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1 FATORES INFLUENCIADORES DA INADIMPLÊNCIA E SEUS IMPACTOS: um estudo nas instituições financeiras. INFLUENCING FACTORS OF DEFAULT AND ITS IMPACTS: a study in financial institutions. #1 - Lailson da Silva Rebouças Curso de Ciências Contábeis da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. E-mail: lailson15@hotmail.com #2 - Ericka Maia da Rocha Curso de Ciências Contábeis da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. E-mail: erika_12k@hotmail.com #3 - Msc. Wenyka Preston Leite Batista da Costa Docente do Curso de Ciências Contábeis da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. E-mail: wenykapreston@hotmail.com RESUMO:A facilidade e a disponibilização por crédito oferecida pelas instituições financeiras tem se mostrado um auxiliador para o aumento do poder aquisitivo das pessoas, tanto físicas como jurídicas. Em face desta possibilidade tem-se um risco pela oferta de crédito, a inadimplência, que passa a ser um dos desafios das instituições, sendo lhes necessárias ferramentas de análise e a própria contabilidade como auxiliadora neste processo. Sendo assim, a presente pesquisa busca evidenciar os fatores que estão acarretando o aumento da inadimplência e seus impactos nas instituições financeiras. A metodologia possui natureza descritiva, abordagem qualitativa e o instrumento de pesquisa, correspondeu a um questionário direcionado aos gerentes de uma instituição financeiras da cidade de Mossoró/RN. O resultado busca mostrar o quanto as pessoas estão se endividando e as causas deste problema, e a relação do débito e pós-débito com a instituição bancária. Palavras-chave: Crédito, Inadimplência, Instituição financeira. ABSTRACT:The ease and availability of credit offered by financial institutions has proved to be an aid to increase people's purchasing power, both physical and legal. Given this possibility, there is a risk for the supply of credit, for delinquency, which becomes one of the challenges of institutions, being necessary tools of analysis and accounting itself as a helper in this process. Therefore, the present research seeks to highlight the factors that are leading to the increase in delinquency and its impacts on financial institutions. The methodology was descriptive in nature, qualitative approach and the research instrument corresponded to a questionnaire directed to the managers of a financial institution in the city of Mossoró / RN. The result seeks to show how much people are getting into debt and the causes of this problem, and the relationship of debit and post-debit with the banking institution. Keywords: Credit, Default, Financial institution. 2 1 INTRODUÇÃO A crise atual no Brasil é um dos assuntos mais comentados entre as pessoas. A falta de desemprego, o aumento dos preços de produtos básicos e o grande índice de inflação tem se tornado algo bastante divulgado e vivenciado pelos brasileiros. O grande impacto destes fatores tem levado a muitas pessoas e empresas a se utilizarem de créditos disponibilizados pelas instituições financeiras para cobrir dívidas anteriormente adquiridas, a fim de minimizarem a sua situação econômica. O oferecimento de créditos através de empréstimos, cartões de crédito, cheques especiais, entre outros, tem facilitado muito a procura por estas opções. Porém, em muitas situações os consumidores tem descumprido o pagamento das suas obrigações tornando-se inadimplentes e gerando o endividamento exagerado e outras consequências financeiras. Neste sentido, a inadimplência pode ser definida como a falta de pagamento e sendo sentido o termo jurídico, inadimplemento é utilizado para designar uma situação de não cumprimento de uma cláusula contratual (TEIXEIRA, 2001). Segundo Nichter et al. (2002), um dos motivos para a elevação da taxa de inadimplência das carteiras de microcrédito das Instituições de Microfinanças (IMFs) advém do desvirtuamento da metodologia de concessão do crédito, ao não serem empregados métodos característicos de concessão como o aval solidário. As instituições responsáveis por essas concessões tem se precavido de forma a analisar a quem se estar concedendo crédito através da verificação das transações passadas e da vida financeira da pessoa ou empresa. Segundo Pirolo (2003) “recuperar crédito é a missão mais árdua de qualquer instituição financeira, principalmente quando essa instituição está nos limites da inadimplência resultando do não recebimento dos créditos concedidos.” O orçamento antecipado e a observância das pessoas físicas e jurídicas antes da concessão, ajudam no provisionamento da recuperação do crédito. Nesta perspectiva, tem-se o seguinte questionamento: quais fatores estão acarretando o aumento da inadimplência e seus impactos nas instituições financeiras da cidade de Mossoró/RN? Como objetivo geral, a 3 presente pesquisa busca evidenciar os fatores que estão acarretando o aumento da inadimplência e seus impactos nas instituições financeiras da cidade de Mossoró/RN. Como objetivos específicos pretendem-se: identificar o nível de endividamento da maioria dos inadimplentes, evidenciar os principais fatores causadores da inadimplência e verificar se a análise de crédito previne a instituição financeira de um mal pagador. A metodologia da presente pesquisa possui natureza descritiva, pois descreve características de uma determinada população, neste caso, das instituições financeiras da cidade de Mossoró, sendo este seu objeto de estudo. Para alcance dos objetivos foi escolhido o método de abordagem qualitativa. 2 REFERENCIAL TEÓRICA 2.1 INADIMPLÊNCIA É considerada uma pessoa inadimplente aquela que não possui condições suficientes para pagar as suas dívidas até a data do vencimento. Após a concessão do empréstimo, espera-se que os tomadores mantenham se leais (pontuais na amortização do empréstimo), sempre que o valor de seus recursos financeiros seja superior ao valor das prestações do empréstimo. Contrariamente, atribui-se uma maior probabilidade de inadimplência quando o valor da renda for insuficiente para amortizar as prestações do empréstimo (SANTOS; FAMÁ, 2006). As famílias que ficam inadimplentes tendem a perder a reputação de bons pagadores, o nome limpo e a capacidade de usar crédito em ocasiões futuras. (OLIVEIRA; CORONATO, 2016) Existem dois tipos de endividamentos: endividamento passivo e endividamento ativo. Faria (2006) ressalta que o endividamento passivo acontece quando há um aumento de dívidas por consequência de alguma situação inesperada, ou seja, uma circunstância imprevista, podendo ser doença, morte, acidente, desemprego ou separação. Já o endividamento ativo se caracteriza por montantes de dívidas, sendo a maioria equivocada, de uma 4 má gestão financeira. São indivíduos que estão constantemente endividados, independente de sua renda financeira ou familiar. Alves (2007) relata que o problema das pessoas surge na falta de educação financeira, tendo como base a falta de planejamento. Nos dias atuais para que haja controle financeiro é preciso um bom orçamento seja feito, contudo, é necessário que possua uma boa estratégia para desviar dos momentos de difíceis evitando o consumismo desenfreado da população. O endividamento exagerado é um reflexo da sociedade de consumo e caracteriza-se como um problema de ordem social e não individual, que afeta consumidores e fornecedores (TRINDADE et. al., 2012). 2.2 CRISE A Crise em nosso país vem acarretando diversas consequências financeiras, como as baixas vendas no mercado brasileiro e o alto endividamento por parte dos consumidores. A facilidade pela disposição de crédito, possibilitado pelas instituições financeiras através de empréstimos, cheque-especial, cartões de crédito, etc., vem crescendo muito e com isso. o aumento do endividamento. Para Douat(1994), as pessoas têm gastos que vão além do que a renda permite. Ao se deparar com este tipo de situação, o endividado recorre a bancos ou agiotas. A princípio isso pode parecer uma solução, mas também é um risco de piorar a situação. Dessa forma o endividado pode ficar com o nome cadastrado no SPC e no Serasa. A crise económica decorre em algum momento de dificuldade do consumidor de cumprir com uma obrigação, com isso lhe é ofertado propostas creditícias para a satisfação destas dívidas, criando assim, um amontoado de obrigações que são acumuladas e crescentes ao longo do tempo. Segundo Marx (1983), a possibilidade da crise reside na metamorfose da mercadoria, mas sua efetiva realização só se torna latente com a forma capitalista de acumulação, cuja aparência é o lucro monetário. Isso porque o processo que define o circuito do capital responde à incentivos diferentes que o da simples obtenção de valores de uso. A figura do capitalista, para Marx, encerra o desejo de acumulação de capital e não de maximização de utilidade. 5 E essa acumulação é submetida a uma taxa usual de lucro que perpetue o incentivo capitalista ao reinvestimento do excedente gerado no processo produtivo e realizado no processo de circulação. A crise será muito mais duradoura que esse biênio catastrófico. Para que um país com o nível de pobreza e o perfil demográfico do Brasil prospere realmente, a produção precisa crescer num ritmo médio próximo de 2,5% ao ano, no mínimo, durante vários anos consecutivos (OLIVEIRA; CORONATO, 2016). 2.3 CRÉDITO A origem da palavra “crédito” vem do latim, “coisa confiável”. Sendo assim podemos dizer que o crédito está ligado diretamente à confiança depositada a alguém ou a alguma coisa. O credito surgi em busca da necessidade de uma renda complementar. A palavra crédito é derivada do latim credere que significa acreditar, confiar. O conceito de crédito está presente no dia-a-dia das pessoas, seja ela física ou jurídica, pois é a disposição de alguém ceder parte do seu patrimônio, temporariamente, para recebê-lo de volta mais tarde, isto é, acredita-se que alguém vai honrar o compromisso assumido. “Crédito é a segurança de que alguma coisa é verdadeira: é confiança”. (FERREIRA apud SILVA, 2002, p. 19) A própria origem da expressão crédito significa confiar. Assim, todo crédito baseia-se na confiança, ou seja, na esperança de que o devedor pague, no futuro, pelo que lhe é fornecido no presente. Dessas considerações decorre que a concessão de crédito significa confiança, troca de coisas de valor econômico, futuridade e risco (SECURATO; FAMA, 1997). A atividade de crédito implica risco significativo para as instituições financeiras, pois se trata de uma modalidade de risco que está presente em qualquer atividade comercial, caracterizada pela probabilidade de não recebimento dos recursos emprestados (CAMARGOS et. al., 2010). 2.4 ANÁLISES DE CRÉDITO 6 Através da análise de crédito é possível estabelecer critérios para saber se o tomador do crédito poderá futuramente arcar com as suas obrigações e diminuir o risco do concessor do crédito para que após a concessão do empréstimo os tomadores mantenham-se pontuais ao pagamento de seus compromissos e mantenham uma posição econômica estável e que o endividamento não seja mais um reflexo para a sociedade. (JERONIMO; PRAZERES, 2015) Para Blatt (1999) a análise de crédito é um processo organizado para analisar dados, de maneira a possibilitar o levantamento das questões certas acerca do tomador do crédito. "Este processo cobre uma estrutura mais ampla do que simplesmente analisar o crédito de um cliente e dados financeiros para a tomada de decisão com propósitos creditícios" 2.5 OBJETIVOS DA ANÁLISE DE CREDITO As instituições financeiras estão com grande dificuldade de fornecer credito ao seus clientes, ou seja, as analises de créditos estão sendo cada vez mais rigorosas, através disso dificultar a tal saída. Com relação aos objetivos, Schrickel (2000) afirma que “o principal objetivo da análise de crédito é identificar os riscos nas situações de concessão de valores e evidenciar conclusões quanto à capacidade de amortização do tomador, além de proporcionar recomendações relativas à melhor estruturação e tipo de crédito a conceder”. Santos (2003) enfatiza que, “o objetivo do processo de análise de crédito é o de averiguar a compatibilidade do crédito solicitado com a capacidade financeira do cliente”. Já na concepção de Blatt (1999), os objetivos de uma análise de crédito podem ser definidos em cinco categorias: avaliar se um devedor irá honrar com o pagamento de suas dívidas no momento correto; avaliar se o cliente tem a capacidade de pagar a dívida (recursos disponíveis); avaliar a saúde financeira do tomador de crédito (nível de endividamento); avaliar as prioridades dos direitos da empresa credora em relação a outros credores; e avaliar o planejamento financeiro do tomador de crédito. 7 Analisar a quem se estar concedendo crédito previne, de certo modo, as instituições financeiras de possíveis calotes ou logro por parte dos tomadores de empréstimo, tornando a transação mais confiável entre as partes e exprimindo confiança à aquele que é concedente. 2.6 POLÍTICA DE CRÉDITO Busca equilibrar os objetivos de lucro com as necessidades do cliente. O foco é atingir um objetivo de lucro ajustando os risco, e satisfazer os clientes, ao mesmo tempo fornecer crédito. As políticas de crédito auxiliam a atingir esse equilíbrio e incluem regras que definem o comportamento apropriado; padrões ou critérios de desempenho, que permitem medir o cumprimento das políticas e objetivos do comércio, e procedimentos que definem atividades específicas para garantir que os padrões sejam satisfeitos. Na política de crédito são definidos os parâmetros básicos para a realização das vendas a prazo. Nela são encontrados os elementos necessários para a concessão, monitoramento e cobrança dessas vendas, devendo ser encarada como um fator de alavancagem das receitas e uma demanda por investimentos em ativos financeiros (crédito futuros) (SOUSA; CHAIA, 2000). 2.7 RISCO DO CRÉDITO Risco de Crédito é a possibilidade de ocorrência de perdas associadas ao não cumprimento pelo tomador ou contraparte de suas respectivas obrigações financeiras nos termos pactuados; à desvalorização de contrato de crédito decorrente da deterioração na classificação de risco do tomador, à redução de ganhos ou remunerações, às vantagens concedidas na renegociação e aos custos de recuperação (BANCO CAIXA GERAL-BRASIL, 2016). Segundo Pires (2008), a política de crédito de uma empresa, além de ser o próprio princípio organizacional, é um fator de extrema importância, que pode resultar no sucesso ou no fracasso dos negócios, pois define as diretrizes com os quais a empresa irá trabalhar para a concessão de créditos financeiros. 8 A política de crédito vem auxiliar as instituições financeiras na diminuição dos riscos de perda da lucratividade no fornecimento de empréstimos. 2.8 CONTABILIDADE A contabilidade passou e vem passando por diversas mudanças. Antigamente a contabilidade de um país era diferente de outro. A uniformização da contabilidade trouxe um padrão significativo para as demonstrações contábeis em todos os países. A International Accouting Standards Board (IASB) realizou o inicio de suas atividades em 2001 em substituição ao antigo International Accounting Standards Committee (IASC), visando: “desenvolver um modelo único de Normas Contábeis Internacionais de alta qualidade, que requeiram transparência e comparabilidade na elaboração de Demonstrações Contábeis” (IBRACON, 2006, p.8). A contabilidade vem a ser uma grande ferramenta para auxiliar nesses momentos de crise financeira. Ela é um instrumento poucoutilizado pela pessoa física e pouco valorizado pela pessoa jurídica, diante das situações de endividamento e inadimplência dos tomadores de crédito. Um dos parâmetros que pode ser utilizado nestas situações é o CPC 00 - Estrutura conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, onde há o desenvolvimento de novas normas, interpretações e comunicados técnicos, orienta aos órgãos reguladores nacionais, auxilia os usuários das demonstrações contábeis na interpretação de informações nelas contidas. Com isto, a análise das contas das empresas pode ser bem estruturada a ponto de fornecer informações relevantes para a tomada de decisões de forma mais detalhada (CPC, 2011). 2.9 ORÇAMENTO O orçamento é um instrumento de planejamento e controle onde as empresas buscam planejar com antecedência as ações a serem executados e os recursos a serem empregados. O implemento de planos que gerenciem a execução das atividades de uma empresa ou de uma pessoa, auxilia no 9 cumprimento dos objetivos fixados e provisiona o futuro e estabelece estratégias. Segundo Frezatti (2007) o orçamento é o plano financeiro para implementar a estratégia da empresa para determinado exercício. É mais do que uma simples estimativa, pois deve estar baseado no compromisso dos gestores em termos de metas a serem alcançadas. 2.9.1 Orçamento Empresarial O orçamento empresarial é considerado um dos carros chefes da gestão e uma das ferramentas fundamentais para que a prestação de contas dos gestores seja objetiva. Segundo Frezatti (2007) O orçamento surge como sequência a montagem do plano estratégico, permitindo forçar e identificar, num horizonte menor, de um exercício fiscal as suas ações mais importantes. O orçamento existe para programar as decisões do plano estratégico. Organizar um orçamento bem estruturado e planejado previne o investidor ou tomador de crédito de possíveis e eventuais problemas financeiros que possam ocasionar inadimplências. Analisar o que possa ocorrer futuramente e criar possibilidades alternativas para gerenciar a falta de crédito é importante para que futuramente os juros, e a impossibilidade do pagamento do empréstimo venham ser prejudicial ao devedor. Para Frezatti (2000), o ato de pensar antes de decidir algo e agir de forma determinante e antecipada, é planejar, é escolher alternativas em relação às outras situações, em razão de possibilidades, grau de aceitação de risco e verificar aquilo que é preferível, tornando você mesmo controlador das situações futuras. Planejar o orçamento deixa apenas de ser algo obrigatório para as instituições como para o que realiza o empréstimo, e transforma em um dispositivo auxiliador para a previsão dos acontecimentos e fatos da empresa, ajudando-a a cumprir aquilo que foi determinado anteriormente. 10 3 METODOLOGIA A pesquisa tem caráter descritivo por ter como preocupação principal a identificação de fatores que contribuem para o aumento da inadimplência no Brasil, como por exemplo, a falta de orçamento empresarial, o uso da contabilidade como ferramenta de decisão e planejamento acarretará no descontrole financeiro. De acordo com Gil (2008), as pesquisas descritivas possuem como objetivo a descrição das características de uma população, fenômeno ou de uma experiência. Por exemplo, quais as características de um determinado grupo em relação a sexo, faixa etária, renda familiar, nível de escolaridade etc. Outro instrumento de pesquisa utilizada foi o método qualitativo, onde o intuito principal é o aprofundamento das questões relativas ao foco da pesquisa, onde se procura obter o máximo de informações para a compreensão do fato abordado. Este método não quantifica seus resultados, apenas estabelece critérios de entendimento através da descrição do assunto, criando, através dos questionamentos, a explicação, os fatores e os motivos para a ocorrência do fato, no caso, a inadimplência. Segundo Minayo (2008) a pesquisa qualitativa é destacada pela importância dada à objetivação, pois durante a investigação científica é preciso reconhecer a complexidade do objeto de estudo, rever criticamente as teorias sobre o tema, estabelecer conceitos e teorias relevantes, usar técnicas de coleta de dados adequadas e, por fim, analisar todo o material de forma específica e contextualizada. O estudo de caso, realizado de forma prática, da coleta de dados, foi utilizada a abordagem direta, e a técnica exercida foi o questionário com perguntas estruturadas, que foram respondidas pessoalmente pelos entrevistados. A pesquisa foi realizada em uma agência do Banco do Brasil S.A. no Estado do Rio Grande do Norte- Mossoró/RN. Foram escolhidos como respondentes dos questionários os gerentes de contas de pessoa física, jurídica e de atendimento, por serem estes os responsáveis pelos índices de 11 inadimplência da carteira sob sua responsabilidade e pelo maior acompanhamento que fazem dos clientes e suas operações. 4 RESULTADOS Na pesquisa realizada no ano de 2016, em uma agência do Banco do Brasil S/A, no município de Mossoró, foram aplicados 16 (Dezesseis) questionamentos diretamente a 16 (Dezesseis) empregados da entidade, sobre o perfil dos clientes da agência em relação ao endividamento e a inadimplência destes, sendo os escolhidos para responder ao questionário de forma aleatória, e tendo como taxa de resposta 100%. Inicialmente o primeiro questionamento realizado pela pesquisa, evidenciou a faixa etária de maior inadimplência, de acordo com o a percepção dos respondentes do questionário, conforme pode ser observado na tabela 01. Tabela 1- Faixa Etária de Maior Inadimplência. ITEM FREQUÊNCIA PORCENTAGEM De 18 a 30 anos 10 62.5% De 31 a 40 anos 5 31.25% Acima de 40 1 6.25% Total 16 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2016). Constatou-se que, através das respostas obtidas pelos 16 (Dezesseis) entrevistados da Instituição Financeira pesquisada e exposta de acordo com os dados da tabela 1 acima, a faixa etária de maior inadimplência é de 18 a 30 anos, a cerca de 62,5%. Identificando dessa forma que é um público relativamente jovem que se encontra em situação inadimplente, e que os 31,25% seria relativo aos que possuem de 31 a 40 anos de idade, o restante corresponde a 6,25% acima de 40 anos. Neri (2011) salienta que no período inicial da vida profissional e, consequentemente, no início da maturidade do indivíduo, o desejo de consumo é normalmente maior do que a renda obtida, o que resulta em uma demanda muito maior por empréstimos nessa fase do ciclo de vida. 12 Tabela 2 - Fatores causadores da inadimplência. ITEM FREQUÊNCIA PORCENTAGEM Desemprego/Atraso Salarial 7 43,75% Comprometimento de Renda 4 25% Despesas não Previstas 0 0% Possível má Administração de Recursos 5 31,25% Outros 0 0% Total 16 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2016). Questionou-se aos entrevistados, quais fatores influenciadores citados tem maior destaque no cenário atual do país, e conforme demonstra a Tabela 2, percebeu-se que a maior parte do endividamento estaria relacionada ao desemprego/Atraso Salarial, representando deste modo 43,75% da pesquisa. Os outros indicadores demonstrados nesta Tabela 2 estão formados por possível má administração de recursos de 31,25% e 25% comprometimento de renda com outras dividas. O fator mostra o quanto à crise tem relevância nos dados. Segundo Ferreira (2007) as variáveis que influenciariam na inadimplência são aqueles em que o endividamento ocorre por falta de recursos (em função, por exemplo, de aumento de filhos, desemprego ou emprego precário) e os que estão endividados, não por apresentarem tanta dificuldade financeira em pagar suas contas, mas por competência insuficiente em administrar seu dinheiro, ou insuficiência derenda. Analisou-se também má administração estar mais relacionada à pessoa jurídica, por precisarem de uma analise mais minuciosa de recursos através de seus contadores e administradores. Desemprego prevalece fortemente entre pessoas físicas com o mercado com baixo investimento dificulta a contratação de novos funcionários. Tabela 3 - Nível de Endividamento. ITEM FREQUÊNCIA PORCENTAGEM Muitíssimo endividado 0 0% Muito endividado 14 87,5% Mais ou menos endividado 2 12,5% Pouco endividado 0 0% Total 16 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2016). 13 Quando questionados sobre o nível de endividamento dos clientes, percebeu-se conforme a Tabela 3, que a maior parte dos clientes está muito endividado, representando 87,5% do resultado. Os demais fatores se dividem em mais ou menos endividados, representando 12,5%, muitíssimo endividados e pouco endividado representa 0% do questionamento. Observou-se que no processo de inadimplência os índices e os riscos dos clientes estarem muito endividado seguem em uma crescente pelo acumulo de dividas. Tabela 4 - Forma que pretendem regularizar a dívida. ITEM FREQUÊNCIA PORCENTAGEM A vista 0 0% Parcelado 14 87,5% Não pretende regularizar 2 12,5% Total 10 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2016). Os entrevistados ao serem questionados sobre como seria feita a forma de regularização das dividas mais procuradas pelos clientes, constatou-se conforme a tabela 4 acima, que houve um consenso entre os entrevistados que a forma de normalizar a divida se daria pela realização do parcelamento da obrigação representando 87,5%, visto que há uma possível facilidade de extensão do prazo e com parcelas menores que se adequariam ao novo orçamento gerado pelos clientes, ou seja, não comprometeria sua renda familiar ou empresarial. Desta forma ficou descartada a forma de pagamento a vista, pelo fato do alto valor do endividamento, além dos juros e multas inclusos, e considerando também aqueles que não pretende regularizar de nenhuma forma com 12,5%. Tabela 5 - Fase em que ocorre a maior parte das regularizações dos créditos. ITEM FREQUÊNCIA PORCENTAGEM 1 a 5 1 6,25% 15 a 30 3 18,75% Acima de 30 12 75% Total 16 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2016). 14 Tendo em vista a tabela anterior, percebe-se que a maioria dos clientes procura regularizar suas dividas de forma parcelada, sendo ela portanto feita, segundo 75% dos entrevistados em prazo superior a 30 dias, e 18,75% diz que é entre os 15 a 30 dias depois do vencimento da obrigação, e também com 6,25% entre 1 a 5 após o vencimento. Tabela 6 - Controle mensal do Orçamento ITEM FREQUÊNCIA PORCENTAGEM Sim 13 81,25% Não 3 18,75% Total 16 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2016). Os entrevistados foram questionados acerca do controle mensal das dividas dos clientes, sendo que 81,25% respondeu que existe sim, a falta de equilíbrio mensal por parte dos devedores e 18,75% respondeu que não, segundo a tabela 6. Para Miotto (2013), o autocontrole tem uma relação positiva com o gerenciamento das despesas, bem como com a propensão de planejar e ainda coíbe o ato de compras compulsivas pelos indivíduos. Tabela 7 – Proteção e Favorecimento da Legislação ao inadimplente. ITEM FREQUÊNCIA PORCENTAGEM Sim 8 50% Não 8 50% Total 16 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2016). Em questionamento acerca das leis referentes ao ser inadimplente, verifica-se que, segundo a Tabela 7, 50% dos entrevistados afirmam que os clientes que estão em débito coma instituição são de certa forma protegidos pela legislação, e 50% acredita que não há proteção. Existe na legislação varias leis que amparam o inadimplente e o auxiliam quando estes estão endividados como o Código de Defesa do Consumidor (Lei 15 8.078/90) que dispõe no seu art.42 sobre a cobrança das dividas e as excessivas aplicações de juros e multas por parte das instituições. Porém, existem leis que estabelecem obrigações aos devedores e a imposição de encargos aos inadimplentes, como por exemplo, o Código Civil (lei 10.406/02). Tabela 8 - Conhecimento financeiro/orçamentário e a diminuição da inadimplência. ITEM FREQUÊNCIA PORCENTAGEM Sim 16 100% Não 0 0% Total 16 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2016). Verifica-se pelo resultado estabelecido com respondentes e na Tabela 8 que, 100% dos entrevistados acreditam que se houvesse uma maior educação financeira por parte dos clientes, existiria um menor numero de devedores. Zerrenner (2007) descreve que a educação financeira constitui uma ferramenta que auxilia a mudar as preferências do consumidor, monitorando o seu comportamento, alterando incentivos e modificando regras que podem não apenas diminuir os gastos, mas contribuir para uma maior segurança nas compras realizadas pelos consumidores. Tabela 9 - Maioria dos inadimplentes ITEM FREQUÊNCIA PORCENTAGEM Pessoa Física 9 56,25% Pessoa Jurídica 7 43,75% Total 16 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2016). Além disso, segundo a Tabela 9, percebe-se que 43,75% dos devedores são constituídas por pessoas jurídicas e 56,25% são pessoas físicas. Tabela 10 - A inadimplência pode estar mais relacionada ITEM FREQUÊNCIA PORCENTAGEM Cartão de crédito 5 31,25% Financiamento 8 50% Concessão de crédito 2 12,5% Cheque especial 1 6,25% Total 16 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2016). 16 Foi perguntado aos entrevistados do questionário quais os meios disponibilizados pelo banco, que existiam a maior taxa de inadimplência, e verificou-se que há uma distribuição dos fatores, sendo o financiamento aquele que apresentou um percentual um pouco mais alto que os outros, cerca de 50%. O cartão de crédito apresentou 31,25% e a concessão de crédito com 12,5% e o cheque especial, ficou em 6,25%. Tabela 11 - Verificação da avaliação de crédito do cliente. ITEM FREQUÊNCIA PORCENTAGEM Sempre 11 68,75% Quando necessário 1 6,25% Na maioria dos casos 4 25% Nunca 0 0% Outros 0 0% Total 16 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2016). É fato que a facilidade de crédito tem contribuído significativamente para um nível maior de endividamento e inadimplência do consumidor (FEINBERG, 1986; MIOTTO, 2013; THOMAS; DESAI; SEENIVASAN, 2011). É por este motivo que a analise do crédito é um dos métodos a serem utilizadas pelas instituições que disponibilizam aos seus clientes empréstimos, financiamentos e outros meios de credito. Segunda a pesquisa, exposta pela Tabela 11, cerca de 68,75% das pessoas que responderam, disseram que sempre há a realização de avaliação de credito do que capta o recurso. Cerca de 25% responderam que na maioria dos casos realiza na maioria dos casos e os 6,25% restantes disseram que quando necessário à averiguação do credor. Tabela 12 - Necessidade de documentos emitidos por contadores para análise de crédito. ITEM FREQUÊNCIA PORCENTAGEM Sempre 2 12,5% Quando necessário 13 81,25% Nunca 1 6,25% Outros 0 0% Total 16 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2016). 17 Foi verificada que os documentos emitidos pelo contador representa apenas 81,25% m casos quando necessário, 22,5% sempre e 6,25% nunca é necessário a obtenção de papeis em que o contador é participante da ação de concessão creditícia. Tabela 13 - Os documentos emitidos pelo contador são suficientes para a verificação da condição de pagamento do cliente. ITEM FREQUÊNCIA PORCENTAGEM Sim 3 18,75% Não 13 81,25% Total 16 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2016). Percebe-se na Tabela 13 que, 81,25% dos entrevistados concordam que a documentação emitida pelo contador não verifica a condição de pagamento dos clientes sendo, portanto ela insuficiente para tal análise. Cerca de 18,75% concordou que estes papeis são suficientes para tal comprovação. Segundo Souza e Gewehr 2016 “O papel do profissional em contabilidade é fundamental para redução da assimetria de informaçãoe produção de material confiável para tomada de decisão dos bancos”. Tabela 14 - Os riscos de crédito dos clientes são medidos. ITEM FREQUÊNCIA PORCENTAGEM Sempre 9 56,25% Quando necessário 7 43,75% Depende do tomador 0 0% Outros 0 0% Total 16 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2016). Em conformidade com o que foi apresentado na Tabela 14, verifica-se que 56,25% da população da pesquisa é afirmativa ao dizer que existe sempre à análise do crédito, e que este são medidos antes da concessão ao cliente. 43,75% destes acreditam que quando necessário é realizada tal intervenção. Silva (1983, p. 53-54) afirma que (...) a atividade bancária de intermediação financeira consiste em captar e emprestar recursos. (...) um banco é uma 18 instituição que vive de avaliar e assumir riscos, tendo forte responsabilidade perante a comunidade, seus empregados, o governo e seus acionistas. Tabela 15 - A análise de crédito previne a instituição de um mal pagador. ITEM FREQUÊNCIA PORCENTAGEM Sim 8 50% Na maioria dos casos 8 50% Nunca 0 0% Total 16 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2016). Na mesma perspectiva a Tabela 15, de na maioria dos casos (50%) acha que a análise prévia do crédito ao cliente preveniria a instituição de possíveis más pagadores, sendo que 50% afirma que sim, existiria uma prevenção à entidade. Identificando assim uma igualdade sobre tal questionamento. Tabela 16 - O cliente que já foi inadimplente, e que realizou o pagamento da sua dívida em situação passada, pode realizar outra operação futuramente nas mesmas circunstâncias da anterior? ITEM FREQUÊNCIA PORCENTAGEM Sim 11 68,57% Não 5 31,25% Total 16 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2016). Em encerramento ao questionário, foi perguntado aos entrevistados se o cliente que passou por uma situação de inadimplência poderia realizar outra operação nas mesmas condições anteriores. O resultado mostrou que 68,75% afirmam que sim e 31,25% afirma que não, como mostrado na Tabela 16. Mesmo o cliente já tivesse sido inadimplente poderia fazer novos créditos sem nenhum prejuízo com os resultados ocorridos no passado. 19 5 CONCLUSÕES A partir do desenvolvimento da pesquisa, verificou-se que as instituições financeiras têm disponibilizado, em um amplo contexto, créditos de maneira facilitada, auxiliando as pessoas físicas e jurídicas nesta concessão. Em meio as dificuldades e crises que o país vem passando, a inadimplência relacionada ao não pagamento das obrigações, tornou-se um problema para as entidades bancárias. O auxilio da verificação e analise do crédito e até a contabilidade, como forma de ajuda para o controle do orçamento pessoal e empresarial. A análise das condições e aspectos dos devedores, além das características do débito destes, formou uma base para a contextualização do problema da pesquisa e sua possível relação e causas da grande inadimplência. Verificou-se na conclusão desse trabalho de pesquisa que os índices de inadimplências entre pessoas físicas e jurídicas estão em uma crescente evolução. É perceptível a necessidade de uma melhor organização financeira e estabilidade financeira, construindo adequadamente um orçamento familiar/empresarial. Entretanto as instituições financeiras estão diminuindo a concessões de créditos aos clientes buscando minimizar o aumento das constantes perdas decorrente destas concessões, principalmente relacionada ao fato da inadimplência por partes dos clientes, procurando efetuar uma análise mais cautelosa dos credores da instituição financeira. Contudo, mesmo com a redução na liberação de credito, a instituição financeira sofre com o nível de inadimplência apresentado, a procura de métodos que melhor se adaptem ao orçamento apresentados pelos clientes, sem que haja diminuição na liberação de créditos e retorno financeiro para entidade. Desta forma, depreende que a contabilidade não vem sendo utilizada como ferramenta de informações, tanto, pessoa física quanto jurídica, como deveria ser, pois ela é um instrumento que melhor fornece informações de qualidade e fidedignidade para um eficiente gerenciamento e tomada de decisões. Estre trabalho limita-se por ter sido realizado apenas um estudo de caso, em instituições bancárias da cidade de Mossoró/RN, fato que não se podem generalizar seus resultados, entretanto torna-se relevante por evidenciar a 20 relevância da ciência contábil, por esse motivo sugere-se a aplicação desta pesquisa em outros segmentos e/ou setores econômicos. 21 REFERÊNCIAS ALVES, F. Qualidade na educação fundamental pública nas capitais brasileiras: tendências, contextos e desafios. 2007. 243 p. Tese (Doutorado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. BANCO CAIXA GERAL; Risco De Crédito. Brasil, 2016. Disponível em: <https://www.bcgbrasil.com.br/Divulgacao-informacoes/Gestao- Risco/Paginas/Risco-de-Credito.aspx>. Acesso em: 19 set. 2016 BRASIL. Presidência da República. Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso em: 20 set. 2016. CAMARGOS, Marcos Antonio de, et. al. Fatores condicionantes de inadimplência em processos de concessão de crédito a micro e pequenas empresas do Estado de Minas Gerais. Revista de Administração Contemporânea. Curitiba, v. 14, n.2, abr, 2010. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC. Brasília. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC>. 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