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FILOSOFIA DA CIENCIA AULA 06

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Filoso�a da Ciência
Aula 6: Escola de Frankfurt
Apresentação
Nesta aula, trateremos da Fenomenologia, corrente �losó�ca do início do século XX, que in�uenciou às Ciências Sociais,
particularmente a Psicologia e o Serviço Social, reconhecendo no contexto do pensamento criado por Edmund Husserl, à
crítica ao Naturalismo e ao Psicologismo, à adoção do conceito de Consciência Transcendental, de distinção entre noesis
e noema e de classi�cação entre as Ciências Puras, Ciências Empíricas; Ciências Exatas, Rigorosas.
Objetivos
Conhecer o pensamento de Husserl;
Entender as críticas feitas ao Positivismo e ao naturalismo;
Reconhecer a especi�cidade da Consciência enquanto fenômeno, dotada de intencionalidade e doadora de sentido
ao mundo.
 (Fonte: Shutterstock).
 Introdução
Depois de várias aulas falando sobre Marx, sobre os
marxistas e as temáticas ligadas ao capitalismo, vemos
surgir diante de nós uma temática bem diferente daquela
que vimos até agora. Trata-se da Fenomenologia.
A Fenomenologia é uma tendência �losó�ca fundada por
Edmund Husserl, no �nal do século XIX e início do século
XX, que, sob a in�uência do pensamento de Immanuel Kant,
in�uenciou as Ciências Sociais, particularmente a Psicologia
e o Serviço Social.
Mas o que podemos dizer sobre a fenomenologia?
A fenomenologia é uma abordagem �losó�ca que também se apresenta
como um método de interpretação da realidade.
Quando tomamos seu fundador Husserl como parâmetro,
vemos aparecer diante de nós que “a discussão entre
psicologistas e logicistas naquela época, estava voltada
para a divergência quanto ao fundamento teórico que se
dava à ciência.”, como bem descreveu a especialista Creusa
Capalbo.
Ao defender a necessidade de reconhecer a especi�cidade
da Consciência enquanto fenômeno, dotada de
intencionalidade e doadora de sentido ao mundo, a
Fenomenologia tem como desa�o descrever, compreender
e interpretar os atos constituintes da consciência e dos seus
correlatos objetos. Para tanto, faz-se necessário
contextualizar o pensamento de Husserl e a in�uência
sofrida por Kant.
 (Fonte: Shutterstock).
A in�uência da �loso�a Kantiana
Para entender a in�uência de Kant é necessário rever as três posturas epistemológicas adotadas ao longo da história da
�loso�a. Foram elas:
Clique nos botões para ver as informações.
Prima pelo objeto em si mesmo, apreendido pelos sentidos e depois registrado pelo intelecto. Para o realista, a
representação que fazemos das coisas está subordinada aos objetos em si mesmos. O ponto de partida são os objetos
ou as coisas. As coisas são apreendidas pelos sentidos e depois registradas pelo intelecto. Exemplo de �lósofos realistas:
Aristóteles, Locke, etc.
Realismo 
Há a primazia do sujeito, da mente, das ideias que se constituem como ponto de partida para a reconstituição de um
acordo entre as coisas e a mente. Acordo ou correspondência que se estabelece a partir de uma análise das ideias que
fazem o indivíduo a chegar a uma certa conformidade entre as ideias e as coisas.
Idealismo 
Procura superar o impasse entre realismo e idealismo. Institui um meio termo entre o sujeito e as coisas, deixando de
privilegiar um ou outro. A �loso�a de Kant buscou uma síntese entre os elementos subjetivos e objetivos. Concluiu pela
relatividade do conhecimento, uma vez que o conhecimento estruturando-se por via do sujeito, através de mecanismos
lógicos, se constitui de forma relativa ao sujeito. Não podendo se constituir sem a contribuição fundamental do sujeito. A
realidade existe, mas só é apreendida a partir de categorias que provém do sujeito. A partir desta concepção, a �loso�a de
Kant introduz a ideia de fenômeno, que expressa a ideia da realidade não como ela poderia ser em si mesma (pois seria
impossível saber como ela poderia ser em si mesma), mas tal como ela aparece a nós, ao sujeito do conhecimento.
Segundo esse pensamento, a realidade é condicionada por determinadas estruturas lógicas da nossa mente, que Kant
chama de elementos transcendentais. Transcendentais porque estão antes da nossa experiência com o mundo e que
condicionam essa experiência, dando os fatores para sua organização. Não há objeto sem comprometimento com o
sujeito, há correlação entre sujeito e objeto. A realidade, o objeto é o fenômeno apreendido pela consciência, pelo sujeito.
Filoso�a de Kant 
Saiba mais
Para saber mais sobre a Filoso�a de Kant, assista à Palestra "Fenomenologia e Existencialismo“, do �lósofo Franklin Leopoldo e
Silva em Café Filosó�co da TV Cultura.
O método fenomenológico
Observe a a�rmação a seguir:
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O método fenomenológico se de�ne como uma volta às coisas
mesmas.
Voltar-se para quê?
Voltar-se para os
fenômenos, aquilo que
aparece à consciência.
 
O que se dá à
consciência?
O objeto intencional.
 
Com qual intuito?
Chegar à intuição das
essências, isto é, ao
conteúdo inteligível e
ideal dos fenômenos,
captado de forma
imediata.
Por quê? Para quê?
“Toda consciência é consciência de alguma coisa. Assim
sendo, a consciência não é uma substância, mas uma
atividade constituída por atos (percepção, imaginação,
especulação, paixão, etc), com os quais visa algo. As
essências ou signi�cações são objetos percebidos de certa
maneira pelos atos intencionais da consciência. A �m de que
a investigação se ocupe apenas das operações realizadas
pela consciência, é necessário que se faça uma redução
fenomenológica, isto é, coloque-se entre parênteses toda a
existência efetiva do mundo exterior.”
- Trivinõs
Para Trivinõs, é na prática da fenomenologia que efetua-se o processo de redução fenomenológica. Esse processo permite
atingir a essência do fenômeno. Trata dos aspectos que são essenciais do fenômeno, ou seja, é o estudo das essências,
aspirando apreendê-las nos seus momentos fundamentais, através da intuição. O método fenomenológico não explica a
realidade por meio de leis, nem utiliza princípios para deduzir a sua verdade. Vale-se do próprio objeto, ou fenômeno presente
na consciência.
Leituras importantes
Sartre
Operou o método
fenomenológico, mas sofreu
in�uência de Heidegger,
explorando a análise
fenomenológica da consciência,
preocupado com as re�exões
morais que fazem com que o
homem se situe no mundo e se
projete.
Heidegger
Para Heidegger, �lósofo alemão,
Husserl só se perde quando faz
do desocultamento das
essências que revelam o que
está por trás da atitude natural, o
leimotiv da fenomenologia, pois
para ele o ponto essencial (ponto
de partida) deve ser a vivência
(Erlebnis) concreta, histórica e
viva.
Merleau-Ponty
Veja como Merleau- Ponty,
fenomenólogo francês, descreve
a fenomenologia, como a
ambição de uma �loso�a que
seja uma “ciência exata” e
“também um relato, do tempo, do
mundo vividos”. No prefácio, a
“Fenomenologia da percepção”
(1945) mostra a maneira como a
qual Husserl nos fala sobre a
designação da consciência
enquanto �uxo de vividos,
também indica que nossa
relação com o mundo, imediata
ou teórica, é um constante
escoar. É essencialmente num
vazio e numa vaga distância que
os vividos se oferecem ao olhar
do investigador e, nesta primeira
apreensão, são inúteis para uma
constatação singular ou eidética.
Todavia, nesta própria essência
de seu modo vago ou vazio de se
dar, surge a mais plena clareza.
Constitutivos da fenomenologia de Husserl
São constitutivos da fenomenologia de Husserl:
Há suspensão do juízo da atitude natural, intencionalidade, doutrina universal das essências;
Ocupa-se de fenômenos, mas como uma atitude diferente das ciências exatas e empíricas. Os seus fenômenos são os
vividos da consciência, os atos e os correlatos dessa consciência;
Do caráter intencional da consciência, pois "toda consciência é consciência de alguma coisa". Este tema era ensinado por
Brentano, cujos cursos foram frequentados por Husserl; entretanto esta intencionalidade da consciência era
compreendida por ele como todo ato de pensamento através deste ato.
1
 (Fonte: Shutterstock).
Intencionalidade
Para Husserl, a consciência é sempre intencionale não pode
ser considerada como uma simples realidade natural entre
outras. Ela é sempre a consciência intencional, não pode ser
isolada como algo em si, pois é sempre consciência de
alguma coisa, assim como toda 'coisa' não pode ser isolada
como uma coisa em si, pois ela se faz presente sempre para
uma consciência.
É sempre a partir da intencionalidade da consciência que se
reúne sujeito e objeto e que os fenômenos se fazem
presentes como tais.
 (Fonte: Shutterstock).
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon202/aula6.html
A Fenomenologia de Husserl fundamenta-se no conceito de
intencionalidade idealizado por Franz Brentano, que fora seu professor. A
ideia básica para a compreensão do conceito de intencionalidade é a de que
o objeto não existe sem o sujeito, pois o objeto só nos aparece na medida
em que direcionamos intencionalmente a nossa consciência para ele.
Franz Brentano
Para Brentano, o método fenomenológico consiste mais em um ato descritivo psicológico do que um processo especulativo
como propôs Kant. Restando assim à �loso�a o papel de estabelecer as categorias puras do pensamento cienti�co, sendo isso
possível, somente através daquilo que Husserl chamou de redução fenomenológica. Nesta o fenômeno se apresenta puro, livre
dos elementos pessoais e culturais, chega-se a um nível dos fenômenos, ao qual Husserl se referiu como nível das essências.
Desta maneira a fenomenologia apresenta-se como um método.
“A fenomenologia husserliana consiste essencialmente na
tarefa de descrição das estruturas puras que permitem o
aparecer de qualquer fenômeno possível, assim, ela visa
descrever os atos puros da consciência e a sua correlação
(dada mediante a intencionalidade) com a objetividade e a
experiência. A tentativa de encontrar uma base última para a
ciência e a �loso�a, como pretendia a fenomenologia com o
seu método de redução que abre o caminho para uma
rigorosa investigação das essências, também foi repetida por
Heidegger com uma ontologia fundamental que precede as
ontologias especí�cas.”
- Franz Brentano
Intencionalidade
A preocupação de Husserl era, em primeiro lugar, apresentar o problema da “questionabilidade do conhecimento”. De que
forma? Como pode o conhecimento estar certo de sua consonância com as coisas que existem entre si?
Há que se observar que questionar o conhecimento não é negá-lo, não é ter uma concepção cética em relação a ele.
Na verdade, a fenomenologia parte da ideia da necessidade de ter um conhecimento indubitável ou possível.
 Fonte: Shutterstock
Para �nalizar, a fenomenologia apresenta como um dos seus méritos o fato
de que ao questionar os conhecimentos do positivismo acabou elevando a
importância do sujeito no processo de construção do conhecimento.
Atividade
1. O que signi�ca intencionalidade?
Notas
Suspensão do juízo 1
O que seria suspender o juízo? É possível operar a suspensão do juízo como forma de fazer um distanciamento imediato do
mundo e assim desvendar (no vocabulário husserliano, mostrar) que, ao me dirigir ao objeto tenho uma intenção sobre ele. Um
exemplo seria a do pintor Pollock em sua forma de jogar a tinta no quadro, a maneira de pintar com o pincel no ar, as cores
escolhidas, há uma decisão que mostra o gestual próprio da ação. Ela é ação.
Referências
CHAUÍ, Marilena Convite à Filoso�a. Rio de janeiro: Ática, 1995 MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filoso�a - Dos pré-
socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
Próxima aula
A visão de pessoa e comunidade de Emmanuel Mounier;
A visão de pessoa e comunidade de Emmanuel Mounier;
As vertentes de análise que emergiram, a partir das concepções de pessoa, diálogo e transformação social (dos sujeitos)
como uma forma de reatualização do conservadorismo presente no pensamento inicial da pro�ssão pelo �lósofo
Emmanuel Mounier;
A inspiração fenomenológica, que emerge como metodologia dialógica, apropriando-se também da visão de pessoa e
comunidade de E. Mounier, e dirige-se ao vivido humano, aos sujeitos em suas vivências, colocando para o Serviço Social
a tarefa de auxiliar na abertura desse sujeito existente, singular, em relação aos outros, ao mundo de pessoas.
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