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Aula 08-5

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Geografia dos Recursos Hídricos 125
8
Gestão ambiental de 
recursos hídricos
Os impactos ambientais ocasionados pela gestão inadequada dos recursos hídri-
cos têm sido uma preocupação constante e de âmbito global. Esse quadro é ainda pior 
em países pobres ou em desenvolvimento, nos quais, além da poluição dos corpos 
hídricos, os insatisfatórios planejamento e gestão desses recursos agravam os impactos 
ao meio ambiente.
Dentre esses impactos ao meio ambiente, destacam-se: o comprometimento da 
qualidade de águas interiores, como rios e lagos; a interferência nos ecossistemas e no 
ciclo de vida de animais e plantas; a contaminação de aquíferos e mananciais de abas-
tecimento humano; e o agravamento de fenômenos climáticos, como o efeito estufa e 
a chuva ácida.
Neste capítulo, como parte essencial da Geografia de Recursos Hídricos, serão dis-
cutidos os aspectos ambientais associados à gestão das águas, apresentando, inicial-
mente, um panorama sobre a gestão ambiental, o monitoramento e a minimização dos 
impactos aos recursos hídricos. Em seguida, será abordada a influência dos impactos 
hidrológicos nas alterações climáticas globais e, por fim, as principais etapas associa-
das à conservação e à recuperação dos ecossistemas aquáticos.
Gestão ambiental de recursos hídricos8
Geografia dos Recursos Hídricos126
8.1 Gestão ambiental dos recursos hídricos
8.1.1 Água e o meio ambiente
Os recursos hídricos são essenciais à manutenção de um meio ambiente equilibrado 
para os seres humanos e demais espécies do planeta. Além disso, associado ao crescimento 
da população mundial encontra-se o aumento da demanda por água doce, necessária para 
o atendimento das necessidades básicas dos indivíduos, assim como ao desenvolvimento 
econômico das diversas regiões do globo.
Apesar de a água ser considerada um recurso natural renovável, sua disponibilidade 
para uso humano é limitada e dependente das características de cada localidade. Em média, 
cada continente apresenta 700 mm de precipitação anual (BRAGA et al., 2015); entretanto, 
essa quantidade é bastante variável entre os países, podendo, inclusive, diferir significativa-
mente dentro de um mesmo país. Como exemplo, as diferentes regiões geográficas do Brasil 
apresentam índices pluviométricos bem distintos, conforme pode ser observado na Tabela 1.
Tabela 1 – Índices pluviométricos das diferentes regiões geográficas brasileiras.
Região Índice pluviométrico (mm/ano)
Norte 2100-3300
Nordeste 600-1800
Sul 1200-2400
Sudeste 1200-2100
Centro-Oeste 900-1800
Fonte: INMET, 2017.
De acordo com a tabela, a 
Região Nordeste é aquela que 
apresenta a menor disponibili-
dade hídrica do Brasil, com valo-
res de precipitação abaixo de 600 
mm/ano. Isso porque essa região 
abrange a zona do semiárido do 
país, que apresenta clima do tipo 
tropical semiárido e é severa-
mente castigada por períodos de 
seca, além não apresentar corpos 
hídricos perenes e em condições 
adequadas de uso. A Figura 1, a 
seguir, apresenta um trecho do 
semiárido brasileiro, com bioma 
do tipo caatinga.
Figura 1 – Baixa disponibilidade 
hídrica no semiárido da Região Nordeste.
Fonte: heckepics/iStockphoto.
Gestão ambiental de recursos hídricos
Geografia dos Recursos Hídricos
8
127
É importante levar em consideração as características geográficas (clima, altitude e re-
levo, por exemplo), assim como os aspectos sociais e econômicos de determinada região, 
ao se estabelecer a gestão ambiental mais adequada à conservação dos recursos hídricos. 
Como exemplo, regiões dependentes de aquíferos para abastecimento devem priorizar a 
preservação desses corpos d’água, evitando a impermeabilização excessiva e a infiltração 
de poluentes. Por outro lado, regiões dependentes de mananciais urbanos devem realizar o 
manejo e a preservação da mata ciliar do entorno dessas águas, reduzindo o desmatamento 
e a erosão do solo na área.
Assim, é possível afirmar que o desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos em 
todo o mundo é um dos principais desafios do século XXI. Cada vez mais, fenômenos como 
secas, inundações e contaminação de rios e aquíferos vêm evidenciando a necessidade de 
um planejamento criterioso no uso dos recursos hídricos do planeta.
Apesar da escassez hídrica ser um tema de alcance global, na maior parte das vezes o 
problema está associado à gestão insatisfatória dos recursos naturais. De fato, a remoção, a 
destruição ou o comprometimento dos ecossistemas estão entre as maiores causas de im-
pactos à sustentabilidade no uso dos recursos aquáticos.
Integrar o manejo dos ecossistemas com os processos de gestão dos recursos hídricos 
pode ser uma tarefa complexa, entretanto essa abordagem tem sido cada vez mais propa-
gada, tendo em vista a necessidade do uso equilibrado desses recursos. A base dessa abor-
dagem envolve o reconhecimento de que cada região está sujeita a impactos específicos, 
relacionados com os ecossistemas e corpos d’água existentes. A magnitude dos efeitos varia 
de acordo com as alterações existentes em cada ambiente, incluindo: áreas desmatadas; pre-
sença de cultivos agrícolas; urbanização e alteração nos padrões de infiltração e escoamento 
superficial; redução de áreas de alagados (wetlands); e construção de rodovias.
8.1.2 Contaminação e uso inadequado de aquíferos
Cerca de 30% da água doce do planeta está armazenada em aquíferos. Isso equivale a, 
aproximadamente, 100 vezes mais do que toda água presente em rios e lagos, o que torna o 
processo de gestão desses recursos essencial para a sobrevivência das espécies e a manuten-
ção dos ecossistemas (WBCSD, 2015).
A maior parte das águas presentes em lençóis subterrâneos foi acumulada ao longo de 
milhões de anos, dando origem a vastos aquíferos. Esses reservatórios são reabastecidos 
pela água da chuva; entretanto, essa reposição ocorre lentamente, com uma média que varia 
de 0,1% até 3% ao ano.
Apesar de possuir extensas áreas inacessíveis ao consumo devido à dificuldade no al-
cance e coleta da água, os aquíferos são responsáveis por 23% do abastecimento para uso em 
atividades humanas no mundo. Como exemplo, nos Estados Unidos, 65% da água utilizada 
para irrigação é proveniente de aquíferos existentes no país (OECD, 2017).
O aumento da demanda de água para diversos usos, como abastecimento humano, agri-
cultura, pecuária e uso industrial, tem causado depleção (esgotamento) das águas presentes 
em aquíferos. Isso porque a retirada desse recurso tem sido maior do que a recarga natural dos 
Gestão ambiental de recursos hídricos8
Geografia dos Recursos Hídricos128
corpos hídricos. De fato, em algumas regiões americanas, como no aquífero de Ogallala, que 
abrange territórios de Nebraska, Dakota do Sul, Colorado, Kansas, Oklahoma, Novo México e 
Texas, a retirada de água tem sido três vezes maior do que a sua capacidade natural de recarga, 
o que compromete a sustentabilidade do uso de suas águas (BRAXTON, 2009).
Além da retirada excessiva, a ocupação dos territórios localizados sobre os aquífe-
ros pode levar à contaminação desses corpos hídricos. Como exemplo, áreas do Aquífero 
Guarani (segundo maior reservatório subterrâneo brasileiro), localizadas na região sudeste 
do país, apresentam poluição por agrotóxicos e descarte inadequado de resíduos sólidos em 
seus pontos de recarga, comprometendo a qualidade do recurso disponível.
Dessa forma, é fundamental conscientizar a população acerca da importância das la-
goas, nascentes e fontes de recarga em aquíferos, mantendo essas áreas livres de resíduos e 
poluentes. A Figura 2 apresenta a lagoa do Foge (Bocaina do Sul, SC), que atua como fonte 
de recarga do Aquífero Guarani, maior aquífero em extensão territorial do país.
Figura 2 – Lagoa do Foge: ponto de recarga do Aquífero Guarani.
Fonte: Sórtica, 2009/Wikimedia Commons.
A rápida depleção dos reservatórios subterrâneos representa uma grave ameaça ao 
suprimento mundial de água, especialmente aquela direcionada à irrigação. Além disso, 
quando a superfície do solodesses reservatórios é comprometida pelo plantio de culturas, 
exploração de minérios ou desenvolvimento de áreas construídas, torna-se ainda mais difí-
cil a sua recarga, levando à drástica redução na quantidade de água disponível.
8.1.3 Contaminação e uso inadequado de águas superficiais
Mundialmente, a média de retirada de água por pessoa, visando a múltiplos usos, é de 
1.970 L por dia. Desse total, cerca de 70% não é reaproveitado, o que torna fundamental o pro-
cesso de gestão adequada de reservatórios e águas superficiais no planeta (BRAGA et al., 2015).
Gestão ambiental de recursos hídricos
Geografia dos Recursos Hídricos
8
129
Dos usos aos quais a água captada superficialmente destina-se, destacam-se a agricul-
tura e a pecuária. Essas atividades devem ser consideradas com cautela em um projeto de 
manejo e gestão de recursos hídricos, haja vista a elevada quantidade exigida de água para 
que elas sejam levadas a efeito. Além disso, a presença de fertilizantes, agrotóxicos e outro 
compostos químicos inviabiliza o reaproveitamento das águas efluentes e ocasiona a polui-
ção de rios e corpos hídricos no entorno das áreas cultivadas.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimento e Agricultura (FAO, 
2004), mais de 99% do alimento humano é obtido a partir de cultivos agrícolas. Assim, é essen-
cial a manutenção adequada dos solos cultiváveis no planeta, incluindo a garantia de um su-
primento de água na área a ser cultivada. Entretanto, a crescente urbanização e o consequente 
desmatamento de extensas áreas para o desenvolvimento agrícola levam à erosão do solo e 
afetam a produtividade, principalmente pela redução da disponibilidade hídrica na região.
O processo de erosão, além de afetar o fluxo do escoamento em rios e a qualidade da 
água em corpos hídricos, diminui a quantidade de nutrientes disponíveis às plantas, além 
de impactar a biota e a concentração de matéria orgânica dos solos. A erosão também leva à 
redução de 87% da quantidade de água presente no solo e disponível para o crescimento das 
plantas. Isso porque a remoção da vegetação nativa para implantação de cultivos agrícolas 
reduz a interceptação natural da água pelas plantas, aumentando o escoamento superficial 
e reduzindo a disponibilidade hídrica no solo.
No caso da pecuária, a demanda de água se deve à exigência elevada desse recurso para 
a manutenção e o crescimento dos animais. Apesar de essa demanda direta ser baixa, o uso 
indireto da água para criação animal é bastante elevado, considerando-se a necessidade do 
recurso para o cultivo de grãos e forragem indispensáveis à alimentação. A criação intensi-
va1 exige volume ainda maior de água, destinada à manutenção e à limpeza de equipamen-
tos e instalações.
A retirada constante de água, sem a utilização de mecanismos adequados de gestão, 
pode levar à depleção dos recursos nas áreas exploradas para criação de animais. Do mesmo 
modo, a produção de grande quantidade de efluentes na pecuária pode causar severos im-
pactos ambientais. Isso porque esses resíduos apresentam elevada concentração de matéria 
orgânica e, caso não tratados e dispostos adequadamente, provocam a contaminação dos 
corpos hídricos receptores.
8.1.4 Conservação dos recursos hídricos
Considerando-se a necessidade vital de um suprimento de água com qualidade e quan-
tidade adequadas para todas as espécies do planeta, a conservação dos recursos hídricos 
deve ser prioritária para cada indivíduo, assim como às comunidades e nações.
Um dos principais mecanismos de conservação e gestão das águas envolve o aumento 
da taxa de infiltração de água da chuva nos solos, reduzindo o volume de água escoada 
superficialmente. Quando a vegetação é preservada, o escoamento superficial é reduzido 
1 Criação de animais em ambientes restritos e com uso de estratégias de produção, como inseminação 
artificial e manipulação genética.
Gestão ambiental de recursos hídricos8
Geografia dos Recursos Hídricos130
em até 20% (PIMENTEL, 2004). Além de possibilitar a recarga de aquíferos e a qualidade 
nutritiva dos solos, esse mecanismo atua evitando inundações em áreas urbanizadas.
Em relação aos cultivos agrícolas, algumas estratégias que visam à conservação e ao 
manejo correto dos recursos hídricos incluem:
• fornecer a quantidade de água demandada, reduzindo o desperdício do uso ex-
cessivo nos cultivos;
• monitorar o teor de umidade nos solos;
• adotar sistemas de irrigação mais econômicos e que reduzam a taxa de evaporação 
da água adicionada;
• utilizar sistemas de rotação de culturas, para manutenção dos nutrientes e do teor 
de umidade natural nos solos;
• manter trechos de vegetação nativa, garantindo maior absorção da água precipita-
da e menor volume de escoamento superficial.
Em áreas urbanizadas, a manutenção da cobertura vegetal é fator fundamental para 
reduzir o escoamento superficial e as inundações. Ainda, mecanismos de coleta e armaze-
namento da água da chuva também atuam como sistemas de contenção das precipitações. 
Além disso, a água coletada pode ser utilizada, após filtração, para irrigação de parques e 
jardins ou em sistemas de descarga sanitária, minimizando o problema da escassez hídrica 
nos centros urbanos.
8.2 Alterações climáticas
8.2.1 As alterações climáticas e os recursos hídricos
Os recursos hídricos são fundamentais à sociedade e aos ecossistemas. A humanida-
de depende de uma fonte segura e confiável de água para abastecimento, assim como de 
águas para agricultura, navegação, geração energética, produção industrial e recreação. 
Entretanto, muitos desses usos aumentam a pressão sobre os recursos naturais, que também 
são enormemente impactados pelas alterações climáticas no planeta.
Em muitas regiões, as alterações climáticas levam ao aumento da demanda hídrica, 
ocasionando a depleção dos corpos d’água disponíveis. Assim, caso não seja realizado um 
balanço hídrico adequado, considerando-se as entradas e saídas de água do ambiente, a 
escassez de água irá afetar a sobrevivência de comunidades e ecossistemas, além de influen-
ciar negativamente na produção de energia e alimentos.
Há, ainda, regiões em que as alterações ambientais estão associadas ao aumento do 
nível de rios e mares e às inundações causadas na zona urbana. Esses fenômenos podem 
reduzir a qualidade da água, devido ao arraste de potenciais contaminantes no solo, além 
de comprometer a infraestrutura dos sistemas de coleta e distribuição de água. A Figura 3 
apresenta uma inundação ocorrida na cidade de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, em dezembro 
Gestão ambiental de recursos hídricos
Geografia dos Recursos Hídricos
8
131
de 2013. Eventos como esse são comuns no estado e ocasionam danos à integridade material, 
física e psíquica da população residente nas áreas atingidas.
É importante salientar que o ciclo da água apresenta um equilíbrio delicado entre as 
suas etapas. Assim, considerando-se que a água é um recurso renovável, a água evaporada 
deverá retornar à superfície do planeta mediante a precipitação, que, por sua vez, será res-
ponsável pelo reabastecimento de reservatórios e pelo escoamento superficial. Entretanto, 
alterações climáticas no meio ambiente podem interferir nesse equilíbrio.
Figura 3 – Inundação em Nova Iguaçu, no Estado do Rio de Janeiro.
Fonte: dabldy/iStockphoto.
O aquecimento global leva ao aumento das temperaturas médias em diferentes regiões 
do globo, elevando a taxa de evaporação da água para a atmosfera. Essa condição pode levar 
a episódios de seca em algumas áreas, assim como a maior volume de águas precipitadas em 
outras. De fato, as alterações dos índices pluviométricos em diferentes países evidenciam 
as modificações que vêm ocorrendo no ciclo hidrológico, causadas majoritariamente pelo 
agravamento das alterações climáticas no planeta.
Além das mudanças nas taxas de precipitação, o aquecimento global tem ocasionado o 
aumento da taxa de derretimento das geleiras e coberturas de neve, elevando o fluxo de rios 
e escoamentosuperficial nos continentes. Ainda, os níveis dos mares e oceanos têm aumen-
tado consideravelmente nos últimos anos, como resultado desse maior influxo de águas.
Com a elevação das temperaturas, os seres humanos e os animais necessitam de maior 
aporte de água para suprir suas necessidades. Além disso, muitas atividades econômicas 
importantes, como a geração de energia, a criação de gado e o cultivo de alimentos, depen-
dem da contribuição desse recurso, e a demanda tende a aumentar à medida que as tempe-
raturas se elevam.
Gestão ambiental de recursos hídricos8
Geografia dos Recursos Hídricos132
8.2.2 Impactos das alterações climáticas em diferentes setores
Os impactos acarretados pelas alterações climáticas em relação à disponibilidade e à 
qualidade das águas afetam diversos setores, entre eles a agricultura, a produção energética 
e a manutenção de ecossistemas.
Atividades agrícolas, assim como a pesca e o extrativismo vegetal, são altamente depen-
dentes do clima. Aumentos na temperatura e nas concentrações de dióxido de carbono (CO2) 
na atmosfera, em grande parte devido às atividades antrópicas, podem elevar o rendimento dos 
cultivos em algumas localidades. Entretanto, para que esse aumento ocorra de forma benéfica, é 
fundamental que também sejam monitoradas as concentrações de nutrientes e a disponibilidade 
hídrica nos solos, sob o risco da ocorrência de eventos de desertificação nas áreas cultivadas.
Apesar de alguns cultivos serem favorecidos com o aumento das temperaturas médias, 
muitos outros são prejudicados, principalmente pela impossibilidade de suprir adequada-
mente o aumento da demanda hídrica. Também, a elevação da temperatura de rios e mares 
leva à migração de peixes e outros animais aquáticos, reduzindo a produção e a diversidade 
em algumas regiões.
Além da produção agrícola, outro setor bastante afetado pelos impactos climáticos é 
o energético. De fato, alterações na temperatura, nos níveis de mares e oceanos, além da 
severidade de eventos como secas e inundações comprometem a produção, a distribuição e 
o consumo da energia no mundo.
Sabe-se que a energia desempenha um papel fundamental em nossas vidas, seja para 
preparo de alimentos, aquecimento de residências, transporte, trabalho ou lazer. Entretanto, 
o que não é muito abordado é o fato de que os processos de geração energética, em geral, 
consomem elevados volumes de água, seja no processo próprio de geração (como ocorre nas 
hidrelétricas) ou para resfriamento e limpeza desses mecanismos.
O fenômeno do aquecimento global encontra-se intrinsicamente ligado ao aumento da 
demanda energética. Isso porque, quando as temperaturas estão elevadas, mais eletricidade 
é utilizada para o bem-estar dos indivíduos (pelos sistemas de condicionadores de ar, ven-
tiladores, umidificadores) ou para preservação de alimentos e medicamentos, por exemplo. 
Além disso, a presença de ar quente nos sistemas pode reduzir a produtividade energética, 
exigindo ainda mais dos sistemas de geração. Com isso, a retirada de água de reservatórios 
e mananciais aumenta, visando suprir à maior demanda energética ocasionada pelas tem-
peraturas altas observadas em várias regiões do mundo.
Os fatores climáticos também têm grande influência no equilíbrio dos ecossistemas. 
Alterações no clima interferem na harmonia e na estabilidade do meio ambiente, atuando de 
diversas formas. Por exemplo, o aumento das temperaturas leva diversas espécies a migrar 
para altitudes ou latitudes elevadas, onde a temperatura é mais adequada a sua sobrevivên-
cia. Da mesma forma, à medida que os níveis dos mares sobem, o aporte de água salina em 
reservatórios de água doce aumenta, forçando diversos animais aquáticos a mudarem de 
habitat para sobreviverem ao novo ambiente. Com isso, todo o equilíbrio ecossistêmico é afe-
tado, considerando que o balanço entre presas e predadores é significativamente impactado 
devido a essas migrações.
Gestão ambiental de recursos hídricos
Geografia dos Recursos Hídricos
8
133
Além de afetar diretamente as espécies, as alterações climáticas interferem no desen-
volvimento humano, atuando de forma cumulativa com outros impactos danosos causados 
ao meio ambiente. Como exemplo, o processo de erosão é agravado em áreas afetadas por 
essas mudanças, como o aumento de chuvas torrenciais, levando a danos graves nas zonas 
costeiras e áreas de desenvolvimento próximas a rios e reservatórios.
8.3 Conservação dos ecossistemas aquáticos
8.3.1 Biodiversidade aquática
A diversidade biológica é formada por muitas espécies de animais, plantas, fungos e mi-
cro-organismos, em diferentes habitats do planeta. Cada espécie encontra-se adaptada ao am-
biente no qual vive, seja no alto de montanhas, em florestas tropicais ou no fundo de oceanos.
A biodiversidade aquática é definida como a variedade de espécies e ecossistemas 
componentes das águas doces, intermediárias ou salinas, assim como as interações existen-
tes entre eles. Compreende lagos, lagoas, rios e reservatórios, além de ambientes marinhos, 
como oceanos, estuários, recifes de corais e mares.
Essa biodiversidade abrange inúmeras espécies, assim como seus habitats e as re-
lações entre eles. Entre os organismos existentes nesses ambientes, estão: fitoplânctons, 
 zooplânctons, insetos, peixes e mamíferos. Alguns desses grupos apresentam peculiarida-
des que os permitem habitar em ambientes com baixa luminosidade, elevada salinidade ou 
reduzida concentração de oxigênio, enquanto outros são responsáveis por belos espetáculos 
aquáticos, dadas as suas cores vibrantes e sua luminescência. A Figura 4 apresenta a biolu-
minescência2 emitida por organismos planctônicos na superfície das águas da República das 
Maldivas, no Oceano Índico.
Figura 4 – Plâncton bioluminescente nas Ilhas Maldivas, Oceano Índico.
Fonte: watcherFF/iStockphoto.
2 Emissão de luz visível por organismos vivos.
Gestão ambiental de recursos hídricos8
Geografia dos Recursos Hídricos134
A dependência humana em relação aos recursos aquáticos é enorme, abrangendo desde 
o alimento oriundo das águas até as matérias-primas para produção de medicamentos e 
outros itens úteis ao desenvolvimento das sociedades. Além disso, o turismo e as atividades 
de recreação e lazer são enormemente beneficiados pelo uso dos recursos hídricos.
O manejo inadequado da pesca, a introdução de espécies exóticas3, a poluição de áreas ur-
banas, industriais e agrícolas, além dos impactos ocasionados pelo ambiente construído, como 
reservatórios e barragens, contribuem para a redução da diversidade aquática. Assim, é impor-
tante que estratégias de conservação sejam utilizadas, a fim de proteger a biota aquática e manter 
o equilíbrio do meio ambiente, garantindo a disponibilidade dos ecossistemas hídricos.
8.3.2 Impactos aos ecossistemas aquáticos
As diversas atividades humanas são, em grande parte, as principais responsáveis pelo 
desaparecimento de inúmeras espécies aquáticas. Essas perdas impactam os ecossistemas 
como um todo, levando à depleção de importantes recursos naturais que poderiam ser uti-
lizados em benefício do desenvolvimento humano.
A contaminação proveniente das águas lixiviadas4 de cultivos agrícolas e do escoamen-
to superficial de áreas urbanas, a introdução de espécies exóticas; a construção de barragens 
e reservatórios, assim como o desvio do curso de rios e córregos são as principais causas 
responsáveis pelos danos acarretados aos ambientes aquáticos.
Em mares e oceanos, a superexploração de peixes, crustáceos e outros grupos de orga-
nismos, devido à pesca não sustentável promovida por alguns países, é um dos principais 
desafios a serem enfrentados em pró da defesa dos ecossistemas marinhos. Ainda, ameaças 
tanto às águas continentais quanto àquelas presentes em ambientes salinos estão associadas 
ao desenvolvimento urbano e industrial. De fato, o crescimento de cidades e a implantação 
de novos parques industriais leva ao aumento de áreas desmatadas e ao processo de erosão 
de solos,o que impacta diretamente os corpos hídricos nas regiões do entorno das áreas ex-
ploradas. Além disso, o aumento da poluição da água e da atmosfera ocasionada por essas 
atividades também interfere na sobrevivência das espécies aquáticas.
Algumas estratégias de conservação dos ambientes impactados incluem:
• recuperação de áreas componentes dos habitats naturais das espécies aquáticas que 
foram ou estão sendo degradadas pela ação humana;
• criação de bioreservas aquáticas, isto é, áreas de restrição de pesca e exploração 
dos corpos hídricos e entornos, visando à preservação dos ecossistemas aquáticos;
• manejo e controle do uso dos ambientes aquáticos, para que a exploração econô-
mica seja realizada de forma ambientalmente sustentável;
• plantio de árvores nas áreas das bacias hidrográficas e preservação das matas 
ciliares;
3 Espécies que se encontram fora de sua área de distribuição natural.
4 Águas da chuva que, após entrarem em contato com o solo, carregam compostos químicos dissolvi-
dos em seu fluxo de escoamento superficial.
Gestão ambiental de recursos hídricos
Geografia dos Recursos Hídricos
8
135
• regulação e fiscalização do uso dos corpos hídricos, com monitoramento frequente 
da qualidade da água;
• conscientização e educação ambiental da população residente no entorno de cor-
pos hídricos, visando ao engajamento de toda a sociedade na preservação dos 
ecossistemas aquáticos.
Adotando-se medidas de preservação das áreas no entorno dos corpos d’água e pro-
movendo a conscientização ambiental, é possível minimizar os danos causados aos recursos 
hídricos. Dessa forma, será possível usufruir dos benefícios proporcionados pelas fontes de 
água de forma sustentável, preservando esse precioso recurso para as gerações futuras.
 Ampliando seus conhecimentos
O desafio da conservação de ambientes 
aquáticos e manutenção de serviços 
ambientais em áreas verdes urbanas: o caso 
do Parque Estadual da Cantareira
(RARES; BRANDIMARTE, 2014, p. 120-122)
[...]
O Parque Estadual da Cantareira (PEC) apresenta problemas ambientais, 
os quais se relacionam à situação precária de vida de grande parte da 
população de seu entorno. Estes problemas podem avançar para o interior 
do parque, uma vez que este representa uma opção de lazer relacionada 
aos serviços ambientais providos por uma grande área verde facilmente 
acessível.
Entre estes serviços, especificamente para os ambientes aquáticos como 
riachos, cachoeiras e represas, citam-se especialmente os culturais, repre-
sentados por benefícios recreacionais e espirituais. Os primeiros estão 
relacionados ao uso destes ambientes para pesca e banho, que estão inti-
mamente ligados à falta de opções para uma população carente de infraes-
trutura de lazer e de renda para buscar outras opções. Os segundos, por 
sua vez, têm ligação com práticas religiosas, pois a área é intensamente 
procurada para este fim, sendo inúmeros os vestígios destas atividades no 
interior do PEC. O grande problema em relação à utilização destes servi-
ços culturais é o seu potencial de afetar negativamente o habitat aquático 
e a qualidade da água, sendo que, muitas vezes, isso ocorre ilegalmente 
em áreas do parque com restrição ao acesso público.
Gestão ambiental de recursos hídricos8
Geografia dos Recursos Hídricos136
A utilização ilegal do serviço ambiental de provisão da água, por meio 
de retirada clandestina por moradores do entorno, também é uma prática 
comum no PEC, fato comprovado pela presença de mangueiras encontra-
das no local e que pode contribuir para a diminuição da disponibilidade 
hídrica no PEC. À medida que a urbanização avança nos limites do par-
que, o impacto desta atividade pode se agravar, pois as fontes e riachos 
ali presentes se caracterizam por um volume de água relativamente baixo.
As práticas ilegais realizadas no interior do PEC estão relacionadas, ainda, 
ao baixo nível de escolaridade e informação da população do entorno em 
geral. Pode-se presumir que não ocorra o desconhecimento, por parte da 
população, sobre a proibição ao acesso a determinadas áreas do PEC, e 
sim uma falta de entendimento de tal fato, que resulta em desrespeito às 
normas.
Nesta perspectiva, a situação ambiental e socioeconômica predominante 
no entorno do PEC representa um entrave à conservação da biota aquática 
e aos serviços de suporte a ela relacionados, assim como ao fornecimento 
de água de qualidade para o abastecimento em função do processo de 
urbanização descontrolado. Em contrapartida, a degradação desta impor-
tante área verde urbana, e dos ecossistemas que a compõem, é minimi-
zada por se tratar de uma área legalmente protegida, na qual as ativida-
des humanas são restritas, e pelo fato do PEC estar situado em uma região 
de serra, o que de certo modo dificulta o acesso às áreas mais conservadas. 
Além disso, tal localização favorece a conservação dos corpos d’água, uma 
vez que, praticamente, não recebem afluentes oriundos da área externa ao 
parque, o que impede que recebam cargas poluentes alóctones.
Embora os aspectos citados levem à minimização dos impactos dire-
tos sobre a área e, consequentemente, sobre os corpos d’água, eles não 
garantem a total proteção destes ambientes. O PEC tem a ampla maioria 
dos corpos d’água alimentados basicamente por água de precipitação e 
com qualidade da água caracterizada como de boa a ótima. Uma exce-
ção, porém, é representada pelo rio Cabuçu de Cima, que entra no parque 
carregando uma carga elevada de esgoto doméstico. Situação semelhante 
ocorre no Parque Estadual do Jaraguá (PEJ), outra unidade de conserva-
ção integral localizada em zona urbana no município de São Paulo. No 
PEC, a água do rio Cabuçu de Cima percorre uma pequena extensão em 
uma área limítrofe, não afetando drasticamente os demais corpos d’água 
no interior do parque. No entanto, no PEJ a entrada de um riacho conta-
minado por esgoto doméstico resultou em profunda degradação de cor-
pos d’água, exigindo medidas de reabilitação.
Gestão ambiental de recursos hídricos
Geografia dos Recursos Hídricos
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Outra questão relevante é o fato de o quadro de vigilância disponível no 
PEC não ser suficiente para controlar a entrada de pessoas em áreas proi-
bidas, ampliando o problema em função da grande extensão do parque. 
Portanto, a degradação da qualidade da água e do habitat pode ocorrer 
independentemente da função protetora da vegetação. Saunders et al. 
(2002) salientam que parques terrestres, muitas vezes, não conseguem 
lidar com importantes questões concernentes aos ambientes aquáticos 
como hidrologia, introdução de espécies não nativas e integridade da 
bacia hidrográfica. Afirmam ainda que as águas doces sempre serão afe-
tadas em algum nível por atividades que ocorrem fora dos limites fron-
teiriços de área protegida. Abell et al. (2007) enfatizam a importância de 
considerar os ambientes aquáticos na criação de áreas protegidas.
A partir do exposto, excetuando as questões socioeconômicas, sobre as 
quais uma discussão aprofundada foge do escopo deste trabalho, conclui-
-se que há necessidade de um esforço conjunto para a proteção dos ecos-
sistemas aquáticos do PEC, que passa não apenas pela aplicação de seu 
plano de manejo e pelo aumento de vigilantes qualificados, como também 
pela melhoria da infraestrutura na área de entorno. Deste modo, haverá 
maior possibilidade de garantir a manutenção dos serviços ambientais 
oferecidos pelos corpos de água do parque, no que tange ao aproveita-
mento legalmente consentido. Afinal, os serviços ambientais são valiosos 
para o bem-estar e sobrevivência da humanidade, pois deles dependem 
as atividades humanas. Além disso, e não menos relevante, são essenciais 
para a sobrevivência das demais espécies, sendo que sua manutenção é 
diretamente dependente da conservação e preservação ambiental, bem 
como de práticas que minimizem os impactos antropogênicos sobre o 
ambiente. [...]
 Atividades
1. O meio ambiente e os recursos hídricos encontram-se intrinsicamenteligados, haja 
vista que a água é recurso essencial para a sobrevivência de todas as espécies do 
planeta. Entretanto, a escassez hídrica em algumas áreas limita a sobrevivência e a 
manutenção de muitos organismos, o que leva ao desequilíbrio dos ecossistemas. 
Assim, pesquise e esboce um gráfico com as médias de precipitações no seu municí-
pio na última década. Analise os dados obtidos e responda: De acordo com o obser-
vado, a frequência de chuvas no seu município está se mantendo ao longo do tempo 
ou estão ocorrendo modificações significativas nos índices pluviométricos?

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