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ADINS no processo de judicialização da política

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ADINS no processo de judicialização da política 
 
 
O legislador consttituinte originário, conferiu ao Supremo Tribunal Federal o 
controle abstrato da constitucionalidade das leis, através do intermédio de um grupo 
de intérpretes. Nesse sentido, as Adins (Ações diretas de inconstitucionalidade( 
foram encaradas como um bálsamo, pois além de defender direitos da cidadania, 
conforme aduz Luiz Werneck Vianna (1999), também racionalizava a administração 
pública. 
Basicamente as Adins são o meio pelo qual se confronta a 
constitucionalidades das leis, tendo como parâmetro a Constituição Federal. Apenas 
o STF pode julgar uma Adin, são propostas também por agentes taxados em norma 
constitucional. 
Apenas as mesas do Senado, da Câmara, ou de assembleias legislativas 
(ou da Câmara Legislativa) do Distrito Federal, o Presidente da República, 
governadores, procurador-geral da República, o Conselho Federal da OAB, partidos 
políticos com representação no congresso, entidades de classe de âmbito nacional 
ou confederações sindicais podem propor Adin. 
Com base no que já foi introduzido, as três Adins de maior impacto na 
democracia são de iniciativa dos partidos políticos, dos Governadores e Presidente 
da República. Essas Adins possuem grande parcela de contribuição para 
consolidação do fenômeno judicialização da política. 
A começar pelas Adins propostas pelos partidos políticos, estas apresentam 
maior contribuição para judicialização da política. Os partidos que representam a 
minoria aderem a prerrogativa de levar ao Judiciário a implementação do direito, o 
que via de regra é função típica do Legislativo. Subvertem dessa forma até mesmo a 
aplicação do direito, ao incitar o processo de criação jurisprudencial. 
Ao passo que a jurisprudência assume mesma roupagem que a lei, são 
equiparadas as funções típicas e atípicas do Judiciário, isso reflete a relativização da 
Constituição, para compreender essa relativização, basta analisar como a ADI 5581, 
que consiste em julgar o aborto das gestantes que foram atingidas pelo zica vírus, 
relativiza a vida, pois abre margem para toda vez que o feto apresentar alguma má 
formação, o aborto seja visto como uma alternativa plausível. 
Assim, a constante incitação do Judiciário para tutelar sobre esses assuntos, 
gera uma verdadeira mudança na estrutura política, isso é visto por exemplo quando 
o Judiciário avoca para si funções próprias do parlamento deixando de unicamente 
representar o controle social. 
Nessa perspectiva, fica claro que quanto mais os partidos invocam Adins 
com o a finalidade de adesão dos grupos minoritários, mais forte será o processo de 
transformação constitucional, deixando esta de ser o que foi proposta na carta de 
1988. Ou seja, esse processo de transformação constitucional é impulsionado pelo 
próprio Judiciário, vez que este é acionado principalmente pelos grupos minoritários. 
Ou seja, quanto maior o engajamento de ações com o fim de adesão de 
grupos políticos pouco representados e de aquisição e defesa de direitos através da 
judicialização, maior será o enfraquecimento dos poderes instituídos primariamente 
para tal finalidade. 
Segundo os dados proveniente do livro judicialização da política e das 
relações públicas de Vianna (1999), as Adins formuladas pelos partidos políticos, 
representam 17,5% do total, somando 338 Adins; e 74% dessa quantidade são 
postuladas por partidos políticos de esquerda, restando comprovada a postulação 
pela minoria dos grupos. As pautas em sua maioria são a defesa de direitos e 
interesses do funcionalismo público, interesses relativos a administração pública, 
regulação da economia. 
Posto isso, a judicialização da política pode ser vista ainda como um recurso 
da minoria, basta usar como exemplo, o fato que assuntos econômicos são 
tutelados pelo parlamento e declarados pelos governantes, priorizam a maioria no 
repasse e divisão da riqueza social. Isso justifica o porquê a minoria representa o 
maior número de Adins e objetiva corporificar direitos minoritários. 
Nessa margem, toda a problemática acerca de como o Judiciário assumiu a 
relevância que possui na atualidade é justificado em grande parte pelo abandono da 
perspectiva tradicional de alcançar a implementação de um direito de forma 
tradicional. 
O fortalecimento do Judiciário é analisado, de forma até mesmo paradoxal, 
por exemplo os próprios governantes entram com Adins junto ao Judiciário e 
fomentam o processo de judicialização da política, nesses casos as pautas são 
quase sempre relativas a defesa de autonomia estadual justificado por diferentes 
motivos. 
Nestes termos, analisa-se que o constituinte ao elaborar a constituição não 
partiu de um anteprojeto, como as Constituições de 1891, 1934 e 1946, ao qual 
emergiram da queda da monarquia e desenvolveram a semente da democracia 
representativa, em contrapartida a essas Constituições a carta de 1988 foi elaborada 
como o subproduto da transição entre regime autoritário e democrático e não como 
seu fim. 
Isso destaca a ideia de que o molde constitucional tem enfoque na 
estabilização dos interesses sociais, por isso se apresenta em sua essência de 
forma fragmentada ao instituir o Estado, organiza o exercício do poder político, mas 
gera margem para novas configurações do exercício desse poder, uma vez que 
também define inúmeros direitos individuais e formas legais para serem alcançadas. 
Assim, é notável de acordo com que foi exposto, que os moldes em que o 
constitucionalismo foi elaborado abre margem para a judicialização, uma vez que 
sua criação não aponta de forma certeira um vislumbre do ‘’por vir’’, pois se 
estruturou em um clima de indefinição diante da colisão das forças que estavam a 
frente do processo de transição constitucional. 
Em outras palavras, como conclui Cittadino Gisele 1999, é portanto, pela via 
de participação política-jurídica que se processa a interligação entre os direitos 
fundamentais e a democracia participativa. Isso reflete uma política cujo a finalidade 
máxima não é mais alcançar a legitimidade da ação política com base nos 
benefícios gerais para nação, a legitimidade se encontra agora vinculada as regras e 
meios que se regulam uma decisão judicial. 
É inegável com base no que foi exposto, desacreditar que o processo de 
judicialização da política não afete a democracia, principalmente depois que os 
mecanismos para alcançar a “fatia da torta” através da judicialização, são 
conhecidos e explorados, inclusive pelas estruturas municipais. 
Em vista disso, é perceptível que a judicialização afeta os assuntos 
intrinsecamente políticos ao ser repercutido até mesmo na esfera dos poderes 
republicanos. Além de interferir diretamente em pautas sociais, o que implica na 
crescente regulação da vida privada, em virtude da expansão do direito e da 
capacidade do judiciário. 
 Em síntese, os novos enfoques da justiça, em que o judiciário se debruça o 
eleva a condição de agente de transformação na democracia e na vida social.

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