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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA-PROEB, CURSO-CIÊNCIAS EXATAS. LUCIANO SOARES PEREIRA AS DIFICULDADES E QUESTÕES QUE ENVOLVEM O ENSINO DE FÍSICA NO ENSINO MÉDIO Santa Luzia – MA 2014 LUCIANO SOARES PEREIRA AS DIFICULDADES E QUESTÕES QUE ENVOLVEM O ENSINO DE FÍSICA NO ENSINO MÉDIO Monografia apresentada ao curso de Ciências Exatas da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, como instrumento de conclusão do curso de Licenciatura em Ciências exatas desta Universidade. Orientador: Professor Santa Luzia – MA 2014 LUCIANO SOARES PEREIRA AS DIFICULDADES E QUESTÕES QUE ENVOLVEM O ENSINO DE FISICA NO ENSINO MÉDIO Monografia apresentada como requisito obrigatório para a Conclusão do Curso de Licenciatura em Ciências Exatas da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. Orientador: Professor Santa Luzia,________de junho de 2014. Conceito:_________________________________ Observações_______________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _______________________________________________________________ _________________________________ Assinatura do orientador A Deus e a minha família, pelo incentivo, amor, carinho e dedicação nas horas mais necessária de minha vida. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, a Deus por ter permitido o término deste trabalho. Minha família em especial a minha esposa, que tanto me apoiou incansavelmente com suas palavras confortadoras. A todos os colegas de curso, que direto ou indiretamente colaboraram para que eu pudesse atingir meu objetivo. A todos os professores que colaboraram com a partilha dos seus conhecimentos para comigo. O homem é feito visivelmente para pensar, é toda a sua dignidade e todo o seu mérito, e todo o seu dever é pensar bem. Blaise Pascal RESUMO A monografia ora apresentada visa abordar e evidenciar as questões do ensino de física no ensino médio, refletindo e apresentando algumas alternativas de superação daqueles que podem ser considerado aspectos dificultadores de uma formação eficaz, procurando mostrar a relatividade dos fatos e a correlação entre eles, os critérios adotados pelos professores no momento da seleção dos conteúdos para facilitar esse ensino. Apresentar uma discussão a respeitos dos métodos, materiais didáticos, das formas de linguagens, as questões que contemplam aspectos relacionados ao processo de transposição didática, os caminhos que o professor pode percorrer para elaborar a transposição didática no ensino de ciências. Sendo que primeiro procurou-se conhecer o significado de transposição didática e como ela se fez presente na passagem do saber científico para o saber escolar dentro da didática das ciências, uma vez que nesse espaço de interações eles são responsáveis de tornar acessível o conhecimento ao aluno ao processo ensino-aprendizagem na perspectiva sócio interacionista, buscou se ainda, resgatar aspectos histórico referente ao ensino de Ciências, em particular de Física, enquanto disciplina integrante do processo de formação básica no sistema educacional brasileiro. Assim, nesta monografia foram abordados alguns tópicos que são considerados de grande importância para o ensino da ciência Física. Onde esses, quando aplicados de forma correta, sem dúvida nenhuma irão minimizar as dificuldades na aprendizagem. Palavras chave :Ensino médio, questões alternativas, ensino de física, transposição didática. ABSTRACT The paper presented here aims to highlight the importance of literature in early childhood education, discuss related to insertion of literature teaching issues , their role , their contribution in the development of the child. Every children's literature contributes to the emotional, cognitive growth and personal identification of the child , providing the student , the perception of different resolutions of problems , awakening their creativity , curiosity that are necessary elements in their training ; In the process of acquisition of reading and writing , children's literature has a great importance, because in the early years of education , the child is at the stage of dreams and loves listening to stories , fairy tales that involve them in an imaginary world, books that bring the literature should always be present in that child's life and in his imagination , since the literature facilitates the development of intelligence , interaction and is a source of fun and enjoyment. Children's literature can , for many, seem a joke , but in reality is the starting point of a culture and therefore is a fundamental part of the teacher's pedagogic practice in early childhood education. Recognize the importance of literature in early childhood education and encourage the formation of reading habits at the age where all habits are formed , ie , in childhood , it is the duty of all parents , most especially the teacher , because it is a way which leads the child to develop imagination , emotions and feelings of pleasurable and meaningful way . Keywords: Literature, early childhood education , reading fairytales . SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10 2 UMA BREVE ABORDAGEM NA HISTÓRIA DA FISICA .................................. 11 2.1 REFLEXÕES DO ENSINO DE FÍSICA NO BRASIL ....................................... 14 3 A FISICA COMO DISCIPLINA ESCOLAR E SEU ENSINO .............................. 17 3.1 AS DIFICULDADES DE ENSINAR FISICA NO ENSINO MÉDIO ................... 19 3.2 A EDUCAÇÃO A PARTIR DA FISICA ............................................................. 21 4 PROFESSOR, FACILITADOR DO ENSINO APRENDIZAGEM......................28 4.1 DISCUSSÕES E MÉTODOS RELACIONADOS AO ENSINO DE FISICA......32 4.2 O MATERIAL DIDÁTICO PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS: PROBLEMA OU SOLUÇÃO?............................................................................................................40 4.3 QUESTÕES QUE ENVOLVEM LIVROS, LINGUAGEM ORAL E ESCRITA...36 5 A QUESTÃO DO PROCESSO DE TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DA DISCIPLINA FISICA..............................................................................................36 5.1 OS PREJUÍZOS NA MUDANÇA DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA O SABER ESCOLAR.................................................................................................43 5.2 POR QUE É PRECISO TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA NO ENSINO DE CIÊNCIAS?............................................................................................................45 6 CONCLUSÃO......................................................................................................47 REFERENCIAS......................................................................................................49 10 1 INTRODUÇÃO As questões sobre o processo ensino-aprendizagem em Física principalmente no ensino médio tem sido tema de várias pesquisas nestes últimos anos. Que tem sugerido que o ensino de física é via de regra, a não ser algumas exceções, caótico, proveitosoe separado da realidade dos professores e dos alunos. A preocupação central tem estado na identificação do estudante com o objeto de estudo. Em outras palavras, a questão resultante na investigação dos pesquisadores está relacionada à busca por um real significado para o estudo dessa Ciência no ensino médio. Não se quer aqui dizer que ela não seja importante para o processo de formação dos estudantes, mas sim, que há uma polêmica em torno da diversidade de enfoques dados ao ensino de Física nesse nível de escolaridade. A monografia ora apresentada tem como objetivo geral fazer uma ampla abordagem nas questões que envolvem o ensino de física no ensino médio, apresentar sugestões, visando uma aprendizagem em Física mais eficiente e atrativa para alunos do Ensino Médio A tendência em direcionar o ensino de Física a resolução de problemas, que normalmente estão recheados de cálculos, fortemente influenciados pelo uso do livro didático, tem sido tema de sérias críticas as editoras e, por consequência aos autores das obras. A maioria dos livros que circulam nas escolas apresentam os conteúdos como conceitos estanques, dando o caráter de Ciência acabada e imutável a Física. Porém, o mais problemático das obras está na forte identificação que elas agregam entre a Física e os algoritmos matemáticos. Os textos e, principalmente, os exercícios são apresentados como matemática aplicada, na qual a questão fundamental se resume a treinar o estudante na resolução de problemas algébricos. Outro problema identificado no ensino de Física, tem sido a gama imensa de conteúdos que compõe as obras didáticas. É sabido por todos que esta disciplina tem apresentado um número de períodos cada vez mais reduzido nas escolas de ensino médioDesta forma, o professor precisa selecionar quais os conteúdos que irá abordar diante do complexo da obra didática, tendo que, muitas vezes, pincelar tópicos desconexos, 11 simplesmente por que é necessário contemplar os itens do livro didático. . 2 UMA BREVE ABORDAGEM NA HISTÓRIA DA FÍSICA A Física tem como conceito básico de ser a ciência das propriedades da matéria e das forças naturais. Suas construções compactam-se expressamente em linguagem matemática. A introdução da investigação através de experimentos e a aplicação do método matemático vêm contribuindo para distinguir Física, filosofia e religião, que, de modo original, ou seja, inicialmente tinham como objetivo comum compreender a origem e a constituição do Universo. A Física estuda a matéria nos níveis molecular, atômico, nuclear e subnuclear. Estuda os níveis de organização, ou seja, os estados sólido, líquido, gasoso e plasmático da matéria. Pesquisa também as quatro forças fundamentais: a da gravidade (força de atração exercida por todas as partículas do Universo), a eletromagnética (que liga os elétrons aos núcleos), a interação forte (que mantêm a coesão do núcleo e a interação fraca) (responsável pela desintegração de certas partículas - a da radiatividade). Além de todos esses estudos a Física se desenvolve em função da necessidade do homem de 12 conhecer o mundo natural e controlar e reproduzir as forças da natureza em seu benefício. É na Grécia Antiga que são feitos os primeiros estudos "científicos" sobre os fenômenos da natureza. Surgem os "filósofos naturais" interessados em racionalizar o mundo sem recorrer à intervenção divina. Mas, o que essa trajetória da Ciência tem haver com o ensino? O que há de comum entre o desenvolvimento da Ciência e a construção do conhecimento no sujeito? De acordo com Piaget e Garcia (2011): Ambos se encontram intimamente ligados. Os autores contam na obra Psicogênese e a HC que os processos, da construção da Ciência e a do conhecimento científico no sujeito, passam por um processo de desenvolvimento de reciprocidade, isto é, partem de construções baseadas em interações superficiais até chegar a uma formalização mais complexa sobre certo conhecimento. Em todos os estágios de relação mútua passada pelo sujeito o funcionamento da inteligência permanece o mesmo e deve constantemente reconstruir para superar, pois o progresso do saber não consiste em simples adições, mas em reorganizações que condicionam as criações. Muitos educadores enaltecem que a abordagem histórica dos conteúdos é fator de educação científica, e que o professor agindo assim aproximaria o conhecimento científico do universo perceptivo do aluno. Desta forma, o estudo da Física a partir de uma perspectiva histórica contribuiria essa aproximação. Entretanto, tal abordagem não pode ser vulgar e superficial e não pode se resumir à apresentação da biografia de cientistas ou àquele clássico capítulo de introdução nos livros didáticos. Costa (2007) apresentou dois exemplos de textos que podem ser trabalhados em sala de aula sobre Arquimedes fazendo com que os alunos interajam com o assunto de hidrostática, criando uma identificação com o conteúdo ensinado. Ao trabalhar os conceitos sobre Hidrostática, o professor pode contar o fato histórico relacionado à coroa do reio Hierão. Nessa história sabemos que o rei ficou intrigado com a fabricação de sua coroa. Assim, chamou Arquimedes e lançou a ele o desafio de descobrir se a coroa era feita somente de ouro ou se continha mistura. Arquimedes conseguiu provar que a coroa do reio era uma mistura de ouro e prata, tomando como base princípios estudados por ele. Arquimedes pesou a coroa do reio fora e dentro da água, com isso pôde 13 demostrar que a densidade da coroa era menor do que deveria ser. Portanto, concluiu que o ourives tinha misturado prata no ouro. A abordagem histórica da ciência no ensino é compreendida como necessária pode criar uma situação favorável para que o aluno possa contextualizar os conceitos estudados e ter a possibilidade de fazer um resgate histórico desses mesmos conceitos físicos. Esse regate da ciência é fundamental para o entendimento de sua dinâmica, pois permite vincular o conhecimento científico ao contexto histórico aplicado, como a Física de Aristóteles, a Física medieval, as origens da mecânica e o mecanicismo. 2.1 REFLEXÕES DO ENSINO DE FÍSICA NO BRASIL Ao propor uma discussão no processo ensino-aprendizagem de Física, é necessário conhecer o processo e os caminhos que levaram a sua inserção nos currículos escolares e as visões que tem sido dada ao ensino desta Ciência ao longo da história educacional no Brasil. A educação no Brasil desta ciência vem sendo formada ao longo dos anos apoiados em discussão de ordem política, o que, tem proporcionado um menosprezo e uma falta de compromisso com a formação cultural, moral, intelectual e científica. Ficamos presos a esta situação educacional, já que não existe uma política nacional para o desenvolvimento da Ciência, nem mesmo para direcionar de forma estratégica seu ensino, como já vem acontecendo em outros países, onde a política estrategista existe há muito tempo, definindo como se deve ensinar, qual a prioridade e a inclinação que necessitam ser dada a Ciência e ao seu ensino nas escolas e nas universidades. Observando o aspecto histórico, identifica-se que o ensino de Física no Brasil é algo recente, passando a ser objeto de estudo nas escolas de maneira 14 mais efetiva, com a fundação do Colégio Pedro II a partir de 1837, no Rio de Janeiro. Porém, foi a partir do século XX, que a Física passou a fazer parte dos currículos do ensino médio, tendo obrigatoriedade em função da intensificação do processo de industrialização no Brasil. Somando a este fator o incentivo dado ao ensino de Ciências nas escolas de formação básica após a II guerra Mundial, dessa forma atraindo estudantes para a formação superior na área de ciências. Este incentivo partiu do governo americano estendendo-se por toda a América Latina,implantando um ensino com ênfase aos domínios de conteúdos e de atividades experimentais, com referência no modelo americano. Professores foram capacitados e treinados em curso específicos visando a duração do modelo conteudista experimental. Este fato tem tido reflexos no ensino dessa Ciência até hoje em virtude de muitos professores que hoje ministram aulas, principalmente nas academias formadoras dos professores da educação básica, terem tido seu processo de formação na época dos anos pós-guerra, fortemente identificado com a visão conteudista. Antes da guerra, as atividades experimentais no ensino de Física tinha como rotina a demonstração por parte do professor, pois eram formadas por arranjos experimentais sofisticados, de custos elevadíssimos. Tinha com objetivo a demonstração do fenômeno físico de modo a ilustrar a teoria. Com o passar do tempo, a concepção acerca das atividades experimentais modificou-se, passando a favorecer a montagem das experiências pelos alunos. Os alunos recebiam kits para a montagem do experimento ao qual que quisessem estudar, contribuindo assim para uma mudança radical na postura que estava sendo dadas as aulas práticas de Física. No século XX, os investimentos em educação no Brasil dependiam de capital vindo de fora, neste período iniciava-se um movimento de reforma da educação brasileira, principalmente com a instituição da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1961. No ensino de Física, esta época identifica-se com os investimentos na obtenção de materiais para aulas com experimentos. Chegavam às escolas os kits de materiais didáticos, sempre acompanhados de livros que serviam de roteiros-guia para as atividades dos professores. A partir dai o que o Brasil passou a se modernizar, vendo no ensino 15 de ciências o ponto de partida para o desenvolvimento e alcançar o sucesso. Segundo Gouveia (1992), “Para atingir o nível de desenvolvimento das grandes potências ocidentais, a educação foi considerada como alavanca do progresso. Não bastava olhar a educação como um todo, era preciso dar especial atenção ao aprendizado de Ciências. (GOUVÉIA, 1992, p.72)”. A educação passou por uma alteração significativa na questão de educação para o trabalho, sendo o ensino secundário preparatório para o trabalho sendo ele pobre ou rico. Este tipo de ensino tinha como objetivo claro, diminuir o acesso desses alunos ao ensino superior, colocando os mesmos mais cedo para o mercado de trabalho, consolidando assim na prática a visão americana da educação como fonte para o progresso econômico do país. Em decorrência dessa situação, o ensino de Ciências nas escolas sofreu um período de adaptação ao ensino profissionalizante. Nas décadas de 1980 e 1990, o país se organizou no campo político e o ensino de Ciências, tomava a nível mundial uma imensa dimensão de produção do conhecimento voltada para os avanços tecnológicos. Já não se podia mais separar Ciência da Tecnologia, pois havia necessidade de uma melhoria no ensino das Ciências no Brasil e no mundo. Cem anos de história já se passaram desde a introdução da Física nas escolas no Brasil, mas sua abordagem continua fortemente identificada com aquela praticada a cem anos atrás: ensino voltado para a transmissão de informações através de aulas expositivas utilizando metodologias voltadas para ao resolução de exercícios algébricos. Sabemos que questões voltadas para o processo de formação dos indivíduos dentro de uma compreensão mais histórica, social, ética, até mesmo cultural, mantém-se afastadas do cotidiano escolar, sendo encontradas apenas nos textos de periódicos relacionados ao ensino de Física, não apresentando uma ligação com o ambiente escolar. Refletindo sobre a física como ciência escolar engajada na sociedade, é de fácil percepção que é gradual a diminuição do acesso ao mundo tal como é, em virtude do aumento significativo do contato virtual trazidos pelos sistemas de comunicação, o que se dá em falas informais com colegas, em falas do professor, até em imagens da televisão, que nos fazem ver o que até ontem era inacreditável. Esse processo invadiu nossas casas, até chegar as nossas 16 relações com o ambiente, nossa cultura, alterando de forma radical o que cabe à escola fazer. Diante disso, como podemos fazer ciência hoje na escola, no sentido do ensino-aprendizagem? Sabe-se que qualquer proposta que se faça tem de levar em conta a sociedade em transformação, seus erros, conflitos ou contradições. 3 A FÍSICA COMO DISCIPLINA ESCOLAR E SEU ENSINO Pode-se dizer que a física é uma disciplina curricular com valoração média entre os alunos, conforme pode se observar. Seu ensino tem sido um fator de eliminação de grande parte dos alunos, o que, por si só, distorce ainda mais a pouca importância que o aluno dá à escola. A utilidade da física, enquanto disciplina escolar está associada às razões que a colocam como instrumento para a vida, para o trabalho e para as outras ciências, manifestando-se pelas diferentes situações reais observadas e através da construção de modelos que possibilitam interpretá-las. Por isso, é fundamentalmente atividade humana, portanto um conjunto de atributos do fazer humano social, no qual o valor utilitário é também cultural. Saber física envolve saber fazer uma interpretação dos fenômenos da natureza, ou seja, a melhor forma que o professor oferece ao homem recursos de tecnologia para, a partir daí, situá-lo na contemporaneidade, preparando-o para melhores condições de vida e para o exercício da cidadania. 17 Sobre o ensino da física, as questões que direcionam a prática docente baseiam-se em saber por que ensinar e o que ensinar. Essas questões estão relacionadas por um lado com as compreensões de natureza ideológica que atravessa o fazer da escola e do professor. Conforme Pessoa (1984), “É comum que se confundam dois aspectos relacionados com o trabalho mental de o aluno no aprender: de um lado, pensar, analisar e armar raciocínios; de outro, aplicar modelos e fórmulas para resolver problemas”. O aluno constrói e desenvolve um esquema ou modelo de agir autêntico para interpretar as coisas ou o mundo, que envolve os recursos metodológicos da instigação e da dedução. Esse esquema mental é proativo, ou seja, está sempre crescendo, autocorrigindo-se sob a influência de novas percepções. Portanto, à medida que a criança cresce, amplia-se seu universo e, com ele, seu modelo interpretativo. A própria situação de ensino é, antes de tudo, educadora, logo, essa deve ser uma situação de encontro, de diálogo, em que professor e aluno se colocam como seres humanos. Esta relação, então, não é neutra nem impessoal, caracterizando-se pela partilha de conhecimentos. Por isso, o como ensinar ciência decorre das relações que o professor possa fazer entre seu conhecimento a respeito da cognição do aluno e da sua prática social. A respeito da aprendizagem, não se deve reduzir o valor daquela adquirida na vida, pois é também eficiente, não só porque surgi da motivação natural, mas porque se realiza em um ciclo de indução-dedução, partindo da primeira. A vida oferece casos concretos que a mente humana vai generalizando para, a partir deles, construir princípios indutivamente. Por essa forma, a concepção das coisas estende-se de modo harmônico e natural, permitindo ampliações cada vez mais seguras. Essa etapa se repete de forma que as primeiras especificações a que os fatos nos levam, embora ainda incônditas, permitem aplicações a novas situações concretas que enriquecem nossa experiência e concepção, a qual passa a ser eficiente na interpretação e previsão de fenômenos (nova concepção). Essa inter- relação não termina nunca, por isso, o saber tende a se estender. Na escola, todavia, algumas aulas são dadas apenas tendendo ao desenvolvimentoda matéria, a uma maneira de manter ordem e atenção na classe, pouco se 18 investigando sobre os modelos de aprendizagem existentes na mente dos alunos e de que maneira irão exercer interação com o que se está dizendo. Para que haja aprendizagem genuína, é necessário que o aluno construa o entendimento do assunto com base no núcleo conceitual preexistente. 3.1 AS DIFICULDADES DE ENSINAR FÍSICA NO ENSINO MÉDIO O ato de ensinar é uma grande responsabilidade. Por isso, o professor quer falhar o menos possível. Muitas variáveis interferem no sucesso do curso ministrado e por isso conhecê-las ajuda a obter melhores resultados. Ensinar Ciências não é só repassar conhecimentos sobre os alunos e esperar que eles, de forma relâmpago, passem a dominar a matéria. Ao dizer isso não se pretende desmerecer a atividade docente, ao contrário, cabe ao professor dirigir a aprendizagem e fazer com que grande parte dos alunos passe a conhecer ou continuem a ignorar Física. As aulas expositivas que apela somente para a memorização não são o único modo para ensinar Física, nem as mais indicadas. É necessário realizar uma reflexão para decidir o quanto ensinar de Física, como ordenar os assuntos expostos, de que maneira utilizar as atividades práticas e como dar inicio a uma avaliação justa do que foi aprendido. Não é suficiente conhecer Física; é também preciso saber ensiná-la, há diversas maneiras que não seja por meio de atitudes mecânicas desligadas de uma reflexão mais séria. Pode se encontrar maneiras 19 mais eficazes de transmitir essa disciplina. Além disso, o ensino de Física deve estar estruturado de tal forma que permita ao professor trabalhar melhor e ao aluno aprender melhor, absorvendo o que lhe foi ensinado. Quais são os meios que garantem um ensino assim? Algumas delas são melhores condições de trabalho e de vida para professores e alunos, laboratórios equipados e alguns recursos audiovisuais. Além disso, é indispensável um programa curricular bem estruturado. Se o ensino nos diversos níveis for bem administrado, uma boa estrutura começa a se construir no ensino fundamental, desenvolvendo-se e complementando-se no ensino médio e superior. A prática docente ao longo dos diversos níveis de ensino permite reconhecer a continuo conhecimentos em Física e nas restantes disciplinas científicas, com as quais deveria existir uma integração harmoniosa. “A prática escolar consiste na concretização das condições que asseguram a realização do trabalho docente, e tais condições não se reduzem ao estritamente “pedagógico”. A prática escolar tern, atrás de si, condicionantes sócio-políticos que configuram diferentes concepções do homem e da sociedade e diferentes pressupostos sobre o papel da escola.” (LIBANEO, 1987: 19). Durante os vários níveis de ensino é normal que se mudem as estratégias para acompanhar a crescente capacidade de fixação dos estudantes. Porém, a explanação a observação e o planejamento cuidadoso das atividades de experimentação e de estudo deverão ser levados em consideração a partir tanto do ensino fundamental como no superior e nos níveis intermediários, em todos os níveis citados deverão estar presentes o espírito de questionamento e o esforço para explicar e concluir, observando as limitações e direcionamentos seguidos pelas diferenças nos conhecimentos teóricos, pela habilidade de aprender e pela disponibilidade de recursos tais como os modelos físicos e matemáticos, estes pontos se relacionam com a necessidade de formar e preparar o cidadão e os futuros cientistas, num trabalho iniciado sem interrupção, a partir do ensino fundamental. A maioria dos professores de Física do ensino médio e superior concorda que o ensino da disciplina apresenta muitos problemas. É fácil constatar também que a maior parte das pessoas, mesmo após frequentar a escola de ensino fundamental e médio, sabe muito pouco de Física. São poucas as que conseguem se posicionar sobre problemas que exijam algum conhecimento da 20 matéria em questão. No entanto, a Física está relacionada a quase tudo na vida e elas precisam saber disso. Quando alguém se movimenta ou pratica exercícios físicos, está vivenciando uma situação na qual a Física está presente. A Física se relaciona com as necessidades básicas dos seres humanos, alimentação, saúde, entre outros - e há a necessidade de se compreender isso tudo. Ela não é só uma coisa ruim que polui e provoca catástrofes como alguns, pensam. Esses preconceitos existem, inclusive, devido à forma como os meios de comunicação a divulgam. Sem um conhecimento de Física, ainda que mínimo, é muito difícil um indivíduo conseguir posicionar-se sobre todos esses problemas, e em consequência exercer efetivamente sua cidadania. Dispor de conhecimentos primitivos, isto é, noções básicas dessa matéria ajuda o cidadão a se posicionar em relação a inúmeros problemas da vida moderna, como poluição, recursos energéticos, reservas minerais, entre outros. Além disso, aprender acerca dos diferentes materiais, suas ocorrências, seus processos de obtenção e suas aplicações. Há o outro lado, pois saber como se processa o conhecimento Físico pode dotar as pessoas de um pensamento crítico mais aguçado. O estudo dessa matéria permite a compreensão da formulação de hipóteses, do controle de variáveis de um processo, da generalização de fatos por uma lei, da elaboração de uma teoria e da construção de modelos científicos. Como ciência experimental, que procura compreender o comportamento da matéria, a Física se utiliza de modelos abstratos que procuram relacionar o mundo macroscópico com o microscópico universo atômico-molecular. Um dos problemas atuais do ensino de física é a ênfase exagerada dada à memorização de fatos, símbolos, nomes, fórmulas, equações, teorias e modelos que ficam parecendo não ter quaisquer ralações entre si, o aluno não consegue perceber as relações entre aquilo que estuda nas salas de aula, a natureza e a sua própria vida. O uso de atividades experimentais bem planejadas contribui e facilita a compreensão da produção do conhecimento em física, pois sem compreendê-la se torna difícil aprender. O número de assuntos que os programas de Física do ensino médio apresentam é grande, dá ênfase a quantidade desfavorecendo a 21 qualidade. Os alunos não são capazes de perceber os conceitos fundamentais da disciplina, não conseguem ter critério algum de prioridade. A solução não é, necessariamente, reduzir os programas, mas, neles, priorizar os conceitos fundamentais. O atropelamento dos cursos do ensino médio pelo vestibular é mais um fator a complicar o ensino de Física; a pressão para "dar matéria" e "terminar o programa" tem como resultado, entre outros, a superficialidade da análise dos fenômenos, a má construção dos conceitos e a ausência do relacionamento do assunto com o saber todo da Física. Nessas condições, o estudo da Física desliza para o seu grau mais baixo e mais inútil: a simples memorização dos conceitos e de "regrinhas" para resolver problemas e testes visando passar no vestibular. Finalmente, talvez o maior problema, e derivado de todos os outros, seja o da dogmatização do conhecimento científico. O conteúdo da ciência é colocado ao aluno sem as suas origens, sem o aprofundamento devido, ou seja, sem seu desenvolvimento e sem a sua construção, é mostrado como algo único, fora do espaço e do tempo, não colocando contradições e questões que desafiam o alcance das suas teorias. O inadequado conteúdo passa um olhar bem deformado da Física, dificultando a compreensão de seus conceitos. Tornando difícil compreender as relações entre os fatos, as leis, as hipóteses, as teorias e os modelos científicos. Os professores de Física em geral gostariam que, relativamente aos fatos, conceitos e princípios físicos, os alunos nãosó os recordassem e compreendessem, mas também os aplicassem para resolver problemas. Contudo, a maior parte dos professores de física queixa-se que os alunos têm sérias dificuldades na resolução de problemas: não sabem interpretar o que leram, não entendem o que está escrito, ou seja, não sabem interpretar o conhecimento físico. 22 3.2 A EDUCAÇÃO A PARTIR DA FÍSICA A educação a partir da física não se dá mais de maneira que só disserte a respeito de Física, mas de buscar a prática de uma educação para o ensino de Física. Existe uma diferença crucial entre essas duas formas de se abordar o processo ensino-aprendizagem em Física. A busca pela prática de uma educação no ensino de Física começa com um aspecto que é, sobretudo, humanista e filosófico. Lida com a formação do cidadão para sobreviver e atuar nesta sociedade científico-tecnológica onde, a Física aparece como relevante instrumento para investigação, produção de bens, desenvolvimento socioeconômico e interfere diretamente no dia a dia de todas as pessoas. Nessa postura filosófica sedimenta-se e alicerçam-se todas as ações de educação no ensino de física que dela decorrem. A partir dai há a definição pela educação no ensino de Física, que se segue a realização de atividades experimentais em laboratórios, a prática de pesquisas orientadas sobre tópicos de Física, excursões e visitas a indústrias, produção de textos e debates em sala de aula, tudo partindo dessa opção ideológica que visa educar cientificamente o cidadão. Essas considerações pedagógicas possibilitam ainda a observação de algo que foi mencionado rapidamente: para quem é o benefício da educação no ensino de Física? Se lida, aqui, com uma reflexão sobre o papel da educação no ensino de Física para a conquista da cidadania pelo aluno. Não tem valor nenhum para esse um conhecimento, se esse não tem capacidade de produzir progresso pessoal e social. Será completamente desnecessário e improdutivo se não permitir o seu desabrochar objetivo esse primário da compreensão da natureza junto com o despertar da consciência crítica e da cidadania. Encarando que a nossa sociedade tem uma dependência da ciência e da tecnologia é de se imaginar o descontentamento que representa, para nós, um povo sem educação científica. Sendo uma das ciências naturais, a Física deve estar na vida de todo indivíduo que almeje ter voz ativa no seu meio social, para receber a devida atenção de todo governo, que deseje levar seu país a uma posição de destaque no conjunto das nações. 23 Educar no ensino de Física deve ter rum apoio com investimentos em recursos humanos e materiais, devido a sua importância que é indiscutível para qualquer nação, aos quais os povos pretendam se apropriar do saber científico e exercer de forma plena a cidadania. Não há dúvida, que a escola necessita expandir seus objetivos, mudando de um ensino fragmentado, cheio por disciplinas separadas e com períodos de tempos limitados, para um ensino integralizado, no qual o aluno consiga fazer a distinção, relações e associar com a realidade em que está inserido. Assim estaremos preparando-os para o uso de novas tecnologias, com ênfase em uma construção consistente e ao mesmo tempo teórica que, atravesse a reflexão sobre a prática de ensino e a leitura do cotidiano, para que se encontrem novas formas de lidar com a sociedade que está em constante construção. De forma abreviada podemos dizer que o ensino está passando por uma transformação, um novo momento no qual a aprendizagem pode ser vista como processo que almeja a autonomia na medida em que o professor dá possibilidade de trocas de experiências entre seus alunos. A Física integrada à realidade do educando, torna-se útil com vistas a formar futuros cidadãos. 24 4 PROFESSOR, FACILITADOR DO ENSINO APRENDIZAGEM A natureza democratizadora, mediadora, transformadora e globalizada da escola passam pelo educador. O prazo da justificação epistemológica e a aplicação dos princípios pedagógicos dependem da postura do mesmo, dai a importância desse integrado como mediador na interação dos alunos, no seu meio, com o meio social e com objetos e instrumentos do conhecimento. Neste processo a natureza e a sociedade caminham juntas como polos da interação com o aluno, mas cabe ao educador contribuir, administrar e fortalecer criticamente essa relação. No histórico da educação é perceptível o aumento as exigências que vem sendo cobradas ao professor, ao qual já são atribuídas diferentes responsabilidades. Por muito tempo, os professores eram vistos como detentores de todo o saber, e acreditava-se que, bastasse ao professor dominar determinado conteúdo que estaria garantido o processo de aprendizagem. O professor não deve preocupar-se somente com o conhecimento através da absorção de informações, mas também pelo processo de construção da cidadania do aluno. Apesar de tal, para que isto ocorra, é necessária a conscientização do professor de que seu papel é de facilitador de aprendizagem, aberto às novas experiências, procurando compreender, numa relação empática, também os sentimentos e os problemas de seus alunos e tentar levá-los à auto realização. Dessa forma aluno passa a ter liberdade, para relacionar conteúdos com suas vivências pessoais, sendo frequentemente levado a pensar de forma crítica e a tomar decisões por si só. Dessa forma, o educador e o educando trocam conhecimentos. Os alunos fazem uma série de descobertas e interiorizam conhecimentos que não estavam tendo significado ou não eram conhecidos. Para desenvolvermos um sentido tem que se trabalhar em sala de aula diariamente com o intuito de desenvolver em nossos alunos a reflexão e o questionamento, dessa forma se estará auxiliando na formação de cidadãos críticos e responsáveis e com autonomia. Estes cidadãos, quando inseridos na sociedade onde vivem, estarão de uma forma ou outra, aptos a fazerem 25 questionamentos a respeito da realidade social, a buscar um melhor entendimento a sua volta. Segundo Paulo Freire (1996), “Precisamos conferir ao aluno as responsabilidades e deveres que a autonomia traz, já que ser um sujeito autônomo é aquele que se abre ao mundo e aos outros, responsabilizando-se por seus atos construindo seus próprios conceitos, mas sem perder de vista o do próximo, mantendo o diálogo e cumprindo suas responsabilidades sociais”. Desta maneira, o aprender se torna mais interessante quando o aluno se sente competente pelas atitudes e métodos de motivação em sala de aula. O prazer pelo aprender não é uma atividade que surge espontaneamente nos alunos, pois, não é uma tarefa que cumprem com satisfação, sendo em alguns casos encarada como obrigação. Para que isto possa ser mais bem cultivado, o professor deve despertar a curiosidade dos alunos, acompanhando suas ações no desenvolver das atividades. Não podemos ignorar que hoje, para ter uma clara visão do mundo e a capacidade de interagir e compreender a natureza, são necessários conhecimentos cada vez mais amplos e complexos. Tais conhecimentos devem estar interligados com o pensamento crítico, pois sem conhecimento o ser humano terá dificuldade em intervir na sociedade, bem como modificá-la. De modo concreto, não podemos pensar que a construção do conhecimento é entendida como individual. O conhecimento é produto da atividade e do conhecimento humano marcado social e culturalmente. O papel do professor consiste em agir como intermediário entre os conteúdos da aprendizagem e a atividade construtiva para assimilação. Ao pensarmos em uma proposta de trabalho em sala de aula, que não seja a de situações definidas de interesse dos alunos, que levante questionamentos referentes ao tema proposto, levando em consideração seus conhecimentos prévios. Não haveria como acreditar que cada intervençãodos alunos pode gerar uma reflexão ou discussão que visa à busca de respostas e aprofundamento dos conhecimentos iniciais, pois as relações humanas, embora agregadas, são peças fundamentais na realização comportamental e profissional de um indivíduo. Segundo Gadotti (1999:, p.2), o educador para pôr em prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida. 26 Certamente, não podemos pensar que a formação do conhecimento é entendida como particular. O conhecimento é resultado da atividade e do conhecimento humano marcado social e culturalmente. Segundo Freire (199, p. 96), “o bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas”. A relação entre professor e aluno depende, fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles. Indica também, que o professor, educador da era pós-industrial com raras exceções, deve buscar educar para as mudanças, para a autonomia, para a liberdade possível numa abordagem global, trabalhando o lado positivo dos alunos e para a formação de um cidadão consciente de seus deveres e de suas responsabilidades sociais. 27 4.1 DISCUSSÕES E MÉTODOS RELACIONADOS AO ENSINO DE FISICA O processo decisório sobre as competências e os conhecimentos a serem promovidos não deve ocorrer desagregada da discussão sobre as estratégias de ensino e aprendizagem que vão ser empregadas em sala de aula, na medida em que são essas mesmas estratégias que expressam, de forma bem mais concreta, o que se deseja promover. As mudanças esperadas para o Ensino Médio se concretizam na medida em que as aulas deixem de ser apenas de “quadro negro e giz”. Uma das discussões envolve questões como a de fazer opções por determinadas formas de ação ou encaminhamento das atividades, pois não é tarefa simples, já que exige uma análise do contexto escolar específico, suas características e prioridades, expressas nos projetos dos professores e alunos e nos projetos pedagógicos das escolas. Discutir métodos ou estratégias não pode ser confundido com o preceito de técnicas a serem desenvolvidas em sala de aula. Mesmo sabendo a dificuldade da questão, sempre poderá utilizar exemplos, com o intuito de reforçar o significado que se deseja do trabalho escolar, no que diz respeito mais de perto ao fazer da Física. O método ensino-aprendizagem em Física se inicia, com reflexões que baseadas na tomada de decisões, como o que ensinar como ensinar e por que ensinar? Fenômenos físicos de fácil observação em nosso cotidiano e que despertam o interesse do aluno devem ser aproveitados de forma que motive o aprendizado da Física no Ensino Fundamental e no Médio. Os fenômenos com os quais nos deparamos no nosso dia a dia são importantes, além deles tem notícias relacionadas à Ciência e apresentadas em telejornais ou mesmo na Internet, que despertam o interesse, e em sala de aula muitas perguntas surgem com esse contato diário do aluno com a mídia, propiciado principalmente pela TV e pela internet. Esses fatos ressaltam a importância do professor exercer o papel de orientador, e não de detentor de saber absoluto, levando o aluno a manter relações com os saberes. Todavia, o que se espera de uma situação didática é que essas relações com os saberes se modifiquem. Conforme ressalta P. 28 JONNAERT, “a função da relação didática é de fazer evoluir esta relação com os saberes” (1996, p.123). Essa abordagem parece mais proveitosa do que memorizar classificações e relação de ácidos e bases, que virão naturalmente do estudo. É evidente que essa abordagem quase sempre será encontrada nos livros didáticos, já que é mais comum em propostas acadêmicas, o professor terá que ir além e pesquisar para, ele mesmo, produzir material didático adequado às suas necessidades, considerando a quem se vai ensinar e não procurar padronizar currículos de modo a ensinar da mesma forma estudantes que tenham universos, culturas e repertórios pessoais diferentes. Para Adriana Bernardes, “Para ensinar Física, ou qualquer outra disciplina, há que se ter preparo: conhecimento da História da Física, por exemplo; são importantíssimos alguns personagens fundamentais para o desenvolvimento dessa ciência, como Galileu Galilei, Isaac Newton e Albert Einstein, entre outros”. ADRIANA BERNARDES, doutorada em ensino de ciências (UEFN, 2010) Deve-se buscar, também, romper com o ensino dogmático, Deve-se educar para a incerteza, ficar-se com um olho crítico na história dos acontecimentos e ter em mente que a incerteza gera busca pelo conhecimento enquanto a certeza (o dogma) conduz à estagnação do pensamento. Deve-se ensinar sempre do concreto para o abstrato, aproveitando que o aluno já sabe, possibilitando lhe a construção e juízo, assim achará o caminho naturalmente para a aprendizagem, que respeita a origem psicológica. O método de ensino em questão pode ser conseguido com uma aproximação da ciência com realidade do aluno, utilizando uma forma de linguagem que ele entenda, para que o conhecimento não seja algo enigmático. os conteúdos abordados deve está apoiado com a História da Ciência e empregando a avaliação mais como um meio de análise do trabalho docente do que como um instrumento de terror, opressão ou punição, valorizando mais o processo avaliativo do que a nota atribuída ao aluno no final. 29 4.2 O MATERIAL DIDÁTICO PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS: PROBLEMAS E SOLUÇÕES. Nos últimos anos, os livros didáticos não sofreram mudanças consideráveis nos aspectos básicos, Em suma, o livro didático não corresponde a uma versão fiel das diretrizes e programas curriculares oficiais, nem a uma versão fiel do conhecimento científico. Não é utilizado por professores e alunos na forma intentada pelos autores e editoras, tão pouco como guia ou manual relativamente rígido e padronizado das atividades de ensino-aprendizagem. Configurando-se, na prática escolar, como um material de consulta e apoio pedagógico à semelhança dos livros paradidáticos, Ora, com tudo isto, podemos nos interrogar: para que livro didático com esse modelo e qualidades atuais? Será que é possível elaborar alguma coleção didática que seja coerente não somente com o conhecimento científico e seus métodos de produção, mas também com as diretrizes e orientações curriculares de cada época? Tem que se pensar de inicio considerando a dificuldade de introdução de novos materiais, em trabalhar com o que se tem, fazendo adaptações, ampliando as pesquisas, aprofundando discussões sobre as deficiências e limites do material didático. No entanto o livro didático não deve ser visto como algo abominável pelo professor, mas como apenas um dos instrumentos passíveis de Transposição Didática no processo de ensino e aprendizagem e juntamente com as informações e os meios tecnológicos transformam o educando em ser crítico, capaz de criar, construir, descobrir o conhecimento, porém o material didático se usado como único instrumento e de forma acrítica se torna danoso ao aluno. O livro didático tem o papel de fortalecer o trabalho pedagógico quanto à adaptação da linguagem científica quanto à idade do aluno. Sem essa adaptação, os alunos sentiriam dificuldades para compreender conceitos, o professor teria que se valer dos livros clássicos e das revistasespecializadas e, para realizar um trabalho pedagógico apropriado, fazer a transformação sozinha. Com base em estudo que avaliou coleções didáticas de Ciências, Amaral & Megid Neto (1997), “Consideram que os autores de livros didáticos procuram incorporar os fundamentos conceituais e os avanços educacionais na área de Ciências, tanto nas páginas iniciais das coleções, quanto nas explicações e na introdução da obra ao professor e aluno. Contudo, a implantação dessas ideias usualmente não se efetiva no texto do livro, 30 nas atividades propostas, nem ao menos nas orientações metodológicas explicitadas ou implícitas na obra”. Tem que se buscar o melhor proveito do material didático, tentamos imaginar os empecilhos em trabalhar os problemas e sua introdução sem o auxílio do livro didático, seria trabalhoso. Pode citar ainda varias contribuições como a formulação de questões a estudar e pesquisar, ajustadas à capacidade de aprendizagem dos alunos e aos conceitos a construir. Outra contribuição do livro didático, além de ser um apoio do processo de aprendizagem, é a de ser um referencial para as atividades extraclasses. Ele serve de ampliação do ensino ensinado em sala de aula, sendo com o caderno os únicos instrumentos com os quais as famílias podem acompanhar o desenvolvimento dos seus filhos na escola, não esquecendo de que as possibilidades de acesso à informação vão além do professor e do livro didático. Atentemos para as limitações dos livros didáticos. Pois a intenção no momento é demonstrá-lo enquanto recurso que pode em muito contribuir na sala de aula no ensino de Ciências, e que deve ser usado pelo professor na construção do processo de ensino-aprendizagem. 31 4.3 QUESTÕES QUE ENVOLVEM LIVROS, LINGUAGEM ORAL E ESCRITA. Uma das formas de comunicação que o aluno tem acesso com maior facilidade é a linguagem oral, pois o domínio da palavra conduz o educando a uma diferenciação no seu aprendizado, esclarecendo e dando uma direção ao trabalho, quando esse se propõe a construir o conhecimento. Nas aulas deve se dar condições ao educando de planejar enquanto produz. Deve ter condições de repensar sobre os conceitos que são aprendidos, pois este poderá presenciar as atitudes imediatas de seus colegas durante as discussões e, em consequência delas, fazer um reajuste em seu discurso, explicando, exemplificando e reorganizando sua fala. Dessa forma, o aluno estará comprometido num aprendizado que tenha definição e justificando os procedimentos usados para a sua capacitação. Para que o aluno tenha a aprendizagem significativa é preciso que se tenha como base uma sala de aula favorável para a concepção do conhecimento, claro que através de leituras, discussões e experimentos, a respeito de um determinado conteúdo. As ideias sendo colocadas oralmente, o aluno consegue diretamente manter com facilidade sua comunicação. A escrita tem origem da oralidade. Pois ao escrever, mostra-se tudo o que se quer noticiar. Com a utilização da escrita o aluno percebe que consegue fazer apontamento de suas ideias, do que entendeu ou do que ainda não está tão claro.. A linguagem escrita dá qualidade ao trabalho, ao tempo que o aluno vai de expondo seus pensamentos na forma de palavras e com isso também deixa o manifestar a forma como percebeu o conteúdo estudado, dando um significado a ele. Como resultado tem a possibilidade de gerar transformações no sujeito, permitindo lhe a busca do seu conhecimento numa compreensão atual, que visa a elaboração e a estruturação do conhecimento. Vygotsky (1991), afirma, em Pensamento e Linguagem, “Que o sujeito não é apenas ativo, pois forma seus próprios conceitos através de relações intra e interpessoais, e nas trocas com outros sujeitos e consigo próprio. Com isso vão se apropriando de conhecimentos, permitindo assim a formação da própria consciência”. 32 Nessa circunstância, cabe ao educador orientar as discussões em sala de aula, para que a aprendizagem ocorra mediante a discussão no grupo para interiorizar-se em cada indivíduo, desde que este consiga formar seus próprios conceitos. A discussão no grupo influencia a internalização das atividades cognitivas de modo a gerar um crescimento para o aluno, tanto na fala, como no uso de termos científicos durante as discussões, o que auxiliará a escrita de textos mais complexos, por exemplo, com o uso de conceitos ou ideias específicas que visem demonstrar o efetivo aprendizado. Percebemos que na aprendizagem significativa, o uso da linguagem e da escrita podem ser ferramentas de grande utilidade, desde que bem orientadas pelo professor. “A discussão e a escrita nas aulas de Ciências são atividades complementares, mas fundamentais. A discussão é importante para gerar, clarificar, compartilhar e distribuir ideias entre o grupo, enquanto o uso da escrita como instrumento de aprendizagem realça a construção pessoal do conhecimento. [...] O emprego dessas duas atividades de linguagem na construção do conhecimento científico é fundamental para a solidarização e consolidação do conhecimento” (OLIVEIRA & CARVALHO, 2003). Neste sentido percebe que o preparo para a comunicação através da linguagem científica é essencial e auxilia para desmistificar a ciência. Neste caso, a desmistificação de sua linguagem ajuda a aproximar do universo em imediato o aluno o seu saber. O aluno ao ler as equações físicas observando-as, mais saberá ler no decorrer de sua vida. Porém, enfrenta um problema qualidade ruim quase geral dos livros didáticos comerciais de física, que são cópias uns dos outros, são aulas expositivas impressas, tratam de assuntos de forma desarticuladas aquém da realidade do aluno, estes por sua vez estimulam a preguiça, não favorecendo situações de investigação. Essa má qualidade dos livros também é fator de má qualidade no ensino. A Física é abordada nos livros didáticos como algo pronto e acabado, e seus modelos são transformados em verdade absoluta incontestáveis. Essa visão é totalmente sem sentido, pois os modelos e teorias nas ciências físicas são aproximações, que se sujeitam à revisão à medida que surjam fatos que os contradigam ou que fiquem sem explicação. Os Livros didáticos comerciais apesar de serem produzidos por autores renomados, esses têm se revelado desatualizados e obstinado a inovações metodológicas. 33 Apesar disso, não se pode abandoná-lo já que muitas vezes ele é o único recurso disponível. No entanto, é preciso analisá-lo criticamente em busca do melhor possível. Deve ser considerada a possibilidade de o professor produzir o seu próprio "livro didático" a partir de suas reflexões, seus objetivos e de sua realidade local. 34 5 A QUESTÃO DO PROCESSO DE TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DA DISCIPLINA FISICA Segundo Chevallard (1991 p.39), a Transposição Didática pode ser entendida como um processo no qual um conteúdo do saber, que foi designado como saber passível de ser ensinado sofre, a partir daí, um conjunto de transformações adaptativas, que o tornarão apto a ocupar um lugar entre os objetos de ensino. O termo transposição didática, É definido como: “Um conteúdo do conhecimento, tendo sido fixado como saber a ensinar, sofre então um conjunto de transformações adaptativas que vão torná-lo apto a tomar lugar entre os objetos de ensino”. Dessa forma, no estudo de questões curriculares há a necessidade de aceitar os meios pelos quais um conhecimento é transformado em objeto de ensino, identificando as diferentes formas como esta relação ocorre. Segundo Grando (2000), “Enfatiza que, quando um objeto de saber (um conceito, um conhecimento científico) é designado como saber a ensinar, ele sofrerá transformações no sentido de adaptá-lo ao ensino (conteúdos escolares). Este processo, noentender de Grando, ocorre porque o funcionamento didático é diferente do funcionamento sábio (sábio está relacionado ao savoir savant, traduzido como saber sábio ou conhecimento científico), havendo dois regimes de saber, inter- relacionados, mas não sobrepostos”. O desdobramento da transposição didática se divide em duas etapas: uma externa ao contexto escolar, pertencente à seleção dos conteúdos de saber a ensinar até a chegada à escola; outra interna, que se refere à apropriação do conteúdo pela escola e à chegada desses ao aluno. Pinho Alves (2000) menciona que, “O termo saber (savoir) é utilizado para designar o objeto sujeito a transformações (...) o processo de transposição didática estabelece a existência de três patamares, ou níveis para saber: (a) o saber sábio (savoir savant); (b) o saber a ensinar (savoir à enseigner) e (c) saber ensinado (savoir ensigné)”. (p. 178) Por saber sábio entende-se aquele que advém da produção do conhecimento ou da apresentação deste a sociedade, relacionado, portanto, diretamente com o trabalho do mundo científico, é gerado a partir de indagações e investigações dos cientistas na busca por respostas desejadas, estando ligado 35 a concepções e interesses políticos, econômicos e sociais. Esse conhecimento se apresenta à sociedade, assim como as tecnologias provenientes em decorrências destas pesquisas, sofrem um processo de transposição, antes mesmo de se tornarem objeto de ensino. Isto ocorre, já que há necessidade de tornar o saber científico compreensível às sociedades. Na esfera externa, encontra-se um grupo diferente daquele que gerou o conhecimento ou mesmo que o expôs a sociedade, responsável pela organização e seleção dos conhecimentos que deverão ser transformados em objetos de ensino. Este grupo, com suas regras especificas, passa a produzir um novo saber, tendo a capacidade de tornar esse conhecimento em saber que possa ser administrado nas escolas. Segundo Pinho Alves (2000), “O saber a ensinar é produto organizado e hierarquizado em graus de dificuldade, resultante de uma retirada do texto e degradação do saber sábio. Enquanto o saber sábio apresenta-se ao público através das publicações científicas, o saber a ensinar faz-se por meio dos livros- textos e manuais de ensino” (p. 179). O saber a ensinar, na sua apresentação sofre as adaptações necessárias, passando a estruturar os livros textos. Ele tem se apresentado em uma determinada linha, elaborada a partir dos níveis de desenvolvimento do aluno, seguindo uma lógica sequencial, permitindo que a apropriação do conhecimento ocorra de forma facilitada ao aluno, diferente daquela que originou o objeto de estudo ou da maneira pela qual ele foi apresentado à sociedade. Pode-se citar como exemplo da discordância entre a produção do saber e elaboração do saber a ensinar na escola, a analise de Astolfi que se refere à observação de Martinand sobre os estudo do efeito foto elétrico nos manuais franceses de ensino: “A maior parte dos manuais franceses de física expõe o efeito foto elétrico dando, primeiramente, as leis experimentais. Mostram, em seguida, que essas leis são bem explicadas pela teoria do fóton de Einstein. Já na esfera interna o saber atinge um novo nível, agora mais próximo do aluno, este relacionado com a maneira pela qual ele é transformado em objeto a ser ensinado. Essa tarefa cabe ao professor, que enraizado pelo contexto escolar, impõe de certa forma a sua organização e decide, em conjunto com a escola, a melhor maneira pela qual o saber a ensinar possa ser de fato ensinado aos alunos. Dessa forma é que se destaca a participação do educador como o 36 mediador entre o conhecimento (saber a ser ensinado) e o aluno. Aqui é importante destacar que é nessa esfera que ocorre o processo de seleção dos saberes a serem ensinados aos alunos. O professor e a escola têm autonomia suficiente para decidir quais os conteúdos que deverão ser abordados em cada série, assim como decidir quais as obras didáticas que servirão de referência no desenvolvimento das aulas. As atividades práticas/experimentais é ponto importante e pertence à esfera interna do processo de transposição didática está relacionada diretamente a ação do professor, Cabe a este que conjuntamente com a escola, tome a decisão pela utilização ou não das atividades práticas/experimentais no ensino de Física. No que tange sobre a análise do processo de transposição didática relacionada ao ensino de Física, é possível identificar que a mesma se refere às questões pedagógicas dos conteúdos, de maneira a buscar uma combinação entre o conhecimento científico, produzido pelos elaboradores da ciência, e o que de fato possa ser compreendido pelos alunos. 37 5.2 OS PREJUÍZOS NA MUDANÇA DO CONHECIMENTO CIÊNTÍFICO PARA O SABER ESCOLAR Para que os alunos possam fazer o uso do conhecimento culturalmente produzido e acumulado pela sociedade, é necessária uma organização do processo de ensino-aprendizagem, onde saber científico deve sofrer transformações que se adaptem para se tornar em saber escolar, ou seja, torná-lo outro saber. O saber escolar é o saber que se origina a partir do ato científico, tem diferenças que são importantes para que se conheça de fatos os prejuízos, que são: a linguagem, sua forma de apresentação e o produtor do conhecimento. A linguagem usada em sala da aula não é a mesma linguagem aplicada pela ciência. No meio escolar, a linguagem oral e escrita deve ser coerente com às condições dos alunos e às condições em que se ensina e se aprende na escola. Outro diferencial do conhecimento científico e do conhecimento escolar é a como ele é apresentado, de certa forma, um desdobramento desse problema que resulta na “despersonalização do saber”, o qual Astolfi (1990) “Caracterizam esse processo de despersonalização e da descontemporalização dos conceitos, quando se tornam objetos de ensino. [...]”. Os autores em questão atentam para o perigo de que a natureza do conhecimento é alterada, perdendo seus problemas enfrentados pelos cientistas durante suas observações e análises, suprimindo toda a sua história, não levando em considerando todas as redes de correlação com outros conceitos. Desta forma, o saber sábio que aparece na escola tem perda de sua personalidade própria, e exilado de sua origem, ou seja, como um saber sem origem, sem produtor, sem lugar. Trata-se de um saber transcendente ao tempo, apresentado ao educando, sem que se possa identificar o depositário de sua patente. Porém não se pode evitar esse processo, pois para que ocorra a transmissão ou comunicação ao aluno em sala de aula, é necessário que o conhecimento seja transformado ou “deformado”, no sentido de perder suas origens, sua linguagem e o contexto onde foi gerado. O conhecimento tem que ser transformado para que haja a transmissão ou comunicação, colocando nesse processo de transformações diversas 38 problemáticas nas quais, dentre elas a diferença entre os elementos do conhecimento produzido e do conhecimento a ser aprendido, estabelecendo uma interrupção entre o conhecimento trabalhado na escola e aquele produzido inicialmente. Esse rompimento pode ser observado nos livros didáticos, que, em geral, não destacam as referências históricas ou bibliográficas que impossibilitam, tanto alunos como professores, de identificar a autoria e o processo de construção dos saberes. Omitindo as referências históricas ou bibliográficas onde o saber sábio foi produzido, deve-se perguntar: por que os a maioria dos autores de livros didáticos não apresentam essas referências? Vivemos em uma sociedade de classes que lutam para ter a guarda do poder ou para aquela que já o detém continuar com ele. Pois uma das estratégias defendida pelos autores é a omissão dessas referências bibliográficas, poisnão havendo referências, nem professor aluno e nem pode chegar às fontes onde o conhecimento foi produzido. Dessa forma, há que se aceitar aquilo que vem escrito no livro, impedindo a capacidade de investigação dos sujeitos no processo de ensino-aprendizagem. Logo, as referências são um perigo à ideologia dominante, pois se elas forem apresentadas no livro didático, bastaria uma busca na internet para que professor e aluno cheguem às fontes em alguns segundos. Tudo isso é pensado para que o professor deixe de refletir e haja sem pensar. É preciso superar a visão equivocada de que o livro didático apenas contém as respostas certas para que o professor ensine corretamente. Há de se considerar o esforço ideológico no qual o livro didático é pensado como algo dogmático, para que o professor não necessite refletir sobre sua postura, apenas execute os comandos. 39 5.3 POR QUE É PRECISO TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA NO ENSINO DE CIÊNCIAS? Os conhecimentos científicos, ao tempo em que são elaborados, são revestidos de uma linguagem codificada que apenas a comunidade científica, ao qual este pertence pode entender. Sendo Assim, há uma necessidade de transposição desses para que possam ser transmitidos a outros grupos. Neste ponto de vista, para que um determinado conhecimento seja ensinado em situação acadêmico-científica, ou escolar, necessita passar por uma transformação. Nesse caso não é submetido a uma opção, uma vez que o conhecimento não foi criado com o objetivo primeiro de ser ensinado, logo, se não sofrer tais „deformações‟, pode até ser ensinado fora da comunidade científica, mas é possível que pouco compreendido. Ou seja, poderá até existir o ensino sem a transposição didática, porém o resultado será uma aprendizagem deficiente, por falta de entendimento da linguagem técnica própria dos que produziram o conhecimento, no caso os cientistas. Chevallard (1991) pressupõe que, “o ensino de um determinado elemento do saber só será possível se esse elemento sofrer certas “deformações” para que esteja apto a ser ensinado, aquele afirma que a transformação do saber acadêmico em saber escolar se faz em duas etapas: uma transposição externa, no plano do currículo formal e dos livros didáticos, e outra interna, no decorrer do currículo em ação, em sala de aula”. Após os questionamentos a respeito da primeira transposição didática, que se dá no currículo formal, dos livros didáticos e suas transformações/deformações necessárias ao ensino e a aprendizagem, há a necessidade de questionar a segunda transposição didática, que ocorre no currículo em ação. Na segunda transposição é que o professor pode interferir na transmissão do conhecimento ao aluno, buscando compreender, o conteúdo que os livros didáticos impõem com a ajuda de pesquisas. O que eles trazem em suas entrelinhas, para então apresenta-los aos seus alunos. Somente adotando essa postura de professor reflexivo-pesquisador, apontada por Pimenta e Ghedin (2002), diante do processo de ensino aprendizagem é que o professor poderá romper com a cultura da reprodução passiva do conhecimento. Esse esforço transcende o mero ato de promover as 40 adequações “apropriadas” dos conteúdos a serem transmitidos aos alunos, e se constitui em uma ação mais ampla e profunda no processo de escolarização, tendo em vista o despertar de uma massa crítica atuante, rompendo com as práticas conceituais e metodológicas bastante fortes e arraigadas no contexto educacional vigente. REFERÊNCIAS AMARAL, Ivan A.; MEGID NETO, Jorge. Qualidade do livro didático de Ciências: o que define e quem define? Ciência & Ensino, Campinas, p. 2,1997. PARA QUE SERVE ENSINAR CIÊNCIAS? O DESAFIO DE ENSINAR CIENCIAS http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/palavra-de-especialista- ensinar-ciencias-737943.shtml?page=3 Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias Vol. 4 Nº 1 (2005)Revista Amazônica de Ensino de Ciências | ISSN: 1984-7505 http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/palavra-de-especialista-ensinar-ciencias-737943.shtml?page=3 http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/palavra-de-especialista-ensinar-ciencias-737943.shtml?page=3 41 Construindo uma balança de Arquimedes http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/construindo-uma-balanca- arquimedes.htm A historia da física http://www.fisica.net/historia/historia_da_fisica_resumo. http://fisicoqui.blogs.sapo.pt/4584.html Gouveia, M. S. F. (1992). Cursos de ciências para professores de 10 grau: elementos para uma política de formação continuada. Tese (Doutorado). Caderno brasileiro de ensino de fisica https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/6811/6295 PESSOA, F. O. Texto: Como ensinar na era da contestação. In: Seminário sobre magistério para séries iniciais. ,FUNDEPAR, novembro de 1984. LIBANEO, José Carlos. Didática - Coleção Magistério 2° grau, série formação do professor. São Paulo, Cortez, 1994. O PROFESSOR COMO FACILITADOR DE AUTONOMIA http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/19080/o-professor-como- facilitador-da-autonomia#ixzz34Atv4nTx FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. (Coleção leitura) 37ªed. Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/19080/o-professor-como- facilitador-da-autonomia#ixzz34Aw4TjYb http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/construindo-uma-balanca-arquimedes.htm http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/construindo-uma-balanca-arquimedes.htm http://www.fisica.net/historia/historia_da_fisica_resumo http://fisicoqui.blogs.sapo.pt/4584.html https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/6811/6295 http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/19080/o-professor-como-facilitador-da-autonomia#ixzz34Atv4nTx http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/19080/o-professor-como-facilitador-da-autonomia#ixzz34Atv4nTx http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/19080/o-professor-como-facilitador-da-autonomia#ixzz34Aw4TjYb http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/19080/o-professor-como-facilitador-da-autonomia#ixzz34Aw4TjYb 42 GADOTTI, M. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo: Scipione, 1999. P.2 6 PERRENOUD. Philippe. Construir as Competências desde a Escola. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. 7 Extraído de: JONNAERT, Philippe. Dévolution versus Contre-devolution! Um tandem incontournable pour le contrat didactique. 1996 Discutindo questões relacionadas ao Ensino de Física no Brasil http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/fisica/0023.html CARVALHO, Anna Maria Pessoa de & OLIVEIRA, Carla M. Alvarenga de. O conhecimento físico e a linguagem, In: NILSON, M. (mimeo) XV SNEF, 2003. GRANDO, Neiva Inês. Transposição didática e educação matemática. In: RAYS, O. A. (Org.). Educação e ensino: constatações, inquietações e proposições. Santa Maria: Pallotti, 2000. PINHO ALVES, José. Regras da transposição didática aplicada ao laboratório didático. Caderno Catarinense de Ensino de Física, v. 17. nº 2. P.179 Florianópolis, 2000. CHEVALLARD, Y. La Transposition Didactique. 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