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IESC V + SOI V Psiquiatria Duda Campos ENTREVISTA EM SAÚDE MENTAL • Os 3 primeiros minutos são importantes • Identificação dos sintomas • Hipótese diagnóstica • A primeira impressão – aparência global do paciente + experiência clínica do profissional ANAMNESE • Histórico de sinais e sintomas que o paciente apresenta ao longo de sua vida • Antecedentes pessoais e familiares EXAME PSÍQUICO • Exame do estado mental atual NA ENTREVISTA, EVITAR: • Posturas rígidas, estereotipadas – buscar uma atitude flexível, que seja adequada à personalidade do doente, aos sintomas que apresenta no momento, a sua bagagem cultural, aos seus valores e linguagem • Atitude excessivamente neutra ou fria: transmite sensação de distância e desprezo • Reações exageradamente emotivas ou artificialmente calorosas – transmite uma falsa intimidade – é importante ser receptivo e caloroso, mas de modo discreto, transmitindo respeito e consideração ao paciente, criando um clima de confiança • Comentários valorativos ou julgamentos sobre o que o paciente relata ou apresenta • Reações emocionais intensas de pena ou compaixão – devemos acolher o sofrimento de forma empática, mas discreta • Responder com hostilidade ou agressão às investidas hostis ou agressivas de alguns pacientes – devemos demonstrar serenidade e firmeza diante de um doente agressivo ou muito hostil • Entrevistas excessivamente prolixas, em que o paciente fala muito, mas não diz nada substancial – devemos ter a habilidade de conduzir a entrevista, interrompendo o discurso quando necessário • Fazer muitas anotações durante a entrevista – isso pode transmitir que as anotações são mais importantes que a própria entrevista 3 REGRAS DA ENTREVISTA EM SAÚDE MENTAL • Pacientes organizados mentalmente, com inteligência normal, com escolaridade boa ou razoável, fora de um estado psicótico, devem ser entrevistados de forma mais aberta, permitindo que falem e se expressem de maneira mais fluente e espontânea - o entrevistador fala pouco, fazendo algumas pontuações para que o indivíduo conte a sua história • Pacientes desorganizados, com nível intelectual baixo, em estado psicótico ou paranoide, travados por alto nível de ansiedade devem ser entrevistados de forma mais estruturada – o entrevistador fala mais, faz perguntas mais simples e dirigidas (perguntas fáceis de serem compreendidas e respondidas) • Nos primeiros contatos com pacientes muito tímidos, ansiosos ou paranoides, deve-se fazer primeiro perguntas neutras (nome, onde mora, profissão, estado civil, nome de familiares, etc, para depois começar a formular perguntas mais quentes, como “qual o seu problema?”, “por que foi trazido ao hospital?”, “o que aconteceu para que você agredisse seus familiares?” Entrevista em saúde mental e comunicação não verbal IESC V + SOI V Psiquiatria Duda Campos AS PRIMEIRAS ENTREVISTAS • Entrevista inicial: crucial no diagnóstico e tratamento em saúde mental • Transmitir segurança e confiança APRESENTAÇÃO DO PROFISSIONAL AO PACIENTE • Apresentar, dizendo seu nome, profissão, especialidade e razão da entrevista se for necessário • Garantir a privacidade e o sigilo se o paciente se demonstrar tímido ou desconfiado • O sigilo só pode ser rompido no caso de ideias, planos ou atos gravemente auto ou heterodestrutivos • Necessidade de colaboração mútua entre o profissional e o paciente • Solicitar que o indivíduo relate a queixa básica, o sofrimento, a dificuldade e o conflito que o traz à consulta • Observar o relato, a aparência do indivíduo e suas atitudes básicas • Nessa etapa, devemos mais ouvir do que falar – observação participativa A ENTREVISTA • O paciente pode estar ansioso e usar manobras para evitar falar de si mesmo, e o profissional deve lidar com isso e lembrar da finalidade da entrevista • Evitar pausas e silêncios prolongados, que possam aumentar o nível de ansiedade do paciente e deixar a entrevista muito tensa e improdutiva QUANDO O PACIENTE SILENCIA, O ENTREVISTADOR DEVE: • Fazer perguntas e colocações breves que mostrem ao paciente que ele está atento e tranquilo para ouvi-lo • Evitar perguntas muito direcionadas, fechadas, que podem ser respondidas com um sim ou não • Evitar perguntas muito longas ou complexas, difíceis de serem compreendidas pelo paciente • Preferir perguntas como “como foi isso?” “explique melhor” “conte um pouco mais” do que “qual a causa?” “por quê?” • Buscar para cada paciente o tipo de intervenção que facilite a continuidade de sua fala TRANSFERÊNCIA E CONTRATRANSFERÊNCIA TRANSFERÊNCIA • Atitudes, percepções, pensamentos e sentimentos cuja origem é basicamente inconsciente para o indivíduo • Inclui tanto sentimentos positivos quanto negativos • Repetição inconsciente do passado • O médico passa a ocupar o lugar que o pai ou a mãe ocupavam no passado • O paciente não se dá conta da natureza desses sentimentos CONTRATRANSFERÊNCIA • O profissional projeta inconscientemente, no paciente, sentimentos que nutria no passado por pessoas significativas de sua vida A avaliação psicopatológica como um todo: anamnese, exame psíquico, exames somáticos e exames complementares ENTREVISTA INICIAL • Anamnese – recolhimento de todos os dados necessário • Além do aspecto médico e psicopatológico essencial, que é o diagnóstico clínico, a entrevista e seu relato devem fornecer uma compreensão suficientemente ampla da personalidade do paciente, da dinâmica de sua família e de seu meio sociocultural EXAME PSÍQUICO • Exame do estado mental atual Avalia: • Aspecto geral e comunicação não verbal: cuidado pessoal, higiene, trajes, postura, mímica, atitude global do paciente • Nível de consciência • Orientação alo e autopsíquica • Atenção • Memória – fixação e evocação • Sensopercepção • Pensamento – curso, forma e conteúdo • Linguagem • Inteligência • Juízo de realidade – presença de delírios, ideias prevalentes • Vida afetiva – estado de humor basal, emoções e sentimentos predominantes • Volição • Psicomotricidade • Consciência e valoração do eu • Vivência do tempo e do espaço • Personalidade IESC V + SOI V Psiquiatria Duda Campos • Descrever sentimentos contratransferenciais • Crítica em relação a sintomas e insight • Desejo de ajuda EXAME FÍSICO GERAL E NEUROLÓGICO • Detalhado a partir das hipóteses diagnósticas que se formam com os dados da anamnese e EEM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA/PSICODIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA • Testes de personalidade, inteligência, atenção, memória, etc EXAMES COMPLEMENTARES • Exames laboratoriais – bioquímico, citológico, imunológico do LCR, hemograma, eletrólitos, TSH, dosagem de vitaminas B12 e D, metabólitos, hormônios • Neuroimagem • Eletroencefalograma AVALIAÇÃO INICIAL E PERGUNTAS INTRODUTÓRIAS • Providenciar um local com pelo menos o mínimo de privacidade e conforto para a entrevista – com pacientes muito irritados, potencialmente agressivos, evitar lugares trancados e de difícil acesso ou evasão • Apresentar-se ao paciente e explicar brevemente o objetivo da entrevista • Estabelecer contato empírico com o indivíduo – iniciar com perguntas gerais sobre quem é ele • “Qual o seu problema?” – o que o traz aqui? Como tem se sentido? Sente que algo não vai bem? • “Como começaram seus problemas?” – como tem passado nos últimos anos, meses ou semanas? • Quais os tratamentos que fez até hoje? Quais foram os resultados? • De onde vem seus problemas? • Observar com atenção a postura, atitudes, roupas e acessórios, comportamentos não verbais e mímica • Ver o impacto que o pacientecausa no entrevistador – sentimentos que a entrevista produz • Utilizar linguagem e vocabulários compatíveis com o nível intelectual do paciente, adequados ao seu universo cultural e aos seus valores morais e religiosos ASPECTO GERAL DO PACIENTE Perceber: • Corpo e postura corporal • Indumentária • Acessórios • Maquiagem, perfume, odores, marcas corporais • Porte e atitudes psicológicas específicas e globais PSICOPATOLOGIA E SEMIOLOGIA DA COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL • Forma conjugada: comunicação verbal e não verbal • Redundante: utiliza múltiplos canais Funções básicas do comportamento não verbal: • Expressar emoções • Apresentar a personalidade • Acompanhar a fala • Transmitir sinais/atitudes Interação: sinais visuais, acústicos, táteis e olfativos O que faz diferença nessa comunicação: • Ambiente da comunicação – o tipo de ambiente pode afetar o humor das pessoas, a expressão, a escolha de palavras... • Aparência física – forma do corpo, alterações dermatológicas, marcas no corpo, roupas e adereços... • Proxêmica – utilização e percepção do espaço que as pessoas estabelecem entre si, disposição espacial em relacionamentos humanos – se fica mais distanciado, ou é invasivo • Movimentos corporais – postura, toque, expressões faciais e gestos – relacionados à fala, independentes da fala, postura, comportamento tátil, expressões faciais, comportamento ocular – o toque deve partir do paciente – controlar as expressões faciais para evitar que o paciente recue • “Paralinguagem” – a maneira como se diz algo, e não o que foi dito (o conteúdo verbal) – qualidades vocais, latências de resposta, silêncios, pausas – ver tudo isso do paciente! Essa “pausa” pode ser indicativo de algo que o paciente sente dificuldade em conversar sobre. Os gestos podem ser faciais ou corporais podem ser divididos em intencionais (os que o paciente faz intencionalmente, para conseguir algum objetivo) e os expressivos – contrações na testa e sobrancelha, direção e modo de olhar e movimentos de lábios e cabeça IESC V + SOI V Psiquiatria Duda Campos Avaliar: • Expressão emocional – capacidade de expressar diferentes estados emocionais por meio de mímica, gestos, postura, tom de voz • Sensibilidade aos sinais não verbais – capacidade de perceber nos outros e decodificar principalmente estados emocionais emitidos por vias não verbais • Controle de estados emocionais – capacidade de controlar estados emocionais percebidos e emitidos por comunicação não verbal *Isso somado se remete ao comportamento humano ACHADOS DA COMUNICAÇÃO VERBAL NAS PRINCIPAIS SÍNDROMES E TRANSTORNOS DEPRESSÃO • Redução da expressividade afetiva: não olha ou evita o olhar • Olhar dirigido para baixo • Redução global das interações sociais • Expressões faciais: apáticas e negativistas • Sinal do ômega na testa • Boca + voz: baixa e monótona: monotonia na modulação da voz – voz sem engajamento em alguma parte do discurso • Postura mais corcunda e cabisbaixa • Paciente mais calado • Devemos trabalhar com perguntas mais abertas ANSIEDADE • Tensão muscular: músculos cervicais do pescoço/face • Reações físicas: palidez, midríase, ereção dos pelos, ritmo cardíaco • Suor frio, tremores das extremidades, desconforto respiratório • Sensibilidade às reações e expressões faciais dos outros • Voz: tensa e hesitante ESQUIZOFRENIA • Dificuldade em emitir sinais exteriores das emoções • Viés de interpretação • Episódios agudos – quadros paranoides e desorganização • Episódios crônicos: diminuição da expressão afetiva, indiferença, embotamento dos afetos, achatamento das expressões afetivas • Expressam de forma deficitária tanto emoções negativas quanto positivas • Diminuição dos gestos • Imobilidade na expressão facial • Abandono da higienização pessoal • Empobrecimento: inflexões vocais • Diminuição dos movimentos espontâneos • Redução do contato ocular AUTISMO • Dificuldade em entender e emitir sinais não verbais • Ausência de interesse por seres humanos • Contato ocular: ausente ou inconsistente • Dificuldade em entender sinais não verbais • Dificuldade em expressar comunicação não verbal • Sorriso: frustos e descompassados • Ausência de postura antecipatória • Resistência ao toque e abraço • Estereotipias motoras • Dificuldade em expressar seus interesses e conquistas para os outros • Déficits no reconhecimento facial e da expressão emocional em faces MANIA (TRANSTORNO BIPOLAR TIPO 1) • Quadro clínico específico: proxêmica alterada: excessiva e inadequada – perca da distância espontânea (culturalmente determinada) • Comportamento global do paciente é muito ativo, alegre, eufórico ou irritável • Perda da inibição social • Interação e comunicação exacerbadas • Da alegria para a irritação • Proxêmica alterada: perda da inibição social, contentamento transbordante, vestimenta mais chamativa, movimentos incessantes e mímica exagerada • Fala acelerada, em voz alta • Aceleração de todas as esferas psíquicas e comportamentais IESC V + SOI V Psiquiatria Duda Campos IESC V + SOI V Psiquiatria Duda Campos
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