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1 Apostila de Fitoterapia Introdução Uma característica de nosso planeta Terra é possuir na sua atmosfera, quatro reinos destintos: o reino mineral, o vegetal, o animal e o humano. Um é fruto do outro, formando uma cadeia evolutiva. Se observarmos um a um, vamos entender muito sobre nós e a nossa história e sobre a superfície deste planeta. O reino vegetal é o reino que nos traz o alimento, que nos fornece energia para que possamos viver com saúde e produzir para nós mesmos e para a coletividade. Diariamente, nos são oferecidos bilhões de quilos de comida e oxigênio vindos do reino vegetal e não nos lembramos de ao menos, agradecer. A cada dia que passa, distanciamo-nos muito dessa troca e, mesmo assim, esse reino continua a nos servir sem cobrança, indistintamente. As plantas possuem movimento. Quando pensamos que estão estáticas, enganamo-nos redondamente. Por baixo ou por cima da terra, elas se movem com presteza e inteligência, de acordo com as suas necessidades. Nesse silencioso movimento em busca de luz, de água ou até mesmo de ventos ou insetos que espalhem o seu pólen pelos quatro cantos, as plantas mostram tamanha inteligência e sensibilidade que nos deixam estarrecidos. Quando as observamos, sua aura tem um movimento energético, dinâmico e luminoso, capaz de atuar em todo o ambiente onde elas estão sendo cultivadas. A atração que os seres humanos têm pelas flores e plantas ornamentais e as sensações que estas podem causar àqueles que têm contato visual ou físico com elas são experiências inesquecíveis. As plantas estão presentes em nossa vida desde o momento em que nascemos até a hora de nossa morte física, acompanhando-nos durante toda essa jornada, ajudando-nos a evoluir em todos os níveis de vibração. Estudá-las é muito mais que aprender sobre elas, é compartilhar a essência que move o universo. Costuma-se dizer: ” No início, tudo são flores”. Mas, ao contrário do dito popular, no início, tudo é mato. Foi assim que todo o trabalho com as ervas começou. No início, não tínhamos nenhuma relação com estes conhecimentos, até que apareceu uma amiga que entendia de ervas medicinais e se propôs a dar um curso. Descobrimos que tudo aquilo que tratávamos com mato, ervas daninhas ou pragas eram verdadeiras jóias da cura natural. Ficamos encantados com a experiência e, a partir desse dia sempre procurávamos ter mais cuidado com aquilo que arrancávamos. Descobrimos ervas para a cura de males do estômago, rins, bexiga e até analgésicos. Estavam ali, bem a nossos pés e talvez a nossa arrogância não nos permitisse olhar para baixo ou talvez a nossa acomodação em 2 relação às coisas que já estão prontas não nos permitisse enxergar. Começamos então a plantar o nosso primeiro herbário e a fazer um trabalho diário de observação sobre como se comportavam entre si. Histórico Oriente O país com mais longa e ininterrupta tradição nas ervas é a China. Quando morreu em 2698 A.C., o lendário imperador Shen Nung já provara 100 ervas; menciona em seu "Cânone das Ervas" 252 plantas, muitas ainda em uso. Cem anos mais tarde, o Imperador Amarelo, Huang Ti, formalizou a Teoria Médica no Nei Ching. No século VII, o governo da dinastia Tang imprimiu e distribuiu pela China uma Revisão do Cânone de Ervas. Em 1578, Li Shizhen completou seu "Compêndio de Matéria Médica", onde listou 1800 substâncias medicinais e 11.000 receitas de compostos. Médio Oriente Placas de barro de 3.000 AC registram importações de ervas para a Babilônia (trocas com a China de ginseng aconteceram por volta de 2.000 AC). Farmacopéia babilônia abrangia 1400 plantas. O historiador grego Heródoto mencionou que muitos babilônios eram médicos amadores, os doentes deitavam na rua e pediam conselhos a quem passava. O primeiro médico egípcio conhecido foi Imhotep (2980 a 2900 A.C.), foi o sacerdote que desenhou uma das primeiras pirâmides. Grande curandeiro foi deificado, e utilizava ervas medicinais em seus preparados mágicos. Os Papiros de Ebers do Egito foram um dos herbários mais antigos que se têm conhecimento, datando de 1550 A.C., e ainda está em exibição no Museu de Leipzig (são 125 plantas e 811 receitas). Nota-se a astrologia integrada na medicina egípcia. Na mesma época, médicos indianos desenvolviam avançadas técnicas cirúrgicas e de diagnóstico, e usavam centenas de ervas nos seus tratamentos. Segundo os hindus "as ervas eram as filhas prediletas dos deuses". 3 Grécia No século XIII AC um curandeiro chamado Asclépio, grande conhecedor de ervas, concebeu um sistema de cura (também chamado Esculápio de Cos era filho do deus Apolo e da ninfa Corônis), fundando o primeiro spa de que se tem conhecimento, em Epidauro, com tratamentos baseados em banhos, jejum, chás, uso terapêutico de música, teatro e jogos. Os templos de cura pipocaram em toda Grécia, Asclépio foi deificado. Seiscentos anos depois, Tales de Mileto e Pitágoras compilaram essas receitas. Os gregos adquiriram seus conhecimentos de ervas na Índia, Babilônia, Egito e até na China. Idade das trevas Nesta fase a Pérsia tornou-se o centro de perfeição da época, com os médicos gregos sendo traduzidos para o árabe. Na Europa os progressos foram dificultados pela Igreja, que não via com bons olhos a aprendizagem científica, e encaravam a doença como um castigo; a medicina das plantas restringiu-se aos monges nos mosteiros e a algumas mulheres de aldeias remotas. Renascimento O século XV traz a era dourada para as ervas: à partir da observação dos resultados dos remédios à base de ervas; Nesse ambiente racional as mulheres foram proibidas de estudar e os curandeiros não profissionais eram hereges. Idade Industrial e Moderna A ciência levou ao desenvolvimento do assunto ervas, sintetizando partes das plantas e concentrando dosagens. O uso mais baixo das ervas foi no início do séc XX, mas com os efeitos secundários das drogas artificiais, a ecologia incentivando uma volta ao natural, está acontecendo um renascimento fantástico da utilização das ervas. América O primeiro herbário das Américas é o Manuscrito Badanius, o herbário asteca, do séc XVI, em nahuatl. 4 No Brasil, em 1995, o consumo de medicamentos caiu a níveis alarmantes. Pesquisa SOS FARMA, para levantar as causas descobriu que das 400 famílias pesquisadas, 91,9% se automedicavam com ervas e 46,6% cultivavam nos quintais. Dados da Assoc.Brasil da Ind Farm. apontam que as vendas de medicamentos sintéticos cresceram 16% naquele ano, enquanto o consumo de fitoterápicos subiu 20%. Tanto assim que a CEME, central de medicamentos, está financiando pesquisas em universidades. Médico Celerino Carriconde, coord. do Centro Nordestino de Medicina Popular, acredita que o uso de fitoterápicos pode reduzir à metade os gastos da população com medicamentos e com os mesmos resultados dos alopáticos. Projeto Farmácias Vivas- Criador prof. Francisco Abreu de Matos, da Univ.Fed do Ceará, bisneto do cirurgiãi Francisco José de Matos, criador da "piúla de mato", que desde 1888 era usada no sertão cearense para combater prisão de ventre. Propriedades Energéticas das Plantas As propriedades energéticas dos medicamentos são a base para a compreensão do seu uso e para o estabelecimento dos locais de ação, baseada no sistema de relações dos 5 movimentos e dos órgãos ZANG- FU. As propriedades energéticas são determinadas por dois parâmetros básicos: a essência e a forma, conforme a dialética no ciclo de transformação do TAO. A essência refere-se a real natureza dos medicamentos que está ligada aos 5 sabores e à natureza energética. A forma refere-se ao tipo do medicamento, parte, função e cor e relaciona- se à expressão do mesmo. Essência Sabores Os 5 sabores relacionam-se com o movimento terra através da boca e provém da terra sendo, portanto, a essência mais pura dos medicamentos.Eles são: Ácido: ação de transformação, harmonizante- fígado. Amargo: ação reagrupante, centrípeto-coração. Doce: ação suavizante, tonificante-baço. Picante: ação dispersante-pulmão. Salgado: ação mobilizante, ascendente-rim. Os cinco sabores têm ação que pode ser considerada inversa ao movimento relacionado a cada órgão ZANG, e por isso atuam modulando a ação desses órgãos ; controlam o desgaste do QI do órgão, ao mesmo tempo que nutrem a sua essência (que neste caso poderia ser definida 5 como “capacidade de produzir QI’’.Um medicamento usado em excesso vai causar uma lesão no QI e na essência do órgão ao qual está relacionado através do sabor, e eventualmente a outros órgãos. Abaixo,exemplos simples que demonstram as ações dos 5 sabores. • Ácido: Os principais harmonizadores de fórmulas da medicina chinesa têm também sabor ácido como o gengibre e a raís de alcaçus.Eles eliminam a toxicidade(ação harmonizante).Igualmente a laranja da terra imatura(Fructus aurantii imaturus)e a casca da tangerina(pericarpium citri reticulatae),por terem sabor ácido,atuam como carminativos ,ou seja promovendo o fluxo de QI nas vicerase com isto modulando a função do fígado e previnindo a previnindo a estagnação(transformando promovendo movimento). • Amargo: Os principais catárticos são amargos.O sentindo centrípeto gerando por esse sabor o QI e os fluidos a se acumularem mais no tubo digestivo (ação reagrupante)sendo posteriormente eliminados nas fezes. A semente da tâmara chinesa (Semen Ziziphi Spinphi) tem sabor amargo sutil, e por isto ageacalmando o coração e tranqüilizando SHEN, o espírito. As ervas de sabores amargo influenciam, por fim as funções do fígado. O amargo estabiliza o sangue e o fluxo menstrual e não deixa o QI se rebelar, pelo seu efeito reagrupante; é o caso da angélica chinesa (Radix Angelica Sinenis). • Doce: Quando uma pessoa fica tensa, nervosa, recomenda-se “água com açúcar”; o sabor doce vai suavizar o fluxo de QI, acalmando a pessoa (ação suavizante). Por isto, alguns harmonizadores são também de sabor doce. O sabor doce tonifica e vários tônicos são adocicados como é o caso da raiz de alcaçuz (Radix Glycyrrhizae). • Picante: Os principais sudoríficos são picantes, porque através da ação centrífuga direcionam o fluxo de QI para a pele, levando a mobilização do QI defensivo, abertura dos poros e então sudorese (ação dispersante). Como exemplo, temos o gengibre. Esta ação centrífuga é usada para ajudar o baço a transportar os alimentos, por isto vários temperos são picantes (o próprio gengibre, canela, hortelã, etc.). • Salgado: Os salgados podem mobilizar o QI; por exemplo, para cima e por isso um caso de hipotensão postural (na medicina chinesa é considerado deficiência de ascensão do QI), pode ser 6 corrigido com uma pitada de sal sublingual (ação mobilizante do QI). O salgado exerce também efeito tônico. Por isto, tônicos podem ter sabor salgado como o caso da tartaruga (principalmente quando se trata de tônicos da essência ou do QI do rim, como neste caso). Os sabores também se subdividem em sabor evidente e sabor sutil. Sabor evidente: É aquele que o provador sente imediatamente ao provar o medicamento. O sabor evidente pode ser composto, ou seja, formado por sabor. Por exemplo, a canela é doce e picante em seus sabores evidentes. O sabor evidente também se relaciona com o direcionamento da erva, ou seja, onde ela vai agir, assim como o tipo de medicamento, vegetal utilizada. Por exemplo, as frutas em geral têm sabor evidente doce e agem sobre o baço-pâncreas. Sabor sutil: É o que se esconde atrás do(s) sabor (es) evidente(s), e o que pode ser sentido por um provador com grande aguçamento do paladar. O sabor sutil é o que dá a verdadeira essência ao medicamento, ou seja, a ação que ele vai exercer no corpo. Por exemplo, o sabor sutil da semente de pêssego é doce, e isto faz com que sua ação seja suavizante, no caso desfazendo nódulos endurecidos gerados pela estagnação de sangue. Além dos 5 sabores descritos, existem um 6 sabor, se assim denominado, pois é apenas não um sabor. É um sabor aromático, que envolve o paladar e o olfato ao mesmo tempo, ou seja, é muito erótico, imaterial, por isto vai atuar a nível bem imaterial. Ele é sempre encontrado como sabor sutil, e as suas propriedades são transformar a unidade e abrir os orifícios superiores. Sua atuação na umidade é devido a sua característica imaterial, estérea, que lhe dá capacidade de penetração, vencendo o peso e a turbidez deste agente patogênico. A abertura dos orifícios é proporcionada pela capacidade de ascender à ação dos medicamentos para a cabeça onde o aromático consegue penetrar na viscosidade da fleuma que turva os orifícios. Os chineses descrevem também um sabor chamado de “indeterminado”, quando o medicamento não é classificado entre os 5 sabores. Natureza Energética (As 5 energias) Enquanto os sabores se relacionam ao tipo de ação que o medicamento exerce nos órgãos, a natureza energética refere-se à capacidade de gerar calor ou frio dos medicamentos. Estes podem ser divididos em 5 grupos: • Frios: São aqueles de natureza muito YIN e, portanto, fortemente 7 refrigerantes. • Quentes: São aqueles de natureza muito YANG e, portanto, fortemente calorificantes. • Refrescantes: São os de natureza moderadamente YIN e, portanto, pouco refrigerantes. • Amornantes: São os de natureza moderadamente YANG e, portanto, pouco calorificantes. • Neutros: São aqueles nos quais as energias YING e YANG estão em equilíbrio, portanto, não tendo tendências calorificantes ou refrigerantes. Observação: Eventualmente os medicamentos são classificados como levemente refrescantes ou amornantes. As propriedades adicionais São outras propriedades que influenciam na atitude farmacológica das plantas medicinais, segundo a MTC. Estas propriedades são as seguintes: • Propriedade aromática: A planta exala um odor forte e agradável. Isto corresponde ás plantas que possuem óleos essenciais. Esta propriedade tem características especiais, conforme o conhecimento oriental: Ressecamento: Diferente das plantas diuréticas, as plantas aromáticas também podem ser empregadas para tratar a retenção de liquido, mas sua ação seria pela evaporação deste. Transformação: As plantas aromáticas promovem a “transformação” do muco, o que significa eliminá-lo. Penetração: Os principais aromáticos são menos materiais, tendo capacidade de penetração onde outras plantas encontram dificuldade para agir. Os óleos essenciais costumam promover ação antiespasmódica, antimicrobiana, anti-séptica, expectorante e vasodilatadora. • Propriedade adstringente: É quando a planta causa uma sensação de aperto e desconforto na mucosa da boca ao ser provada. Corresponde à presença de taminos nas plantas medicinais. Esta propriedade assume as seguintes caracterizam as plantas com a 8 propriedade adstringente, efetivamente têm ação antisudorífica e antidiarréica. Proteção: esta propriedade significa que as plantas adstringentes protegem a pele e as mucosas. Suavidade: Modera a ação de outras plantas mais drásticas, reduzindo a incidência de efeitos colaterais. Esta propriedade tem as seguintes características: Harmonização: significa que a planta pode ser usada para reduzir efeitos colaterais de fórmulas, facilitando o uso de associações de plantas. Redução de toxicidade: significa um bloqueio da ação de substâncias com atividade tóxica. • Propriedade tóxica: Significa que a planta pode ter uma ação tóxica sobre o organismo. As plantas com atividade tóxica devem ser usadas em casos extremos, de forma criteriosa, em dosagem mínima e por curto período. Forma Produtos vegetais São a maioria dos medicamentos naturais da medicina chinesa. Em geral, apenas uma parte do vegetal é usada na preparação de medicamento e a função destaparte influencia nas características e forma do medicamento. As principais partes dos vegetais são: Raiz A raiz funciona absorvendo nutrientes e água do meio, e servindo como base para a fixação dos vegetais. É parte fundamental dos vegetais (é a única insubstituível; a maioria dos vegetais não sobrevive sem raiz). Portanto, ela simboliza o rim, o baço e a essência. A maioria dos fitoterápicos chineses são raízes, e em geral as raízes têm uma função tônica, agindo sobre o rim e o baço. Exemplo: O ginseng é uma raiz tônica da energia e do baço. Caule O caule serve para ascender a seiva e sustentar o vegetal. Em geral, apenas a casa do caule, onde circula a maior parte da seiva ou a própria, 9 é utilizada na medicina chinesa. O caule está simbolicamente relacionado com o fígado por suas funções ascendentes e carminativas. Portanto, de forma geral, estas são como fitoterápico. Exemplo: mirra (resina da Commiphora myrra Engl.) que age estimulando a circulação de QI e sangue nos canais ou a casca da canela que amorna e ascende o QI do baço, além de ativar a circulação do QI e sangue nos canais. Folhas As folhas respiram, por isso estão relacionadas ao pulmão. Por este motivo elas influenciam tanto este órgão como o exterior do corpo (pele). Por exemplo, as folhas da nespereira (Eriobotrya japônica) são usadas para tonificar o pulmão e eliminar condições externas; ou as folhas da menta e do capim-limão (Herba cymbopogonis) são usadas como sudoríficos para retirar fator patogênico do exterior e/ou pulmão. Flores Estas se abrem na parte superior do vegetal. Abrir-se é o movimento e expansão, enquanto a parte mais alta relaciona-se com o YANG; por isto as flores estão associadas com o coração (principalmente a floração do final da primavera). Por outro lado, as flores são os órgãos reprodutores das plantas e para a floração do início da primavera o órgão é associado ao fígado. Como exemplos, temos o crisântemo que age eliminando o excesso de calor no fígado. Flos Albizzia pode ser usada para “acalmar o espírito”, na fitoterapia nacional, temos a camomila com efeitos similares. Fruto O fruto é o invólucro da semente que visa mutri-la. Os frutos também tendem a cair no solo; o que lhes dá um movimento descente. Por estes motivos, a fruta (assim como a raiz) relaciona-se com o baço e com o rim. Por exemplo, a tâmara chinesa (Ziziphus jujubae) é um dos principais tônicos do baço, enquanto entre os principais tônicos do rim temos Fructus Cornii (Cornus officinalis) e fructus Lycii (Lycium barbarum). Sementes As sementes contêm a energia ancestral e têm capacidade de germinar, crescer e ascender. Por exemplo, estas qualidades as sementes simbolizam os rins, entre elas a gergelim preto (tonifica o QI do rim), a semente do feno grego (tonifica o YANG do rim) e a semente 10 da nogueira. Em alguns casos, partes de uma mesma planta têm funções diferentes, mostrando a influência da parte da planta no efeito do medicamento. É o caso da Ephedra Sinica, por exemplo, (a Ephedra Sinica é a fonte do alcalóide efedrina); as partes aéreas da planta são sudoríficase eliminam as condições externas, enquanto a raiz tonifica o QI defensivo, fecha os poros e é anti-sudorífica. No caso da canela, a casca age aquecendo os órgãos ZANG-FU e os canais enquanto os galhos e folhas atuam no exterior expulsando o frio, como sudorífico. O local onde cresce a planta, tipo de solo e clima, também influenciam a função do medicamento. Por exemplo, as plantas que crescem em solos úmidos são freqüentemente usadas para drenar a umidade ou transformar a fleuma. É o caso, Por exemplo, do Alisma Plantago-aquática, cuja raiz (Rhizoma Alismatis) é usado para eliminar umidade. Cogumelos que crescem em locais úmidos como Polyporos umbellatus ou Poria também eliminam a umidade; já plantas que crescem em regiões altas são mais utilizadas como sudoríficos ou para aliviar condições pulmonares enquanto as que crescem em vales férteis são mais utilizadas como tônicos. A cor do medicamento Por fim, a cor vai ser outra variável que influencia a ação do medicamento, através da forma. De acordo com a teoria dos 5 movimentos, as 5 se relacionam com os órgãos ZANG-fu conforme a seguinte tabela: Fígado Madeira Verde Coração Fogo Vermelho Baço Terra Amarelo Pulmão Metal Branco Rim Água Preto Verde A alcachofra, que é uma flor, e ao mesmo tempo verde, age aliviado a estagnação de energia no fígado; a Olphicalcita é um mármore verde; age suavizando o fígado e regulando a circulação de QI e sangue. Vermelho Muitos medicamentos que são vermelhos agem sobre o sangue, que é dominado pelo coração, e tem coloração vermelha: é o caso da raiz da 11 salva (de coloração avermelhada). Já o sulfito de mercúrio (Cinnabaris) citado acima, e de coloração vermelha, age no espírito, que segundo a M.T.C. também está relacionado ao coração. Amarelo Várias raízes utilizadas como tônicos do baço são amarelas; é o caso do alcaçuz; outro medicamento utilizado como tônico do baço é uma argila de cor amarelada, conhecida como Terra Flava Ustra. Branco A semente da mostarda branca age aumentando a energia do pulmão e resolvendo o espessamento dos fluidos orgânicos. Preto Além do gergelim preto, há por exemplo, a Radix Scrophulariae, a Radix Rehmanniae que são pretas e agem como tônico do rim. A mudança de cor pode mudar também o efeito do medicamento: Por exemplo, é o caso da Paenia Lactiflora; Paeonia Branca age basicamente tonificando o sangue enquanto a Paenia Rubra age eliminando a estase de sangue. As 8 Regras de Tratamento Sudorificação Sudorificação é um método que se baseia no emprego de medicamentos capazes de abrir glândulas sudoríparas e, assim, favorecer a expulsão da energia perversa ou QI patogênico. Ação terapêutica Ao abrir as glândulas sudoríparas e promover o suor, junto com este, expele a energia perversa ou QI patogênico é puxado para fora e não consegue penetrar nas camadas mais profundas e a doença toma-se menos grave e cura-se rapidamente. Indicações Em doenças exteriores, que se encontram nas camadas superficiais do corpo, causadas por penetração de vento-frio ou vento-calor. Os sintomas são febre alta, calafrios, sudorese, cefaléia, pulsátil e faringite 12 em casos de vento-calor e febre baixa, calafrios, pouca ou nenhuma sudorese, coriza, cefaléia em aperto ou dor na nuca, nos casos de vento- frio. O pulso fica superficial e a saburra da língua sofre pequenas modificações, ficando acentuada. Contra-indicações A sudorificaçao só deve ser empregada em casos onde a energia perversa ou QI patogênico encontra-se na superfície do corpo. Quando o QI penetra mais profundamente, outras regras de tratamento devem ser utilizadas. Sinais de que o QI patogênico penetrou na profundidade incluem o surgimento de sintomas interiores, como tosse produtiva, constipação ou diarréia, diminuição ou desaparecimento dos calafrios, aprofundamento do pulso e alterações na cor do corpo da língua. Ervas que possuem esta ação São as ervas sudoríficas que eliminam condições externas. Vomificação É a eliminação de Qi patogênico ou (como fleuma) pela parte superior do corpo. Ação terapêutica A vomificação provoca perversão do QI em nível do estômago (emese) ou através do pulmão (expectoração) e, com isto, promove a expulsão de QI patogênico que se encontra no Aquecedor médio e superior, não podendo ser expedido por purgação. Com isto, a vomificação impede que o QI patogênico acometa cada vez mais os órgãos destes Aquecedores, agravando a doença. Este princípio está enunciado no capitulo 5 do SU WEN: “Quando uma doença está localizada na parte superior do corpo, deve ser expulsa pele boca”. Indicações A vomificação deve ser utilizada em doenças ondeo QI patogênico penetrou na parte superior do corpo, atingindo o pulmão, causando excesso e estagnação locais. Os sintomas são: desconforto torácico ou dispnéia, plenitude torácica, tosse produtiva, dificuldade para respirar fundo. Também é empregada quando o paciente ingere venenos ou comidas túrbidas (intoxicação alimentar). 13 Contra-indicações Contra-indicado em fleuma no aquecedor médio, pois se o paciente elimina por via alta, vai enfraquecer mais o QI do baço e do estômago e a fleuma no Aquecedor médio acontece por deficiência de QI do baço. Contra-indicado em tosse e dispnéia por deficiência de QI do pulmão pois a vomificação vai enfraquecer mais o QI do pulmão, agravando a condição. De uma maneira geral, a vomificação deve ser empregada apenas nas indicações formais, por ser um método drástico e drenante. Ervas que possuem esta ação Para casos de acúmulo no Aquecedor superior, são as ervas que transformam a fleuma e aliviam a tosse. Neste grupo, nem todas as ervas têm esta ação, algumas atuando mais no baço e transformando a fleuma, enquanto outros atuam mais no pulmão, eliminando pela boca. Para casos de acúmulo no estômago, são as ervas que pervertem o QI do estômago e induzem os vômitos. Esta classificação não foi incluída neste livro; contudo, algumas ervas isoladas foram apresentas com esta função, como Cervix Ginseng. Purgação É a eliminação de fator patogênico e/ou produto patológico através da parte baixa do corpo. Ação terapêutica A purgação é um método que expulsa produtos patológicos e QI patogênicos pelos ofícios inferiores (através da uretra e do ânus), junto com a urina e as fezes. Desta forma, as ervas drenam os excessos, expedindo-os com o QI túrbido (fezes) e/ou fluido túrbido (urina). Indicações De forma geral, a purgação está indicada nas síndromes onde existem acúmulos de QI patogênico ou produtos patológicos nas vísceras. Os sintomas são: plenitude abdominal, constipação intestinal, acúmulo de fluidos no tórax ou abdome, edema de membros inferiores, dor abdominal que piora com a pressão, dificuldade para urinar, etc. Também indicada na síndrome do YANG MING, segundo a diferenciação dos 6 níveis energéticos, com febre baixa, calor no corpo, sede intensa, constipação com fezes ressecadas, dor abdominal e pulso em excesso. 14 Contra-indicações A purgação é um método drástico, reservado a casos de excesso e acúmulo de QI túrbido nas vísceras. Ela não deve ser usada em constipação de pessoas idosas, pois nestes casos, a constipação é por deficiência; pessoas com síndromes de deficiência (como deficiência de QI, sangue ou fluidos); pacientes com constituição corporal fraca; na gestação, pós-parto ou durante as regras, pois descende o sangue, causando sangramento excessivo ou abortamento. Ervas que possuem esta ação Para casos de acúmulo de QI túrbido nas vísceras, utilizam-se as ervas que drenam por via baixa. Para casos de acúmulo de fluidos, utilizam-se as ervas que drenam a umidade. Para casos de estagnação de alimentos, utilizam-se as ervas que aliviam a estagnação alimentar. Regularização É um método que equilibra situações de deficiência e de excesso ocorrendo concomitantemente num mesmo paciente. Ação terapêutica Na regularização, as ervas atuam desfazendo bloqueios e permitindo que o QI e o sangue circulem, nutrindo adequadamente os tecidos e órgãos. Com isto, se eliminam excessos por bloqueio da circulação de QI e sangue no corpo. A regularização também é empregada quando o YIN e o YANG encontram-se mal distribuídos no corpo, com sintomas de frio e calor, concomitantes. Indicações A regularização deve ser utilizada em casos de estagnação do QI, estagnação de sangue ou quando os fatores patogênicos penetram no exterior e bloqueiam canais, ocasionando síndrome BI. Os sintomas de estagnação de QI são: irritabilidade, gosto amargo na boca, dor ou plenitude nos hipocôndrios, digestão difícil, constipação e pulso em corda. Os sintomas de estagnação de sangue são: dor em facada ou pontada, presença de nódulos ou massas endurecidos e aderentes, pulso noduloso e língua purpúrea. Os sintomas de síndrome BI são dores articulares ou artrite. 15 Contra-indicações A regularização pode ser usada em virtualmente, todos pacientes, pois todo desequilíbrio acaba evoluindo para uma situação de distribuição irregular de QI e sangue no corpo. Por isto, é comum que certas ervas que têm ação essencialmente reguladora, como Pericarpium Citri Reticulatae, Radix Paeonia Alba, Radix Glycyrrhiza e Radix Bupleuri estejam presentes num número vasto de fórmulas. Ervas que possuem esta ação Diversas ervas possuem ação reguladora do QI e do sangue. As principais são as ervas que regulam o QI, as ervas que promovem a circulação de sangue e as ervas que eliminam vento e umidade. Mas ervas pertencentes a outros grupos também possuem ação reguladora, como as ervas que transformam a fleuma, ervas que aliviam a estagnação alimentar, etc. Calorificação É quando as ervas atuam aquecendo o corpo. Ação terapêutica As ervas que atuam através da calorificação ativam o Qi e dilatam os vasos sanguíneos, fazendo com que mais QI e sangue circulem no corpo, levando, com isto, ao aquecimento. Alguns medicamentos também atuam no YANG original, cuja sede é o rim e que promove o aquecimento do corpo. Indicações A calorificação esta indicada sempre que houver uma síndrome de frio, seja excesso de QI patogênico, seja por enfraquecimento do YANG do corpo. Os sintomas são: calafrios intensos, sensação de frio, aversão ao frio, melhora pelo calor ou com comidas quentes, hipersônia, palidez facial, diarréia crônica, urina abundante e clara, ausência de sede, pulso deslizante, lento e profundo. Contra-indicações A calorificação está formalmente contra-indicada nas doenças de calor, pois o aquecimento agrava condições de calor. Deve ser usada cuidadosamente em casos onde sintomas de calor e frio coexistem no 16 mesmo paciente. Ervas que possuem esta ação Os principais grupos de ervas com esta ação são as ervas tônicas do YANG e as ervas aquecem o interior e eliminam o frio. Contudo, diversos grupos de ervas exercem esta ação terapêutica adicionalmente, como as ervas sudoríficas amornantes, as ervas que transformam a fluema-frio, etc. Purificação É um método que refresca o calor, atuando também nos produtos nocivos gerados por este fator patogênico. Ação terapêutica A purificação atua refrescando o calor, através de mecanismos frigoríficos e também por reforçar os fluidos corporais, que o controlam. Por outro lado, as doenças de calor produzem substâncias que intoxicam o organismo e a purificação inclui a eliminação destas substâncias. Indicações A purificação deve ser usada nas doenças causadas pelo calor. Aplica-se apenas naqueles casos onde o calor ocorre devido a um excesso. Nos casos de deficiência de YAN (por calor XU ou de deficiência) o método indicado é a tonificação. Os sintomas de calor e excesso são: face vermelha, febre alta ou calor no corpo, aversão ao calor, piora com calor ou bebidas quentes, agitação, pulso rápido e em excesso, língua vermelha. Contra-indicações A purificação está formalmente contra-indicada em casos de frio, pois vai refrescar mais, agravando a condição. Deve ser usada com cuidado em pacientes com deficiência do baço, pois as ervas são frias, consomem o QI do baço e podem causar desconforto abdominal e diarréia. Ervas que possuem esta ação Tradicionalmente, as ervas que eliminam o calor são empregadas para purificar o calor. Contudo, outros grupos de ervas também 17 purificam o calor, em situações especiais, como as ervas que transformam a fleuma-calor. Tonificação É o método que reforça o QI e o sangue dos órgãos ZANG-FU. Açãoterapêutica A tonificação promove o aumento da produção de QI e sangue nos órgãos ZANG-FU. Isto se faz por ação nos órgãos que são os principais para a produção de QI e sangue, como o rim, o baço e o pulmão. Indicações A tonificação deve ser empregada em síndromes de deficiência. Os sintomas são: cansaço, fraqueza, palidez, pouca força muscular, diminuição da memória, da visão e da audição anorexia, dispnéia, pulso deficiente e língua pálida. Contra-indicações A tonificação não deve ser empregada em caso de excesso, pois vai causar mais excesso, agravando a condição do paciente. Em casos onde existe obstrução ao fluxo de QI e sangue, em primeiro lugar utilizar a regularização, para em seguida, tonificar. Deve ser feita atenção para saber se o paciente possui uma boa transformação no nível do baço e do estômago, pois os tônicos são pesados e necessitam cuidado em sua administração, para não causar desconforto abdominal e diarréia. Ervas que possuem esta ação A tonificação é feita empregando-se as tônicas do QI e do sangue e do YIN e do YANG. Outras ervas também atuam tonificando, como ação terapêutica adicional, como é o caso das ervas que transformam a fleuma ou a umidade que também tonificam o baço. Sedação É um método que provoca a redução da atividade do QI e a dispersão dos acúmulos. Ação terapêutica Conforme o que está escrito no SU WEN, “sedar é rachar o duro, 18 dispersar o que está acumulado”. A sedação atua desacelerando o QI e desfazendo acúmulos no corpo. Indicações A sedação está indicada nas síndromes onde existe excesso, principalmente nas síndromes do fígado e nas síndromes de estagnação de QI e de sangue. Os sintomas são variados, mas incluem grande agitação ou insônia, vertigens rotatórias, convulsões, cefaléias intensas, dores e plenitude no tórax e no abdome, nódulos e viscreromegalias, pulso em excesso, língua extremamente vermelha e/ou inchada. Contra-indicações A sedação está formalmente contra-indicada em síndromes de deficiência, pois reduzir a atividade do QI, piorando a condição dos pacientes. A sedação deve ser utilizada com cuidado em pacientes com deficiência do QI do baço, pois as ervas podem enfraquecer o seu QI, causando desconforto abdominal e diarréia. Ervas que possuem esta ação Diversos grupos de ervas possuem ação sedativa. Entre estas, citamos como principais, as substâncias tranqüilizantes que acalmam o espírito, as substância que extinguem o vento interior, as ervas que promovem a circulação de sangue e as ervas que aliviam a estagnação alimentar. NAÇÕES DE BOTÂNICA DESCRITIVA OU TAXONOMIA O praticante de Fitoterapia necessita ter nações mínimas de descrição dos vegetais, tanto para poder visualizar uma descrição botânica e conferir uma espécie de planta medicinal quanto para ter noção de qual parte do vegetal está sendo utilizada. Os vegetais superiores se dividem em: raiz, caule, flores e frutos. Raízes As raízes podem ser subterrâneas, aéreas ou aquáticas. Raízes subterrâneas São aquelas cujo trajeto é todo embaixo da terra. A raiz subterrânea possui uma zona tuberosa (que fica logo abaixo do cervix ou colo, que é 19 a parte do caule que penetra no solo), zona pilífera (onde brotam as pequenas raízes secundárias), zona lisa (região sem pequenas raízes secundárias, perto da ponta) e a coifa (que é um pequeno alargamento que visa reforçar a adesão da raiz ao solo). As raízes subterrâneas podem ser de vários tipos: • Axial ou aprumada: Quando há uma raiz principal única vertical, com varias raízes secundárias; • Fasciculada: Quando existem várias raízes principais, mais finas e em varias direções; • Tuberosa: Quando a raiz principal forma um grande tubérculo central de forma arredondada, como a batata ou a beterraba; • Pivotada: Quando a raiz principal é alargada, em forma de cone, afilando ao final, como a cenoura. Raízes aéreas São aquelas cujo trajeto, total ou principal, é aéreo. Podem ser dos seguintes tipos: Adventícios: Quando as raízes brotam do caule acima do limite do solo, como a cana-de-açúcar; Grampiformes: Quando visam segurar a planta em algum local, circundando estruturas para fixar o vegetal, como as orquídeas; Respiratório: Quando iniciam o trajeto embaixo da terra, mas suas extremidades afloram, como os manquezais; Sugadores: Quando envolvem um vegetal com intuito de sugar sua seiva, como a erva-de-passarinho. Raízes aquáticas São aquelas que ficam no meio aquático, como o lótus. Caule O caule é o eixo central do vegetal, compreendendo também os prolongamentos secundários (ramos), que une a raiz às outras partes do vegetal (folhas, frutos, etc.). O caule compreende o colo ou cervix (união do caule com a raiz), caule principal (caule central de onde brotam os ramos), nós (regiões onde os ramos se dividem), entrenós (região do caule entre os nós), ramos e gomos terminais (onde o caule termina, prolongando-se em frutos, folhas ou flores). Existem vários tipos de caule, conforme sua forma e característica: 20 Tronco É o caule de uma árvore grande, sendo maciço e com grande diâmetro e se divide em ramos (prolongamentos secundários), como a mangueira. Haste É o caule de um pequeno vegetal; é maciço, divide-se em ramos e tem pequeno diâmetro, como a roseira; também pode ser chamado de caule herbáceo. Estipe É um caule longo, que não possui ramificações e ao fim existe um tufo único de folhas, como o coqueiro. Colmo É um caule dividido em gomos, sem ramificações, podendo ser oco, cujas folhas brotam diretamente do caule principal, como o bambu. Cladódio É um caule do tipo haste, que continua diretamente com o limbo, não havendo, portanto, folhas neste vegetal, como a carqueja. Rizoma É um caule subterrâneo, que fica em posição horizontal, correndo paralelo ao solo e de onde brotam folhas e raízes, como o gengibre. Bulbo É um caule curto, de forma oval, e que dá origem às folhas no seu pólo superior, como a cebola. Caule prostrado É um caule fino (tipo haste), muito curto, e que se subdivide em nível do colo em vários ramos semi-rastejantes que se distribuem paralelos ao solo. 21 Caules volúveis São aqueles que são finos como as hastes e elásticos (pouco firmes); por isto, não são capazes de dar sustentação ao vegetal. Os caules volúveis podem ser: rastegantes (quando não ascendem, caminhando paralelos ao solo, como a abóbora) e trepadores (quando se utilizam de outro vegetal como sustentação para crescimento vertical, como as trepadeiras em geral; os caules trepadores podem ser dextorsos, se sobem contornando à direita ou sinistorsos, se sobem controlando à esquerda). Folhas As folhas possuem ema classificação descritiva bastante complexa e não é objetivo deste texto se aprofundar em Botânica. Portanto, procuraremos simplificar, fazendo uma abordagem objetiva dos principais parâmetros para a classificação das folhas. As folhas são compostas de bainha, pecíolo e limbo. Pecíolo é a estrutura em forma de pedículo que une o limbo aos ramos do vegetal e a bainha é uma região mais alargada, onde o pecíolo implanta-se no ramo. As folhas podem ser completas (as que possuem bainha, pecíolo e limbo) e incompletas (as que não possuem algumas estruturas, em geral pecíolo e bainha). As folhas incompletas podem ser invaginantes ou amplexicaules, coadunadas ou concrescentes, ou sésseis. NOÇÕES SOBRE PRINCÍPIOS ATIVOS DOS VEGETAIS Os vegetais são seres que realizam fotossíntese, pois possuem clorofila que permite transformar a energia luminosa em energia química e, com isto, podem biossintetizar muitas substâncias. Os vegetais costumam ter aspectos em comum no seu metabolismo, sintetizando substâncias que são vitais a todos vegetais, como a celulose, o amido, os lipídos eaminoácidos. Este pode ser chamado de metabolismo primário dos vegetais. Além do metabolismo primário, existe uma outra atividade de síntese biológica que varia de espécie para espécie e que produz substâncias particulares, cuja função ainda não foi definida na maioria dos casos. Este é chamado metabolismo secundário dos vegetais e que produz os chamados princípios ativos. Apesar de não estar ainda bem definido o papel destas substâncias na fisiologia dos vegetais, várias conclusões podem ser tiradas de observações simples. Algumas substâncias produzidas pelos vegetais têm funções de adaptação ao meio e são armas da competição biológica. Sabe-se que, de uma forma geral, vegetais cultivados numa situação 22 ótima, com adubo e temperatura artificial e sem exposição à competição de espaço com outros vegetais, produzem uma quantidade mínima de princípios ativos. Já vegetais sujeitos às adversidades do meio e à competição com outras plantas produzem muito princípio ativo. Isto surge que estas substâncias têm importância vital na competição do vegetal em seu nicho ecológico. Outra alteração no nível de princípios ativos encontrada com muita freqüência é a variação sazonal destas substâncias, determinando uma época ideal para a colheita dos vegetais para que apresentem boa atividade terapêutica. As variações sazonais sugerem que estas substâncias possam ter importância em ciclos do vegetal como floração ou frutificação ou que sejam uma adaptação a uma situação climática. Por isto, certos vegetais suportam climas frios enquanto outros se desenvolvem em climas quentes e existem os vegetais que sobrevivem apenas em climas secos enquanto outros estão adaptados a climas úmidos. Isto é plenamente justificável visto que o vegetal é um ser destituído de movimento próprio; enquanto nós, animais, nos protegemos das variações climáticas buscando abrigo, os vegetais são obrigados a lançar mão de substâncias para se defender. Outro possível papel dos princípios ativos sintetizados por vegetais é uma função de defesa contra agressões de parasitas biológicos. Os vegetais também podem ser agredidos por fungos, bactérias, protozoários e vírus e não possuem sistema imunológico para defender- se desta agressão. A utilização de substância com atividade antibiótica é uma possibilidade bastante plausível para explicar a presença de princípios ativos. Alguns princípios ativos com propriedades antibióticas de largo espectro são comuns a diversas espécies (como o mental e o borneol), sugerindo que sejam moléculas importantes para o equilíbrio biológico das plantas. Outro achado curioso é que raízes costumam ter principais ativos diferentes das folhas e caule, o que pode ser explicado pelo fato das partes aéreas das plantas serem agredidas por agentes daqueles que agridem as raízes. É interessante notar que um caule sadio não suporta ficar enterrado, sendo transformado em raiz ou apoderando, o que significa ser invadido e destruído por bactérias. Então, fica a pergunta: ”por que a raiz suporta ficar enterrada sem ser agredida?” Outra questão interessante ao se tecer considerações sobre os princípios ativos vegetais é a simbiose que existem entre a espécie humana e o mundo animal, em geral, com os vegetais. Esta relação simbiótica é tao antiga quando a existência da vida sobre a terra e mesmo que não nos apercebemos, está incutida no dia-a-dia de nossas vidas. Em termos de conhecimento cientifico, a maior prova desta relação simbiótica são as vitaminas, substâncias 23 produzidas por vegetais, mas indispensáveis às espécies animais por atuarem como co-fatores em processos enzimáticos essenciais à vida. Já algumas espécies animais, quando ficam doentes, instintivamente ingerem determinadas espécies de vegetais, sugerindo que esta relação simbiótica foi geneticamente incorporada. Os vegetais que usamos tradicionalmente a milhares de anos em nossa alimentação são outra face desta relação simbiótica. Por isto, não se pode descartar que algumas plantas utilizadas terapeuticamente, desde tempos incontáveis, não façam parte desta relação. Os princípios ativos têm uma importância na Botânica no que é conhecido por estudo químiotaxionômico. Ou seja, algumas espécies que produzem a mesma substância ou substâncias correlatas significando que estas espécies possuem sistemas enzimáticos semelhantes ou que estão relacionadas à mesma família ou gênero. Isto pode auxiliar, por exemplo, a classificar uma planta cuja classificação está difícil baseando- se em caracteres morfológicos. Com os avanços recentes da Fitoquímica, alguns vegetais tiveram sua classificação modificada, pois os estudos quimiotaxonômicos surgiram uma classificação diferente. Os conhecimentos de quimiotaxonomia podem também auxiliar a classificar um fitoterápico já preparado e seco, auxiliando diligencias de fiscalização para coibir a venda de falsos medicamentos vegetais. As plantas, em geral, possuem uma gama variada e rica de princípios ativos. Algumas plantas podem possuir 30 ou até 100 substâncias farmacologicamente ativas no seu interior. Os principais ativos estão descritos, a seguir: Tananinos ou Substâcias Tânicas Compostos que possuem funções fenólicas em suas moléculas, responsáveis por suas propriedades. São princípios amorfos, de sabor adstringente e estrutura química variada. Ocorrem em plantas superiores, mais em Dicotiledôneas do que em monocotiledôneas, como por exemplo, nas famílias Rosaceae, Leguminosae, Myrtaceae, Rubiaceae; raras em algas e fungos. É provável que ocorra mais em células jovens, uma vez que os frutos verdes ricos em taninos,quando atigem a maturidade,porem seu teor; nos frutos verdes, os taninos são responsáveis pela cica. Podem formar complexos com heterosídeos, mucilagensou alcalóides. No vegetal, desempenhariam uma função de proteção, sendo que 24 alguns pesquisadores relacionam taninos com o açúcar, já que desaparecem nos frutos maduros. Os taninos atuam como anti-sépticos e, devido a sua ação adstringente, atuam também como anti-hemorrágicos, anti-diarréicose cicatrizantes (formam uma camada prutetora). Exemplos: pó de banana verde e brotode goiaba, contra diarréia; mamão verde, cicatrizante; hamaméis (folhas), utilizadas para hemorróidas, flebites e varizes, inclusive na homeopatia, porém aproveitam-se melhor suas propriedades em extratos de laboratório. Na indústria, os taninos são utilizados para curtir o couro, pois reagem com as proteínas da pele. Dividem-se em: Condensados: Derivados de flavonóides condensados (principalmente catequina). Exemplo: folha de hamamelis virginiana L. Hidrolisáveis: o núcleo é um açúcar ou similar, esterificado com ácidos carboxlicos fenólicos. Segundo o produto da hidrolise podem ser: galicos ou galataninos (liberam ácido gálico) e elásticos ou estagitaninos (ácido elágico). Os taninos condensados não são absorvidos, porém com uma dieta longa, com mais de 1%, podem causar irritação intestinal, sendo então absorvidos e provocando lesões no fígado e rins. Uma última observação quanto ao uso indiscriminado de plantas ricas em taninas, diz respeito à Romã (púnica granatum L. Punicaceae), cuja casca utilizada para gargarejos deve ser usada internamente com cautela com cautela, pois é tóxica. Óleos Essenciais, Óleos Aromáticos, Óleos voláteis ou Essências Produtos aromáticos, voláteis, muito comuns no Reino vegetal. Em geral, são à base de terpenos e seus derivados (um aldeído, uma cetona etc.). Os terpenos podem ser monoterpenos, com 10 átomos de carbono; sesquiterpenos, com 15 átomos de carbono e diterpenos, com 20 átomos de carbono. As essências são substâncias liquidas e misturas complexas, 25 podendo chegar a mais de 100 componentes; sendo assim, na essência de menta, o mental é um álcool que ocorre na proporção de 80%. Ocorrem principalmentenas plantas superiores, como nas famílias Labiatae, Rubiaceae, Lauraceae, Umbelliferae e Compositae. São encontradas essências nas flores (camomila-Matricaria Chamomilla L._Compositae), folhas (erva-cidreira, nas diferentes espécies), frutos (erva-doce_Foeniculum vulgare Miller-Umbelliferae), caules e raízes (canela_Cinnamomum zevlanicum Nees _Lauraceae). Um mesmo vegetal pode apresentar essências diferentes, como é o caso da laranja_Citrus SP._Rutaceae, que apresenta óleo essencial na flor, casca do fruto e na folha. Os óleos essenciais podem se localizar em células de tecido normal, não diferenciado, em diferentes profundidades, como na canela, ou então em pelos glandulares, células epidêmicas ou glândulas internas (canais ou bolsas). Os óleos essenciais estão em maior concentração antes da floração; a insolação e a temperatura são fatores importantes no momento da coleta. No próprio vegetal, as essências têm uma função relativa à polinização, isto é, pelo aroma atraem os polinizadores; podem atuar na proteção contra predadores e microorganismos, além de participarem dos processos celulares, segundo alguns autores. No homem, foi constatada ação anestésica (a base de mono e sesquiterpenos), analgésica (sesquiterpenos), anti-helmíntica (mono e sesquiterpenos), anti-histamínica (mono e sesquiterpenos), antiinflamatória (mono e sesquiterpenos), expectorante (monoterpenos) e sedativa (mono e sesquiterpenos). Exemplos de plantas com óleos essenciais: • Erva-cidreira (Melissa Officinalis L. Labiatae): Essência rica em citral, de ação tranqüilizante e digestiva. • Erva-doce (Foeniculum vulgare Miller Umbelliferae): Essência rica em anetol, de ação digestiva e carminativa. • Camomila (Matricaria chamomila L. Compositae): Essência rica em azuleno, de ação cicatrizante e antiinflamatória. • Eucalipto (Eucalyptus globulus Labill Myrtaceae): Essência nas folhas, rica em eucaliptol, de ação anti-séptica e expectornante. • Canela (Cinnamomum zeylanicum Nees Lauraceae): Essência rica em aldeído cinâmico, de ação digestiva e anti-séptica. Como última observação, devemos lembrar-nos de outro tipo de óleo vegetal, os óleos fixos, que são matérias graxas de valor nutricional e que ocorrem nos frutos e sementes. 26 Exemplos de óleos fixos: • Óleo de soja (Glycine Max Merril Leguminosae Papilionoideae) • Óleo de milho (Zea mays L. Gramineae) • Óleo de coco (Cocos nucifera L. Palmae) • Óleo de girassol (Helianthus anuus L. Compositae) • Óleo de amedoim (Arachis hypogaea L. Leg. Pap.) Alcalóides São bases orgânicas nitrogenadas; dá sabor amargo à planta, mas nem todo sabor amargo provém de um alcalóide; surgem na formação ou transformação de matérias protéticas. Parece que não ocorrem nas algas; nos fungos são pouco freqüentes; nas dicotiledôneas mais dos que nas monocotiledôneas. Exemplos de famílias: • Apocynaceae, Leguminosae, Papaveraceae, Rubiaceae e Solanaceae (sete gêneros contêm o alcalóide Hiosciamina). Ocorrem em: • Sementes (café coffea arábica L. Rubiaceae) • Casca do caule (quina Cinchona SP. Rubiaceae) • Raízes (ipeca Psychotria ipecacunha Stokes Rubiaceae) e folhas (coca_Erythroxylum coca Lam._Erytroxylaceae) • Beladona (Atropa belladona L._Solanaceae) • Jaborandi (Pilocarpus jaborandi Holmes, P. micorphyllus Stapf. Rutaceae) Frequentes em partes da planta em vias de crescimento ou formação (pontos vegetativos). Mais tarde localiza-se em regiões externas, como o tegumento das sementes, e mais raramente no interior (medula). No próprio vegetal, é possível que exerça uma função protetora. A classificação dos alcalóides é complexa, por isso daremos alguns exemplos de plantas ricas em alcalóides. A beladona e o meimendro_Hyoscyamus Níger L. são duas solanácesa que possuem três alcalóides tropânicos, que atuam no Sistema Nervoso Autonômo e mesmo no central: a hiosciamina, a escopolmamina e a atropina, sendo que esta não ocorre nas plantas frescas, que portanto devem ser secas para que se força a extração. A ação farmacológica dos três é dilatação da pupila, relaxamento dos músculos ciliares, redução das secreções, dilatação dos brônquios, além de impedir a contração da musculatura lisa: a ação tóxica dos três provoca distúrbios mentais, náuseas e vômitos, secura da pele e da boca, sede e agitação. Na medicina popular, 27 são feitas cigarros com folhas secas de beladona e de outra Solanácea, o estramônio Datura stramonium L. para combater a asma, porém, não só essa preparação como qualquer outra com plantas que contenham alcalóides dessa natureza não devem ser feitas em casa, devido a alta toxicidade que apresentam. A papoula papaver somniferum L. Papaveraceae é a fornecedora do ópio, rico em alcalóides, que será tratado mais adiante. AStrychnos nux vomica L. Loganiaceae produz dois alcalóides extremamente tóxicos, a estricnina e a brucina, encontrados na semente. Como medicamento é tônico cardíaco, circulatório, digestivo e estimulante do sistema nervoso, que no entorno é afetado se os alcalóides não forem ministrados na dose correta; mais um exemplo de planta que não deve ser manipulada em preparações caseiras. A batata inglesa Solanum tubderosum L. é uma Solanácea comestível, porém devem-se evitar os tubérculos verdes e os brotos, pois contêm o solanina. Outras Solanáceas comestíveis são tomate Lycopersicum esculentum Miller, a berinjela S. melongena L. e o jiló S.glo Raddi. Ação terapêutica dos alcalóides no homem: como analgésico (morfina), simpaticomimético (efedrina Ephedra SP. Esphedraceae), antitussígeno (codeína), emético (emetina ipeca), vasoconstritor (efedrina), ação curarizante, ou seja, causar paralisação da musculatura lisa (alcalóides de Erythrina SP. Leguminosae.). Devido à sua ação farmacológica, vários alcalóides possuem ação tóxica. A cocaína pode causar palpitações, ansiedade, psicose e convulsões por hiperestimulação simpática; a morfina deprime o sistema nervoso, levando ao coma e parada respiratória, além de produzir altos graus de dependência nos usuários. Glicosídeos São compostos por uma fração de açúcar ligada a uma substancia chamada genina ou aglicona, responsável pela ação terapêutica; têm gosto muito amargo. • Glicosídeos Alcoólicos: A genina ou aglicona é um álcool; como exemplo, a salgueiro. O infuso das folhas pode ser usado contra reumatismo, porém a maior concentração de salicina é casca, podendo-se fazer então a decocção dos ramos jovens. O estudo das ações antiinflamatórias do salgueiro levou à descoberta dos salicilatos e à síntese do acido acetilsalicílico, a aspirina. • Glicosídeos Cianogenéticos: Por hidrólise, liberam ácido cianídrico ou prússico (HCN). Como exemplo tem a amigdalina, presente na casca do tronco, ramos e raiz do abrunheiro prunus spinosa L. Rasaceae e nas folhas do pessegueiro P. pérsica Stokes. Também há a linimarina, presente na mandioca Manihot esculenta Grantz 28 Euphorbiaceae, que encontra-se na parte mais externa da raiz, daí a necessidade de se retirar a película. É comum as raízes moídas de a mandioca ser secas ao sol, antes de serem ingeridas, pela facilidade com que o ácido cianídrico é liberado quando submetido ao calor; as raízes também podem ser cozidas, quando então a primeira escaldada deve ser desprezada. • Glicosídeos Cardioativos: Ação cardiotônica, atuando na contração do músculo cardíaco. Como exemplo temos a digitalina, proveniente da dedaleira Digitalis purpúrea L. Scrophulariaceae e a asclepiadina, provente do oficial de sala Asclepias curassavica L. Asclepiadaceae, ambas muito tóxicas e que também não devem ser manipuladas em casa. • Glicosídeos Antraquinônicos: Relacionados com as antraquinonas, que são substâncias cristalinas, amarelo pálidas, que resultam da oxidação do antraceno. São muito amargos e estimulam a defecação, pois ao evitar a absorção de água pelas vilosidades intestinais,amolecem as fezes. Como exemplo tem a aloína, extraída do gênero Aloe, que possui diversas espécies com o nome vulgar babosa (família Liliaceae). O glicosídeo está presente nas folhas, sendo usado para o fígado, estômago e para combater a prisão de ventre. Espécies do gênero Rhamnus família Rhamnaceae, de nome popular cáscara sagrada, contém rheína, glicosídeo de ação purgativa. Sene é o nome vulgar de duas leguminosas, Cassia lanceolata e C. uniflora Spreng. , cujas folhas contêm um glicosídeo de ação purgativa. • Glicosídeos Flavonódes: Flavanonas: ocorrem principalmente no gênero Citrus (família Rutaceae), em Compositae, pinaceae, Polypodiaceae. Como exemplo, temos a hesperidina, que ocorre na casca da laranja; junto com a vitamina C, a hesperidina aumenta a vitalidade dos capilares. Flavonas: pigmentos amarelos de pétalas de flores, folhas, sementes e frutos. No próprio vegetal, atua na diferenciação e no desenvolvimento de cotilédones e folhas. Ocorrem nas famílias Gramineae, Leguminosae e Scrophularaiaceae. Flavonóis: pigmento amarelo claro das folhas flores de 80% das Angiospermas. Como exemplo, a rutina, presente nas folhas secas da arruda Ruta graveolens L. Rutaceae, que combate a arterioesclerose e atua como anti-hemorrágico capilar. • Glicosídeos Saponínicos ou Saponinas: Substâncias em geral amorfas, podendo também ser cristalizadas, com sabor variado e 29 que possuem estruturas esteroidais nas Monocotiledôneas e estrutura de um triterpeno nas Dicotiledôneas. As saponinas podem ser pouco tóxicas ou então possuírem ação necrosante e hemolítica. Suas propriedades dependem da origem, mas em geral formam espuma. Algumas são inctiotóxicas, ou seja, envenenam os peixes e são conhecidas popularmente pelos nomes timbó ou tingui (varias espécies); podem exercer ação antimicrobina e fungicida, como o suco do sisal Agave sisalana perr. Agravacea; a solução diluída do extrato de Luffa operculata Coign. Cucurbitaceae é utilizada no tratamento da sinusite, auxiliando na eliminação da coriza. Ocorem na raiz, como a glicirrizina da leguminosa Glycyrriza glabra L., o alcaçuz da Europa; no caule, como a entecasca do juazeiro Zizinhus joazeiro mart. Rhamnaceae; nos frutos, como a buchinha L.operculata Coign. E nas sementes, como na castanha da Índia Aesculus hippocastanum L. Hippocastaneaceae. As sementes tendem a concentrar mais saponinas quando se dá a germinação; nos órgãos vegetativos provavelmente diminuem a concentração após a floração. Mucilagens, Gomas e Substâncias Pécticas Os três são polissacarídeos. As mucilagens ocorrem em algas e certos fungos e nas famílias Rosaceae, Liliaceae, Malvaceae, Tiliaceae; encontra-se nas flores (Malva SP. E Althaea SP._Malvaceae, nas folhas (contrei_Symphytum officianale L._Boraginaceae) e sementes (Linum usitatissimum L. Linaceae_linho). Em contato com a água , as mucilagens tornam-se gelatinosas; em geral participam de medicamentos indicados para combater a prisão de ventre e no próprio vegetal têm importância na translocaçao de água por ocasião da germinação. Outras plantas que contêm mucilagem são o quiabo Hibiscus esculentus L. Malvaceae; a tanchagem plantago SP. Plantaginaceae e o conferi, que possui mucilagens na planta toda e também uma substância cicatrizante, a alantoína. As gomas ocorrem nas leguminosas, entre outras famílias, destacando-se o gênero Acacia, produtores da goma arábica, de largo emprego industrial; podem exudar naturalmente ou surgir por meio de incisões no caule. As substâncias pécticas ou pectins ocorrem em toda a planta, mas principalmente nos frutos maduros, como a maçã Pyrus malus L. Rosaceae; carambola Averrhoa carabola L. Oxilidaceae; maracujá Passiflora SP Passifloraceae e cítricos Citrus SP Rutaceae. Ajudam a regularizar os intestinos e na industria são utilizadas na fabricação de geléias. 30 Substâncias Resinosas Complexo de substâncias heterogêneas, em parte dissolvidas em óleos essenciais; situam-se em canais ou bolsas e podem exsudar naturalmente (mais raro) ou após incisão. Ocorrem nas famílias Anacardiaceae, Zingiberaceae, Leguminosae, Compositae, Euohorbiaceae e na ordem Coniferae, das Gimnospermas. São substâncias com certo odor, líquidas, semifluidas, massas consistentes, produtos xaroposos fluidos ou semifluidos; ocorrem principalmente no caule, podendo, no entanto, aparecer em outros órgãos. As gomo resinas são uma emulsão de uma goma e uma resina, podendo ser acompanhada ou não de im traço de essência, que lhes dá aroma. Como exemplo temos a mirra Commiphora myrrha Engler Burseraceae. O látex ou lacto resina é uma emulsão leitosa, mais ou menos opaca, de constituição complexa, localizados em canais chamados laticíferos. Pode contar alcalóides, carboidratos minerais, etc. Obtido por incisão de representantes das seguintes famílias: Asclepiadaceae, Apocynaceae, Compositae, Euphorbiaceae, Moraceae, Papaveraceae e Sapotaceae. Borracha ou cautchu é o termo para a substância elástica e resistente proveniente da coagulação do látex de diversas plantas; a seringueira é uma Euforbiaca Hevea brasiliensis Muel. Arg. Fornecedora de látex que entra na produção da borracha natural. O ópio é o látex obtido pela incisão das capsulas (frutos) da papoula papaver somniferum L. Papaveraceae; é muito rico em alcalóides, porem seu conteúdo varia em função do estagio de maturação dos frutos; sendo assim, o alcalóide morfina ocorre nas capsulas jovens e desaparece com a sua maturação. Os alcalóides do ópio se dividem em dois grupos importantes: ao primeiro pertence à morfina, a codeína e a tebaína; ao segundo pertencem a papaverina, a codamina, a laudanina, a narceirina, a laudonosina e a narcotina. O ópio encerra outras substâncias como matérias pécticas, mucilaginosas, ácidos, gorduras e subtâncias albuminosas. Os óleos resinas provêm da polimerização e oxidação incompleta de uma essência. A parte transformada se dissolve na essência não alterada. São substâncias espessas, de odor variável, que ocorrem em canais de profundidades variáveis. Ocorre em Coníferas, como a terebintina de Pinus pinaseter Solaned. E P maritimus Solander Pinaceae, em alguns representantes das famílias Anacardiaceae e Leguminosae, como a copaíba copaifera sp. As resinas propriamente ditas correspondem ao último ao estágio de transformação da essência, da qual podem restar ainda alguns traços. São substâncias quimicamente complexas, em geral solidas obtida naturalmente ou por incisão. Como exemplo temos a aroeira da praia Pistacia lentiscus L. Anacardiaceae, cuja resina tem os nomes pouco 31 usados de mástique ou almecega. Os bálsamos são produtos resinosos líquidos ou semilíquidos, quebradiços, onde predominam os éteres formados de ácidos aromáticos e da resina-tanóis; têm sabor acre e aromático e odor agradável. Ocorrem em Leguminosae, como Myroxylon pereirae Klotzch (balsamo do Peru), M toluifera HBK (bálsamo de Tolu); em Hamamelidaceae, como Liquidambar orientaleis Mill. E Styrax SP Styracaeae. Pigmentos Encontramos nos vegetais os pigmentos clorofilianos (verdes), carotenóides, flavônicos, antociânicos, xantônicos e antracênicos. Nas folhas, habitualmente, ocorrem a clorifila e os carotenóides caroteno (vermelho) e xantofila (amarelo); nas flores e frutos encontramos pigmentos vermelhos, azuis, violetas ou amarelos; as cascas do caule podem ter pigmentos amarelos ou vermelhos. Os carotenóides ocorrem em folhas, flores, frutos e órgãos subterrâneos. O caroteno é considerado precursor da vitamina A e encontrado na cenoura_Daucus carota L. Umbelliferae e a bixina, proveniente das sementes do urucum Baixa orellana L. Bixaceae é utilizada como corante e como filtro solar. No próprio vegetal os carotenóides participam de seu metabolismo. Os pingmentos flavonicos são amarelos e já foram vistos alguns deles anteriormente; os pigmentos xantônicos e xantonosídeos também são amarelose vizinhos dos anteriores (flavônicos). Os pigmentos antociânicos dão coloração vermelha, violeta, azul de flores, muitos frutos, algumas folhas, cascas e raízes. Ocorrem principalmente nas plantas árticas e alpinas. Os pigmentos antracênicos e seus heterosídeos correspondentes são também amarelos e vermelhos. Ocorrem principalmente nas folhas, raízes, cascas de representantes das famílias Tiliaceae, Polygonaceae, Leguminosae, Rhamnaceae e Rubiaceae. Princípios Amargos Substâncias quimicamente mal definidas, inodoras, amargas, geralmente amorfas, às vezes cristalinas e de ação tóxica. Ocorrem em muitas famílias, mas são abundantes nas Compositae e gentianaceae. Como exemplo tem a Arnica Montana L. (arnica) e a Artemísia vulgaris L. (Artemísia), além de outras espécies deste gênero; os dois gêneros são compostos. Também há a quassina, princípio da quássia Quassiaamara L. Simaroubaceae, indicada em afecções gastrintestinais. Vitaminas É importante lembrar também das vitaminas, substâncias que fazem 32 parte do metabolismo vegetal e que são benéficas ao homem. A vitamina A pode ser encontrada na cenoura, alface Lactuca sp. Compositiae e tomate; as vitaminas do complexo B na levedura de cerveja, sendo que a B também no germe de trigo Triticum vulgare Vill. Gramineae; o óleo de germe de trigo também apresenta vitamina E e vitamina PP. E por fim a vitamina C, presente em frutos como os cítricos, caju Anocardium occidentale L. Anacardiaceae e na goiaba Psidium guayava L. Myrtaceae. CUIDADOS NO PLANTIO E COLETA DE PLANTAS MEDICINAIS O trabalho com as plantas requer dedicações e zelo. Desde a preparação da terra, do instante da colheita até a preparação das essências, é necessário analisar o momento oportuno para o inicio do trabalho, pois, como sabemos, temos que respeitar as que regem a natureza e as fases da Lua, que têm grandes influencia sobre esse reino. È sabido que, apesar do grande avanço dos métodos de plantio e colheita, o homem ainda tem que seguir as fases da Lua, caso contraria se não plantar na Lua certa, tendera ao fracasso ou então sua colheita não terá o sucesso alimeiado. O reino vegetal ainda tem o seu processo evolutivo muito ligado às leis da criação. Ao contrario do nosso, onde o arbítrio pode manipular a encarnação, quem direciona o processo de manifestação no plano físico são leis maiores que dirigem o universo inteligente. Portanto, temos que estar abertos para entendermos a sincronicidade que existe entre os dois planos: o plano da energia em estado mais etéreo e o plano onde essa energia se materializa, o tridimensional. Quando as forças do plano estéreo se preparam sob o comando das leis da criação, é necessário que encontrem um ambiente próprio e natural, receptivo e de quantidade vibratória compatível com os objetivos do trabalho, sendo que, por esse aspecto, somos diretamente responsáveis. Quando trabalhamos com a terra, não devemos usar adubos químicos ou matéria orgânica, nem devemos limpar o terreno todo, apenas a parte que vamos utilizar. O mato retirado deve fazer parte do composto para uso eventual como adubo natural. Devemos retirar a terra na Lua Nova, quando a seiva da natureza está no solo e assim podermos aproveitar melhor todo esse potencial. O plantio deve ser rotativo, ou seja, depois de utilizado, um pedaço de terra deve descansar por um período. Nossa sensibilidade deve estar aguçada para sentirmos que tipos de plantas podem ser plantados juntos ou não; como separá-las, caso necessário; quais delas utilizar para afastar insetos predadores ou, até mesmo, para manter o equilíbrio natural do local, para que nunca necessitemos criar um pequeno ecossistema, onde a própria natureza se encarrega do autoequilibrio, estaremos colaborando diretamente para termos um bom resultado em todos os sentidos. O 33 trabalho de preparação da terra requer paciência e devemos aproveitar esse momento para refletir sobre tudo aquilo que almejamos. É nesse momento que entramos em contato com as forças criadoras e colocamo- nos à disposição para sermos canais desse trabalho. Sentir a terra é também sentir a nossa própria capacidade de darmos forma aos planos sutis e, nesse instante, também sermos criaturas disponíveis e criadores. Retornar à terra é nos encontrarmos com uma parte da nossa experiência passada, quando um dia, como seres vegetais também aqui chegamos. Era um planeta puro, onde não existia população nem dor. O entendimento de tudo isso é fundamental para o crescimento do trabalho. A terra deve ser preparada e removida durante o ciclo da Lua Nova e as primeiras mudas são plantadas no inicio da Lua Crescente. A partir desse instante, vamos aguardar os primeiros brotos despontarem da Mãe Terra. O cuidado dessa fase deve ser redobrado. Marcar o local com pequenos gravetos; aguar constantemente (sempre no começo da manha ou fim do dia, quando o sol não estiver quente); limpar os mantinhos em volta da planta até que ela esteja pronta para a troca de corpo, saindo da matéria vegetal para um corpo liquido, onde, nesse instante, vai morar a sua essência. Cuidar das ervas e das flores na fase de crescimento e uma dádiva. Manter ume relação de amor e troca com elas é realmente uma experiência gratificante para todo o ser. Observar seus movimentos e sua postura diante do mundo nos ensina muito, principalmente sobre seu comportamento em relação a nossos cuidados e conversas. Mexer com asses seres dá-nos uma forte sensação de chegarmos mais perto do criador e do entendimento do que é o equilíbrio interno. Cuidados com o plantio Durante o plantio e cultivo de plantas medicinais as seguintes instruções devem ser seguidas para atingirem-se os objetivos esperados que sejam vegetais ricos em princípios ativos. • Potencial genético das sementes: Devem ser escolhidas sementes de boa quantidade que tenham sido obtidas de plantas ricas em princípios ativos. Muitas vezes, na mesma espécie, existem variantes quanto à capacidade de produzir os Princípios ativos entre diferentes vegetais. • A época do plantio: Algumas espécies têm épocas determinadas para o plantio, o que deve ser observado para um bom desenvolvimento do vegetal. • Clima: O vegetal deve ser plantado no clima que cresce 34 habitualmente. Quando um vegetal aclimatado é utilizado, deve-se fazer um estudo fitoquímico prévio para se descobrir se ele está produzindo princípios ativos adequadamente. Muitas medicinais crescem em climas diferentes de seu ambiente nativo, mas com baixíssima concentração de princípios ativos. • Distribuição do vegetal: Quando cultivadas, as plantas medicinais devem ser misturadas entre si, para estimular a competição biológica e, com isto, aumentar a produção de princípios ativos. Algumas plantas medicinais são daninhas e invadem, habitualmente, canteiros de hortas e devem ser utilizadas para dar ao nicho ecológico do canteiro mais semelhanças com ambientes naturais. Cuidados com a Coleta A coleta depende, entre outras coisas, do ciclo de vida vegetal. Em relação ao seu ciclo de vida, a planta pode ser anual, quando germina, cresce, floresce, produz sementes e morre em um ano ou menos; ela será anual estival quando nasce na primavera e floresce no verão e anual invernal, quando nasce no outono e floresce na primavera ou verão; planta bianual é aquela que completa seu ciclo em dois anos e vivaz ou perene quando vive muitos anos, frutificando várias vezes durante sua existência. Conhecida a época a plantio e o ciclo do vegetal, será possível estabelecer a época ótima para sua coleta. A regra abaixo é válida para os vegetais em geral, mas algumas espécies podem ter particularidades quanto à sua coleta: • Planta toda (em geral uma erva): Antes da floração. • Raízes, rizomas, tubérculos e bulbos: Final do outono ou início da primavera. • Caules: Desenvolvido, também antes da floração. • Folhas e sumidades floridas:Antes de se abrirem e serem fecundadas. • Frutos: Alguns são utilizados verdes, porém para se aproveitar as vitaminas e sais minerais, são utilizados maduros. • Sementes: Antes da disseminação. Na china, o plantio e coleta de plantas medicinais são estudados a fundo em ambiente universitário, durante o curso de Farmácia. Lá, são conhecidos inúmeros detalhes sobre os cuidados no plantio e coleta de cada espécie medicinal. É bom lembrar que 70% dos medicamentos consumidos na china são à base de plantas medicinais que o país produz 35 e que a população local é de 1 bilhão e 100 milhões de habitantes. O trabalho com as plantas requer dedicação e zelo. Desde a preparação da terra, do instante da colheita até a preparação das essências, é necessário analisar o momento oportuno para o início do trabalho, pois, como sabemos, temos que respeitar as leis que regem a natureza e as fases da lua, que têm grandes influencia sabre esse reino. É sabido que, apesar do grande avanço dos métodos de plantio e colheita, o homem ainda tem que seguir as fases da lua, caso contraria se não plantar na lua certa, tenderá ao fracasso ou então sua colheita não terá o sucesso almejado. O reino vegetal ainda tem o seu processo evolutivo muito ligado às leis da criação. Ao contrario do nosso, onde o arbítrio pode manipular a encarnação, quem direciona o processo de manipulação no plano físico são leis maiores que dirigem o universo inteligente. Portanto, temos que estar abertos para entendermos a sincronicidade que existe entre os dois planos: o plano da energia em estado mais etéreo e o plano onde essa energia se materializa, o tridimensional. Quando as forças do plano etéreo se preparam sob o comando das leis da criação, é necessário que encontrem um ambiente propicio e natural, receptivo de qualidade vibratória compatível com os objetivos do trabalho, sendo que, por esse aspecto, somos diretamente responsáveis. Quando trabalhamos com a terra, não devemos usar adubos químicos ou matéria orgânica, nem devemos limpar o terreno todo, apenas a parte que vamos utilizar. O mato retirado deve fazer parte do composto para uso eventual como adubo natural. Devemos retirar a terra na lua nova, quando a seiva da natureza está no solo e assim podermos aproveitar melhor todo esse potencial. O plantio deve se rotativo, ou seja, depois de utilizado, um pedaço de terra deve descansar por um período. Nossa sensibilidade deve estar aguçada para sentirmos que tipos de plantas podem ser plantados juntos ou não; como separá- las, caso necessário; quais delas utilizar para afastar insetos predadores ou, até mesmo, para manter o equilíbrio natural do local, para que nunca necessitemos de remédios ou mesmo de inseticidas. Quando conseguimos criar um pequeno ecossistema, onde a própria natureza se encarrega do auto-equilíbrio, vamos colaborar diretamente para termos um bom resultado em todos os sentidos. O trabalho de preparação da terra requer paciência e devemos aproveitar esse momento para refletir sobre tudo aquilo que almejamos. É nesse momento que entramos em contato com as forças criadoras e colocamo-nos à disposição para sermos canais desse trabalho. Sentir a terra é também sentir a nossa própria capacidade de darmos forma aos planos sutis e, nesse instante, também sermos criaturas disponíveis e criadoras. Retornar a terra é nos encontramos com uma parte da nossa experiência passada, quando um dia, como ser vegetal também aqui chegou. Era um planeta puro, onde 36 não existia poluição nem dor. O entendimento de tudo isso é fundamental para o crescimento do trabalho. A terra deve ser preparada e removida durante o ciclo da lua nova e as primeiras mudas são plantadas no inicio da lua Crescente. A partir desse instante, vamos aguardar os primeiros brotos despontarem da Mãe Terra. O cuidado dessa fase deve ser redobrado. Marcar o local com pequenos gravetos; aguar constantemente (sempre no começo da manhã ou fim do dia, quando o sol não estiver quente); limpar os matinhos em volta da planta até que ela esteja pronta para a troca de corpo, saindo da matéria vegetal para um corpo liquido, onde, nesse instante, vai mora a sua essência. Cuidar das ervas e das flores na fase de crescimento é uma dádiva. Manter uma relação de amor e troca com elas é realmente uma experiência gratificante para todo o ser. Observar seus movimentos e sua postura diante do mundo nos ensina muito, principalmente sobre seu comportamento em relação a nossos cuidados e conversas. Mexer com esses seres dá-nos uma forte sensação de chegarmos mais perto do criador e do entendimento do que é o equilíbrio interno. Cultivo doméstico de plantas medicinais Como a obtenção de plantas medicinais de boa qualidade é difícil, se a pessoa mora em local apropriado, pode cultivar suas próprias plantas medicinais. Contudo, o cultivo exige uma serie de cuidados para que produzam as substâncias ativas responsáveis pelas ações terapêuticas. As condições básicas são as seguintes: • Morar em local distante de centros urbanos, estradas de rodagem ou de região com poluição industrial. • Dispor de frente de água limpa. • Solo compatível para o cultivo. • Destinar um canteiro para o cultivo específico de plantas medicinais. • Pode ainda cultivar em vasos ou jardineiras: Se a opção for por vasos, devem ser usados os com 15 a 30 cm de diâmetro por 20 a 30 cm de altura. No caso das jardineiras, usar as de 15 a 20 cm de largura e 15 a 20 cm de altura, e o comprimento disponível. Recomenda-se para estas opções colocar no fundo brita zero, areia e, em seguida, a terra para cultivo. • Potencial genético das sementes. Deve ser escolhidas sementes de boa quantidade que tenham sido obtidas de plantas ricas em princípios ativos. Muitas vezes, na mesma espécie, existem variantes quando à capacidade de produzir os princípios ativos entre diferentes vegetais. 37 Após preencher estes pré-requisitos, o interessado deverá então observar as recomendações: Preparo do solo O solo deve ser analisado para identificar possíveis carências de elementos essenciais ou alterações do pH que inviabilizem o plantio. A análise do solo pode ser conseguida com a EMATER do seu município. Em geral, os elementos de que as plantas necessitam com maior freqüência são o nitrogênio, o cálcio, o fósforo, o enxofre e o potássio. A maioria destes elementos pode ser conseguida por meio de uma adubação adequada. Para adubar o solo conforme o recomendado para plantas medicinais, a utilização de adubos químicos está completamente descartada, pois diminui a concentração das substancias com ação terapêutica nas plantas. Por isso, são usadas as substancias com ação terapêutica nas plantas. Por isso, são usadas as técnicas da agricultura orgânica, que reproduzem melhor as condições ecológicas a que as plantas estão acostumadas. Estas técnicas são: Compostagem A compostagem é um preparado feito de vegetais e terra. Ela é feita dentro de um caixote de madeira que tenha, no mínimo, largura de 1 m e altura de 70 cm. O caixote não deve ter fundo, ficando o conteúdo diretamente apoiado na terra. As faces laterais do caixote devem ser feitas de forma que fiquem frestas de cerca de 1 cm entre as ripas de madeira para entrada de ar para ventilação. O caixote deve ser instalado num local longe de paredes, grades objetivos ou qualquer empecilho à circulação de ar no local. Dentro do caixote, então, coloca-se varias camadas (quantas forrem possíveis) de pedaços de plantas (folhas, galhos, cascas, frutos, raízes), alterando com terra (esta de boa qualidade e com bastante húmus_ensinarei como se prepara mais adiante). O ideal é que os vegetais sejam cortados ou fracionados para se ministrar bem com a terra. Quando atingir o topo do caixote, deve ser colocada uma camada de terra mais espessa para cobrir o composto. Então ele é deixado num período de “digestão”, que pode
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