■ Casos clínicos: ➢ ➢ Sobretudo em crianças e idosos ● Vulvovaginite: ○ Aumento populacional de Candida spp. ○ Associada ou não com uretrite e disúria (semelhante à infecção urinária) ○ Candida spp: 20-25% dos corrimentos genitais infecciosos ○ Candida albicans → 60-70% dos corrimentos ○ Fatores predisponentes: ■ Alto teor de glicogênio, gravifez, antibioticoterapia, diabetes, anticoncepcionais orais, reposição estrogênica, imunossupressores, higiene, tecido da roupa íntima… ● Balanopostite: ○ Manifestação clínica na região genital masculina ○ Início → glande e sulco balanoprepucial ○ Discreto eritema pruriginoso após relação sexual com a parceira portadora de vulvovaginite ○ Forma severa → vesículas o pústulas, que podem romper ○ Pacientes imunocomprometidos → disseminação para a bolsa escrotal, uretra e região inguinal ● Candidose intertriginosa: ○ Regiões interglúteas e gênito-crurais: ■ Extensão de vulvovaginites e balanopostites ○ Regiões inframamárias, axilares, suprapubianas… ○ Pessoas obesas, diabéticas, crianças que usam fraldas… ○ Características: ■ Lesões eritematosas, úmidas, com bordas mal definidas e escamosas, formadas por vesículas ○ Candidíases interdigitais: ■ Fissura central, desprendida e esbranquiçada ■ Fatores predisponentes → água e maceração constante ● Candidíase: ○ Fatores: ■ Intrínsecos: ➢ Fisiológicos → velhice, gravidez, fatores ligados ao hospedeiro ➢ Patológicos → neoplasias, leucemia, lúpus eritematoso disseminado, diabetes, tuberculose, AIDS, doenças associadas à imunidade celular ■ Extrínsecos: ➢ Uso de medicamentos (antibioticoterapia) ➢ Intervenções cirúrgicas ➢ Agentes físicos e ambientes contaminados ● Espécies de Candida: ○ ○ Fatores predisponentes: ■ Diagnóstico micológico ● Coleta de material: ○ Pele → raspagem superficial das bordas das lesões (bisturi) ○ Unhas → raspagem subgungueal (sonda exploradora) ○ Mucosas → coletar material com swabs estéreis ● Exame micológico direto: ○ A fresco → KOH [10-40%] (digestão de células epiteliais) ○ Azul de metileno e lactofenol → corante ○ Coloração de Gram → leveduras se coram comoGram+, mas não são classificadas assim ■ Exemplo → candidose superficial ➢ ● Cultura: ○ Meios de cultura → Sabouraud com cloranfenicol e Mycosel ○ Temperatura de incubação: ■ Micoses superficiais: 25-28ºC ■ Micoses sistêmicas: 37ºC ○ Tempo: 24-48h ● Diagnóstico micológico ○ Identificação: ■ Pesquisa do tubo germinativo ➢ ■ Provas bioquímicas → fermentação de carboidratos (zimograma) ou assimilação de C e N (auxanograma) ➢ ✓ Automática (esquerda) e manual (direita) ■ Características macro e micromorfológicas são analisadas ■ Micromorfologia → melhor analisada em microcultivo em lâmina ● Tratamento: ○ Candidíase: ■ Correção das condições do hospedeiro ➢ Higiene, remoção de próteses, cateteres e elementos móveis ■ Poliênicos: nistatina (tópica) e anfotericina B (sistêmica) ■ Azólicos: Fluconazol [100-400 mg/dia] oral ou endovenosa ➢ Efeitos colaterais: vômitos e diarreias ■ Criptococose ● Cryptococcus: ○ Infecção fúngica oportunista causada por uma levedura encapsulada do gênero Cryptococcus spp. ■ C. neoformans (sorotipos A, D, AD) ■ C. gattii (sorotipos B,C) ○ Cada espécie é classificada em sorotipos, de acordo com os polissacarídeos capsulares ○ Diferem quanto à ecologia, epidemiologia, fisiologia e genética ○ Isolados: ■ Associados a fezes de aves (pombos) ■ Exportação de eucaliptos: ➢ ■ ● Fatores de virulência: ○ Cápsula: ■ Polissacarídeos (glucuronoxilomanana, galacroxilomanana, manoproteína) ○ Antígenos: ■ Responsáveis pela definição dos sorotipos da levedura ○ Os mecanismos não são totalmente conhecidos: ■ Relacionados a efeitos imunossupressores de polissacarídeos e a propriedaddes antifagocitárias ○ Melanina: ■ Proteção contra: ➢ Agentes oxidantes, calor, frio, luz UV, fagocitose, peptídeos microbianos e anfotericina B ➢ Não há enzimas microbianas que hidrolisam e nem anticorpos que a reconheçam, provocando oxidação de compostos fenólicos canalizados pela fenoloxidase ○ Termotolerância: ■ Capacidade de crescer em condições fisiológicas de 37 ºC (para neoformans e gattii) ■ Produção de urease ■ Produção de fosfolipase ■ Adesão → atuação de lactosilceramida ● Quadros clínicos: ○ C. gattii: ■ A infecção requer prolongada terapia antifúngica ■ Está associada a sequelas neurológicas e intervenções neurocirúrgicas ■ Afeta principalmente pacientes imunocompetentes, sendo o patógeno primário ➢ Vai contra o que acontece em outras infecções ■ Apresenta um curso clínico mais prolongado com maiores morbidades e mortalidades ○ C. neoformans: ■ Caráter oportunista ■ Febre decorrente da infecção disseminada ■ Pacientes imunossuprimidos ■ Principal causa de meningoencefalite e morte em pacientes com AIDS não tratada ■ Criptococose pulmonar: ➢ Principal porta de entrada (acesso ao hospedeiro) ➢ Diagnóstico secundário: ✓ Baseado na investigação clínica do comprometimento do SNC ✓ ➢ Sinais e sintomas: ✓ Similares ao quadro de gripe viral → tosse e expectoração ✓ Dor torácica, hemoptise e febre ✓ Raio X: condensações circunscritas e infiltrados localizados ✓ Diagnóstico diferencial → tuberculose (coloração ZN) ■ Neurocriptococose: ➢ Evolução da criptococose ➢ Tropismo: ✓ Líquor → excelente meio de cultura fúngico ✓ Ausência habitual de ausência inflamatória no cérebro ✓ Quadro clínico variável ↳ Semanas ou meses alternados entre exacerbação e remissão ✓ Meningoencefalite: ↳ Comprometimento cerebral associado com a meningite ✓ Cryptococcus tem mecanismos para atravessar a barreira hematoencefálica ■ Criptococose disseminada: ✓ A partir do foco SNC ou pulmonar: ↳ Vias de disseminação: ↪ Sanguínea (principal) ↪ Linfática ↳ Fígado, rins, baço, gânglios linfáticos, suprarrenais, osso, pele ↳ Próstata → fonte residual da levedura (recidivas em pacientes imunocomprometidos) ■ Criptococose cutânea: ➢ Comprometimento primário resulta da inoculação traumática ✓ Lesões primárias são variáveis: pápula ou pústulas ✓ Nódulos cutâneos, ulcerações únicas ou múltiplas ✓ Diagnóstico diferencial → herpes e Molluscum contagiosum (infecção viral) ● Diagnóstico direto: ○ Micológico direto: ■ Tinta nanquim → leveduras e as suas cápsulas ➢ Contra-cora as estruturas ■ ■ Coloração de Gram: ➢ Células em formatos variáveis ➢ Cápsula de difícil visualização ➢ Observação de leveduras ➢ ○ Exames histopatológicos: ■ Coloração “mucicarmine” ➢ Células leveduriformes ➢ Cápsula com aspecto radiado ➢ ■ PAS, Gram… ○ Cultura: ■ Ágar Sabouraud + cloranfenicol ■ Colônias úmidas, mucoides, com tonalidade branca e creme ■ Tempo: 36-72h ■ Temperatura de incubação: 30-35ºC ■ ○ Meio de cultura seletivo e diferencial: ■ Diferenciar espécies ■ Ágar Níger ou Ágar L-dopa → colônias escuras (marrons) ■ Meio CGB → L-canavanina, glicina, azul de bromotimol ➢ C. gatti: ✓ Glicina → amônia (teste positivo para azul de cobalto) e resistente à L-canavanina (seletivo) ➢ ○ Testes sorológicos: ■ Sensíveis, mas podem produzir falsos negativos/positivos ■ ELISA ■ Aglutinação de partículas de látex, ligadas a um anticorpo monoclonal contra um polissacarídeo principal da cápsula do C. neoformans ○ Biologia molecular: ■ Técnicas reprodutíveis, específicas e sensíveis ■ Tipagem de DNA e PCR ● Tratamento: ○ Até 1950 → criptococose fatal ○ Anfotericina B → êxito em 60-70% no tratamento ○ Início de 1970 → 5-flucitosina ■ Potente atividade contra C. neoformans ■ Pode ocorrer desenvolvimento de resistência em monoterapia ○ 1980 → introdução dos azólicos ■ Imidazólicos: cetoconazol ■ Triazólicos: fluconazol (penetração no líquor)
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