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MICOSE PULMONAR Os fungos que parasitam o ser humano, tendo como principal órgão o pulmão, são: Paracoccidioides braziliensis, Histoplasma capsulatum, Criptococcus neoformans, Aspergillus sp., Pneumocystis carinii. FUNGOS ENDÊMICOS: Paracoccidioidomicose: É a infecção sistêmica mais comum do Brasil, sendo mais comum em zonas rurais de regiões sul. - Também chamada de blastomicose sul-americana - O paciente se contamina pela inalação do fungo durante atividade agrícolas e não é contagiosa - Mais frequente entre os 30 e 50 anos, sendo mais comum no sexo masculino - Os órgãos mais acometidos são os pulmões, linfonodos, mucosas labial, oral, faríngea, laríngea e traqueal, pele, fígado e baço. Forma aguda: é a minoria e acomete mais crianças e adultos jovens. · Manifestações clínicas: adenomegalia generalizada, hepatoesplenomegalia, febre, adinamia e perda de peso. Forma crônica: Forma mais propensa para uma pneumologia. · Corresponde a cerca de 90% dos casos · Manifestações clínicas típicas: história clínica de meses de evolução com tosse, expectoração, dispneia aos esforços com lenta progressão. - As lesões mucosas acometem lábios, mucosa oral, orofaríngea ou mesmo laríngea, traqueia ou esôfago, tosse seca e/ou odinofagia. - As lesões da pele são polimórficas, ectimas, úlceras ou lesões vegetantes. - SNC pode ser acometido, tendo como consequência cefaleia progressiva, convulsões e déficit motor de instalação lenta progressiva · Exames complementares: radiografia de tórax. Encontrando infiltrado micronodular com diferente tamanho de nódulos, alveolar "asa de morcego", intersticial reticular ou reticulonodular, pequenas cavitações irregulares e confluentes, fibrótico com estrias grosseiras do hilo para a periferia pulmonar. - Hemograma: sendo compatível com doença crônica (anemia e aumento de VHS), eosinofilia (formas agudas) e monocitose (formas crônicas), hipoglicemia, hiponatremia, hipercalemia e eosinofilia em casos de insuficiência adrenal. Diagnóstico: achados histológicos: granulomas, cavidades, infiltração inflamatória alveolar e ao longo dos septos interlobulares e fibrose. É feito então pela presença de fungo micológico. Tratamento: O tratamento é feito em duas fases distintas, a de ataque e manutenção. · Esquemas de tratamento de 6 a 12 meses, dependendo da duração da terapia e melhora clínica. · Drogas de escolha: - Itraconazol 100-200mg/dia, VO, 1x/dia (alto custo) - Cetoconazol 200-400mg/dia (mais barata porém menos potente e com grande riscos de efeitos adversos graves) - Sulfametoxazol-trimetoprim (Bactrim) 800/160mg de 2 a 3x/dia - Casos graves e disseminados: anfotericina B venosa (fase inicial) e Sulfametoxazol-trimetoprim (manutenção). Histoplasmose · Fungo histoplasma capsulatum, bem comum em solo, principalmente em áreas com umidade elevada e temperaturas de 25-30C (cavernas, galinheiro, solos contaminados com esterco de pássaros ou morcegos). · A transmissão quase sempre se dá pela inalação do fungo proveniente no ambiente e não é contagiosa, a infecção chega aos alvéolos causando pneumotite focal e se estende até os linfonodos regionais. · Após o período de incubação (2 a 3 semanas após a infecção) o paciente começa a ter um quadro gripal, com sintomas de febre, cefaléia, calafrios, mialgia, mal estar, tosse seca, dor torácica, dispneia, adenomegalia periférica… · 6% dos pacientes apresentam casos de pericardite aguda · Normalmente, regride espontaneamente em 10 dias a algumas semanas e surge o complexo de Ghon (granulomas cicatriciais visto no pulmão, fígado e baço). · A histoplasmose crônica acomete os pulmões e mediastino e está mais associada aos pacientes com DPOC e bronquiectasias. · O histoplasmomas pode ser confundido com CA de pulmão!! Devido ao seu aumento de tamanho, gerado por estímulos antigênicos, a resposta imune, com inflamação intensa e destruição tecidual na periferia, pode causar fibrose central. Forma crônica: · Mais comum em pacientes com pneumopatia prévia (DPOC, bronquiectasias). · Quadro semelhante ao de tuberculose pulmonar, com início insidioso de sintomas respiratórios. · Quadro mais avançado: hemoptise e graus variáveis de fibrose pulmonar. · É a forma menos relacionada com HIV, mais encontrada em adultos imunocompetentes. Forma disseminada: · Bem relacionado com casos de AIDS e outras formas de imunossupressão, como pacientes transplantados. E existem três formas: - Aguda: Evolui em dias com sintomas de febre/calafrios, tosse, hepatoesplenomegalia, adenomegalias, diarreia, lesões cutâneas, presença de citopenias (isolada ou pancitopenia), encefalite… - Subaguda: Não apresenta tantos sintomas básicos como na forma aguda e tem uma evolução mais demorada, apresenta então citopenia menos comuns e de forma leve, lesões sólidas destrutivas (no pulmão, intestino, vasos sanguíneos e adrenais) podendo provocar ulcerações e até mesmo perfuração intestinal. - Crônica: A forma MENOS relacionada com HIV, apresenta sintomas mais brandos e arrastados, febre ausente ou intermitente, sendo mais localizada e menos sistêmica, porém apresenta lesões cutaneomucosas na cavidade oral ou em outros pontos digestivos. Diagnóstico: · Imagem: Os diagnósticos simulam o padrão de TB. A forma aguda e disseminada apresenta adenopatia hilar e mediastinal, já na forma crônica é bem semelhante a TB pós-primário, com cavitação pulmonar e não se visualiza adenomegalia mediastinal. · Laboratorial: encontra-se várias citopenias, aumento da enzima conversora de angiotensina e da fosfatase alcalina, hiperbilirrubinemia (forma aguda e subaguda). · Deve ser comprovado com identificação ou cultura do fundo no escarro, secreção traqueobrônquica ou material de biópsia. · Reação de cadeia em polimerase (PCR) · Sorologia Tratamento: · A histoplasmose pulmonar aguda leve não requer tratamento, a menos que os sintomas persistam por mais de 3 semanas. Se isso acontecer, entrar com Itraconazol por 6 semanas. · Histoplasmose pulmonar aguda grave: anfotericina B (inicio), seguida ou não de itraconazol. · Formas crônicas: itraconazol e anfotericina B. ASPERGILOSE Sua presença na natureza é ubíqua, sendo encontrado no solo, água e ar. Pode colonizar as vias aéreas proximais de indivíduos normais, sob a forma de hifas e micélio. Formas Clínicas: · Aspergilose Broncopulmonar Alérgica: Causada pela hipersensibilidade crônica do tipo alérgica (tipo I) ao Aspergillus fumigatus. Manifesta-se como uma asma brônquica persistente moderada ou grave, com febre esporádica, tosse com expectoração de tampões mucosos de hifas ou micelas, infiltrados pulmonares migratórios, atelectasias segmentares ou subsegmentares, evoluindo para a formação de bronquiectasias proximais predominando nos lobos superiores (esta é a fase mais avançada, com fibrose pulmonar associada). Laboratorialmente, há eosinofilia importante e aumento da IgE sérica. A doença evolui nos seguintes estágios: agudo, exacerbação, remissão, dependência aos corticoides, fibrose. · Pneumonite por Hipersensibilidade: Quadro clínico radiológico idêntico às outras formas de pneumonite por hipersensibilidade. · Bola Fúngica (Fungus Ball): Os pacientes com lesões cavitárias fibróticas (especialmente aquelas com sequela de tuberculose ou bronquiectasias) podem desenvolver colonização intracavitária por fungos (bola fúngica), sendo o Aspergillus sp. o gênero mais envolvido, daí o nome aspergiloma. O aspergiloma (figura 4) é constituído pela presença de hifas mortas ou viáveis do fungo, muco, células mortas, leucócitos e hemácias, formando uma massa sólida no interior da cavidade, em comunicação com a árvore brônquica. A lesão costuma ser localizada e geralmente não há sintomas sistêmicos. O paciente pode ser assintomático, com a bola fúngica descoberta ao acaso no exame radiológico (figura 5 e 6), ou então apresentar sintomas de tosse crônica, com ou sem hemoptise. A hemoptise pode eventualmente ser de grande monta, inclusive com casos registrados de fatalidade. Febre baixa e emagrecimento são sintomas possíveis. Tratamento: Otratamento está indicado nos casos sintomáticos (especialmente na presença de hemoptise), realizado por cirurgia, com ressecção da bola fúngica. · Aspergilose Pulmonar Invasiva: Infecção pulmonar grave pelo Aspergillus sp. (A. fumigatus, A. flavus, A. niger ou A. terreus). Ocorre quase que exclusivamente em pacientes neutropênicos ou em uso de altas doses de corticosteróides. O quadro clínico mais frequente é o de um paciente neutropênico há mais de dez dias, mantendo febre prolongada, apesar da antibioticoterapia apropriada. Ou seja, muito semelhante à candidemia. O paciente pode apresentar tosse e dispneia progressiva. Sem tratamento, o paciente evolui rapidamente para deterioração do quadro clínico, com insuficiência respiratória e instabilidade hemodinâmica, com alta letalidade. A radiografia de tórax e a TC de tórax mostram infiltrados pulmonares com a presença de múltiplos nódulos pulmonares. Imagens nodulares com halo em sua periferia (sugerindo sangramento perilesional) são muito sugestivas... A coalescência dos nódulos forma infiltrados e condensações alveolares difusas. A evolução é para extensas áreas de necrose do parênquima pulmonar. Dada a gravidade da aspergilose invasiva, tanto o achado do fungo no escarro ou no lavado broncoalveolar da broncoscopia em indivíduos neutropênicos, quanto um exame histopatológico (biópsia pulmonar), mostrando o Aspergillus na intimidade do tecido pulmonar, autorizam o início do tratamento. · O voriconazol se mostrou o agente mais efetivo nesse contexto clínico nos últimos trials e, portanto, é considerado o melhor tratamento para a aspergilose invasiva. O itraconazol é uma alternativa. CRIPTOCOCOSE O fungo Criptococcus neoformans variação neoformans é o agente da meningite criptocócica e da criptococose pulmonar ou disseminada, especialmente em pacientes imunodeprimidos, como aqueles com SIDA/Aids. A criptococcose pulmonar é uma doença semelhante à histoplasmose e pode lembrar bastante a tuberculose primária. Existem a forma aguda e a forma crônica, manifestando-se, respectivamente, como síndrome gripal e dispneia e como um quadro insidioso respiratório. O padrão radiológico inclui infiltrado pulmonar intersticial, alveolar unilateral ou bilateral, imagens nodulares, com adenopatia hilar e mediastinal satélite e/ou derrame pleural. O diagnóstico é feito pelo exame direto, pela cultura ou pela sorologia (látex para criptococo). Tratamento: Apesar da criptococose pulmonar normalmente se resolver espontaneamente, atualmente se recomenda o tratamento com fluconazol (200- -400 mg/dia, por três a seis meses), mesmo nas formas oligossintomáticas e em pacientes imunocompetentes. O mesmo tratamento é recomendado nas formas extrapulmonares não meníngeas. Nos casos graves ou meníngeos, todavia, o tratamento deve ser iniciado com a anfotericina B venosa. Candidíase · Geralmente causada por Candida albicans. · São saprófitas humanos habituais (TGI e mucocutâneo). No pulmão em paciente imuno cometidos (hemopatias malignas,quimioterapia,transplantados, grandes queimados). Quadro clínico: · Tosse, expectoração purulenta e hemoptise. Muitos pacientes têm comprometimento de outros órgãos( fígado, baço e rins). · Candidíase oral; Presença de finas placas brancas, indolores, que são facilmente removíveis, as quais estão relacionadas ao uso de corticoides inalatórios para asma, ou sinal de alguma doença grave. · Vulvovaginite por Candida: prurido vulvar, leucorreia e desconforto local, podem apresentar descamação ou erosões. · Candidíase cutânea: áreas de dobras e apresenta lesões eritematosas e pruriginosas, com pus. Diagnóstico diferencial: · Causas de nódulos pulmonares com ou sem halo de atenuação em vidro fosco. · Rx com opacidades nodulares de m a 3 cm e áreas unilaterais ou bilaterais de consolidação subsegmentar ou segmentar. · TC nódulos pulmonares com e sem halo de vidro fosco(sinal do halo) e focos lobulares, subsegmentares ou segmentares de opacidades em vidro fosco ou consolidação. · Focos lobulares, subsegmentares ou segmentares de opacidades em vidro fosco ou consolidação : aspergilose angioinvasiva, broncopneumonia. Tratamento: