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AULA 14 Um representante legal de cooperativa de crédito, com sede e principal estabelecimento localizados no Distrito Federal, voltada precipuamente para a realização de mútuo aos seus associados, acaba de saber que o gerente de sucursal localizada em outro estado foi legalmente intimado, há uma semana, por decisão prolatada pelo juízo da cidade de Imaginário, em que se decretou a falência da cooperativa em questão. No caso, um empresário credor de uma duplicata inadimplida no valor total de R$ 11.000,00 requereu, após realizar o protesto ordinário do título de crédito, a falência do devedor, em processo que correu sem defesa oferecida pela mencionada pessoa jurídica. Na decisão, afirma-se que a atividade habitual de empréstimo de dinheiro a juros constitui situação mercantil clássica, sendo, portanto, evidente a natureza empresarial do devedor, e que, em razão da ausência de interesse do réu em adimplir o crédito ou sequer se defender, patente está a sua insolvência presumida. Em face da situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) contratado(a) pelo representante legal da mencionada cooperativa de crédito, redija a medida processual cabível para impugnar a decisão proferida. - Primeiramente: Identificar o ato do juiz que decretou a falência da cooperativa E se tivesse julgado improcedente? Qual seria o recurso cabível? A Lei 11.101/2005 nos dá a resposta em seu art. 100: Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido cabe apelação A decisão que decretou a falência da cooperativa é uma DECISÃO INTERLOCUTÓRIA, razão pela qual cabe AGRAVO. Resta saber que tipo de agravo. Cabe AI quando a decisão recorrida puder causa DANO GRAVE DE DIFÍCIL REPARAÇÃO. Claro que a decisão causará um dano grave e de difícil reparação para o nosso cliente, a cooperativa de crédito. Portanto, o agravo cabível, no caso, é o de instrumento. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ... . [Falamos na aula anterior que, quando o caso nada mencionar, temos que endereçar o Agravo de Instrumento para o Presidente do TJ do Estado no qual foi proferida a decisão a ser atacada] AGRAVANTE [COOPERATIVA DE CRÉDITO] , (qualificação completa), data venia , inconformado com a respeitável decisão de folhas ___, da lavra do eminente Doutor Juiz de Direito da __ Vara _____ da Comarca de Imaginário, proferida nos autos da AÇÃO DE FALÊNCIA que tramita pelo rito especial da Lei 11.101/2005 [ * ] movida por (NOME DO AGRAVADO) , (qualificação) vem, por seu advogado infra-assinado, com endereço profissional na rua _________ (art. 524, III, do CPC), com fundamento no art. 524 e segs. do CPC, dela interpor recurso de AGRAVO DE INSTRUMENTO a fim de ver (reformada ou anulada) a decisão atacada, pelas anexas razões (....) [Fazer o resto conforme já orientado] 1ª peça [*] Lembrar que, sendo a lei especial omissa em relação ao procedimento, aplica-se o rito do CPC * 4 pontos a constar na peça de interposição: 1) Razões seguem em anexo 2) Preparo 3) Efeitos - Regra: Só devolutivo - Temos que requerer a CONCESSÃO DO EFEITO SUSPENSIVO >> Uma vez concedido o efeito pelo Tribunal, a decisão não mais surtirá efeitos. Ficará suspensa até que o Tribunal analise o AI. * Obs: Todo efeito ativo tem efeito suspensivo (aquele absorve este). 4) Documentos - Não se esqueça de mencionar o art. 525 pois o examinador quer saber se o candidato conhece a previsão legal 2ª peça RAZÕES DE AGRAVO Processo n° _____________ (o nº do processo da AÇÃO DE FALÊNCIA) Ação __________________ Agravante: _____________ Agravado: ______________ COLENDA CÂMARA, EGRÉGIO TRIBUNAL Merece anulação [ Se o procedimento eleito pelo credor foi errado e o juiz não verificou isso, ocorreu um erro no procedimento ] a decisão atacada, posto que proferida contrariamente à prova dos autos e sem qualquer amparo legal. ( .... ) ERROS NO PROCEDIMENTO DETECTADOS NO CASO EM TELA 1) A ação de falência deveria correr no foro na qual está a sede da empresa, nos termos do art. 100, IV, CPC. Ou seja, a ação deveria ter sido proposta no Distrito Federal mas o Autor a propôs em Imaginário >> JUÍZO ABSOLUTAMENTE INCOMPETENTE 2) Não poderia ter sido decretada a falência de uma cooperativa de crédito O art. 2º, II da Lei 11.101 diz que a Lei de Falências não se aplica às cooperativas de crédito. Portanto, no que diz respeito ao rito (ação tramita pela Lei 11101 mas não era para ser observado esse rito) e no que diz respeito à competência do juízo, a decisão interlocutória merece anulação. TEMPESTIVIDADE - Prazo do agravo: 10 dias (art. 520) - Contagem do prazo (art. 184): Lembrar que inclui o dia do começo e exclui o final - Ex: “A decisão foi publicada no dia X, começou a contar no dia Y e encerrou no dia Z” - Exemplo do que poderia cair em prova: “Partindo do pressuposto de que referida decisão (lato sensu) foi publicada no dia 17 de maio (5ª feira), date o seu respectivo recurso no último dia do prazo”. 27 é o último dia mas como exclui-se o último dia da contagem, vamos interpor o recurso no dia 28. Portanto, colocaremos “dia 28 de maio” no final da 1ª e 2ª peças (depois de “local”). DOS FATOS DOS FUNDAMENTOS DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO Conforme art. 3º da Lei 110.101/2005, é competente para processar e julgar o pedido de falência o do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial da empresa que se tenha fora do Brasil. Portanto, a competência será da Comarca do Distrito Federal. DA NÃO APLICAÇÃO DA LEI 11.101/2005 AO CASO EM VOGA As cooperativas de crédito estão sujeitas ao regime de liquidação específico, razão pela qual não se aplica a Lei 11.101/2005 (art. 2º, inciso II da Lei 11.101/2005). (desenvolver 3 a 5 laudas para cada ponto) DO EFEITO SUSPENSIVO Mencionar o art. 527, III, 1ª parte c/c art. 558, caput e dizer quando é que cabe o efeito suspensivo no AI: quando a decisão puder trazer dano grave e de difícil reparação à parte. DO PEDIDO Diante do exposto, requer a V. Exª [ou a este Egrégio Tribunal] 1) Seja conhecido e provido o presente recurso, atribuindo-lhe efeito suspensivo para reconhecer a incompetência do juízo e remeter os autos à Comarca do Distrito Federal; 2) Caso assim V. Exª não entenda, requer seja anulada a respeitável decisão interlocutória que decretou a falência da agravante, julgando totalmente improcedente o pedido do agravado; 3) A intimação do agravado para, querendo, oferecer suas contrarrazões; 4) A condenação do agravado ao ônus da sucumbência.
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