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CURSO DE PEDAGOGIA MÓDULO CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 2021-2024 CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 2 DIRETORA GERAL Suzana Karling VICE-DIRETORA GERAL Prof.ª Me. Daniela Caldas Acosta DIRETOR PEDAGÓGICO Prof. Me. Argemiro Aluísio Karling COORDENADORA DO CURSO DE PEDAGOGIA Profª. Me. Tais Reis Leal Murta ELABORAÇÃO DO CONTEÚDO Prof. Me. Argemiro Aluísio Karling Profª. Me. Nelci Gonçalves Dorigon Profª. Me. Gabriela de Angelis Barros Profª. Me. Marisa Morales Penati REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA Prof. Me. Cleide Durante CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 3 Nenhuma parte deste fascículo pode ser reproduzida sem autorização expressa do IEC. Direitos reservados para INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO E DA CIDADANIA Av. Carlos C. Borges, 1828 – Borba Gato CNPJ – 02.684.150/0001-97 CEP: 87060-000 - Maringá – PR – Fone: (44) 3225-1197 e-mail: fainsep@fainsep.edu.br CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 4 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO............................................................................ 6 PLANO DE ENSINO ........................................................................ 7 INTRODUÇÃO ................................................................................. 8 UNIDADE 1 ............................................................................................................................ 9 CURRÍCULO E CONTEÚDO DA APRENDIZAGEM ....................... 9 1 QUE SE ENTENDE POR CURRÍCULO ....................................... 9 1.1 COMO SE ORGANIZA O CURRÍCULO ............................................................................................... 9 1.2 EXEMPLOS DE ELABORAÇÃO DE CURRÍCULO ............................................................................... 10 1.3 QUEM ORGANIZA O CURRÍCULO .................................................................................................. 20 1.4 O CONTEÚDO DA APRENDIZAGEM ............................................................................................... 20 1.5 O PROGRAMA ........................................................................................................................... 23 1.6 DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO .............................................................. 24 1.7 RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 04, DE 13 DE JULHO DE 2010 ............................................................. 26 1.8 RESOLUÇÃO Nº 7, DE 14 DE DEZEMBRODE 2010 ............................................................... 29 1.9 CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 34 UNIDADE 2 ......................................................................................................................... 36 HISTÓRICO ESCOLAR DO CURRÍCULO NO BRASIL ............... 36 UNIDADE 3 ................................................................................................................................... 52 GLOSSÁRIO DE CURRÍCULO DA UNESCO ........................................................................................ 52 CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 5 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ....................................................................................................... 66 3.1 EM QUE CONSISTE .................................................................................................................... 66 3.2 LEGISLAÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO ................................................................................................. 66 3.3 O QUE DEVE SER AVALIADO ....................................................................................................... 70 3.4 POR QUE SE DEVE AVALIAR ........................................................................................................ 71 3.5 QUANDO SE DEVE AVALIAR ........................................................................................................ 72 3.6 QUEM DEVE AVALIAR ................................................................................................................. 73 3.7 COMO DEVE SER A AVALIAÇÃO ................................................................................................... 73 3.8 TIPOS DE AVALIAÇÃO ................................................................................................................. 74 3.9 FORMAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO .................................................................................. 78 3.10 O QUE DEVE SER FEITO QUANDO MUITOS ALUNOS VÃO MAL NA AVALIAÇÃO ................................. 87 3.11 RECOMENDAÇÕES GERAIS QUANTO ÀS PROVAS ........................................................................ 88 3.12 A AUTOAVALIAÇÃO .................................................................................................................. 91 3.13 EXPERIÊNCIAS SOBRE AVALIAÇÃO ............................................................................................ 93 3.14 CONSIDERAÇÕES GERAIS ........................................................................................................ 96 3.15 PLANEJAMENTO CURRICULAR .................................................................................................. 96 QUESTÕES DE ESTUDOS ......................................................... 100 REFERÊNCIAS ............................................................................ 102 CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 6 APRESENTAÇÃO Olá! Prezado acadêmico Inicialmente gostaríamos de informá-lo(a) que a missão da FAINSEP é formar profissionais educadores, bacharéis e tecnólogos; ampliar a formação humanística de pessoas para o pleno exercício da cidadania e preparo básico para funções técnicas e serviços gerais; oferecer educação continuada nas mais diversas formas, inclusive para o exercício de docência na educação superior; enfim, promover a educação e a cidadania por todos os meios, utilizando para tal o conhecimento, o desenvolvimento e a aplicação de novas tecnologias e educação a distância. A FAINSEP é a única instituição de educação superior do Brasil credenciada e recredenciada exclusivamente para Educação a Distância. Isso comprova sua competência em educação superior. O conteúdo para estudo é entregue a você já escrito, não precisando anotar o que o professor, nos cursos presenciais, falaria. Aqui o seu trabalho é ler o texto, responder as questões ou problemas e tentar aplicar na vida prática, de acordo com as necessidades. Dessa forma, saiba que sua formação e profissionalização durante o curso dar-se-á com a construção de conhecimentos e o desenvolvimento de competências necessárias ao exercício da profissão. Com isso, espera-se o desenvolvimento de atitudes de reflexão e análise da atuação profissional e de valores para bem atuar na sociedade como agente de transformação, em busca de uma sociedade mais justa, a partir da identificação e análise sociopolíticas e culturais de seu meio. No curso será trabalhado o campo teórico e investigativo da área, bem como o processo de aprendizagem. Saiba que na FAINSEP, ao término da graduação, você não terá apenas um diploma, mas, sim, uma mudança e/ou transformação, tanto nos aspectos pessoais como profissionais, tornando-se um indivíduo capaz de autoaprendizagem, crítico, criativo e participativo na busca de uma sociedade mais justa. Bons estudos! CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 7 PLANO DE ENSINO Módulo: CURRÍCULO E AVALIAÇÃO Carga Horária: 80 horas Código: CAV 1. EMENTA Currículo: conceito; avaliação; componentes;formas ou modelos de organização; determinantes; conteúdo da aprendizagem; formas ou modelos de organização de currículo escolar; avaliação; objetivos; formas e instrumentos. 2 OBJETIVO GERAL Conhecer as bases legais, os determinantes e componentes de currículo escolar e o processo de sua elaboração. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 8 INTRODUÇÃO Ressaltamos aqui que o currículo é uma das áreas mais importantes no campo da educação. Sendo assim, ampliar a concepção sobre ele é fundamental para todo professor, mais ainda gestor educacional. Na medida em que se ampliam os diversos campos das ciências da educação, mais complexo se torna elaborar um currículo escolar. Cada país tem currículos diferentes, de acordo com sua realidade e diversidade cultural. Tem filosofia social e às vezes religiosas que exigem políticas de educação e currículo próprios. A legislação brasileira há muito já flexibilizou o currículo e o conteúdo a ser trabalhado na educação. Todavia, poucas foram as mudanças efetivas nos diversos sistemas educacionais e instituições de educação. Esse módulo pretende ampliar sua visão sobre currículo, capacitando-o a compreender a sua importância no campo educacional, bem como as formas de desenvolvê-lo. Contaremos neste módulo com duas unidades, contendo os seguintes tópicos: - Conceituação e componentes do currículo. - Formas de organização curricular. - Determinantes sociais do currículo. - Legislação sobre currículo e avaliação. - Competências a desenvolver. - Fatores que condicionam a aprendizagem. - Diretrizes Curriculares do ensino fundamental. - Diretrizes Curriculares do ensino médio. - Os conteúdos de aprendizagem: conceituais, comportamentais e atitudinais CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 9 UNIDADE 1 Currículo e conteúdo da aprendizagem 1 Que se entende por currículo Currículo são todas as experiências e atividades que o aluno executa com a orientação da escola, com vistas ao alcance dos objetivos. Currículo é o processo escolar, é a caminhada escolar do aluno. Nele, insere-se tudo o que possa interessar para a aprendizagem do aluno: conteúdo, experiências, atividades, estratégias, técnicas, meios auxiliares, cultura ambiental, sociedade, valores. Até mesmo o exemplo, os conselhos e as atitudes do professor fazem parte do currículo. Este é o conceito mais completo de currículo. Por currículo, entende-se também o rol de matérias ou disciplinas de uma etapa da educação, de uma fase ou de um curso. Esta concepção é pobre, é incompleta. À medida que o aluno vai avançando em escolaridade, as matérias vão se tornando mais específicas e mais complexas. Não devemos esquecer, porém, que no currículo entra tudo que possa servir de instrumento para ser transformado em ideias, pensamentos e objetivos, para formar o sujeito cidadão e profissional competente. Por outras palavras, um currículo contém o enunciado das finalidades e objectivos visados, propõe ou indica uma selecção e organização de conteúdos de ensino, implica ou sugere modelos, métodos e actividades de ensinoaprendizagem, em virtude dos objectivos que prossegue e da organização de conteúdos que postula; inclui, por fim, um plano de avaliação dos resultados da aprendizagem (RIBEIRO, 1992). 1.1 Como se organiza o currículo Organizar o currículo é interligar e estruturar todos esses componentes, para que se tornem úteis à aprendizagem dos alunos. É preciso conhecer a realidade, o que os alunos já sabem e planejar a trajetória provável que eles seguirão para alcançar os objetivos desejáveis. Começa-se sempre do mais próximo, do mais simples, graduando as dificuldades, de acordo com as possibilidades, interesses e necessidades dos alunos. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 10 Se temos como objetivo desenvolver a responsabilidade e a solidariedade, não precisamos nos preocupar com o conteúdo em si. Este vem embutido nas técnicas que forem utilizadas. Para desenvolver a responsabilidade, podem ser usados trabalhos em equipe, em que cada um tem que cumprir sua tarefa. A cobrança é feita pelos próprios membros do grupo. O professor colabora, elogiando a responsabilidade de cada um. As técnicas, a cobrança dos colegas e o elogio do professor é currículo nesta situação. Existem várias formas de se organizar o currículo que irão depender da abrangência: Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação Superior, curso profissionalizante e outros. Vamos ater-nos, aqui, à organização do currículo em nível de ano, que interessa mais de perto ao professor. Vejamos, a seguir, alguns exemplos de organização de currículo. 1.2 Exemplos de elaboração de currículo 1.2.1 Currículo centrado nos problemas do aluno e nos sociais Há pouco tempo, chegou a um pequeno distrito do interior do Paraná uma jovem professora recém-nomeada pelo governo do Estado. A professora apresentou-se à diretora da escola para assumir suas funções. Coube a ela um terceiro ano do Ensino Fundamental. Aliás, a escola possuía apenas seis salas de aula. Havia, para aquele ano letivo, duas turmas de 1º ano, duas de 2º ano, uma de 3º e uma de 4º ano. A professora ficou sabendo que, na escola, não havia material didático, que a biblioteca era bem pobre de livros, que os alunos, em sua maioria, eram filhos de “boias- frias” e que tinham muitos problemas de saúde. Faltavam dez dias para o início das aulas. A professora aproveitou para conhecer um pouco sobre a realidade da população do distrito. Saiu para a rua e, alguns metros adiante, deparou-se com uma menina de aproximadamente sete anos, varrendo o pátio. Chegou perto dela e começou a conversar. Depois de certo tempo, apareceu a mãe da garota. A professora apresentou-se e a conversa continuou. A professora saiu dali, com uma porção de informações e de dados que julgava importantes para si, como professora. Notou que a menina andava de pés descalços, tinha muitos dentes bem escuros e cariados. Descobriu que a família comia apenas feijão e arroz, ou só polenta, e de vez em CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 11 quando uma “gordura” de boi ou sopa de osso; chupava, também, cana-de-açúcar, que na família não se usava escovar os dentes, que não havia banheiro e nem “casinha”, e que faziam as necessidades na capoeira, no fundo do terreno, que lavavam as mãos e os pés na panela de fazer polenta e que tomavam banho uma vez por semana. No dia seguinte, como era quinta-feira, foi fazer uma visita ao médico no “postinho”. Aliás, às quintas-feiras eram os únicos dias em que ele vinha ao distrito. Dali, saiu pasmada pelo que ouviu. O médico contou a ela que cerca de 90% das crianças tinham vermes e que cerca de 80% eram subnutridas. Descobriu, também, que muitas crianças estavam cheias de bichos-de-pé, que a dor de barriga e os vômitos eram frequentes entre elas. Visitou, também, o cerealista do distrito. Descobriu, ali, o que era produzido na localidade: feijão, milho, arroz, algodão, pipoca e amendoim. A certa altura, entraram dois senhores no armazém do cerealista, oferecendo feijão. O cerealista propôs pagar R$30,00 a saca. Um deles disse: “mas o preço mínimo que o Banco do Brasil paga é R$60,00. Respondeu o cerealista: “mas eu só posso pagar R$30,00. Se não concordar, leve o seu feijão para o Banco do Brasil e espere 50 ou 60 dias para receber”. Os dois senhores fecharam negócio ao preço proposto. A professora, a partir desses dados, passou a elaborar o currículo para a sua turma. Ela destacou como princípio, para isso, a solução dos problemas das crianças e a utilidade do conteúdo. Selecionou uma série de temas sobre higiene, nutrição e saúde. Ela própria elaborou textos bem simples e claros sobre os assuntos, envolvendo ciências, matemática e estudos sociais.Nos procedimentos de ensino, trabalhou com centros de interesse em torno de alimentação, higiene e saúde. Trabalhou com projetos, com apoio da prefeitura, para construção de patentes para as famílias das crianças e para acabar com os vermes nas famílias da população. As próprias crianças ajudaram na construção das “casinhas”. Conseguiu o tratamento dentário de graça, pela Secretaria da Saúde, para todas as crianças da escola. Formou uma cooperativa com os alunos para fazer uma horta e vender os produtos ali cultivados. Um dos pais vizinhos da escola cedeu um hectare para a horta. Os próprios alunos cortaram bambu e cercaram o terreno. Em dois meses, começaram as primeiras vendas. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 12 Enquanto se formava a cooperativa dos alunos, a professora trabalhou também com os pais. Após meio ano, estes também organizaram sua cooperativa. Era uma cooperativa informal, sem registro, mas que valeu muito para eles. Juntaram a mercadoria num lugar só e passaram a vender os produtos para comerciantes da cidade e para o Banco do Brasil, em vez de serem explorados pelo cerealista da localidade. Ao final do ano, a professora havia recuperado a saúde das crianças e formado atitudes e hábitos de grande importância para a vida delas. Desenvolveu o espírito de união, de solidariedade e cooperação entre as crianças e também entre os membros da comunidade. A professora elaborou um currículo centrado nos problemas sociais e dos alunos e, à medida do possível, avançava para o domínio das técnicas sociais. 1.2.2 Currículo centrado em necessidades Esta é outra forma de organizar o currículo, cuja importância consiste em se basear em motivos fortes do próprio aluno. Há crianças que nunca tiveram a fome saciada completamente. A busca de alimento chega a ser obsessão para elas. Segundo as estatísticas, 40% das crianças brasileiras são subnutridas. Organizar um currículo em função desta necessidade é até questão de humanidade e de justiça. Como se faz isso? O professor pode selecionar conteúdos, experiências e atividades que envolvam a produção de alimentos, ou, então, a aprendizagem de um ofício para poder comprá-los. Se for possível, pode ser conseguida uma área de terras próxima à escola para essa aprendizagem. O professor convida um agricultor experiente ou um técnico agrícola para ajudá-lo nessa tarefa. Começa-se, preparando o terreno: tombando-o, adubando-o e fazendo a necessária limpeza. Depois, faz-se a plantação. Tomam-se os cuidados necessários para o bom desenvolvimento das plantas. Por fim, os alimentos são colhidos para ser consumidos ou comercializados. Os alunos participam em tudo: no preparo do solo, na escolha dos produtos a serem cultivados, na aquisição das sementes ou mudas, no cuidado com as plantas, na colheita e na comercialização. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 13 Em todas as atividades, os alunos têm que ler para seguir instruções; fazer cálculos de quantidade de semente, área, distância, porcentagem de adubação e de mistura de defensivos. Aprendem noções de peso e medida: centímetro, metro, metro quadrado, milímetro, quilo etc. Podem e devem aprender como preparar os alimentos. Aí se deve envolver o nutricionista e a cozinheira. O professor e o nutricionista estudam, com os alunos, o valor nutritivo de cada alimento e as necessidades do corpo humano. São feitas leituras, cálculos de quantos gramas de cada alimento a pessoa precisa por semana para estar bem nutrida. Destacam-se, também, os cuidados higiênicos a serem tomados com relação ao preparo dos alimentos, com relação à alimentação e ao corpo. O professor pode aproveitar as oportunidades para fazer trabalhos em grupo e discussões. Para as discussões, pode sugerir temas sociais e políticos: O que é que o governo deveria fazer para eliminar a fome? O que é que nós podemos fazer para não passarmos fome? Assim, vimos mais um exemplo de organização de currículo. Certamente, pode-se notar que conteúdo, atividades, experiências, meios auxiliares ficaram fundidos. É assim mesmo que o conteúdo tem que funcionar. As coisas têm que ser estruturadas em função dos objetivos. Matéria separada, estática, apenas para ser estudada, não tem sentido. Tudo foi selecionado em função dos objetivos; satisfazer à necessidade de alimentação, desenvolver habilidades de produção de alimentos, gerar hábitos de higiene, identificar os alimentos necessários à alimentação humana, melhorar a habilidade de preparo dos alimentos. Observe-se que leitura, estudos sociais e cálculo vieram como meios e não como objetivos em si. 1.2.3 Currículo centrado na ação Uma historinha interessante sobre currículos apareceu numa revista em quadrinhos “Chico Bento”, nº 14, editada pela Editora Globo. A professora estava sentada a sua escrivaninha, e Chico Bento, em pé, perto desta. A professora “tomava” a lição dele: - “Quem descobriu o Brasil? CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 14 - Num sei! - Quem rezou a primeira missa? - Num me alembro! - Quem foi o pai da aviação? - Sei lá! - Ô Chico! Você não sabe nada! - Sei! Mais a senhora num pergunta nada do qui eu sei! - E o que você sabe? - Eu mostro prá senhora! Diz Chico, apontando o dedo para fora.” A professora saiu junto com o Chico até a casa dele. O Chico pegou uma enxada e foi à lavoura. Ali ele mostrou à professora o que ele sabia. Começou a capinar a terra e disse: “- Sei como roçá a terra! Como perpará! Como ará!” Em seguida, ele pegou um saquinho com semete e a semeou no solo. “- Sei como semeá a terra, iscoiendo as mió semente!” Foi à horta e mostrou à professora como se muda verdura. “- Di como se repranta as mudinha di verdura im outro canteiro!” Foi ao galpão e pegou um pacotinho de milho e saiu jogando milho para as galinhas. “- Di como cuidá das galinha, ganso, pato... - Dos remédio qui tenho di dá, quando tão duentinha! - Também sei ordenhá uma vaca!” E mostrou para a professora que realmente sabia. A professora foi acompanhando Chico por toda parte. E ele ia mostrando o que sabia fazer. “- Aprendi cum minha mãe como fazê mantega, queijo, o mussarela! Também aprendi a cuidá do pomar! Como evitá as praga, os inseto!” Chico trepou na árvore e apanhou uma fruta. Mostrando a fruta para a professora, disse: “- Pra senhora!” Dali voltaram para a escola. Voltaram ao mesmo lugar em que estavam antes. Chico estava perto da escrivaninha da professora. Esta, então, disse a ele: “- Dez!” CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 15 Oxalá, todos os professores fossem sensíveis como a professora desta história. Foi ver, observar e constatar, na casa do aluno, o que ele sabia, e que não sabia dizer, mas sabia fazer. Este é o saber de fato, não só de palavras. É o currículo centrado na ação. 1.2.4 Currículo centrado em interesses O ser humano é tremendamente complexo. É um verdadeiro mistério! Há alunos que não querem saber de estudar. E muitos professores se irritam com isso. É que esses professores estão acostumados a ver tudo pelo lado tradicional: que o aluno teria que estudar, estudar todas as “matérias” de forma igual e tirar nota mínima em cada uma. É bom lembrar que cada criança, ou adolescente, tem inteligência diferente, gostos diferentes, temperamento diferente, enfim, personalidade diferente. Não existe uma criança igual à outra. Há algumas que são tão nervosas que não têm paciência de estudar. Outras simplesmente dizem: isso não me interessa. E por mais que o professor se esforce, nada consegue. O que fazer com esses alunos? Se reprovados, desistem da escola. Isso não é a solução. Uma coisa a ser feita seria organizar um currículo especial para cada aluno ou para cada grupo de alunos com interesses semelhantes. Do contrário, podemser desperdiçadas muitas inteligências. Até gênios são colocados para fora do sistema escolar pelo currículo tradicional por matérias. Há poucos dias um professor universitário contou um fato que podemos aproveitar para ilustrar, a situação. Diz ele que conheceu um senhor que, na escola, nunca conseguia aprovação. Ficava o tempo todo desenhando. Ele desistiu de estudar. Depois de adulto, desenhou um lindo castelo e o construiu. É verdadeira obra de arte. Mas, ficou apenas nisso. Pergunta-se: se a escola tivesse criado um currículo especial para essa pessoa, o que ela poderia ser hoje? Em Ouro Preto, cidade histórica de Minas Gerais, de dia veem-se meninos com violino ou violão debaixo do braço, certamente indo ou vindo de uma escola de música. À noite, ouve-se, em todos os cantos da cidade, o som de violino, acordeão, piano, violão. Cada menino faz o seu currículo e procura os meios para alcançar seus objetivos, mas só pode fazer isso quem tem condições financeiras. O pobre não tem essa liberdade. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 16 É por isso que a escola deveria dar oportunidade de opções, ter currículos diversificados para atender às diferenças individuais e dar condições de autorrealização para todos. É, aliás, o que manda a legislação brasileira: atender às diferenças individuais. 1.2.5 Currículo centrado no conteúdo Este tipo de currículo pode ser subdividido em vários outros. 1.2.5.1 Currículo por disciplinas É o mais conhecido, mas é o mais ultrapassado. As disciplinas estão constituídas, quase sempre, por conteúdos estanques, isolados um do outro e desligados da realidade. É o currículo lógico, organizado pelos adultos. Estes supõem saber o que os alunos querem, precisam e são capazes de aprender. 1.2.5.2 Currículo fundido Neste, as matérias são trabalhadas, sem aparecer. Usam-se atividades em que se unem português, estudos sociais, ciências e matemática, sem o aluno se dar conta disso. Quando se trabalha com unidade de experiências, centro de interesses e mesmo com projetos, o conteúdo, as estratégias e os meios auxiliares é uma coisa só. As matérias também se fundem para alcançar os objetivos. Os alunos falam, pesquisam, fazem contas, estudam o passado, analisam plantas, olham flores, desenham, cantam, tudo como se estivessem apenas vivendo e não estudando. Esse tipo de currículo é o mais recomendado para os cinco anos iniciais do Ensino Fundamental, depois do centrado na ação, no interesse e nas necessidades. 1.2.5.3 Currículo por áreas ou disciplinas integradas Ocorre quando se ligam os assuntos de duas ou mais áreas. Assim, os alunos sentirão maior significância das áreas e a sua aplicação, o que facilitará a compreensão. Se adotássemos o projeto como método de trabalho, seria fácil a integração. Suponhamos ter como projeto “o desmatamento”. Poderíamos estudar, em ciências, as espécies vegetais extintas, a ecologia, o meio ambiente e as influências sobre saúde. Em história, estudar-se-iam o povoamento do Brasil, os ciclos culturais, as migrações, as fontes de renda. Em geografia, estudar-se-iam os efeitos do desmatamento sobre a erosão, as águas, o clima; os produtos agrícolas; a vida rural e urbana. Em CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 17 matemática, far-se-iam cálculos sobre a renda dos diferentes produtos agrícolas, cubagem de toras, medidas de nível de água em rios, médias de temperatura mensal ou anual. Em português, seriam elaborados relatório de excursões a locais de erosão e a matas; leitura e interpretação de textos sobre desmatamento, ecologia e saúde. 1.2.6 Currículo centrado na aprendizagem significativa Esta forma de organização de currículo envolve principalmente a postura e a formação pedagógica do professor. O centro em torno do qual gira a aprendizagem são assuntos, temas ou experiências bem próximas aos que o alunos já conhece e gosta. O professor dá liberdade para que os alunos ajudem a organizar o currículo, e também relaciona o conteúdo e as atividades, de forma a que os alunos sintam utilidade ou possibilidade de aplicar aquilo que estão aprendendo. 1.2.6.1 Em que consiste a aprendizagem significativa Aprendizagem significativa é aquela que tem significado para o aluno, que tem algum interesse ou importância para ele; que vem atender a uma necessidade ou ajudar o aluno a resolver um problema. Aprendizagem significativa é aquela que o aluno sente a utilidade do que aprendeu para a vida e que vem ao encontro de suas curiosidades. É aquela aprendizagem que o aluno tem gosto de estudar, que ele compreende e que provoca alguma reação nele mesmo. É a aprendizagem em que o aluno liga as experiências anteriores às ideias que está aprendendo. É a aprendizagem que parte da base que o aluno já possui. Do contrário, ele vai ligar o que com o quê? Aprendizagem significativa é a aprendizagem semelhante à vida, aplicável à vida e relacionada com as experiências que ela proporciona à pessoa. É a aprendizagem ligada às aspirações e à realidade do aluno. É a aprendizagem que parte da vida deste para melhorá-la. É a aprendizagem que satisfaz o “eu” do aluno. Segundo David F. Ausubel, a aprendizagem significativa pode ser receptiva ou por descoberta. Na aprendizagem significativa receptiva, o aluno recebe tudo pronto. É a aprendizagem preparada pelo professor, mas organizada em função dos interesses, desejos, necessidades e aspirações dos alunos. Ela é válida nos anos mais avançadas, quando os alunos se tornam mais homogêneos em desenvolvimento intelectual. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 18 O professor, para trabalhar com esse tipo de aprendizagem, deve conhecer muito bem os alunos, ou mesmo cada um dos alunos, para poder apresentar conteúdo, ou estruturas, que os alunos possam entender. Aqui se enquadra a aula expositiva clara e a leitura de fácil compreensão. Já, a aprendizagem por descoberta é a que o próprio aluno elabora. Ele levanta hipóteses, faz experiências, realiza pesquisas, tenta solucionar problemas e chega a conclusões. 1.2.6.2 Importância da aprendizagem significativa A aprendizagem por descoberta é sempre significativa. Quando a pessoa tem um problema, busca a solução deste, pesquisando as informações de que precisa para solucioná-lo. Ela busca, sabendo o que quer. Cabe ao professor, no caso, auxiliar o aluno na busca das informações. Ninguém procura informações que não entende e de que não precisa. Essas informações compreendidas são ligadas às experiências que o aluno já possui e usadas para solucionar o problema. A grande vantagem da aprendizagem significativa por descoberta é que, nesta, o aluno quer aprender, ele precisa aprender e passa a gostar de aprender. Assim, o esforço que precisa fazer para ajeitar as ideias não se torna um peso, pois ele descobre o que interessa a ele mesmo e pensa sobre o que entende. O material a ser aprendido será tanto mais significativo, quanto maiores forem as experiências do aluno, sua prontidão, interesses e necessidades. A nova aprendizagem é mais fácil, quando as ideias são agrupadas e organizadas. O professor deve ajudar o aluno a organizar as ideias de forma compreensiva. Se não houver compreensão, não haverá aprendizagem significativa. Sem aprendizagem significativa, não há aprendizagem verdadeira. A aula expositiva pode ser um excelente método, mas requer muito conhecimento de psicologia, de Didática e de conteúdo específico por parte do professor. Este precisa escolher o melhor conteúdo, traduzi-lo em linguagem clara e apresentá-lo aos alunos de maneira que todos compreendam. Mas, cada aluno tem capacidades e interesses diferentes, seria impossível então, atender a cada um. Daí ser melhor a redescoberta. Muitas vezes, ouvimos os alunos dizerem que sabem, mas não sabem explicar. Istoquer dizer que eles não têm o significado, sabem o que é, mas não sabem falar ou escrever, pois certamente falta experiência, leitura, compreensão e melhor estruturação do assunto. Esses significados devem ser adquiridos pela atividade, a partir do concreto, e não apenas CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 19 pelos livros. As experiências concretas facilitam a aquisição de significados. Os termos transacionais, para ligar uma ideia à outra, podem ser adquiridos pela leitura. E quanto mais o aluno ler, mais facilidade terá de expressar os significados. Mas, se o aluno não ler, terá dificuldade de comunicar suas ideias, seus significados. O Ensino Médio e a Educação Superior tornam-se fáceis, quando os conceitos foram bem desenvolvidos por meio de atividades concretas e integradoras. Mas, a maioria dos alunos aprendeu de forma muito abstrata, com poucas experiências concretas. É por isso que eles sentem tanta dificuldade com relação à aprendizagem, às vezes, até simples. A ligação das novas ideias com as que a pessoa já possui se faz pela análise, reflexão e solução de problemas. As novas ideias deveriam ligar-se a uma porção de ideias velhas e não a uma só. Isso faz com que a aprendizagem se torne mais rica. Se os alunos souberem resolver um problema criativamente, fica comprovada a compreensão significativa. Na aprendizagem por descoberta, é o próprio aluno quem elabora o seu conhecimento. Passa a ter um conhecimento elaborado, estruturado pela compreensão, pelo raciocínio, e não o conhecimento mecânico. A aprendizagem significativa provoca alguma reação no aluno, pois tem importância para ele. Pode provocar euforia, curiosidade, preocupação, ansiedade e levá-lo a fazer muitas experiências. Quanto mais experiências o aluno tiver, maior será sua capacidade para adquirir novas aprendizagens e elaborar novas estruturas mentais. O próprio aluno quer e pode construir a sua personalidade, “costurando” as ideias que for selecionando como úteis e importantes. Se o aluno sentir, perceber que aquilo que estiver aprendendo o ajuda a sentir-se melhor, que o ajuda a construir sua vida, então aquilo se torna significativo. A aprendizagem significativa é importante também porque o aluno aprende compreendendo e não decorando. Aprende o sentido e não apenas as palavras. Uma aprendizagem compreendida pode ser usada para formar novas ideias e para resolver problemas. Quando o aluno compreende o que faz, o que lê, estuda ou ouve, sente satisfação, porém, se não compreender, ele se distrai, aborrece-se e até “bagunça” pode fazer. Se o aluno não notar semelhança entre o conteúdo novo e suas experiências e a vida, não sentirá utilidade no que vai estudar. Não sentindo utilidade, não terá interesse e não fará esforço. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 20 1.3 Quem organiza o currículo Os componentes dos currículos para a Educação Básica, são previstos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB. Ao Conselho Nacional de Educação (CNE) cabe fixar as diretrizes curriculares para níveis, etapas e modalidades de educação/ensino e curso de Educação Superior, bem como os conteúdos da base nacional comum. Os Conselhos Estaduais de Educação – CEEs, podem acrescentar outras matérias ou áreas na parte diversificada para serem observadas pelo sistema estadual e escolas existentes no respectivo estado. Depois, cada escola elabora o seu próprio currículo, que é chamado de currículo pleno. Nas escolas públicas normalmente o currículo é aprovado pela congregação da escola. A congregação é constituída pelos professores, diretor, secretários, supervisor e orientador educacional. Mas, para elaborar o currículo, a congregação solicita a participação da comunidade e dos alunos. Os membros da comunidade e os alunos são os mais interessados no currículo. É justo, pois, que participem ativamente da sua elaboração. Dependendo da região, os pais podem querer que seus filhos estudem inglês e eletrônica. Em outro lugar, podem querer que seja estudada técnica agrícola e língua japonesa. Em algumas comunidades, podem desejar que se dê destaque à educação moral, à educação cívica e à disciplina mental. Por fim, o próprio professor elabora o currículo para cada turma ou disciplina. Para fazer isso, ele sonda as condições, interesses e necessidades dos alunos; seleciona as atividades, conteúdos e experiências mais úteis e significativos e estrutura sua programação para o ano. 1.4 O conteúdo da aprendizagem 1.4.1 Que se entende por conteúdo Conteúdo são os conhecimentos acumulados pelo homem no decorrer da história; são os fatos, as informações e as experiências; são as atitudes e os valores. É tudo que possa servir para desenvolver atitudes, experiências e ideias no aluno. O conteúdo é também chamado de matéria. 1.4.2 Quem deve selecionar o conteúdo CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 21 Cada professor é responsável pela seleção do conteúdo para sua disciplina ou turma, pois é ele quem faz a análise da realidade, conhece os alunos, suas necessidades e interesses. É ele quem elabora os objetivos para a turma e é ele quem vai buscar o seu alcance. Portanto, ninguém melhor do que o professor para saber qual é o conteúdo mais adequado. Mas, é lógico que ele pode ouvir os alunos e mesmo atender às inclinações e preferências destes quando estiver trabalhando o conteúdo. Pode, também, fazer a seleção do conteúdo, discutindo com seus colegas e mesmo com os pais. Antigamente, quando os professores eram menos titulados, o conteúdo era elaborado por especialistas do MEC e da Secretaria de Educação do Estado. Esse conteúdo era encaminhado às escolas, em forma de programas para cada ano. Hoje, não se admite mais isso. Quem planeja melhor executa. E quem executa deve planejar. Quanto às matérias e disciplinas, temos poucas opções, pois o currículo já está pronto. Mas, quanto ao conteúdo de cada uma, o professor pode escolher o que entender como sendo o melhor, em função das necessidades dos alunos e dos objetivos traçados. 1.4.3 Critérios a serem respeitados na seleção dos conteúdos Na Pré-história, era possível o homem conhecer quase tudo o que tinha descoberto no passado. Hoje, isso é absolutamente impossível. Os conhecimentos são tantos, tão diversificados e tão complexos, que o homem, com toda sua inteligência e usando todo o tempo de vida, pode aprender uma pequeníssima parte. Isso se complica, quando temos que escolher uma parte desses conhecimentos para apenas alguns anos de escola. Pior ainda, a maioria das crianças reprova ou desiste nos primeiros anos. O que é que elas devem aprender, considerando o pouco tempo que ficam na escola? Além disso, temos que levar em conta que não é qualquer conteúdo que pode ser aprendido pelos alunos. É evidente que existem uns conteúdos melhores que outros, mais fáceis; e outros, mais complexos. Quais deles selecionar? Para melhor selecionar o conteúdo é necessário levar em conta alguns critérios, que veremos a seguir. O conteúdo deve ser apropriado à idade dos alunos. Não pode ser muito difícil e nem muito fácil. Deve também considerar as características biológicas, psicológicas e sociais da maioria dos alunos da sala. Crianças subnutridas e de condições econômicas precárias não têm condições de aprender conteúdo difícil e abstrato. Deve-se considerar, também, a CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 22 saúde e as possibilidades intelectuais dos alunos. Enfim, o conteúdo deve estar relacionado à realidade deles. O conteúdo deve ir ao encontro dos interesses, necessidades, aspirações e aptidões dos alunos. Cada aluno já tem experiências de vida que servem de base para novas aprendizagem e que provocam uma série de curiosidades que precisam ser atendidas. É necessário considerar o nívelde desenvolvimento intelectual dos alunos incluindo as competências. De nada adianta selecionar um conteúdo muito acima de suas condições de aprendizagem, ou um conteúdo abaixo que não os fazem progredir. O conteúdo tem que ser adequado e coerente com os objetivos, fins e ideal de homem imaginados por nós. Se quisermos formar um homem manso, pacífico, obediente, o conteúdo é um. Se quisermos um homem rebelde, contestador, criativo e crítico, o conteúdo deve ser outro. Não podemos esquecer que as leis já fixam muitos objetivos, fins e ideais da educação, e que devem ser lembrados por ocasião da seleção de conteúdo. O conteúdo tem que ser selecionado também em função dos problemas e necessidades sociais. Não tem sentido uma educação alienada e desligada da realidade. O homem nasceu para ser feliz. Se a sociedade tem problemas, estes refletem-se sobre o homem, fazendo-o sofrer. A educação pode ajudar a resolvê-los. O conteúdo tem que acompanhar a evolução social e o desenvolvimento tecnológico. As mudanças são tão rápidas que certos conteúdos precisam ser substituídos, mesmo no decorrer do próprio ano letivo. O professor precisa estar sempre bem atualizado para ter condições de selecionar conteúdo atual e de acordo com as mais recentes descobertas. O conteúdo deve estar ligado com outras áreas ou disciplinas, pois facilita a compreensão e dá uma visão mais abrangente de sua utilidade e aplicação. Se determinado conteúdo servir para o alcance de vários objetivos ao mesmo tempo e para aplicação em outras áreas, tanto melhor. Este é um conteúdo mais rico, mais abrangente e mais econômico. O conteúdo selecionado deve ser a “nata”, a essência da matéria. Deve também abranger aquilo que é mais válido, prático e útil para a vida do aluno e para a sociedade. Conteúdo que não vai ser usado nos dias de hoje é perda de tempo. Deve-se considerar, também, a filosofia de vida e os costumes da população. Não se pode, por exemplo, defender o candomblé ou o espiritismo numa comunidade essencialmente luterana, presbiteriana ou católica. Não se pode apoiar o divórcio em comunidades em que isso não é aceito. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 23 O conteúdo tem que ser significativo; ter alguma relação com a vida dos alunos que devem sentir a utilidade e a aplicabilidade dos mesmos. O professor julgar que determinado conteúdo seja útil para o aluno. Outra bem diferente é o próprio aluno sentir sua importância e utilidade. O conteúdo deve ser tal que propicie condições de se desenvolver, sobretudo, uma aprendizagem qualificativa e não apenas quantitativa. Deve facilitar o desenvolvimento, por exemplo, do raciocínio, da imaginação, da criatividade, da estruturação do pensamento, e não apenas conhecer ou guardar nomes, dados, fatos e ideias. 1.5 O programa O programa expressa a forma de organização e de estruturação de conteúdos. É a relação coerente e integrada das diversas atividades, experiências e itens de conteúdo entre si. 1.5.1 Critérios a serem observados na organização do programa No Ensino Fundamental, os programas devem ter organização psicológica, isto é, as atividades e experiências devem ser organizadas a partir das experiências que os alunos já possuem de casa ou de anos anteriores. É organizar o programa nas possibilidades e interesses dos alunos e não naquilo que os adultos julgam como lógico e necessário. No programa psicológico, uma experiência puxa a outra e, em cada uma o aluno, obtém informações, tira conclusões que servem para a experiência seguinte. A aprendizagem de conteúdo é decorrência natural das atividades. Nos anos mais adiantadas, é possível a organização mais lógica. Cada tópico ou item do programa deve ter ligação com o anterior e com o seguinte e também com a matéria toda. Ideias, informações ou itens soltos ficam perdidos, pois não serão compreendidos, “costurados” ou estruturados. Cada item do programa deve ter sentido e ligação com os demais; deve ser de fácil compreensão em função da sua estruturação com os itens próximos. Os itens, juntos, devem representar a estrutura da matéria como um todo. Devem formar um todo com suas partes bem ligadas. Os tópicos mais fáceis devem vir antes para servir de fundamento para os subsequentes. Devem ser graduados e ter sequência para que sejam de fácil compreensão e não tenham interrupção. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 24 A enunciação do tópico deve ser clara e objetiva, isto é, não deve oferecer dúvida quanto ao que queria dizer e ser escrito com poucas palavras. O programa deve ser organizado, de tal forma que haja coerência entre os seus itens, que sua estrutura possibilite o uso do que for aprendido e facilite a transferência para outros campos do conhecimento, assim como para a solução de problemas específicos e sociais. Entre dezembro de 2010 e maio de 2012, o Conselho Nacional de Educação (CNE) elaborou as diretrizes curriculares atualizadas para a Educação Básica, da Educação Infantil, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio e da Educação Profissional. Essas diretrizes são orientações gerais para que as escolas, redes e sistemas de ensino elaborem os seus currículos. Concluídas e homologadas pelo MEC, com o objetivo de atualizar a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996 e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de 1997, as novas diretrizes são complementadas com o que foi denominado de "expectativas de aprendizagem", uma relação de conhecimentos que os jovens deverão saber, após o encerramento de cada série ou ciclo, junto às condições necessárias para que essa aprendizagem aconteça. 1.6 Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Elaboradas para cada um dos níveis de ensino, bem como suas modalidades, é importante esclarecer que Diretrizes Curriculares Nacionais é o conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos da educação básica, expressas pela Câmara de Educação Básica do CNE, que orientarão as escolas brasileiras dos sistemas de ensino na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas (BRZEZINSKI, 2000). O Conselho Nacional de Educação (CNE), ao elaborar as DCN para níveis e modalidades de ensino, de caráter obrigatório, apresenta intrinsecamente sua proposta de gestão da educação. Tomemos como primeiro objeto de interpretação as DCN para o ensino fundamental. Nelas, o CNE explicita as DCN como o conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos na educação básica que orientarão as escolas brasileiras dos sistemas de ensino, na organização, na articulação, no desenvolvimento e na avaliação de suas propostas pedagógicas. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 25 O CNE também estabelece que as escolas deverão observar como elementos norteadores de suas ações pedagógicas os princípios éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum; os princípios políticos dos direitos e deveres de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática; os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais. Apontam, ainda, as DCN para o Ensino Fundamental – Parecer CNE/CEB nº 04/98 – que, ao definir suas propostas pedagógicas, fica estabelecido que as escolas deverão explicitar o reconhecimento da identidade pessoal de alunos, professores e outros profissionais e a identidade de cada unidade escolar e de seus respectivos sistemas de ensino. Para as DCN, as escolas deverão reconhecer alguns pontos: as aprendizagens são constituídas na interação entre os processos de conhecimento, linguagem e afetivo, como consequência das relações entre as distintas identidades dos vários participantes do contexto escolarizado, por ações intere intrassubjetivas; as diversas experiências de vida dos alunos, professores e demais participantes do ambiente escolar, expressas pelas múltiplas formas de diálogo, devem contribuir para a constituição de identidades afirmativas, persistentes e capazes de protagonizar ações solidárias e autônomas de constituição, de conhecimentos e valores indispensáveis à vida cidadã. Nesse aspecto, as diretrizes estão apontando para o significado conceitual de currículo, a base nacional comum, a sua parte diversificada e os conteúdos mínimos das áreas de conhecimento. Apresenta e exige, para tal, que, em todas as escolas, deverá ser garantida a igualdade de acesso dos alunos a uma base nacional comum, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade da ação pedagógica na diversidade nacional. Esses aspectos da vida cidadã devem estar transversalmente ligados às áreas do conhecimento contidas nos componentes curriculares de língua portuguesa, língua materna (aquela falada pelos índios e imigrantes), matemática, ciências, geografia, história, língua estrangeira moderna, educação artística, educação física e ensino religioso. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 26 Essa instituição, proposta nas DCN, de uma base nacional comum e sua parte diversificada, supõe um novo paradigma curricular que articule a educação fundamental com a vida cidadã. O significado que é atribuído à vida cidadã é o do exercício de direitos e deveres de pessoas, grupos e instituições na sociedade, que, em sinergia, influem sobre múltiplos aspectos, podendo, assim, viver bem e transformar a convivência para melhor. A Resolução CNE/CEB nº 5/2009, de 17/12/2009, fixa Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para a Educação Infantil, a serem observadas na organização das propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil, integrantes dos diversos sistemas de ensino. Quais os fundamentos norteadores que devem ser observados? As DCN para a Educação Infantil, além de nortear as propostas curriculares e os projetos pedagógicos, estabelecem paradigmas para a concepção destes programas de cuidado e educação, com qualidade, em esforço conjunto com suas famílias. A partir dessas diretrizes, os professores deverão planejar o seu currículo, com a consciência de que a Educação Infantil é bastante complexa e que precisa apresentar inúmeras competências para obter êxito em seu trabalho. 1.7 Resolução CNE/CEB nº 04, de 13 de julho de 2010 Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. TÍTULO I OBJETIVOS Art. 2º Estas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica têm por objetivos: I - sistematizar os princípios e as diretrizes gerais da Educação Básica contidos na Constituição, n a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e demais dispositivos legais, traduzindo-os em orientações que contribuam para assegurar a formação básica comum nacional, tendo como foco os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola; II - estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar a formulação, a execução e a avaliação do projeto político-pedagógico da escola de Educação Básica; III - orientar os cursos de formação inicial e continuada de docentes e demais profissionais da Educação Básica, os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as escolas que os integram, indistintamente da rede a que pertençam. Art. 3º As Diretrizes Curriculares Nacionais específicas para as etapas e modalidades da Educação Básica devem evidenciar o seu papel de indicador de opções políticas, sociais, culturais, educacionais, e a CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 27 função da educação, na sua relação com um projeto de Nação, tendo como referência os objetivos constitucionais, fundamentando-se na cidadania e na dignidade da pessoa, o que pressupõe igualdade, liberdade, pluralidade, diversidade, respeito, justiça social, solidariedade e sustentabilidade. CAPÍTULO I FORMAS PARA A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR Art. 13. O currículo, assumindo como referência os princípios educacionais garantidos à educação, assegurados no artigo 4º desta Resolução, configura-se como o conjunto de valores e práticas que proporcionam a produção, a socialização de significados no espaço social e contribuem intensamente para a construção de identidades socioculturais dos educandos. § 1º O currículo deve difundir os valores fundamentais do interesse social, dos direitos e deveres dos cidadãos, do respeito ao bem comum e à ordem democrática, considerando as condições de escolaridade dos estudantes em cada estabelecimento, a orientação para o trabalho, a promoção de práticas educativas formais e não-formais. § 2º Na organização da proposta curricular, deve-se assegurar o entendimento de currículo como experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, articulando vivências e saberes dos estudantes com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos educandos. § 3º A organização do percurso formativo, aberto e contextualizado, deve ser construída em função das peculiaridades do meio e das características, interesses e necessidades dos estudantes, incluindo não só os componentes curriculares centrais obrigatórios, previstos na legislação e nas normas educacionais, mas outros, também, de modo flexível e variável, conforme cada projeto escolar, e assegurando: I - concepção e organização do espaço curricular e físico que se imbriquem e alarguem, incluindo espaços, ambientes e equipamentos que não apenas as salas de aula da escola, mas, igualmente, os espaços de outras escolas e os socioculturais e esportivo-recreativos do entorno, da cidade e mesmo da região; II - ampliação e diversificação dos tempos e espaços curriculares que pressuponham profissionais da educação dispostos a inventar e construir a escola de qualidade social, com responsabilidade compartilhada com as demais autoridades que respondem pela gestão dos órgãos do poder público, na busca de parcerias possíveis e necessárias, até porque educar é responsabilidade da família, do Estado e da sociedade; III - escolha da abordagem didático-pedagógica disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar pela escola, que oriente o projeto político-pedagógico e resulte de pacto estabelecido entre os profissionais da escola, conselhos escolares e comunidade, subsidiando a organização da matriz curricular, a definição de eixos temáticos e a constituição de redes de aprendizagem; IV - compreensão da matriz curricular entendida como propulsora de movimento, dinamismo curricular e educacional, de tal modo que os diferentes campos do conhecimento possam se coadunar com o conjunto de atividades educativas; V - organização da matriz curricular entendida como alternativa operacional que embase a gestão do currículo escolar e represente subsídio para a gestão da escola (na organização do tempo e do espaço CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 28 curricular, distribuição e controle do tempo dos trabalhos docentes), passo para uma gestão centrada na abordagem interdisciplinar, organizada por eixos temáticos, mediante interlocução entre os diferentes campos do conhecimento; VI - entendimento de que eixos temáticos são uma forma de organizar o trabalho pedagógico, limitando a dispersão do conhecimento, fornecendo o cenário no qual se constroem objetos de estudo, propiciando a concretização da proposta pedagógica centrada na visão interdisciplinar, superando o isolamento das pessoas e a compartimentalização de conteúdos rígidos; VII - estímulo à criação de métodos didático-pedagógicos utilizando-se recursos tecnológicos de informação e comunicação, a serem inseridos no cotidiano escolar, a fim de superar a distância entre estudantesque aprendem a receber informação com rapidez utilizando a linguagem digital e professores que dela ainda não se apropriaram; VIII - constituição de rede de aprendizagem, entendida como um conjunto de ações didático- pedagógicas, com foco na aprendizagem e no gosto de aprender, subsidiada pela consciência de que o processo de comunicação entre estudantes e professores é efetivado por meio de práticas e recursos diversos; IX - adoção de rede de aprendizagem, também, como ferramenta didático-pedagógica relevante nos programas de formação inicial e continuada de profissionais da educação, sendo que esta opção requer planejamento sistemático integrado estabelecido entre sistemas educativos ou conjunto de unidades escolares; § 4º A transversalidade é entendida como uma forma de organizar o trabalho didático-pedagógico em que temas e eixos temáticos são integrados às disciplinas e às áreas ditas convencionais, de forma a estarem presentes em todas elas. § 5º A transversalidade difere da interdisciplinaridade e ambas se complementam, rejeitando a concepção de conhecimento que toma a realidade como algo estável, pronto e acabado. § 6º A transversalidade refere-se à dimensão didático-pedagógica, e a interdisciplinaridade, à abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento. CAPÍTULO II FORMAÇÃO BÁSICA COMUM E PARTE DIVERSIFICADA Art. 14. A base nacional comum na Educação Básica constitui-se de conhecimentos, saberes e valores produzidos culturalmente, expressos nas políticas públicas e gerados nas instituições produtoras do conhecimento científico e tecnológico; no mundo do trabalho; no desenvolvimento das linguagens; nas atividades desportivas e corporais; na produção artística; nas formas diversas de exercício da cidadania; e nos movimentos sociais. § 1º Integram a base nacional comum nacional: a) a Língua Portuguesa; b) a Matemática; c) o conhecimento do mundo físico, natural, da realidade social e política, especialmente do Brasil, incluindo-se o estudo da História e das Culturas Afro-Brasileira e Indígena, CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 29 d) a Arte, em suas diferentes formas de expressão, incluindo-se a música; e) a Educação Física; f) o Ensino Religioso. § 2º Tais componentes curriculares são organizados pelos sistemas educativos, em forma de áreas de conhecimento, disciplinas, eixos temáticos, preservando-se a especificidade dos diferentes campos do conhecimento, por meio dos quais se desenvolvem as habilidades indispensáveis ao exercício da cidadania, em ritmo compatível com as etapas do desenvolvimento integral do cidadão. § 3º A base nacional comum e a parte diversificada não podem se constituir em dois blocos distintos, com disciplinas específicas para cada uma dessas partes, mas devem ser organicamente planejadas e geridas de tal modo que as tecnologias de informação e comunicação perpassem transversalmente a proposta curricular, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, imprimindo direção aos projetos político- pedagógicos. Art. 15. A parte diversificada enriquece e complementa a base nacional comum, prevendo o estudo das características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da comunidade escolar, perpassando todos os tempos e espaços curriculares constituintes do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, independentemente do ciclo da vida no qual os sujeitos tenham acesso à escola. § 1º A parte diversificada pode ser organizada em temas gerais, na forma de eixos temáticos, selecionados colegiadamente pelos sistemas educativos ou pela unidade escolar. § 2º A LDB inclui o estudo de, pelo menos, uma língua estrangeira moderna na parte diversificada, cabendo sua escolha à comunidade escolar, dentro das possibilidades da escola, que deve considerar o atendimento das características locais, regionais, nacionais e transnacionais, tendo em vista as demandas do mundo do trabalho e da internacionalização de toda ordem de relações. § 3º A língua espanhola, por força da Lei nº 11.161/2005, é obrigatoriamente ofertada no Ensino Médio, embora facultativa para o estudante, bem como possibilitada no Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano. Art. 16. Leis específicas, que complementam a LDB, determinam que sejam incluídos componentes não disciplinares, como temas relativos ao trânsito, ao meio ambiente e à condição e direitos do idoso. 1.8 RESOLUÇÃO Nº 7, DE 14 DE DEZEMBRODE 2010 Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, de conformidade com o disposto na alínea “c” do § 1º do art. 9º da Lei nº 4.024/61, com a redação dada pela Lei nº 9.131/95, no art. 32 da Lei nº 9.394/96, na Lei nº 11.274/2006, e com fundamento no Parecer CNE/CEB nº 11/2010, homologado por Despacho do Senhor Ministro de Estado da Educação, publicado no DOU de 9 de dezembro de 2010, resolve: Art. 1º A presente Resolução fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a serem observadas na organização curricular dos sistemas de ensino e de suas unidades escolares. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 30 Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articulam- se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010) e reúnem princípios, fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Educação, para orientar as políticas públicas educacionais e a elaboração, implementação e avaliação das orientações curriculares nacionais, das propostas curriculares dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, e dos projetos político-pedagógicos das escolas. Parágrafo único. Estas Diretrizes Curriculares Nacionais aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, bem como à Educação do Campo, à Educação Escolar Indígena e à Educação Escolar Quilombola. CURRÍCULO Art. 9º O currículo do Ensino Fundamental é entendido, nesta Resolução, como constituído pelas experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, buscando articular vivências e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos estudantes. § 1º O foco nas experiências escolares significa que as orientações e as propostas curriculares que provêm das diversas instâncias só terão concretude por meio das ações educativas que envolvem os alunos. § 2º As experiências escolares abrangem todos os aspectos do ambiente escolar:, aqueles que compõem a parte explícita do currículo, bem como os que também contribuem, de forma implícita, para a aquisição de conhecimentos socialmente relevantes. Valores, atitudes, sensibilidade e orientações de conduta são veiculados não só pelos conhecimentos, mas por meio de rotinas, rituais, normas de convívio social, festividades, pela distribuição do tempo e organização do espaço educativo, pelos materiais utilizados na aprendizagem e pelo recreio, enfim, pelas vivências proporcionadas pela escola. § 3º Os conhecimentos escolares são aqueles que as diferentes instâncias que produzem orientações sobre o currículo, as escolas e os professores selecionam e transformam a fim de que possam ser ensinados e aprendidos, ao mesmo tempo em que servem de elementos para a formação ética, estética e política do aluno. BASE NACIONAL COMUM E PARTE DIVERSIFICADA: COMPLEMENTARIDADE Art. 10 O currículo do Ensino Fundamental tem uma base nacional comum, complementada em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar por uma parte diversificada. Art. 11 A base nacional comum e a parte diversificada do currículo do Ensino Fundamentalconstituem um todo integrado e não podem ser consideradas como dois blocos distintos. § 1º A articulação entre a base nacional comum e a parte diversificada do currículo do Ensino Fundamental possibilita a sintonia dos interesses mais amplos de formação básica do cidadão com a realidade local, as necessidades dos alunos, as características regionais da sociedade, da cultura e da economia e perpassa todo o currículo. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 31 § 2º Voltados à divulgação de valores fundamentais ao interesse social e à preservação da ordem democrática, os conhecimentos que fazem parte da base nacional comum a que todos devem ter acesso, independentemente da região e do lugar em que vivem, asseguram a característica unitária das orientações curriculares nacionais, das propostas curriculares dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, e dos projetos político-pedagógicos das escolas. § 3º Os conteúdos curriculares que compõem a parte diversificada do currículo serão definidos pelos sistemas de ensino e pelas escolas, de modo a complementar e enriquecer o currículo, assegurando a contextualização dos conhecimentos escolares em face das diferentes realidades. Art. 12 Os conteúdos que compõem a base nacional comum e a parte diversificada têm origem nas disciplinas científicas, no desenvolvimento das linguagens, no mundo do trabalho, na cultura e na tecnologia, na produção artística, nas atividades desportivas e corporais, na área da saúde e ainda incorporam saberes como os que advêm das formas diversas de exercício da cidadania, dos movimentos sociais, da cultura escolar, da experiência docente, do cotidiano e dos alunos. Art. 13 Os conteúdos a que se refere o art. 12 são constituídos por componentes curriculares que, por sua vez, se articulam com as áreas de conhecimento, a saber: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas. As áreas de conhecimento favorecem a comunicação entre diferentes conhecimentos sistematizados e entre estes e outros saberes, mas permitem que os referenciais próprios de cada componente curricular sejam preservados. Art. 14 O currículo da base nacional comum do Ensino Fundamental deve abranger, obrigatoriamente, conforme o art. 26 da Lei nº 9.394/96, o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente a do Brasil, bem como o ensino da Arte, a Educação Física e o Ensino Religioso. Art. 15 Os componentes curriculares obrigatórios do Ensino Fundamental serão assim organizados em relação às áreas de conhecimento: I – Linguagens: a) Língua Portuguesa; b) Língua Materna, para populações indígenas; c) Língua Estrangeira moderna; d) Arte; e e) Educação Física; II – Matemática; III – Ciências da Natureza; IV – Ciências Humanas: a) História; b) Geografia; V – Ensino Religioso. § 1º O Ensino Fundamental deve ser ministrado em língua portuguesa, assegurada também às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem, conforme o art. 210, § 2º, da Constituição Federal. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 32 § 2º O ensino de História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia (art. 26, § 4º, da Lei nº 9.394/96). § 3º A história e as culturas indígena e afro-brasileira, presentes, obrigatoriamente, nos conteúdos desenvolvidos no âmbito de todo o currículo escolar e, em especial, no ensino de Arte, Literatura e História do Brasil, assim como a História da África, deverão assegurar o conhecimento e o reconhecimento desses povos para a constituição da nação (conforme art. 26-A da Lei nº 9.394/96, alterado pela Lei nº 11.645/2008). Sua inclusão possibilita ampliar o leque de referências culturais de toda a população escolar e contribui para a mudança das suas concepções de mundo, transformando os conhecimentos comuns veiculados pelo currículo e contribuindo para a construção de identidades mais plurais e solidárias. § 4º A Música constitui conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular Arte, o qual compreende também as artes visuais, o teatro e a dança, conforme o § 6º do art. 26 da Lei nº 9.394/96. § 5º A Educação Física, componente obrigatório do currículo do Ensino Fundamental, integra a proposta político-pedagógica da escola e será facultativa ao aluno apenas nas circunstâncias previstas no § 3º do art. 26 da Lei nº 9.394/96. § 6º O Ensino Religioso, de matrícula facultativa ao aluno, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui componente curricular dos horários normais das escolas públicas de Ensino Fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural e religiosa do Brasil e vedadas quaisquer formas de proselitismo, conforme o art. 33 da Lei nº 9.394/96. Art. 16 Os componentes curriculares e as áreas de conhecimento devem articular em seus conteúdos, a partir das possibilidades abertas pelos seus referenciais, a abordagem de temas abrangentes e contemporâneos que afetam a vida humana em escala global, regional e local, bem como na esfera individual. Temas como saúde, sexualidade e gênero, vida familiar e social, assim como os direitos das crianças e adolescentes, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), preservação do meio ambiente, nos termos da política nacional de educação ambiental (Lei nº 9.795/99), educação para o consumo, educação fiscal, trabalho, ciência e tecnologia, e diversidade cultural devem permear o desenvolvimento dos conteúdos da base nacional comum e da parte diversificada do currículo. § 1º Outras leis específicas que complementam a Lei nº 9.394/96 determinam que sejam ainda incluídos temas relativos à condição e aos direitos dos idosos (Lei nº 10.741/2003) e à educação para o trânsito (Lei nº 9.503/97). § 2º A transversalidade constitui uma das maneiras de trabalhar os componentes curriculares, as áreas de conhecimento e os temas sociais em uma perspectiva integrada, conforme a Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010). § 3º Aos órgãos executivos dos sistemas de ensino compete a produção e a disseminação de materiais subsidiários ao trabalho docente, que contribuam para a eliminação de discriminações, racismo, sexismo, homofobia e outros preconceitos e que conduzam à adoção de comportamentos responsáveis e solidários em relação aos outros e ao meio ambiente. Art. 17 Na parte diversificada do currículo do Ensino Fundamental será incluído, obrigatoriamente, a partir do 6º ano, o ensino de, pelo menos, uma Língua Estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 33 Parágrafo único. Entre as línguas estrangeiras modernas, a língua espanhola poderá ser a opção, nos termos da Lei nº 11.161/2005. RELEVÂNCIA DOS CONTEÚDOS, INTEGRAÇÃO E ABORDAGENS Art. 24 A necessária integração dos conhecimentos escolares no currículo favorece a sua contextualização e aproxima o processo educativo das experiências dos alunos. § 1º A oportunidade de conhecer e analisar experiências assentadas em diversas concepções de currículo integrado e interdisciplinar oferecerá aos docentes subsídios para desenvolver propostas pedagógicas que avancem na direção de um trabalho colaborativo, capaz de superar a fragmentação dos componentes curriculares. § 2º Constituem exemplos de possibilidades de integração do currículo, entre outros, as propostas curriculares ordenadas em torno de grandes eixos articuladores, projetos interdisciplinares com base em temas geradores formulados a partir de questões da comunidadee articulados aos componentes curriculares e às áreas de conhecimento, currículos em rede, propostas ordenadas em torno de conceitos-chave ou conceitos nucleares que permitam trabalhar as questões cognitivas e as questões culturais numa perspectiva transversal, e projetos de trabalho com diversas acepções. § 3º Os projetos propostos pela escola, comunidade, redes e sistemas de ensino serão articulados ao desenvolvimento dos componentes curriculares e às áreas de conhecimento, observadas as disposições contidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Resolução CNE/CEB nº 4/2010, art. 17) e nos termos do Parecer que dá base à presente Resolução. Art. 25 Os professores levarão em conta a diversidade sociocultural da população escolar, as desigualdades de acesso ao consumo de bens culturais e a multiplicidade de interesses e necessidades apresentadas pelos alunos no desenvolvimento de metodologias e estratégias variadas que melhor respondam às diferenças de aprendizagem entre os estudantes e às suas demandas. Art. 26 Os sistemas de ensino e as escolas assegurarão adequadas condições de trabalho aos seus profissionais e o provimento de outros insumos, de acordo com os padrões mínimos de qualidade referidos no inciso IX do art. 4º da Lei nº 9.394/96 e em normas específicas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação, com vistas à criação de um ambiente propício à aprendizagem, com base: I – no trabalho compartilhado e no compromisso individual e coletivo dos professores e demais profissionais da escola com a aprendizagem dos alunos; II – no atendimento às necessidades específicas de aprendizagem de cada um mediante abordagens apropriadas; III – na utilização dos recursos disponíveis na escola e nos espaços sociais e culturais do entorno; IV – na contextualização dos conteúdos, assegurando que a aprendizagem seja relevante e socialmente significativa; V – no cultivo do diálogo e de relações de parceria com as famílias. Parágrafo único. Como protagonistas das ações pedagógicas, caberá aos docentes equilibrar a ênfase no reconhecimento e valorização da experiência do aluno e da cultura local que contribui para construir identidades afirmativas, e a necessidade de lhes fornecer instrumentos mais complexos de análise da realidade que possibilitem o CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 34 acesso a níveis universais de explicação dos fenômenos, propiciando-lhes os meios para transitar entre a sua e outras realidades e culturas e participar de diferentes esferas da vida social, econômica e política. Art. 27 Os sistemas de ensino, as escolas e os professores, com o apoio das famílias e da comunidade, envidarão esforços para assegurar o progresso contínuo dos alunos no que se refere ao seu desenvolvimento pleno e à aquisição de aprendizagens significativas, lançando mão de todos os recursos disponíveis e criando renovadas oportunidades para evitar que a trajetória escolar discente seja retardada ou indevidamente interrompida. § 1º Devem, portanto, adotar as providências necessárias para que a operacionalização do princípio da continuidade não seja traduzida como “promoção automática” de alunos de um ano, série ou ciclo para o seguinte, e para que o combate à repetência não se transforme em descompromisso com o ensino e a aprendizagem. § 2º A organização do trabalho pedagógico incluirá a mobilidade e a flexibilização dos tempos e espaços escolares, a diversidade nos agrupamentos de alunos, as diversas linguagens artísticas, a diversidade de materiais, os variados suportes literários, as atividades que mobilizem o raciocínio, as atitudes investigativas, as abordagens complementares e as atividades de reforço, a articulação entre a escola e a comunidade, e o acesso aos espaços de expressão cultural. Art. 28 A utilização qualificada das tecnologias e conteúdos das mídias como recurso aliado ao desenvolvimento do currículo contribui para o importante papel que tem a escola como ambiente de inclusão digital e de utilização crítica das tecnologias da informação e comunicação, requerendo o aporte dos sistemas de ensino no que se refere à: I – provisão de recursos midiáticos atualizados e em número suficiente para o atendimento aos alunos; II – adequada formação do professor e demais profissionais da escola. 1.9 Conclusão A questão do currículo ainda é bastante complexa, alguns autores querem que o currículo seja tratado como parte da Didática, como um capítulo da Didática; há aqueles, entretanto, que consideram currículo como um processo global, integrador dos objetivos da educação, do conteúdo, dos procedimentos de ensino, dos recursos de ensino e da avaliação. Seria tratado como disciplina à parte e com visão sistêmica mais abrangente que o próprio planejamento de ensino. Nesse capítulo, utilizamos a abordagem integradora por entender ser mais coerente com o desenvolvimento do processo da educação. Talvez o que mais falte na educação seja exatamente essa integração entre objetivos, conteúdos, procedimentos de ensino, recursos, meios, estrutura do ensino e avaliação. Preferimos, também, abordar o currículo de forma mais livre, mais psicológica, menos lógica. Por isso, destacamos a questão do conteúdo e não do programa. O conteúdo CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 35 foi tratado tendo como componentes: o conteúdo propriamente dito, as experiências, as atividades, a palavra, os valores sociais e as atitudes e o exemplo do próprio professor. Programa dá impressão de coisa pronta, estática, invariável. É preciso que todo professor tenha uma visão mais aberta e mais flexível sobre a forma de trabalhar o conteúdo. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 36 UNIDADE 2 II Histórico Escolar do Currículo no Brasil Nesta unidade, vou tratar do histórico escolar do currículo no Brasil desde de 1834. Este histórico nos dará informações relevantes sobre conceito, componentes, objetivos e até algumas estratégias de aprendizagem, sobre o qual fiz extratos e resumos dos pontos mais importantes de Moreira (1955), no livro: Introdução ao Estudo do Currículo da Escola Primária João Roberto Moreira CILEME – INEP – Rio de Janeiro, 1955 Capítulo I – Noções preliminares 1 – Compreensão do conceito de currículo: Em sentido geral, currículo escolar é o conjunto organizado das atividades de aprender a ensinar, que se processou na escola. Modernamente, ele é considerado como o conjunto de todas as experiências do aluno, isto é, deve variar como variam as diferenças individuais. 2 – A reconstrução do ensino primário deve ser feita sem choques com o tradicional e o clássico, nem contra a mentalidade dominante de sua clientela e do professorado, no que toca aos objetivos e aos meios do ensino elementar. O método para o estudo do currículo aqui usado é o histórico e o comparativo. Capítulo II – A formação do Currículo Tradicional 1 – Origens sociais e econômicas da escola primária comum: O currículo tradicional resultou em uma conjuntura social que remonta aos primórdios do liberalismo e da Revolução Industrial. A corporação data da mais remota Antiguidade e teve várias formas e fins. Nas corporações, além da iniciação das aprendizagens no trabalho artesanal, ocorreram as providências, depois o saber ler e calcular, assim foi a escola de primeiras letras. As primeiras escolas populares nasceram de necessidades práticas e encontraram logo o apoio de duas ordens de fato: a descoberta da imprensa e a Reforma Protestante. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 37 O “iluminismo” racionalista e o naturalismo romântico influenciaram no currículo, gerando as condições sociais, econômicas e culturais que originaram a escola primária. O fundamental à formação comum da intelectualidade era adquirir
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