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Apostila CAV - 2021-2024

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Prévia do material em texto

CURSO DE PEDAGOGIA 
 
 
 
MÓDULO 
 
CURRÍCULO 
E 
AVALIAÇÃO 
 
 
 
 
 
2021-2024 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 2 
DIRETORA GERAL 
Suzana Karling 
 
 
 
VICE-DIRETORA GERAL 
Prof.ª Me. Daniela Caldas Acosta 
 
 
 
DIRETOR PEDAGÓGICO 
Prof. Me. Argemiro Aluísio Karling 
 
 
 
COORDENADORA DO CURSO DE PEDAGOGIA 
Profª. Me. Tais Reis Leal Murta 
 
 
 
 
 
 
ELABORAÇÃO DO CONTEÚDO 
Prof. Me. Argemiro Aluísio Karling 
Profª. Me. Nelci Gonçalves Dorigon 
Profª. Me. Gabriela de Angelis Barros 
Profª. Me. Marisa Morales Penati 
 
 
 
 
 
 
 
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA 
Prof. Me. Cleide Durante 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 3 
Nenhuma parte deste fascículo pode ser reproduzida sem autorização expressa do IEC. 
Direitos reservados para 
 
 
INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO E DA CIDADANIA 
Av. Carlos C. Borges, 1828 – Borba Gato CNPJ – 02.684.150/0001-97 
CEP: 87060-000 - Maringá – PR – Fone: (44) 3225-1197 
e-mail: fainsep@fainsep.edu.br 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 4 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO............................................................................ 6 
PLANO DE ENSINO ........................................................................ 7 
INTRODUÇÃO ................................................................................. 8 
UNIDADE 1 ............................................................................................................................ 9 
CURRÍCULO E CONTEÚDO DA APRENDIZAGEM ....................... 9 
1 QUE SE ENTENDE POR CURRÍCULO ....................................... 9 
1.1 COMO SE ORGANIZA O CURRÍCULO ............................................................................................... 9 
1.2 EXEMPLOS DE ELABORAÇÃO DE CURRÍCULO ............................................................................... 10 
1.3 QUEM ORGANIZA O CURRÍCULO .................................................................................................. 20 
1.4 O CONTEÚDO DA APRENDIZAGEM ............................................................................................... 20 
1.5 O PROGRAMA ........................................................................................................................... 23 
1.6 DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO .............................................................. 24 
1.7 RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 04, DE 13 DE JULHO DE 2010 ............................................................. 26 
1.8 RESOLUÇÃO Nº 7, DE 14 DE DEZEMBRODE 2010 ............................................................... 29 
1.9 CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 34 
 
UNIDADE 2 ......................................................................................................................... 36 
HISTÓRICO ESCOLAR DO CURRÍCULO NO BRASIL ............... 36 
UNIDADE 3 ................................................................................................................................... 52 
GLOSSÁRIO DE CURRÍCULO DA UNESCO ........................................................................................ 52 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 5 
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ....................................................................................................... 66 
3.1 EM QUE CONSISTE .................................................................................................................... 66 
3.2 LEGISLAÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO ................................................................................................. 66 
3.3 O QUE DEVE SER AVALIADO ....................................................................................................... 70 
3.4 POR QUE SE DEVE AVALIAR ........................................................................................................ 71 
3.5 QUANDO SE DEVE AVALIAR ........................................................................................................ 72 
3.6 QUEM DEVE AVALIAR ................................................................................................................. 73 
3.7 COMO DEVE SER A AVALIAÇÃO ................................................................................................... 73 
3.8 TIPOS DE AVALIAÇÃO ................................................................................................................. 74 
3.9 FORMAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO .................................................................................. 78 
3.10 O QUE DEVE SER FEITO QUANDO MUITOS ALUNOS VÃO MAL NA AVALIAÇÃO ................................. 87 
3.11 RECOMENDAÇÕES GERAIS QUANTO ÀS PROVAS ........................................................................ 88 
3.12 A AUTOAVALIAÇÃO .................................................................................................................. 91 
3.13 EXPERIÊNCIAS SOBRE AVALIAÇÃO ............................................................................................ 93 
3.14 CONSIDERAÇÕES GERAIS ........................................................................................................ 96 
3.15 PLANEJAMENTO CURRICULAR .................................................................................................. 96 
QUESTÕES DE ESTUDOS ......................................................... 100 
REFERÊNCIAS ............................................................................ 102 
 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 6 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Olá! Prezado acadêmico 
Inicialmente gostaríamos de informá-lo(a) que a missão da FAINSEP é formar 
profissionais educadores, bacharéis e tecnólogos; ampliar a formação humanística de 
pessoas para o pleno exercício da cidadania e preparo básico para funções técnicas e 
serviços gerais; oferecer educação continuada nas mais diversas formas, inclusive para o 
exercício de docência na educação superior; enfim, promover a educação e a cidadania por 
todos os meios, utilizando para tal o conhecimento, o desenvolvimento e a aplicação de 
novas tecnologias e educação a distância. 
A FAINSEP é a única instituição de educação superior do Brasil credenciada e 
recredenciada exclusivamente para Educação a Distância. Isso comprova sua competência 
em educação superior. 
O conteúdo para estudo é entregue a você já escrito, não precisando anotar o que o 
professor, nos cursos presenciais, falaria. Aqui o seu trabalho é ler o texto, responder as 
questões ou problemas e tentar aplicar na vida prática, de acordo com as necessidades. 
Dessa forma, saiba que sua formação e profissionalização durante o curso dar-se-á 
com a construção de conhecimentos e o desenvolvimento de competências necessárias ao 
exercício da profissão. Com isso, espera-se o desenvolvimento de atitudes de reflexão e 
análise da atuação profissional e de valores para bem atuar na sociedade como agente de 
transformação, em busca de uma sociedade mais justa, a partir da identificação e análise 
sociopolíticas e culturais de seu meio. 
No curso será trabalhado o campo teórico e investigativo da área, bem como o 
processo de aprendizagem. Saiba que na FAINSEP, ao término da graduação, você não 
terá apenas um diploma, mas, sim, uma mudança e/ou transformação, tanto nos aspectos 
pessoais como profissionais, tornando-se um indivíduo capaz de autoaprendizagem, crítico, 
criativo e participativo na busca de uma sociedade mais justa. 
Bons estudos! 
 
 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 7 
PLANO DE ENSINO 
 
Módulo: CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
Carga Horária: 80 horas Código: CAV 
 
1. EMENTA 
 
Currículo: conceito; avaliação; componentes;formas ou modelos de organização; 
determinantes; conteúdo da aprendizagem; formas ou modelos de organização de currículo 
escolar; avaliação; objetivos; formas e instrumentos. 
 
2 OBJETIVO GERAL 
 
Conhecer as bases legais, os determinantes e componentes de currículo escolar e o 
processo de sua elaboração. 
 
 
 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 8 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Ressaltamos aqui que o currículo é uma das áreas mais importantes no campo da 
educação. Sendo assim, ampliar a concepção sobre ele é fundamental para todo professor, 
mais ainda gestor educacional. 
Na medida em que se ampliam os diversos campos das ciências da educação, mais 
complexo se torna elaborar um currículo escolar. 
Cada país tem currículos diferentes, de acordo com sua realidade e diversidade 
cultural. Tem filosofia social e às vezes religiosas que exigem políticas de educação e 
currículo próprios. 
A legislação brasileira há muito já flexibilizou o currículo e o conteúdo a ser 
trabalhado na educação. Todavia, poucas foram as mudanças efetivas nos diversos 
sistemas educacionais e instituições de educação. 
Esse módulo pretende ampliar sua visão sobre currículo, capacitando-o a 
compreender a sua importância no campo educacional, bem como as formas de 
desenvolvê-lo. 
Contaremos neste módulo com duas unidades, contendo os seguintes tópicos: 
- Conceituação e componentes do currículo. 
- Formas de organização curricular. 
- Determinantes sociais do currículo. 
- Legislação sobre currículo e avaliação. 
- Competências a desenvolver. 
- Fatores que condicionam a aprendizagem. 
- Diretrizes Curriculares do ensino fundamental. 
- Diretrizes Curriculares do ensino médio. 
- Os conteúdos de aprendizagem: conceituais, comportamentais e atitudinais 
 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 9 
 
UNIDADE 1 
 
Currículo e conteúdo da aprendizagem 
 
1 Que se entende por currículo 
 
Currículo são todas as experiências e atividades que o aluno executa com a 
orientação da escola, com vistas ao alcance dos objetivos. 
Currículo é o processo escolar, é a caminhada escolar do aluno. Nele, insere-se tudo 
o que possa interessar para a aprendizagem do aluno: conteúdo, experiências, atividades, 
estratégias, técnicas, meios auxiliares, cultura ambiental, sociedade, valores. Até mesmo o 
exemplo, os conselhos e as atitudes do professor fazem parte do currículo. Este é o 
conceito mais completo de currículo. 
Por currículo, entende-se também o rol de matérias ou disciplinas de uma etapa da 
educação, de uma fase ou de um curso. Esta concepção é pobre, é incompleta. 
À medida que o aluno vai avançando em escolaridade, as matérias vão se tornando 
mais específicas e mais complexas. Não devemos esquecer, porém, que no currículo entra 
tudo que possa servir de instrumento para ser transformado em ideias, pensamentos e 
objetivos, para formar o sujeito cidadão e profissional competente. 
 
Por outras palavras, um currículo contém o enunciado das finalidades e objectivos 
visados, propõe ou indica uma selecção e organização de conteúdos de ensino, 
implica ou sugere modelos, métodos e actividades de ensinoaprendizagem, em 
virtude dos objectivos que prossegue e da organização de conteúdos que postula; 
inclui, por fim, um plano de avaliação dos resultados da aprendizagem (RIBEIRO, 
1992). 
 
 
1.1 Como se organiza o currículo 
 
Organizar o currículo é interligar e estruturar todos esses componentes, para que se 
tornem úteis à aprendizagem dos alunos. É preciso conhecer a realidade, o que os alunos 
já sabem e planejar a trajetória provável que eles seguirão para alcançar os objetivos 
desejáveis. Começa-se sempre do mais próximo, do mais simples, graduando as 
dificuldades, de acordo com as possibilidades, interesses e necessidades dos alunos. 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 10 
Se temos como objetivo desenvolver a responsabilidade e a solidariedade, não 
precisamos nos preocupar com o conteúdo em si. Este vem embutido nas técnicas que 
forem utilizadas. 
Para desenvolver a responsabilidade, podem ser usados trabalhos em equipe, em 
que cada um tem que cumprir sua tarefa. A cobrança é feita pelos próprios membros do 
grupo. O professor colabora, elogiando a responsabilidade de cada um. As técnicas, a 
cobrança dos colegas e o elogio do professor é currículo nesta situação. 
Existem várias formas de se organizar o currículo que irão depender da abrangência: 
Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação Superior, curso profissionalizante e outros. 
Vamos ater-nos, aqui, à organização do currículo em nível de ano, que interessa 
mais de perto ao professor. Vejamos, a seguir, alguns exemplos de organização de 
currículo. 
 
 
1.2 Exemplos de elaboração de currículo 
 
1.2.1 Currículo centrado nos problemas do aluno e nos sociais 
 
Há pouco tempo, chegou a um pequeno distrito do interior do Paraná uma jovem 
professora recém-nomeada pelo governo do Estado. A professora apresentou-se à diretora 
da escola para assumir suas funções. Coube a ela um terceiro ano do Ensino Fundamental. 
Aliás, a escola possuía apenas seis salas de aula. Havia, para aquele ano letivo, duas 
turmas de 1º ano, duas de 2º ano, uma de 3º e uma de 4º ano. 
A professora ficou sabendo que, na escola, não havia material didático, que a 
biblioteca era bem pobre de livros, que os alunos, em sua maioria, eram filhos de “boias-
frias” e que tinham muitos problemas de saúde. 
Faltavam dez dias para o início das aulas. A professora aproveitou para conhecer 
um pouco sobre a realidade da população do distrito. Saiu para a rua e, alguns metros 
adiante, deparou-se com uma menina de aproximadamente sete anos, varrendo o pátio. 
Chegou perto dela e começou a conversar. Depois de certo tempo, apareceu a mãe da 
garota. A professora apresentou-se e a conversa continuou. 
A professora saiu dali, com uma porção de informações e de dados que julgava 
importantes para si, como professora. 
Notou que a menina andava de pés descalços, tinha muitos dentes bem escuros e 
cariados. Descobriu que a família comia apenas feijão e arroz, ou só polenta, e de vez em 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 11 
quando uma “gordura” de boi ou sopa de osso; chupava, também, cana-de-açúcar, que na 
família não se usava escovar os dentes, que não havia banheiro e nem “casinha”, e que 
faziam as necessidades na capoeira, no fundo do terreno, que lavavam as mãos e os pés 
na panela de fazer polenta e que tomavam banho uma vez por semana. 
No dia seguinte, como era quinta-feira, foi fazer uma visita ao médico no “postinho”. 
Aliás, às quintas-feiras eram os únicos dias em que ele vinha ao distrito. Dali, saiu pasmada 
pelo que ouviu. O médico contou a ela que cerca de 90% das crianças tinham vermes e 
que cerca de 80% eram subnutridas. 
Descobriu, também, que muitas crianças estavam cheias de bichos-de-pé, que a dor 
de barriga e os vômitos eram frequentes entre elas. 
Visitou, também, o cerealista do distrito. Descobriu, ali, o que era produzido na 
localidade: feijão, milho, arroz, algodão, pipoca e amendoim. A certa altura, entraram dois 
senhores no armazém do cerealista, oferecendo feijão. O cerealista propôs pagar R$30,00 
a saca. Um deles disse: “mas o preço mínimo que o Banco do Brasil paga é R$60,00. 
Respondeu o cerealista: “mas eu só posso pagar R$30,00. Se não concordar, leve o seu 
feijão para o Banco do Brasil e espere 50 ou 60 dias para receber”. 
Os dois senhores fecharam negócio ao preço proposto. 
A professora, a partir desses dados, passou a elaborar o currículo para a sua turma. 
Ela destacou como princípio, para isso, a solução dos problemas das crianças e a utilidade 
do conteúdo. 
Selecionou uma série de temas sobre higiene, nutrição e saúde. Ela própria elaborou 
textos bem simples e claros sobre os assuntos, envolvendo ciências, matemática e estudos 
sociais.Nos procedimentos de ensino, trabalhou com centros de interesse em torno de 
alimentação, higiene e saúde. Trabalhou com projetos, com apoio da prefeitura, para 
construção de patentes para as famílias das crianças e para acabar com os vermes nas 
famílias da população. 
As próprias crianças ajudaram na construção das “casinhas”. 
Conseguiu o tratamento dentário de graça, pela Secretaria da Saúde, para todas as 
crianças da escola. 
Formou uma cooperativa com os alunos para fazer uma horta e vender os produtos 
ali cultivados. Um dos pais vizinhos da escola cedeu um hectare para a horta. Os próprios 
alunos cortaram bambu e cercaram o terreno. Em dois meses, começaram as primeiras 
vendas. 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 12 
Enquanto se formava a cooperativa dos alunos, a professora trabalhou também com 
os pais. Após meio ano, estes também organizaram sua cooperativa. Era uma cooperativa 
informal, sem registro, mas que valeu muito para eles. Juntaram a mercadoria num lugar 
só e passaram a vender os produtos para comerciantes da cidade e para o Banco do Brasil, 
em vez de serem explorados pelo cerealista da localidade. 
Ao final do ano, a professora havia recuperado a saúde das crianças e formado 
atitudes e hábitos de grande importância para a vida delas. Desenvolveu o espírito de união, 
de solidariedade e cooperação entre as crianças e também entre os membros da 
comunidade. 
A professora elaborou um currículo centrado nos problemas sociais e dos alunos e, 
à medida do possível, avançava para o domínio das técnicas sociais. 
 
1.2.2 Currículo centrado em necessidades 
 
Esta é outra forma de organizar o currículo, cuja importância consiste em se basear 
em motivos fortes do próprio aluno. 
Há crianças que nunca tiveram a fome saciada completamente. A busca de alimento 
chega a ser obsessão para elas. Segundo as estatísticas, 40% das crianças brasileiras são 
subnutridas. Organizar um currículo em função desta necessidade é até questão de 
humanidade e de justiça. 
Como se faz isso? 
O professor pode selecionar conteúdos, experiências e atividades que envolvam a 
produção de alimentos, ou, então, a aprendizagem de um ofício para poder comprá-los. 
Se for possível, pode ser conseguida uma área de terras próxima à escola para essa 
aprendizagem. O professor convida um agricultor experiente ou um técnico agrícola para 
ajudá-lo nessa tarefa. 
Começa-se, preparando o terreno: tombando-o, adubando-o e fazendo a necessária 
limpeza. Depois, faz-se a plantação. Tomam-se os cuidados necessários para o bom 
desenvolvimento das plantas. Por fim, os alimentos são colhidos para ser consumidos ou 
comercializados. 
Os alunos participam em tudo: no preparo do solo, na escolha dos produtos a serem 
cultivados, na aquisição das sementes ou mudas, no cuidado com as plantas, na colheita 
e na comercialização. 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 13 
Em todas as atividades, os alunos têm que ler para seguir instruções; fazer cálculos 
de quantidade de semente, área, distância, porcentagem de adubação e de mistura de 
defensivos. Aprendem noções de peso e medida: centímetro, metro, metro quadrado, 
milímetro, quilo etc. 
Podem e devem aprender como preparar os alimentos. Aí se deve envolver o 
nutricionista e a cozinheira. 
O professor e o nutricionista estudam, com os alunos, o valor nutritivo de cada 
alimento e as necessidades do corpo humano. São feitas leituras, cálculos de quantos 
gramas de cada alimento a pessoa precisa por semana para estar bem nutrida. 
Destacam-se, também, os cuidados higiênicos a serem tomados com relação ao 
preparo dos alimentos, com relação à alimentação e ao corpo. 
O professor pode aproveitar as oportunidades para fazer trabalhos em grupo e 
discussões. Para as discussões, pode sugerir temas sociais e políticos: O que é que o 
governo deveria fazer para eliminar a fome? O que é que nós podemos fazer para não 
passarmos fome? 
Assim, vimos mais um exemplo de organização de currículo. Certamente, pode-se 
notar que conteúdo, atividades, experiências, meios auxiliares ficaram fundidos. É assim 
mesmo que o conteúdo tem que funcionar. As coisas têm que ser estruturadas em função 
dos objetivos. Matéria separada, estática, apenas para ser estudada, não tem sentido. Tudo 
foi selecionado em função dos objetivos; satisfazer à necessidade de alimentação, 
desenvolver habilidades de produção de alimentos, gerar hábitos de higiene, identificar os 
alimentos necessários à alimentação humana, melhorar a habilidade de preparo dos 
alimentos. 
Observe-se que leitura, estudos sociais e cálculo vieram como meios e não como 
objetivos em si. 
 
1.2.3 Currículo centrado na ação 
 
Uma historinha interessante sobre currículos apareceu numa revista em quadrinhos 
“Chico Bento”, nº 14, editada pela Editora Globo. 
A professora estava sentada a sua escrivaninha, e Chico Bento, em pé, perto desta. 
A professora “tomava” a lição dele: 
 
- “Quem descobriu o Brasil? 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 14 
- Num sei! 
- Quem rezou a primeira missa? 
- Num me alembro! 
- Quem foi o pai da aviação? 
- Sei lá! 
- Ô Chico! Você não sabe nada! 
- Sei! Mais a senhora num pergunta nada do qui eu sei! 
- E o que você sabe? 
- Eu mostro prá senhora! Diz Chico, apontando o dedo para fora.” 
 
A professora saiu junto com o Chico até a casa dele. O Chico pegou uma enxada e 
foi à lavoura. Ali ele mostrou à professora o que ele sabia. Começou a capinar a terra e 
disse: 
“- Sei como roçá a terra! Como perpará! Como ará!” 
Em seguida, ele pegou um saquinho com semete e a semeou no solo. 
“- Sei como semeá a terra, iscoiendo as mió semente!” 
Foi à horta e mostrou à professora como se muda verdura. 
“- Di como se repranta as mudinha di verdura im outro canteiro!” 
Foi ao galpão e pegou um pacotinho de milho e saiu jogando milho para as galinhas. 
“- Di como cuidá das galinha, ganso, pato... 
- Dos remédio qui tenho di dá, quando tão duentinha! 
- Também sei ordenhá uma vaca!” 
E mostrou para a professora que realmente sabia. 
A professora foi acompanhando Chico por toda parte. E ele ia mostrando o que sabia 
fazer. 
“- Aprendi cum minha mãe como fazê mantega, queijo, o mussarela! 
Também aprendi a cuidá do pomar! Como evitá as praga, os inseto!” 
Chico trepou na árvore e apanhou uma fruta. Mostrando a fruta para a professora, 
disse: 
“- Pra senhora!” 
Dali voltaram para a escola. Voltaram ao mesmo lugar em que estavam antes. Chico 
estava perto da escrivaninha da professora. Esta, então, disse a ele: 
“- Dez!” 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 15 
Oxalá, todos os professores fossem sensíveis como a professora desta história. Foi 
ver, observar e constatar, na casa do aluno, o que ele sabia, e que não sabia dizer, mas 
sabia fazer. Este é o saber de fato, não só de palavras. É o currículo centrado na ação. 
 
1.2.4 Currículo centrado em interesses 
 
O ser humano é tremendamente complexo. É um verdadeiro mistério! Há alunos que 
não querem saber de estudar. E muitos professores se irritam com isso. É que esses 
professores estão acostumados a ver tudo pelo lado tradicional: que o aluno teria que 
estudar, estudar todas as “matérias” de forma igual e tirar nota mínima em cada uma. 
É bom lembrar que cada criança, ou adolescente, tem inteligência diferente, gostos 
diferentes, temperamento diferente, enfim, personalidade diferente. Não existe uma criança 
igual à outra. Há algumas que são tão nervosas que não têm paciência de estudar. Outras 
simplesmente dizem: isso não me interessa. E por mais que o professor se esforce, nada 
consegue. 
O que fazer com esses alunos? Se reprovados, desistem da escola. Isso não é a 
solução. Uma coisa a ser feita seria organizar um currículo especial para cada aluno ou 
para cada grupo de alunos com interesses semelhantes. Do contrário, podemser 
desperdiçadas muitas inteligências. Até gênios são colocados para fora do sistema escolar 
pelo currículo tradicional por matérias. 
Há poucos dias um professor universitário contou um fato que podemos aproveitar 
para ilustrar, a situação. Diz ele que conheceu um senhor que, na escola, nunca conseguia 
aprovação. Ficava o tempo todo desenhando. Ele desistiu de estudar. Depois de adulto, 
desenhou um lindo castelo e o construiu. É verdadeira obra de arte. Mas, ficou apenas 
nisso. 
Pergunta-se: se a escola tivesse criado um currículo especial para essa pessoa, o 
que ela poderia ser hoje? 
Em Ouro Preto, cidade histórica de Minas Gerais, de dia veem-se meninos com 
violino ou violão debaixo do braço, certamente indo ou vindo de uma escola de música. À 
noite, ouve-se, em todos os cantos da cidade, o som de violino, acordeão, piano, violão. 
Cada menino faz o seu currículo e procura os meios para alcançar seus objetivos, mas só 
pode fazer isso quem tem condições financeiras. O pobre não tem essa liberdade. 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 16 
É por isso que a escola deveria dar oportunidade de opções, ter currículos 
diversificados para atender às diferenças individuais e dar condições de autorrealização 
para todos. É, aliás, o que manda a legislação brasileira: atender às diferenças individuais. 
 
1.2.5 Currículo centrado no conteúdo 
 
Este tipo de currículo pode ser subdividido em vários outros. 
 
1.2.5.1 Currículo por disciplinas 
É o mais conhecido, mas é o mais ultrapassado. As disciplinas estão constituídas, 
quase sempre, por conteúdos estanques, isolados um do outro e desligados da realidade. 
É o currículo lógico, organizado pelos adultos. Estes supõem saber o que os alunos 
querem, precisam e são capazes de aprender. 
 
1.2.5.2 Currículo fundido 
Neste, as matérias são trabalhadas, sem aparecer. Usam-se atividades em que se 
unem português, estudos sociais, ciências e matemática, sem o aluno se dar conta disso. 
Quando se trabalha com unidade de experiências, centro de interesses e mesmo 
com projetos, o conteúdo, as estratégias e os meios auxiliares é uma coisa só. As matérias 
também se fundem para alcançar os objetivos. Os alunos falam, pesquisam, fazem contas, 
estudam o passado, analisam plantas, olham flores, desenham, cantam, tudo como se 
estivessem apenas vivendo e não estudando. 
Esse tipo de currículo é o mais recomendado para os cinco anos iniciais do Ensino 
Fundamental, depois do centrado na ação, no interesse e nas necessidades. 
 
1.2.5.3 Currículo por áreas ou disciplinas integradas 
Ocorre quando se ligam os assuntos de duas ou mais áreas. Assim, os alunos 
sentirão maior significância das áreas e a sua aplicação, o que facilitará a compreensão. 
Se adotássemos o projeto como método de trabalho, seria fácil a integração. 
Suponhamos ter como projeto “o desmatamento”. Poderíamos estudar, em ciências, as 
espécies vegetais extintas, a ecologia, o meio ambiente e as influências sobre saúde. 
Em história, estudar-se-iam o povoamento do Brasil, os ciclos culturais, as 
migrações, as fontes de renda. Em geografia, estudar-se-iam os efeitos do desmatamento 
sobre a erosão, as águas, o clima; os produtos agrícolas; a vida rural e urbana. Em 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 17 
matemática, far-se-iam cálculos sobre a renda dos diferentes produtos agrícolas, cubagem 
de toras, medidas de nível de água em rios, médias de temperatura mensal ou anual. Em 
português, seriam elaborados relatório de excursões a locais de erosão e a matas; leitura 
e interpretação de textos sobre desmatamento, ecologia e saúde. 
 
1.2.6 Currículo centrado na aprendizagem significativa 
 
Esta forma de organização de currículo envolve principalmente a postura e a 
formação pedagógica do professor. O centro em torno do qual gira a aprendizagem são 
assuntos, temas ou experiências bem próximas aos que o alunos já conhece e gosta. O 
professor dá liberdade para que os alunos ajudem a organizar o currículo, e também 
relaciona o conteúdo e as atividades, de forma a que os alunos sintam utilidade ou 
possibilidade de aplicar aquilo que estão aprendendo. 
 
1.2.6.1 Em que consiste a aprendizagem significativa 
Aprendizagem significativa é aquela que tem significado para o aluno, que tem algum 
interesse ou importância para ele; que vem atender a uma necessidade ou ajudar o aluno 
a resolver um problema. 
Aprendizagem significativa é aquela que o aluno sente a utilidade do que aprendeu 
para a vida e que vem ao encontro de suas curiosidades. É aquela aprendizagem que o 
aluno tem gosto de estudar, que ele compreende e que provoca alguma reação nele 
mesmo. É a aprendizagem em que o aluno liga as experiências anteriores às ideias que 
está aprendendo. É a aprendizagem que parte da base que o aluno já possui. Do contrário, 
ele vai ligar o que com o quê? 
Aprendizagem significativa é a aprendizagem semelhante à vida, aplicável à vida e 
relacionada com as experiências que ela proporciona à pessoa. 
É a aprendizagem ligada às aspirações e à realidade do aluno. É a aprendizagem 
que parte da vida deste para melhorá-la. É a aprendizagem que satisfaz o “eu” do aluno. 
Segundo David F. Ausubel, a aprendizagem significativa pode ser receptiva ou por 
descoberta. 
Na aprendizagem significativa receptiva, o aluno recebe tudo pronto. É a 
aprendizagem preparada pelo professor, mas organizada em função dos interesses, 
desejos, necessidades e aspirações dos alunos. Ela é válida nos anos mais avançadas, 
quando os alunos se tornam mais homogêneos em desenvolvimento intelectual. 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 18 
O professor, para trabalhar com esse tipo de aprendizagem, deve conhecer muito 
bem os alunos, ou mesmo cada um dos alunos, para poder apresentar conteúdo, ou 
estruturas, que os alunos possam entender. Aqui se enquadra a aula expositiva clara e a 
leitura de fácil compreensão. 
Já, a aprendizagem por descoberta é a que o próprio aluno elabora. Ele levanta 
hipóteses, faz experiências, realiza pesquisas, tenta solucionar problemas e chega a 
conclusões. 
 
1.2.6.2 Importância da aprendizagem significativa 
A aprendizagem por descoberta é sempre significativa. Quando a pessoa tem um 
problema, busca a solução deste, pesquisando as informações de que precisa para 
solucioná-lo. Ela busca, sabendo o que quer. Cabe ao professor, no caso, auxiliar o aluno 
na busca das informações. Ninguém procura informações que não entende e de que não 
precisa. Essas informações compreendidas são ligadas às experiências que o aluno já 
possui e usadas para solucionar o problema. 
A grande vantagem da aprendizagem significativa por descoberta é que, nesta, o 
aluno quer aprender, ele precisa aprender e passa a gostar de aprender. Assim, o esforço 
que precisa fazer para ajeitar as ideias não se torna um peso, pois ele descobre o que 
interessa a ele mesmo e pensa sobre o que entende. O material a ser aprendido será tanto 
mais significativo, quanto maiores forem as experiências do aluno, sua prontidão, interesses 
e necessidades. 
A nova aprendizagem é mais fácil, quando as ideias são agrupadas e organizadas. 
O professor deve ajudar o aluno a organizar as ideias de forma compreensiva. Se não 
houver compreensão, não haverá aprendizagem significativa. Sem aprendizagem 
significativa, não há aprendizagem verdadeira. 
A aula expositiva pode ser um excelente método, mas requer muito conhecimento 
de psicologia, de Didática e de conteúdo específico por parte do professor. Este precisa 
escolher o melhor conteúdo, traduzi-lo em linguagem clara e apresentá-lo aos alunos de 
maneira que todos compreendam. Mas, cada aluno tem capacidades e interesses 
diferentes, seria impossível então, atender a cada um. Daí ser melhor a redescoberta. 
Muitas vezes, ouvimos os alunos dizerem que sabem, mas não sabem explicar. Istoquer dizer que eles não têm o significado, sabem o que é, mas não sabem falar ou escrever, 
pois certamente falta experiência, leitura, compreensão e melhor estruturação do assunto. 
Esses significados devem ser adquiridos pela atividade, a partir do concreto, e não apenas 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 19 
pelos livros. As experiências concretas facilitam a aquisição de significados. Os termos 
transacionais, para ligar uma ideia à outra, podem ser adquiridos pela leitura. E quanto mais 
o aluno ler, mais facilidade terá de expressar os significados. Mas, se o aluno não ler, terá 
dificuldade de comunicar suas ideias, seus significados. 
O Ensino Médio e a Educação Superior tornam-se fáceis, quando os conceitos foram 
bem desenvolvidos por meio de atividades concretas e integradoras. Mas, a maioria dos 
alunos aprendeu de forma muito abstrata, com poucas experiências concretas. É por isso 
que eles sentem tanta dificuldade com relação à aprendizagem, às vezes, até simples. 
A ligação das novas ideias com as que a pessoa já possui se faz pela análise, 
reflexão e solução de problemas. As novas ideias deveriam ligar-se a uma porção de ideias 
velhas e não a uma só. Isso faz com que a aprendizagem se torne mais rica. 
Se os alunos souberem resolver um problema criativamente, fica comprovada a 
compreensão significativa. 
Na aprendizagem por descoberta, é o próprio aluno quem elabora o seu 
conhecimento. Passa a ter um conhecimento elaborado, estruturado pela compreensão, 
pelo raciocínio, e não o conhecimento mecânico. 
A aprendizagem significativa provoca alguma reação no aluno, pois tem importância 
para ele. Pode provocar euforia, curiosidade, preocupação, ansiedade e levá-lo a fazer 
muitas experiências. Quanto mais experiências o aluno tiver, maior será sua capacidade 
para adquirir novas aprendizagens e elaborar novas estruturas mentais. 
O próprio aluno quer e pode construir a sua personalidade, “costurando” as ideias 
que for selecionando como úteis e importantes. Se o aluno sentir, perceber que aquilo que 
estiver aprendendo o ajuda a sentir-se melhor, que o ajuda a construir sua vida, então aquilo 
se torna significativo. 
A aprendizagem significativa é importante também porque o aluno aprende 
compreendendo e não decorando. Aprende o sentido e não apenas as palavras. Uma 
aprendizagem compreendida pode ser usada para formar novas ideias e para resolver 
problemas. 
Quando o aluno compreende o que faz, o que lê, estuda ou ouve, sente satisfação, 
porém, se não compreender, ele se distrai, aborrece-se e até “bagunça” pode fazer. 
Se o aluno não notar semelhança entre o conteúdo novo e suas experiências e a 
vida, não sentirá utilidade no que vai estudar. Não sentindo utilidade, não terá interesse e 
não fará esforço. 
 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 20 
1.3 Quem organiza o currículo 
 
Os componentes dos currículos para a Educação Básica, são previstos na Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação - LDB. 
Ao Conselho Nacional de Educação (CNE) cabe fixar as diretrizes curriculares para 
níveis, etapas e modalidades de educação/ensino e curso de Educação Superior, bem 
como os conteúdos da base nacional comum. 
Os Conselhos Estaduais de Educação – CEEs, podem acrescentar outras matérias 
ou áreas na parte diversificada para serem observadas pelo sistema estadual e escolas 
existentes no respectivo estado. 
Depois, cada escola elabora o seu próprio currículo, que é chamado de currículo 
pleno. Nas escolas públicas normalmente o currículo é aprovado pela congregação da 
escola. A congregação é constituída pelos professores, diretor, secretários, supervisor e 
orientador educacional. Mas, para elaborar o currículo, a congregação solicita a 
participação da comunidade e dos alunos. Os membros da comunidade e os alunos são os 
mais interessados no currículo. É justo, pois, que participem ativamente da sua elaboração. 
Dependendo da região, os pais podem querer que seus filhos estudem inglês e 
eletrônica. Em outro lugar, podem querer que seja estudada técnica agrícola e língua 
japonesa. Em algumas comunidades, podem desejar que se dê destaque à educação 
moral, à educação cívica e à disciplina mental. 
Por fim, o próprio professor elabora o currículo para cada turma ou disciplina. Para 
fazer isso, ele sonda as condições, interesses e necessidades dos alunos; seleciona as 
atividades, conteúdos e experiências mais úteis e significativos e estrutura sua 
programação para o ano. 
 
1.4 O conteúdo da aprendizagem 
 
1.4.1 Que se entende por conteúdo 
 
Conteúdo são os conhecimentos acumulados pelo homem no decorrer da história; 
são os fatos, as informações e as experiências; são as atitudes e os valores. É tudo que 
possa servir para desenvolver atitudes, experiências e ideias no aluno. O conteúdo é 
também chamado de matéria. 
 
1.4.2 Quem deve selecionar o conteúdo 
 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 21 
Cada professor é responsável pela seleção do conteúdo para sua disciplina ou 
turma, pois é ele quem faz a análise da realidade, conhece os alunos, suas necessidades 
e interesses. É ele quem elabora os objetivos para a turma e é ele quem vai buscar o seu 
alcance. Portanto, ninguém melhor do que o professor para saber qual é o conteúdo mais 
adequado. 
Mas, é lógico que ele pode ouvir os alunos e mesmo atender às inclinações e 
preferências destes quando estiver trabalhando o conteúdo. Pode, também, fazer a seleção 
do conteúdo, discutindo com seus colegas e mesmo com os pais. 
Antigamente, quando os professores eram menos titulados, o conteúdo era 
elaborado por especialistas do MEC e da Secretaria de Educação do Estado. Esse 
conteúdo era encaminhado às escolas, em forma de programas para cada ano. Hoje, não 
se admite mais isso. Quem planeja melhor executa. E quem executa deve planejar. 
Quanto às matérias e disciplinas, temos poucas opções, pois o currículo já está 
pronto. Mas, quanto ao conteúdo de cada uma, o professor pode escolher o que entender 
como sendo o melhor, em função das necessidades dos alunos e dos objetivos traçados. 
 
1.4.3 Critérios a serem respeitados na seleção dos conteúdos 
 
Na Pré-história, era possível o homem conhecer quase tudo o que tinha descoberto 
no passado. Hoje, isso é absolutamente impossível. Os conhecimentos são tantos, tão 
diversificados e tão complexos, que o homem, com toda sua inteligência e usando todo o 
tempo de vida, pode aprender uma pequeníssima parte. Isso se complica, quando temos 
que escolher uma parte desses conhecimentos para apenas alguns anos de escola. Pior 
ainda, a maioria das crianças reprova ou desiste nos primeiros anos. O que é que elas 
devem aprender, considerando o pouco tempo que ficam na escola? 
Além disso, temos que levar em conta que não é qualquer conteúdo que pode ser 
aprendido pelos alunos. É evidente que existem uns conteúdos melhores que outros, mais 
fáceis; e outros, mais complexos. Quais deles selecionar? 
Para melhor selecionar o conteúdo é necessário levar em conta alguns critérios, que 
veremos a seguir. 
O conteúdo deve ser apropriado à idade dos alunos. Não pode ser muito difícil e nem 
muito fácil. Deve também considerar as características biológicas, psicológicas e sociais da 
maioria dos alunos da sala. Crianças subnutridas e de condições econômicas precárias não 
têm condições de aprender conteúdo difícil e abstrato. Deve-se considerar, também, a 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 22 
saúde e as possibilidades intelectuais dos alunos. Enfim, o conteúdo deve estar relacionado 
à realidade deles. 
O conteúdo deve ir ao encontro dos interesses, necessidades, aspirações e aptidões 
dos alunos. Cada aluno já tem experiências de vida que servem de base para novas 
aprendizagem e que provocam uma série de curiosidades que precisam ser atendidas. 
É necessário considerar o nívelde desenvolvimento intelectual dos alunos incluindo 
as competências. De nada adianta selecionar um conteúdo muito acima de suas condições 
de aprendizagem, ou um conteúdo abaixo que não os fazem progredir. 
O conteúdo tem que ser adequado e coerente com os objetivos, fins e ideal de 
homem imaginados por nós. Se quisermos formar um homem manso, pacífico, obediente, 
o conteúdo é um. Se quisermos um homem rebelde, contestador, criativo e crítico, o 
conteúdo deve ser outro. Não podemos esquecer que as leis já fixam muitos objetivos, fins 
e ideais da educação, e que devem ser lembrados por ocasião da seleção de conteúdo. 
O conteúdo tem que ser selecionado também em função dos problemas e 
necessidades sociais. Não tem sentido uma educação alienada e desligada da realidade. 
O homem nasceu para ser feliz. Se a sociedade tem problemas, estes refletem-se sobre o 
homem, fazendo-o sofrer. A educação pode ajudar a resolvê-los. 
O conteúdo tem que acompanhar a evolução social e o desenvolvimento tecnológico. 
As mudanças são tão rápidas que certos conteúdos precisam ser substituídos, mesmo no 
decorrer do próprio ano letivo. O professor precisa estar sempre bem atualizado para ter 
condições de selecionar conteúdo atual e de acordo com as mais recentes descobertas. O 
conteúdo deve estar ligado com outras áreas ou disciplinas, pois facilita a compreensão e 
dá uma visão mais abrangente de sua utilidade e aplicação. 
Se determinado conteúdo servir para o alcance de vários objetivos ao mesmo tempo 
e para aplicação em outras áreas, tanto melhor. Este é um conteúdo mais rico, mais 
abrangente e mais econômico. 
O conteúdo selecionado deve ser a “nata”, a essência da matéria. Deve também 
abranger aquilo que é mais válido, prático e útil para a vida do aluno e para a sociedade. 
Conteúdo que não vai ser usado nos dias de hoje é perda de tempo. 
Deve-se considerar, também, a filosofia de vida e os costumes da população. Não 
se pode, por exemplo, defender o candomblé ou o espiritismo numa comunidade 
essencialmente luterana, presbiteriana ou católica. Não se pode apoiar o divórcio em 
comunidades em que isso não é aceito. 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 23 
O conteúdo tem que ser significativo; ter alguma relação com a vida dos alunos que 
devem sentir a utilidade e a aplicabilidade dos mesmos. O professor julgar que determinado 
conteúdo seja útil para o aluno. Outra bem diferente é o próprio aluno sentir sua importância 
e utilidade. 
O conteúdo deve ser tal que propicie condições de se desenvolver, sobretudo, uma 
aprendizagem qualificativa e não apenas quantitativa. Deve facilitar o desenvolvimento, por 
exemplo, do raciocínio, da imaginação, da criatividade, da estruturação do pensamento, e 
não apenas conhecer ou guardar nomes, dados, fatos e ideias. 
 
1.5 O programa 
 
O programa expressa a forma de organização e de estruturação de conteúdos. É a 
relação coerente e integrada das diversas atividades, experiências e itens de conteúdo 
entre si. 
 
1.5.1 Critérios a serem observados na organização do programa 
 
No Ensino Fundamental, os programas devem ter organização psicológica, isto é, as 
atividades e experiências devem ser organizadas a partir das experiências que os alunos 
já possuem de casa ou de anos anteriores. É organizar o programa nas possibilidades e 
interesses dos alunos e não naquilo que os adultos julgam como lógico e necessário. No 
programa psicológico, uma experiência puxa a outra e, em cada uma o aluno, obtém 
informações, tira conclusões que servem para a experiência seguinte. A aprendizagem de 
conteúdo é decorrência natural das atividades. 
Nos anos mais adiantadas, é possível a organização mais lógica. Cada tópico ou 
item do programa deve ter ligação com o anterior e com o seguinte e também com a matéria 
toda. Ideias, informações ou itens soltos ficam perdidos, pois não serão compreendidos, 
“costurados” ou estruturados. 
Cada item do programa deve ter sentido e ligação com os demais; deve ser de fácil 
compreensão em função da sua estruturação com os itens próximos. Os itens, juntos, 
devem representar a estrutura da matéria como um todo. Devem formar um todo com suas 
partes bem ligadas. 
Os tópicos mais fáceis devem vir antes para servir de fundamento para os 
subsequentes. Devem ser graduados e ter sequência para que sejam de fácil compreensão 
e não tenham interrupção. 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 24 
A enunciação do tópico deve ser clara e objetiva, isto é, não deve oferecer dúvida 
quanto ao que queria dizer e ser escrito com poucas palavras. 
O programa deve ser organizado, de tal forma que haja coerência entre os seus 
itens, que sua estrutura possibilite o uso do que for aprendido e facilite a transferência para 
outros campos do conhecimento, assim como para a solução de problemas específicos e 
sociais. 
Entre dezembro de 2010 e maio de 2012, o Conselho Nacional de Educação (CNE) 
elaborou as diretrizes curriculares atualizadas para a Educação Básica, da Educação 
Infantil, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio e da Educação Profissional. Essas 
diretrizes são orientações gerais para que as escolas, redes e sistemas de ensino elaborem 
os seus currículos. Concluídas e homologadas pelo MEC, com o objetivo de atualizar a Lei 
de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996 e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de 
1997, as novas diretrizes são complementadas com o que foi denominado de "expectativas 
de aprendizagem", uma relação de conhecimentos que os jovens deverão saber, após o 
encerramento de cada série ou ciclo, junto às condições necessárias para que essa 
aprendizagem aconteça. 
 
1.6 Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação 
 
Elaboradas para cada um dos níveis de ensino, bem como suas modalidades, é 
importante esclarecer que Diretrizes Curriculares Nacionais é o conjunto de definições 
doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos da educação básica, 
expressas pela Câmara de Educação Básica do CNE, que orientarão as escolas brasileiras 
dos sistemas de ensino na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas 
propostas pedagógicas (BRZEZINSKI, 2000). 
O Conselho Nacional de Educação (CNE), ao elaborar as DCN para níveis e 
modalidades de ensino, de caráter obrigatório, apresenta intrinsecamente sua proposta de 
gestão da educação. 
Tomemos como primeiro objeto de interpretação as DCN para o ensino fundamental. 
Nelas, o CNE explicita as DCN como o conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, 
fundamentos e procedimentos na educação básica que orientarão as escolas brasileiras 
dos sistemas de ensino, na organização, na articulação, no desenvolvimento e na avaliação 
de suas propostas pedagógicas. 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 25 
O CNE também estabelece que as escolas deverão observar como elementos 
norteadores de suas ações pedagógicas os princípios éticos da autonomia, da 
responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum; os princípios políticos dos 
direitos e deveres de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem 
democrática; os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade e da diversidade de 
manifestações artísticas e culturais. 
Apontam, ainda, as DCN para o Ensino Fundamental – Parecer CNE/CEB nº 04/98 
– que, ao definir suas propostas pedagógicas, fica estabelecido que as escolas deverão 
explicitar o reconhecimento da identidade pessoal de alunos, professores e outros 
profissionais e a identidade de cada unidade escolar e de seus respectivos sistemas de 
ensino. 
Para as DCN, as escolas deverão reconhecer alguns pontos: 
 as aprendizagens são constituídas na interação entre os processos de 
conhecimento, linguagem e afetivo, como consequência das relações entre as 
distintas identidades dos vários participantes do contexto escolarizado, por ações 
intere intrassubjetivas; 
 as diversas experiências de vida dos alunos, professores e demais 
participantes do ambiente escolar, expressas pelas múltiplas formas de diálogo, 
devem contribuir para a constituição de identidades afirmativas, persistentes e 
capazes de protagonizar ações solidárias e autônomas de constituição, de 
conhecimentos e valores indispensáveis à vida cidadã. 
 
Nesse aspecto, as diretrizes estão apontando para o significado conceitual de 
currículo, a base nacional comum, a sua parte diversificada e os conteúdos mínimos das 
áreas de conhecimento. 
Apresenta e exige, para tal, que, em todas as escolas, deverá ser garantida a 
igualdade de acesso dos alunos a uma base nacional comum, de maneira a legitimar a 
unidade e a qualidade da ação pedagógica na diversidade nacional. 
Esses aspectos da vida cidadã devem estar transversalmente ligados às áreas do 
conhecimento contidas nos componentes curriculares de língua portuguesa, língua materna 
(aquela falada pelos índios e imigrantes), matemática, ciências, geografia, história, língua 
estrangeira moderna, educação artística, educação física e ensino religioso. 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 26 
Essa instituição, proposta nas DCN, de uma base nacional comum e sua parte 
diversificada, supõe um novo paradigma curricular que articule a educação fundamental 
com a vida cidadã. 
O significado que é atribuído à vida cidadã é o do exercício de direitos e deveres de 
pessoas, grupos e instituições na sociedade, que, em sinergia, influem sobre múltiplos 
aspectos, podendo, assim, viver bem e transformar a convivência para melhor. 
A Resolução CNE/CEB nº 5/2009, de 17/12/2009, fixa Diretrizes Curriculares 
Nacionais (DCNs) para a Educação Infantil, a serem observadas na organização das 
propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil, integrantes dos diversos 
sistemas de ensino. 
Quais os fundamentos norteadores que devem ser observados? 
As DCN para a Educação Infantil, além de nortear as propostas curriculares e os 
projetos pedagógicos, estabelecem paradigmas para a concepção destes programas de 
cuidado e educação, com qualidade, em esforço conjunto com suas famílias. 
A partir dessas diretrizes, os professores deverão planejar o seu currículo, com a 
consciência de que a Educação Infantil é bastante complexa e que precisa apresentar 
inúmeras competências para obter êxito em seu trabalho. 
 
1.7 Resolução CNE/CEB nº 04, de 13 de julho de 2010 
 
Define Diretrizes Curriculares Nacionais 
Gerais para a Educação Básica. 
TÍTULO I 
OBJETIVOS 
 
Art. 2º Estas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica têm por objetivos: 
I - sistematizar os princípios e as diretrizes gerais da Educação Básica contidos na Constituição, n 
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e demais dispositivos legais, traduzindo-os 
em orientações que contribuam para assegurar a formação básica comum nacional, tendo como foco os 
sujeitos que dão vida ao currículo e à escola; 
II - estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar a formulação, a execução e a avaliação 
do projeto político-pedagógico da escola de Educação Básica; 
III - orientar os cursos de formação inicial e continuada de docentes e demais profissionais da 
Educação Básica, os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as escolas que os integram, 
indistintamente da rede a que pertençam. 
Art. 3º As Diretrizes Curriculares Nacionais específicas para as etapas e modalidades da Educação 
Básica devem evidenciar o seu papel de indicador de opções políticas, sociais, culturais, educacionais, e a 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 27 
função da educação, na sua relação com um projeto de Nação, tendo como referência os objetivos 
constitucionais, fundamentando-se na cidadania e na dignidade da pessoa, o que pressupõe igualdade, 
liberdade, pluralidade, diversidade, respeito, justiça social, solidariedade e sustentabilidade. 
 
CAPÍTULO I 
FORMAS PARA A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR 
 
Art. 13. O currículo, assumindo como referência os princípios educacionais garantidos à educação, 
assegurados no artigo 4º desta Resolução, configura-se como o conjunto de valores e práticas que 
proporcionam a produção, a socialização de significados no espaço social e contribuem intensamente para a 
construção de identidades socioculturais dos educandos. 
§ 1º O currículo deve difundir os valores fundamentais do interesse social, dos direitos e deveres dos 
cidadãos, do respeito ao bem comum e à ordem democrática, considerando as condições de escolaridade 
dos estudantes em cada estabelecimento, a orientação para o trabalho, a promoção de práticas educativas 
formais e não-formais. 
§ 2º Na organização da proposta curricular, deve-se assegurar o entendimento de currículo como 
experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, 
articulando vivências e saberes dos estudantes com os conhecimentos historicamente acumulados e 
contribuindo para construir as identidades dos educandos. 
§ 3º A organização do percurso formativo, aberto e contextualizado, deve ser construída em função 
das peculiaridades do meio e das características, interesses e necessidades dos estudantes, incluindo não 
só os componentes curriculares centrais obrigatórios, previstos na legislação e nas normas educacionais, 
mas outros, também, de modo flexível e variável, conforme cada projeto escolar, e assegurando: 
I - concepção e organização do espaço curricular e físico que se imbriquem e alarguem, incluindo 
espaços, ambientes e equipamentos que não apenas as salas de aula da escola, mas, igualmente, os 
espaços de outras escolas e os socioculturais e esportivo-recreativos do entorno, da cidade e mesmo da 
região; 
II - ampliação e diversificação dos tempos e espaços curriculares que pressuponham profissionais da 
educação dispostos a inventar e construir a escola de qualidade social, com responsabilidade compartilhada 
com as demais autoridades que respondem pela gestão dos órgãos do poder público, na busca de parcerias 
possíveis e necessárias, até porque educar é responsabilidade da família, do Estado e da sociedade; 
III - escolha da abordagem didático-pedagógica disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar ou 
transdisciplinar pela escola, que oriente o projeto político-pedagógico e resulte de pacto estabelecido entre 
os profissionais da escola, conselhos escolares e comunidade, subsidiando a organização da matriz 
curricular, a definição de eixos temáticos e a constituição de redes de aprendizagem; 
IV - compreensão da matriz curricular entendida como propulsora de movimento, dinamismo curricular 
e educacional, de tal modo que os diferentes campos do conhecimento possam se coadunar com o conjunto 
de atividades educativas; 
V - organização da matriz curricular entendida como alternativa operacional que embase a gestão do 
currículo escolar e represente subsídio para a gestão da escola (na organização do tempo e do espaço 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 28 
curricular, distribuição e controle do tempo dos trabalhos docentes), passo para uma gestão centrada na 
abordagem interdisciplinar, organizada por eixos temáticos, mediante interlocução entre os diferentes campos 
do conhecimento; 
VI - entendimento de que eixos temáticos são uma forma de organizar o trabalho pedagógico, 
limitando a dispersão do conhecimento, fornecendo o cenário no qual se constroem objetos de estudo, 
propiciando a concretização da proposta pedagógica centrada na visão interdisciplinar, superando o 
isolamento das pessoas e a compartimentalização de conteúdos rígidos; 
VII - estímulo à criação de métodos didático-pedagógicos utilizando-se recursos tecnológicos de 
informação e comunicação, a serem inseridos no cotidiano escolar, a fim de superar a distância entre 
estudantesque aprendem a receber informação com rapidez utilizando a linguagem digital e professores que 
dela ainda não se apropriaram; 
VIII - constituição de rede de aprendizagem, entendida como um conjunto de ações didático-
pedagógicas, com foco na aprendizagem e no gosto de aprender, subsidiada pela consciência de que o 
processo de comunicação entre estudantes e professores é efetivado por meio de práticas e recursos 
diversos; 
IX - adoção de rede de aprendizagem, também, como ferramenta didático-pedagógica relevante nos 
programas de formação inicial e continuada de profissionais da educação, sendo que esta opção requer 
planejamento sistemático integrado estabelecido entre sistemas educativos ou conjunto de unidades 
escolares; 
§ 4º A transversalidade é entendida como uma forma de organizar o trabalho didático-pedagógico em 
que temas e eixos temáticos são integrados às disciplinas e às áreas ditas convencionais, de forma a estarem 
presentes em todas elas. 
§ 5º A transversalidade difere da interdisciplinaridade e ambas se complementam, rejeitando a 
concepção de conhecimento que toma a realidade como algo estável, pronto e acabado. 
§ 6º A transversalidade refere-se à dimensão didático-pedagógica, e a interdisciplinaridade, à 
abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento. 
 
CAPÍTULO II 
FORMAÇÃO BÁSICA COMUM E PARTE DIVERSIFICADA 
 
Art. 14. A base nacional comum na Educação Básica constitui-se de conhecimentos, saberes e 
valores produzidos culturalmente, expressos nas políticas públicas e gerados nas instituições produtoras do 
conhecimento científico e tecnológico; no mundo do trabalho; no desenvolvimento das linguagens; nas 
atividades desportivas e corporais; na produção artística; nas formas diversas de exercício da cidadania; e 
nos movimentos sociais. 
§ 1º Integram a base nacional comum nacional: 
a) a Língua Portuguesa; 
b) a Matemática; 
c) o conhecimento do mundo físico, natural, da realidade social e política, especialmente do Brasil, 
incluindo-se o estudo da História e das Culturas Afro-Brasileira e Indígena, 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 29 
d) a Arte, em suas diferentes formas de expressão, incluindo-se a música; 
e) a Educação Física; 
f) o Ensino Religioso. 
§ 2º Tais componentes curriculares são organizados pelos sistemas educativos, em forma de áreas 
de conhecimento, disciplinas, eixos temáticos, preservando-se a especificidade dos diferentes campos do 
conhecimento, por meio dos quais se desenvolvem as habilidades indispensáveis ao exercício da cidadania, 
em ritmo compatível com as etapas do desenvolvimento integral do cidadão. 
§ 3º A base nacional comum e a parte diversificada não podem se constituir em dois blocos distintos, 
com disciplinas específicas para cada uma dessas partes, mas devem ser organicamente planejadas e 
geridas de tal modo que as tecnologias de informação e comunicação perpassem transversalmente a 
proposta curricular, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, imprimindo direção aos projetos político-
pedagógicos. 
Art. 15. A parte diversificada enriquece e complementa a base nacional comum, prevendo o estudo 
das características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da comunidade escolar, 
perpassando todos os tempos e espaços curriculares constituintes do Ensino Fundamental e do Ensino 
Médio, independentemente do ciclo da vida no qual os sujeitos tenham acesso à escola. 
§ 1º A parte diversificada pode ser organizada em temas gerais, na forma de eixos temáticos, 
selecionados colegiadamente pelos sistemas educativos ou pela unidade escolar. 
§ 2º A LDB inclui o estudo de, pelo menos, uma língua estrangeira moderna na parte diversificada, 
cabendo sua escolha à comunidade escolar, dentro das possibilidades da escola, que deve considerar o 
atendimento das características locais, regionais, nacionais e transnacionais, tendo em vista as demandas do 
mundo do trabalho e da internacionalização de toda ordem de relações. 
§ 3º A língua espanhola, por força da Lei nº 11.161/2005, é obrigatoriamente ofertada no Ensino 
Médio, embora facultativa para o estudante, bem como possibilitada no Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano. 
Art. 16. Leis específicas, que complementam a LDB, determinam que sejam incluídos componentes 
não disciplinares, como temas relativos ao trânsito, ao meio ambiente e à condição e direitos do idoso. 
 
1.8 RESOLUÇÃO Nº 7, DE 14 DE DEZEMBRODE 2010 
 
 Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino 
Fundamental de 9 (nove) anos. 
 
O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, de conformidade 
com o disposto na alínea “c” do § 1º do art. 9º da Lei nº 4.024/61, com a redação dada pela Lei nº 9.131/95, 
no art. 32 da Lei nº 9.394/96, na Lei nº 11.274/2006, e com fundamento no Parecer CNE/CEB nº 11/2010, 
homologado por Despacho do Senhor Ministro de Estado da Educação, publicado no DOU de 9 de dezembro 
de 2010, resolve: 
Art. 1º A presente Resolução fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 
9 (nove) anos a serem observadas na organização curricular dos sistemas de ensino e de suas unidades 
escolares. 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 30 
Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articulam-
se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e 
Resolução CNE/CEB nº 4/2010) e reúnem princípios, fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho 
Nacional de Educação, para orientar as políticas públicas educacionais e a elaboração, implementação e 
avaliação das orientações curriculares nacionais, das propostas curriculares dos Estados, do Distrito Federal, 
dos Municípios, e dos projetos político-pedagógicos das escolas. Parágrafo único. Estas Diretrizes 
Curriculares Nacionais aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental previstas na Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, bem como à Educação do Campo, à Educação Escolar Indígena 
e à Educação Escolar Quilombola. 
 
CURRÍCULO 
 
Art. 9º O currículo do Ensino Fundamental é entendido, nesta Resolução, como constituído pelas 
experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, 
buscando articular vivências e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e 
contribuindo para construir as identidades dos estudantes. 
§ 1º O foco nas experiências escolares significa que as orientações e as propostas curriculares que 
provêm das diversas instâncias só terão concretude por meio das ações educativas que envolvem os alunos. 
§ 2º As experiências escolares abrangem todos os aspectos do ambiente escolar:, aqueles que 
compõem a parte explícita do currículo, bem como os que também contribuem, de forma implícita, para a 
aquisição de conhecimentos socialmente relevantes. Valores, atitudes, sensibilidade e orientações de 
conduta são veiculados não só pelos conhecimentos, mas por meio de rotinas, rituais, normas de convívio 
social, festividades, pela distribuição do tempo e organização do espaço educativo, pelos materiais utilizados 
na aprendizagem e pelo recreio, enfim, pelas vivências proporcionadas pela escola. 
§ 3º Os conhecimentos escolares são aqueles que as diferentes instâncias que produzem orientações 
sobre o currículo, as escolas e os professores selecionam e transformam a fim de que possam ser ensinados 
e aprendidos, ao mesmo tempo em que servem de elementos para a formação ética, estética e política do 
aluno. 
 
BASE NACIONAL COMUM E PARTE DIVERSIFICADA: COMPLEMENTARIDADE 
 
Art. 10 O currículo do Ensino Fundamental tem uma base nacional comum, complementada em cada 
sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar por uma parte diversificada. 
Art. 11 A base nacional comum e a parte diversificada do currículo do Ensino Fundamentalconstituem 
um todo integrado e não podem ser consideradas como dois blocos distintos. 
§ 1º A articulação entre a base nacional comum e a parte diversificada do currículo do Ensino 
Fundamental possibilita a sintonia dos interesses mais amplos de formação básica do cidadão com a 
realidade local, as necessidades dos alunos, as características regionais da sociedade, da cultura e da 
economia e perpassa todo o currículo. 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 31 
§ 2º Voltados à divulgação de valores fundamentais ao interesse social e à preservação da ordem 
democrática, os conhecimentos que fazem parte da base nacional comum a que todos devem ter acesso, 
independentemente da região e do lugar em que vivem, asseguram a característica unitária das orientações 
curriculares nacionais, das propostas curriculares dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, e dos 
projetos político-pedagógicos das escolas. 
§ 3º Os conteúdos curriculares que compõem a parte diversificada do currículo serão definidos pelos 
sistemas de ensino e pelas escolas, de modo a complementar e enriquecer o currículo, assegurando a 
contextualização dos conhecimentos escolares em face das diferentes realidades. 
Art. 12 Os conteúdos que compõem a base nacional comum e a parte diversificada têm origem nas 
disciplinas científicas, no desenvolvimento das linguagens, no mundo do trabalho, na cultura e na tecnologia, 
na produção artística, nas atividades desportivas e corporais, na área da saúde e ainda incorporam saberes 
como os que advêm das formas diversas de exercício da cidadania, dos movimentos sociais, da cultura 
escolar, da experiência docente, do cotidiano e dos alunos. 
Art. 13 Os conteúdos a que se refere o art. 12 são constituídos por componentes curriculares que, 
por sua vez, se articulam com as áreas de conhecimento, a saber: Linguagens, Matemática, Ciências da 
Natureza e Ciências Humanas. As áreas de conhecimento favorecem a comunicação entre diferentes 
conhecimentos sistematizados e entre estes e outros saberes, mas permitem que os referenciais próprios de 
cada componente curricular sejam preservados. 
Art. 14 O currículo da base nacional comum do Ensino Fundamental deve abranger, obrigatoriamente, 
conforme o art. 26 da Lei nº 9.394/96, o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do 
mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente a do Brasil, bem como o ensino da Arte, 
a Educação Física e o Ensino Religioso. 
Art. 15 Os componentes curriculares obrigatórios do Ensino Fundamental serão assim organizados 
em relação às áreas de conhecimento: 
I – Linguagens: 
a) Língua Portuguesa; 
b) Língua Materna, para populações indígenas; 
c) Língua Estrangeira moderna; 
d) Arte; e 
e) Educação Física; 
II – Matemática; 
III – Ciências da Natureza; 
IV – Ciências Humanas: 
a) História; 
b) Geografia; 
V – Ensino Religioso. 
§ 1º O Ensino Fundamental deve ser ministrado em língua portuguesa, assegurada também às 
comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem, 
conforme o art. 210, § 2º, da Constituição Federal. 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 32 
§ 2º O ensino de História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias 
para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia (art. 26, § 4º, 
da Lei nº 9.394/96). 
§ 3º A história e as culturas indígena e afro-brasileira, presentes, obrigatoriamente, nos conteúdos 
desenvolvidos no âmbito de todo o currículo escolar e, em especial, no ensino de Arte, Literatura e História 
do Brasil, assim como a História da África, deverão assegurar o conhecimento e o reconhecimento desses 
povos para a constituição da nação (conforme art. 26-A da Lei nº 9.394/96, alterado pela Lei nº 11.645/2008). 
Sua inclusão possibilita ampliar o leque de referências culturais de toda a população escolar e contribui para 
a mudança das suas concepções de mundo, transformando os conhecimentos comuns veiculados pelo 
currículo e contribuindo para a construção de identidades mais plurais e solidárias. 
§ 4º A Música constitui conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular Arte, o 
qual compreende também as artes visuais, o teatro e a dança, conforme o § 6º do art. 26 da Lei nº 9.394/96. 
§ 5º A Educação Física, componente obrigatório do currículo do Ensino Fundamental, integra a 
proposta político-pedagógica da escola e será facultativa ao aluno apenas nas circunstâncias previstas no § 
3º do art. 26 da Lei nº 9.394/96. 
§ 6º O Ensino Religioso, de matrícula facultativa ao aluno, é parte integrante da formação básica do 
cidadão e constitui componente curricular dos horários normais das escolas públicas de Ensino Fundamental, 
assegurado o respeito à diversidade cultural e religiosa do Brasil e vedadas quaisquer formas de proselitismo, 
conforme o art. 33 da Lei nº 9.394/96. 
Art. 16 Os componentes curriculares e as áreas de conhecimento devem articular em seus conteúdos, 
a partir das possibilidades abertas pelos seus referenciais, a abordagem de temas abrangentes e 
contemporâneos que afetam a vida humana em escala global, regional e local, bem como na esfera individual. 
Temas como saúde, sexualidade e gênero, vida familiar e social, assim como os direitos das crianças e 
adolescentes, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), preservação do meio 
ambiente, nos termos da política nacional de educação ambiental (Lei nº 9.795/99), educação para o 
consumo, educação fiscal, trabalho, ciência e tecnologia, e diversidade cultural devem permear o 
desenvolvimento dos conteúdos da base nacional comum e da parte diversificada do currículo. 
§ 1º Outras leis específicas que complementam a Lei nº 9.394/96 determinam que sejam ainda 
incluídos temas relativos à condição e aos direitos dos idosos (Lei nº 10.741/2003) e à educação para o 
trânsito (Lei nº 9.503/97). 
§ 2º A transversalidade constitui uma das maneiras de trabalhar os componentes curriculares, as 
áreas de conhecimento e os temas sociais em uma perspectiva integrada, conforme a Diretrizes Curriculares 
Nacionais Gerais para a Educação Básica (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010). 
§ 3º Aos órgãos executivos dos sistemas de ensino compete a produção e a disseminação de 
materiais subsidiários ao trabalho docente, que contribuam para a eliminação de discriminações, racismo, 
sexismo, homofobia e outros preconceitos e que conduzam à adoção de comportamentos responsáveis e 
solidários em relação aos outros e ao meio ambiente. 
Art. 17 Na parte diversificada do currículo do Ensino Fundamental será incluído, obrigatoriamente, a 
partir do 6º ano, o ensino de, pelo menos, uma Língua Estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da 
comunidade escolar. 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 33 
Parágrafo único. Entre as línguas estrangeiras modernas, a língua espanhola poderá ser a opção, 
nos termos da Lei nº 11.161/2005. 
 
RELEVÂNCIA DOS CONTEÚDOS, INTEGRAÇÃO E ABORDAGENS 
 
Art. 24 A necessária integração dos conhecimentos escolares no currículo favorece a sua 
contextualização e aproxima o processo educativo das experiências dos alunos. 
§ 1º A oportunidade de conhecer e analisar experiências assentadas em diversas concepções de 
currículo integrado e interdisciplinar oferecerá aos docentes subsídios para desenvolver propostas 
pedagógicas que avancem na direção de um trabalho colaborativo, capaz de superar a fragmentação dos 
componentes curriculares. 
§ 2º Constituem exemplos de possibilidades de integração do currículo, entre outros, as propostas 
curriculares ordenadas em torno de grandes eixos articuladores, projetos interdisciplinares com base em 
temas geradores formulados a partir de questões da comunidadee articulados aos componentes curriculares 
e às áreas de conhecimento, currículos em rede, propostas ordenadas em torno de conceitos-chave ou 
conceitos nucleares que permitam trabalhar as questões cognitivas e as questões culturais numa perspectiva 
transversal, e projetos de trabalho com diversas acepções. 
§ 3º Os projetos propostos pela escola, comunidade, redes e sistemas de ensino serão articulados 
ao desenvolvimento dos componentes curriculares e às áreas de conhecimento, observadas as disposições 
contidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Resolução CNE/CEB nº 
4/2010, art. 17) e nos termos do Parecer que dá base à presente Resolução. 
Art. 25 Os professores levarão em conta a diversidade sociocultural da população escolar, as 
desigualdades de acesso ao consumo de bens culturais e a multiplicidade de interesses e necessidades 
apresentadas pelos alunos no desenvolvimento de metodologias e estratégias variadas que melhor 
respondam às diferenças de aprendizagem entre os estudantes e às suas demandas. 
Art. 26 Os sistemas de ensino e as escolas assegurarão adequadas condições de trabalho aos seus 
profissionais e o provimento de outros insumos, de acordo com os padrões mínimos de qualidade referidos 
no inciso IX do art. 4º da Lei nº 9.394/96 e em normas específicas estabelecidas pelo Conselho Nacional de 
Educação, com vistas à criação de um ambiente propício à aprendizagem, com base: 
I – no trabalho compartilhado e no compromisso individual e coletivo dos professores e demais 
profissionais da escola com a aprendizagem dos alunos; 
II – no atendimento às necessidades específicas de aprendizagem de cada um mediante abordagens 
apropriadas; 
III – na utilização dos recursos disponíveis na escola e nos espaços sociais e culturais do entorno; 
IV – na contextualização dos conteúdos, assegurando que a aprendizagem seja relevante e 
socialmente significativa; 
V – no cultivo do diálogo e de relações de parceria com as famílias. Parágrafo único. Como 
protagonistas das ações pedagógicas, caberá aos docentes equilibrar a ênfase no reconhecimento e 
valorização da experiência do aluno e da cultura local que contribui para construir identidades afirmativas, e 
a necessidade de lhes fornecer instrumentos mais complexos de análise da realidade que possibilitem o 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 34 
acesso a níveis universais de explicação dos fenômenos, propiciando-lhes os meios para transitar entre a sua 
e outras realidades e culturas e participar de diferentes esferas da vida social, econômica e política. 
Art. 27 Os sistemas de ensino, as escolas e os professores, com o apoio das famílias e da 
comunidade, envidarão esforços para assegurar o progresso contínuo dos alunos no que se refere ao seu 
desenvolvimento pleno e à aquisição de aprendizagens significativas, lançando mão de todos os recursos 
disponíveis e criando renovadas oportunidades para evitar que a trajetória escolar discente seja retardada ou 
indevidamente interrompida. 
§ 1º Devem, portanto, adotar as providências necessárias para que a operacionalização do princípio 
da continuidade não seja traduzida como “promoção automática” de alunos de um ano, série ou ciclo para o 
seguinte, e para que o combate à repetência não se transforme em descompromisso com o ensino e a 
aprendizagem. 
§ 2º A organização do trabalho pedagógico incluirá a mobilidade e a flexibilização dos tempos e 
espaços escolares, a diversidade nos agrupamentos de alunos, as diversas linguagens artísticas, a 
diversidade de materiais, os variados suportes literários, as atividades que mobilizem o raciocínio, as atitudes 
investigativas, as abordagens complementares e as atividades de reforço, a articulação entre a escola e a 
comunidade, e o acesso aos espaços de expressão cultural. 
Art. 28 A utilização qualificada das tecnologias e conteúdos das mídias como recurso aliado ao 
desenvolvimento do currículo contribui para o importante papel que tem a escola como ambiente de inclusão 
digital e de utilização crítica das tecnologias da informação e comunicação, requerendo o aporte dos sistemas 
de ensino no que se refere à: 
I – provisão de recursos midiáticos atualizados e em número suficiente para o atendimento aos 
alunos; 
II – adequada formação do professor e demais profissionais da escola. 
 
1.9 Conclusão 
 
A questão do currículo ainda é bastante complexa, alguns autores querem que o 
currículo seja tratado como parte da Didática, como um capítulo da Didática; há aqueles, 
entretanto, que consideram currículo como um processo global, integrador dos objetivos da 
educação, do conteúdo, dos procedimentos de ensino, dos recursos de ensino e da 
avaliação. Seria tratado como disciplina à parte e com visão sistêmica mais abrangente que 
o próprio planejamento de ensino. 
Nesse capítulo, utilizamos a abordagem integradora por entender ser mais coerente 
com o desenvolvimento do processo da educação. Talvez o que mais falte na educação 
seja exatamente essa integração entre objetivos, conteúdos, procedimentos de ensino, 
recursos, meios, estrutura do ensino e avaliação. 
Preferimos, também, abordar o currículo de forma mais livre, mais psicológica, 
menos lógica. Por isso, destacamos a questão do conteúdo e não do programa. O conteúdo 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 35 
foi tratado tendo como componentes: o conteúdo propriamente dito, as experiências, as 
atividades, a palavra, os valores sociais e as atitudes e o exemplo do próprio professor. 
Programa dá impressão de coisa pronta, estática, invariável. É preciso que todo professor 
tenha uma visão mais aberta e mais flexível sobre a forma de trabalhar o conteúdo. 
 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 36 
 
UNIDADE 2 
 
II Histórico Escolar do Currículo no Brasil 
 
Nesta unidade, vou tratar do histórico escolar do currículo no Brasil desde de 1834. 
Este histórico nos dará informações relevantes sobre conceito, componentes, objetivos e 
até algumas estratégias de aprendizagem, sobre o qual fiz extratos e resumos dos pontos 
mais importantes de Moreira (1955), no livro: 
Introdução ao Estudo do Currículo da Escola Primária 
João Roberto Moreira 
CILEME – INEP – Rio de Janeiro, 1955 
 
Capítulo I – Noções preliminares 
1 – Compreensão do conceito de currículo: 
 Em sentido geral, currículo escolar é o conjunto organizado das atividades de 
aprender a ensinar, que se processou na escola. Modernamente, ele é considerado como 
o conjunto de todas as experiências do aluno, isto é, deve variar como variam as diferenças 
individuais. 
2 – A reconstrução do ensino primário deve ser feita sem choques com o tradicional e o 
clássico, nem contra a mentalidade dominante de sua clientela e do professorado, no que 
toca aos objetivos e aos meios do ensino elementar. 
O método para o estudo do currículo aqui usado é o histórico e o comparativo. 
 
Capítulo II – A formação do Currículo Tradicional 
1 – Origens sociais e econômicas da escola primária comum: 
O currículo tradicional resultou em uma conjuntura social que remonta aos primórdios 
do liberalismo e da Revolução Industrial. 
A corporação data da mais remota Antiguidade e teve várias formas e fins. Nas 
corporações, além da iniciação das aprendizagens no trabalho artesanal, ocorreram as 
providências, depois o saber ler e calcular, assim foi a escola de primeiras letras. 
As primeiras escolas populares nasceram de necessidades práticas e encontraram 
logo o apoio de duas ordens de fato: a descoberta da imprensa e a Reforma Protestante. 
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 
 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 37 
O “iluminismo” racionalista e o naturalismo romântico influenciaram no currículo, 
gerando as condições sociais, econômicas e culturais que originaram a escola primária. 
O fundamental à formação comum da intelectualidade era adquirir

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