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A atuação do Poder Judiciário sob o seu viés histórico Constitucional. A obra Espirito das leis, Montesquieu (1748) delineou a definição do Poder Judiciário, como parte dos três poderes do Estado moderno. Tal divisão perdura até os dias atuais, conforme cita a Constituição de 1988, em seu artigo 2º, “são poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Tal poder exerce, portanto, um importante papel na estruturação Estatal, e age de forma preponderantemente independente, muito embora sua harmonia frente aos demais poderes seja constantemente questionada. Ademais, é importante destacar que, a função jurisdicional exercida pelo judiciário tem como objetivo principal promover a justiça, bem como defender os direitos de cada cidadão. O próprio texto constitucional em seu art. 5º, inciso XXXV, preceitua que: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Ou seja, a força do Judiciário é suficiente para participar ativamente das questões sociais e políticas. Nesse sentido, munido de força e autoridade, legitimado ainda pela soberania popular, o Judiciário se desvincula do princípio de agir de forma politicamente neutra, ao se envolver como agente de transformação na sociedade. Conforme comenta Dallari (1996), ao passo que os juízes tomam consciência de seu papel social e também de suas responsabilidades, estes assumem a liderança de um processo de reformas, com objetivo de proporcionar ao Judiciário uma postura e organização necessária, para que ele cumpra a função de garantidor da justiça e protetor de direitos. Devido a isso, é necessário, portanto, rediscutir a atuação do Poder Judiciário na atual esfera democrática brasileira. Uma vez que tal poder ganha nuances mais independentes, atuantes frente a nova democracia, vez que supri os anseios populares e demandas que primordialmente deveriam ser supridas pelos representantes eleitos popularmente. De acordo com Tavares (2012), historicamente o protagonismo político das instituições judiciais se deu a partir da vigência da Constituição de 1988, ao qual forneceu base para o retorno dos juristas ao espaço do poder político. No entanto, a alavancagem da judicialização não se deve somente a alguns fatores específicos. É preciso adicionar outras variáveis, para compreender que não é apenas por conta das garantias dos juízes ou prerrogativas frente aos outros dois poderes, que o Judiciário alcançou um lugar de destaque. Em síntese, ainda de acordo com Tavares (2012), a relevância que o Judiciário assumiu no século XXI, é fruto da caminhada que perpassa toda a história política constitucional brasileira. Por isso, é essencial destacar como esse poder, que tinha uma natureza inexpressiva, assumiu na atualidade uma expressão de proeminência nacional. Ao longo de muitos períodos, a história política brasileira demonstrou a existência de duas distintas formas de governo, no caso a monarquia e a república, onde os sistemas de governo, presidencial e parlamentar, agiram como agentes que influenciaram diretamente a atuação do Poder Judiciário, principalmente no que tange as Constituições. Por exemplo, na vigência da Constituição de 1824, o Judiciário apresentava traços tímidos, uma vez que toda a autoridade era rigidamente centralizada na figura do imperador. Os poderes que a Constituição instituiu e dos quais eram emanadas da força do Estado. Ou seja, a conjuntura social ao qual foi formulada a Constituição, interfere na forma como os poderes serão direcionados e validados. Consequentemente, a composição ao qual o Poder Judiciário pertencia, no caso de suas autoridades, se submetia ao rigor do centralismo e ao poder dominante nesse período, o poder do Imperador, mais conhecido como o poder moderador. De acordo com Campanhole (1999), ocorreram mudanças econômicas, fim da escravatura, e o momento histórico, ao qual foi proclamada a República por Marechal Deodoro da Fonseca. Nesse contexto, o Poder Judiciário reflete as novas nuances de atuação, abandona sua submissão frente ao Executivo, uma vez que deixa de existir o poder moderador e passa a vigorar somente os 3 poderes novamente. Nesse período, a ascensão do Judiciário foi notável, no entanto, na prática ainda prevalecia os interesses dos chefes representantes do Poder Executivo, direcionando o rumo da nação. Apesar de que nessa mesma época, o órgão jurisdicional, já tinha alcançado a autonomia e competência para julgar o Presidente da República, nos crimes comuns; além de não ter mais nenhuma forma de suspensão dos magistrados por ato do chefe do Executivo. Em relação as Constituições subsequentes, conforme ainda com Campanhole (1999), anteriores à de 1988, houve grandes avanços. Com a Constituição de 1934 houve a promessa e a probabilidade da existência de um Estado social e democrático. Nessa fase, o Poder Judiciário se expandiu, e foi criando o Tribunal especial, o Júri e as justiças tanto militar quanto eleitoral. O Judiciário mais uma vez, mostrou seu crescimento proporcional e sua evolução comparado com o aumento das garantias sociais e democráticas. No período seguinte, o Poder Judiciário retornou ao poderio do Executivo, com a Constituição de 1937, época em que foi implantado o regime ditatorial. Houve diminuição na estrutura do Poder judiciário, abolindo-se muitos institutos importantes. Voltou então a falta de legitimidade para julgar os crimes cometidos pelo Presidente da República. No entanto, com a Constituição de 1946, o parlamentarismo marcou novamente nesse período. Diferente da Constituição de 1967, onde o Poder Executivo era protagonista, exercendo competência de legislar por conta de sua prerrogativa de iniciativa de lei. Nessa época foi criado o Conselho Nacional de Justiça da Magistratura, inovou também com a criação das justiças eleitorais e trabalhista. Mas só então, com advento da Constituição de 1988, que o Poder Judiciário ganhou o relevo que possui na atualidade. O Estado passou a tutelar e garantir os direitos individuais e sociais, como exemplos os de proteção ao menor, ao consumidor e idoso. Dessa forma, assumiu a responsabilidade de integrar e assegurar a todas as esferas sociais a efetivação dos princípios democráticos. Em síntese, foi nesse percurso que o Judiciário demonstrou estar preparado e atuante na busca pela concretização de direitos e, consequentemente, adentrou esferas políticas. A judicialização da política, portanto, é resultado da intervenção do judiciário nas divisões de competências entre poderes
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