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Meningite Bacteriana • Meningite é uma inflamação da membrana aracnoide, pia-máter e LCR → onde o processo se estende pelo espaço subaracnóideo em torno do cérebro, ME, e compromete também os ventrículos • Meningite piogênica é em geral infecção bacteriana aguda, que provoca resposta polimorfonuclear no LCR → a tuberculosa é frequentemente subaguda, com predominância linfocítica Epidemiologia • As crianças de 1 mês a 5 anos respondem por cerca de 90% dos casos em nosso meio → mas pode se apresentar em qualquer idade, incluindo os idosos • É a mais comum de infecção supurativa do SNC → uma das principais causas de mortalidade e morbidade • Causada + por pneumococos, meningococos e hemófilo → mais raro, estreptococos do grupo B e Listeria o Em epidemias, traumas cranioencefálicos, intervenções neurocirúrgicas e situações de imunodepressão, outros agentes etiológicos podem estar envolvidos • MO mais comuns → Streptococcus pneumoniae (50%, principalmente adultos), Neisseria meningitidis (25%), estreptococos do grupo B (15%) e Listeria monocytogenes (10%) o Haemophilus influenzae acomete principalmente CRIANÇAS o Meningite meningocócica é frequente em SURTOS • FATORES RELACIONADOS → implantes cocleares, esplenectomia ou a disfunção esplênica, alcoolismo, HIV ❖ As meningites causadas por hemófilos e pneumococos diminuíram devido à vacinação em massa no mundo ocidental → vacina meningocócica confere cerca de 85% de proteção o Nos países industrializados, sorogrupos B e C são responsáveis pela maioria das infecções o Nos países em desenvolvimento, os sorogrupos A e, em menor extensão, os C são dominantes • Listeria monocytogenes → em países desenvolvidos, causa mais frequente, pico em neonatais e idosos • S. Aureus → complicação de procedimento neurocirúrgico, após traumatismo penetrante do crânio ou secundária a bacteriemia e endocardite estafilocócicas • Ultimamente, frequência da meningite causada por bacilos Gram-negativos duplicou o Procedimentos neurocirúrgicos frequentes e extensos, entre outros fatores hospitalares o Assume a forma de meningite neonatal, após traumatismo ou espontânea em adultos o Causas + frequentes – E. Coli e Klebsiella-Enterobacter Fisiopatologia • Para atingir o sistema nervoso, as bactérias precisam vencer quatro etapas decisivas → aderir ao epitélio da mucosa da nasofaringe do hospedeiro e aí proliferar o Invadir o interior dos vasos subjacentes e sobreviver aos mecanismos de defesa do hospedeiro contra septicemia, mediados pelo sistema complemento ▪ São capazes de evitar a fagocitose por neutrófilos e a atv bactericida do SC o Atravessar a parede dos vasos e a barreira hematoencefálica (BHE), atingindo o LCR ▪ Atingem primeiro o plexo corióideo intraventricular, onde infectam o epitélio do plexo e acessam o LCR o Sobreviver e replicar-se no LCR → hospedeiro não tem muitas defesas eficazes ali ▪ LCR normal tem poucos leucócitos, além de qtd pequena de Ig e proteínas do SC • PS: bactérias podem acessar tambem por disseminação hematogênica, pela pele c/ defeito anatômico, passagem por vênulas na nasofaringe, disseminação a partir de foco contíguo de infecção o Bacteremia por H. influenzae, N. meningitidis e S. pneumoniae → modo + comum ❖ A bacteremia é fundamental na patogênese, sendo que a reação inflamatória induzida é o evento que resulta em muitas das manifestações • No SN, esse quadro pode provocar migração seletiva de leucócitos, com predomínio de neutrófilos e sem passagem de hemácias → além de quebra das barreiras o Permite passagem de água, eletrólitos, albumina, complemento e anticorpos pouco especificos • A lise das bactérias libera muitos componentes, sendo a etapa inicial a formação de exsudato inflamatório e seroso nas meninges convexas, e fibroso na base do crânio o Exsudato fibroso pode ocasionar bloqueios do fluxo normal de LCR → hidrocefalia e/ou aracnoidites • A bacteremia e citocinas induzem produção de aminoácidos excitatórios, espécies reativas do O e N (radicais livres de O, ON e peroxinitrito), e outros mediadores → podem levar a morte das células o TNF-α e a IL-1β atuam para aumentar a permeabilidade da barreira hematencefálica → indução de edema vasogênico e extravasamento de proteínas séricas para dentro do ESA ❖ Durante os estágios bem iniciais, há aumento do fluxo sanguíneo cerebral, seguido de redução do fluxo e perda da autorregulação cerebrovascular • Estreitamento das grandes artérias na base do encéfalo pelo exsudato purulento, e a infiltração da parede arterial por células inflamatórias acompanhada de espessamento da íntima (vasculite) ocorrem o Pode acarretar isquemia e infarto, obstrução de ramos da artéria cerebral por trombose, trombose dos principais seios venosos cerebrais e tromboflebite das veias corticais cerebrais • A combinação de edema intersticial, vasogênico e citotóxico resulta em elevação da PIC e coma o Na maioria dos casos, a HIC é de tipo comunicante e não há sinais de localização → deve-se preponderantemente ao acúmulo de LCR sem evidência de aumento de produção • Edema cerebral quando ocorre é pouco expressivo, a não ser em fases terminais • Nos pacientes graves pode haver papiledema, sinais de lesão focal, crises convulsivas e acometimento de estruturas do tronco encefálico → prognóstico reservado, e manejo clínico muito mais difícil. • Herniação cerebral ou cerebelar é rara e tem consequências severas A meningite bacteriana que acompanha o traumatismo craniano ocorre por fístula dural da cavidade nasal, seios paranasais ou ouvido médio para o espaço subaracnoide o Local mais frequente é a placa cribiforme → osso fino e dura-máter bem aderida ao local o Vazamento de LCR resulta em rinorreia do LCR e perda do olfato Manifestações Clínicas • O quadro clínico das meningites é composto por três síndromes principais • As 3 são encontradas juntas em cerca de 44% → mais frequente se meningite por pneumococos (58%), do que por meningococos (27%) o Duas das três são encontradas em 95% dos casos, sugerindo fortemente o diagnóstico SÍNDROME DE HIPERTENSÃO INTRACRANIANA • Cefaleia intensa, náuseas, vômitos e confusão mental o Pode progredir p obnubilação, perda de consciência • Habitualmente, os vômitos são precedidos por náuseas → ocorrência clássica de vômitos em jato é observada apenas esporadicamente • Podem ocorrer crises convulsivas em 30 a 40% SÍNDROME TOXÊMICA • Sinais gerais de toxemia, incluindo febre alta, delirium e mal-estar • Frequente o achado de dissociação entre pulso (se altera pouco) e temperatura (atinge níveis elevados) • Mialgia (doença meningocócica), dor nas costas e fraqueza generalizada frequentes SÍNDROME DE IRRITAÇÃO MENÍNGEA Rigidez de nuca → pcte em decúbito horizontal, é feita flexão anterior da cabeça → apresenta graus variáveis de dificuldade na execução da prova, sendo a espasticidade muscular de natureza reflexa Sinal de Brudzinski → ao pesquisar a rigidez de nuca, o examinador deve observar os joelhos do pcte, que precisam ser mantidos descobertos o Ao se proceder à flexão anterior da cabeça, o pcte flete ligeiramente ambos os joelhos Sinal de Kernig → pcte deve estar em decúbito dorsal, uma coxa é fletida sobre o abdome em 90º, e a perna do mesmo lado fletida em relação à coxa também aproximadamente a 90º o A perna é então estendida passivamente, com uma das mãos do examinador sob o calcanhar empurrando para cima, e a outra mão sobre o joelho empurrando para baixo ▪ Quando há inflamação meníngea, o pcte resiste à extensão da perna • Na manobra originalmente descrita por Kernig → pcte colocado sentado, enquanto o médico tentava, passivamente, estender o joelho o Na meningite havia resistência, caracterizando estado de “contratura das extremidades” Sinal de desconforto lombar → em decúbito dorsal, pcte deve fletir um dos joelhos o A seguir, é solicitado empurrarvigorosamente a mão do examinador que, apoiada na região plantar do paciente e no plano do leito, opõe resistência ao movimento ▪ O sinal é positivo quando o paciente se queixa de desconforto na região lombar No momento da admissão, pode haver infecções em outros sistemas → otite, sinusite e pneumonia, mais frequentemente se meningite pneumocócica • Rash cutâneo pode ser encontrado em doentes com meningites por pneumococos, hemófilos e enterovírus → sintomas gastrointestinais podem ocorrer em 1/4 se Listeria ❖ Em crianças, sobretudo nas menores, o diagnóstico é mais difícil → não há queixa de cefaleia e os sinais de irritação meníngea podem estar ausentes ou ser mais difíceis de reconhecer o Achados mais frequentes são → febre, irritabilidade, prostração, vômitos, convulsões e abaulamento de fontanela ▪ Rigidez de nuca e sinais de Kernig e Brudzinski, são observados em 50% das crianças o Os pediatras devem suspeitar sistematicamente da doença e indicar PL com certa liberalidade • Achados podem passar batido tambem em obnubilados, idosos com IC ou pneumonia, imunossuprimidos o Investigar letargia cuidadosamente o Em pacientes idosos, a rigidez da nuca pode ser difícil de avaliar ▪ Rigidez por meningite → pescoço resiste à flexão, mas pode ser rodado passivamente de um lado ao outro ▪ Doença da coluna cervical → resistência é em todas as direções do movimento Fraturas de base de crânio → FR para meningite o Rinorreia do LCR, equimoses periorbitais, hematomas atrás da orelha (sinal de Battle), hemotímpano, ou sangue no canal auditivo externo • Meningite pós neurocirurgia - febre ou obnubilação prolongadas são critérios de exame de LCR Achados Neurológicos e Complicações • Alterações dos nervos cranianos, perda auditiva neurossensorial, convulsões • Herniação do lobo temporal relacionado a edema cerebral • Papiledema, hiperpneia central acentuada • Sinais cerebrais focais → hemiparesia, disfasia, deficiência no campo visual e desvio do olhar conjugado o Principalmente por oclusão arterial ou venosa Diagnóstico • Emergência médica que exige diagnóstico imediato e instituição rápida de terapia antimicrobiana • Diagnóstico laboratorial confirmado com PL → raquicentese – punção no canal raquidiano com uma agulha introduzida entre dois arcos vertebrais ara extração de LCR • Na presença de rebaixamento do nível de consciência recomenda-se exame de neuroimagem antes da punção → antibiótico IV antes do transporte, e após coleta de hemoculturas • PL realizada na região lombar, entre L1 e S1 → indicados os espaços L3-L4, L4-L5 ou L5-S1 o Contraindicação absoluta → infecção no local da punção (piodermite). ESTUDO DO LCR • As anormalidades clássicas consistem em leucocitose polimorfonuclear, concentração diminuída de glicose, aumento da concentração de proteína e aumento da pressão de abertura o As culturas bacterianas do LCS são positivas em > 80%, e a coloração do LCS pelo Gram mostra microrganismos em > 60% dos casos. Pressão de Abertura → normal em adulto < 180 mmH2O • Na meningite bacteriana, pressão inicial moderadamente elevada (200-300 mmH2O) o Elevações importantes > 450 mmH2O) → edema cerebral agudo Coloração → liquor normal é límpido e incolor → o aumento de células causa turvação • Xantocromia é uma coloração derivada dos pigmentos de bilirrubina → encontra-se associada à hemorragia subaracnóidea o LCR não se torna límpido após centrifugação (lise de hemácias por mais de quatro horas) → no acidente de punção, o LCR inicialmente xantocrômico torna-se límpido após centrifugação Contagem das células → liquor normal tem até 4 células/mm3, constituído por linfócitos e monócitos → na MB é > 500 células (70% de neutrófilos), variando de 100-10k • A contagem global (total) é por mm3 e a contagem específica (diferencial - neutrófilos, eosinófilos, monócitos) é através de esfregaços corados o Linfócitos e eosinófilos predominam em casos subagudos e crônicos o Em 30% dos pctes com meningite por L. monocytogenes há predomínio de mononucleares Bioquímico → glicose no LCR é 2/3 do valor do sangue • Na MB ocorre hipoglicorraquia (glicose < 40 mg/dl), podendo ser até zero o Proteínas ficam > 45 mg/dl (normal até 30) Aglutinação pelo Látex → pesquisa de antígenos bacterianos o Especificidade 95-100% na MB por pneumococo e meningococo → sensibilidade 33-70% na meningocócica e 70-95% na pneumocócica Exame microbiológico → os + utilizados são a bacterioscopia pelo Gram e a cultura (positiva > 80%). o Se disponível pode ser realizado PCR (vantagem de não sofrer influência de atb EXAMES RADIOLÓGICOS • O fator tempo é crucial no tratamento e os exames de imagem podem causar atraso na conduta, sem acrescentar elementos relevantes ao diagnóstico. • Os exames de neuroimagem têm valor restrito na fase de diagnóstico e não precisam nem devem ser solicitados rotineiramente → devem preceder o exame de LCR se o Houver sinais de localização ao exame neurológico o Quando, clinicamente, a síndrome toxêmica estiver ausente ou for pouco expressiva o Quando houver deterioração precoce do estado clínico o Quando houver papiledema ao exame físico → costuma aparecer pós 36-48 h de vigência de HIC ▪ Seu aparecimento em quadros agudos com poucas horas sugere outro tipo de etiologia ocorrendo de modo associado ou concomitante • Exames de neuroimagem são imprescindíveis, durante a evolução, quando sinais clínicos de complicações → ventriculites, coleções epidurais infectadas ou abscessos cerebrais. ❖ Fazer raio-X de tórax, dos seios paranasais ou das mastoides depois de iniciado o antibiótico • TC e RM não são indicadas na maioria dos casos → RM melhor p identificar complicações • Caso suspeita de efeito em massa, RM em > 60 anos, histórico de doença do SNC, convulsão na semana precedente, nível anormal de consciência, campos visuais anormais, deficiência motora... o Podem ser observados → edema cerebral e aumento do espaço subaracnóideo, ❖ Exames laboratoriais de rotina em processos infecciosos agudos também devem ser solicitados • Ênfase às hemoculturas seriadas, uma vez que o agente etiológico chega ao SN, na maioria das vezes, por via hematogênica o Além disso, em até 30%, bactérias podem entrar na corrente circulatória a partir de focos infecciosos meníngeos mesmo quando não detectadas ao exame de LCR DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Cefaleia, febre, rigidez da nuca, confusão mental, vômito e pleocitose → sinais de inflamação meníngea • Sinais do LCR são melhores para distinguir os tipos de meningite → MV inicial pode ser polimorfonuclear • Encefalite por HSV-1 também apresenta alterações no exame neurológico • Infecções parameníngeas → infecção próxima as meninges, pode levar as mesmas complicações e sintomas neurológicos • Endocardite bacteriana, meningite química COMPLICAÇÕES Choque → geralmente uma manifestação da bacteremia intensa o Tratamento deve ser norteado pelos princípios da terapia do choque séptico Distúrbios de coagulação → coagulopatias são associadas às bacteremias intensa e hipotensão o Alterações podem ser leves como trombocitopenia ou mais graves como CIVD Endocardite → pacientes com bacteremia e pneumonia concomitantes Artrite piogênica → pode resultar da bacteremia associada à meningite causada por S. pneumoniae, N. meningitidis ou H. influenzae Febre prolongada → pcte costumam ficar afebris em 2-5 dias → caso persista por + tempo junto com sintomas neurológicos, investigar terapia medicamentosa inadequeda ou sequelas neurológicas Tratamento • Quando houver suspeita de MBA deve se tratar logo → se não for possível realizar PL diagnóstica, deve- se dar atb de inicio imediato empiricamente o Depois, pcte deverá ser removido para serviço/hospital onde possam ser feitos adequadamente o diagnóstico e tratamento • Antibioticoterapia ministrada por viaIV, por 7- 14 dias ou mais → depende da evolução clínica e etiologia. • Atividade bactericida depende da capacidade do antibiótico de penetrar o LCR e manter sua atividade no exsudato purulento, como também seu metabolismo e a taxa de depuração do LCR o Capacidade do antibiótico penetrar no LCR depende da solubilidade lipídica, ligação de proteínas no soro, tamanho molecular e estado da barreira hematoencefálica • Dose não deve ser reduzida à medida que o paciente melhorar → a normalização da BHE durante a recuperação reduz as concentrações de droga detectável no LCR TRATAMENTO EMPÍRICO Idade < 3 meses → Ampicilina + Vancomicina (aminoglicosídeo) 3 meses - 18 anos e 18-50 anos → Ceftriaxone (ou Cefotaxima) o Acrescentar Vancomicina em regiões que > 2% dos pneumococos têm alta resistência à penicilina > 50 anos ou portadores de alcoolismo e doenças debilitantes o Ampicilina + Ceftriaxone (ou Cefotaxima) → acrescentar Vancomicina nos mesmos critérios Meningite intra-hospitalar, pós-trauma ou pós-neurocirurgia, pctes neutropênicos ou com distúrbio na imunidade celular → Ampicilina + Ceftazidima + Vancomicina ❖ Tratamento de Meningite Etiologicamente Definidas o N. meningitidis → Penicilina G Cristalina ou Ampicilina (7 a 10 dias) o H. influenzae → Ceftriaxona (7 a 10 dias) o S. pneumoniae penicilina-sensível → Penicilina G Cristalina o Resistência intermediária → Ceftriaxone o Penicilina-resistente → Vancomicina + Ceftriaxone (10 a 14 dias) o Estafilococo → oxacilina ou vancomicina (21 dias) o Enterobactérias → Ceftriaxona (14 a 21 dias) o P. aeruginosa → Ceftazidima (21 dias) o L. monocytogenes → Ampicilina (21 dias). ❖ Nos casos mais graves, quando logo à admissão houver petéquias, choque ou sinais de edema cerebral intenso → necessário tomar medidas de emergência o Hidratação cuidadosa e imediata, ceftriaxona em bólus logo após acesso venoso, vancomicina em infusão venosa lenta, por 1 hora, manitol se houver evidência de edema cerebral. o Diazepam para o tratamento das convulsões e hidantoína ou fenobarbital para o controle o Ventilação mecânica se presença de coma ou arritmias respiratórias • Resposta ao atb costuma ser rápida → melhora da confusão mental e febre (primeiras 6h-12h) o Sinais e sintomas da síndrome de irritação meníngea levam 3-5 dias para desaparecer • Quando a resposta não é satisfatória podem-se realizar punções lombares seriadas GLICOCORTICOIDES • Uso sistemático em todas as formas de MBA → reduzir inflamação no SNC e chance de óbito e sequelas o Ideal iniciar 15-30 min antes do início da antibioticoterapia ou junto com a 1a dose ▪ Esquema empregado → dexametasona 10 mg IV 6/6 horas por 4 dias • Não utilizados quando → insegurança diagnóstica, uso anterior recente de antimicrobianos EV, hipersensibilidade a corticosteroides, trauma cranioencefálico, MBA hospitalar. MEDIDAS • Isolamento respiratório por 24h em meningites por meningococo ou hemófilo • Meningococo ou Haemophilus → máscara cirúrgica para quem se aproximar do pcte a < 1 metro o Profissionais de saúde, visitantes e acompanhantes • Quimioprofilaxia dos contactantes é importante em meningites causadas por hemófilos e meningococos. • Indicações → contactantes íntimos que morem no mesmo domicílio ou compartilhem o mesmo o Colegas de berçários, creches ou pré-escolas, bem como adultos dessas instituições o Em outros contactantes que tenham tido relação íntima e prolongada com o doente o Em profissionais de saúde que tenham sido expostos • Utilizado → Rifampicina 600 mg VO/dia, ministrada de 12 em 12 horas por dois dias o Ceftriaxona 250 mg IM, em dose única o Ciprofloxacina 500 mg VO, em dose única o Azitromicina, 500 mg VO, em dose única VACINAÇÃO • A vacina contra o Hib é produzida a partir do componente polissacarídico da cápsula bacteriana, conjugado a uma proteína carreadora o Altos níveis de eficácia quando aplicada nas doses recomendadas → imunidade duradoura. • No Brasil a vacina anti-Hib faz parte da vacina PENTAVALENTE (DTP + Hib + HBV) ESQUEMA NACIONAL → criança < 1 ano → três doses – 2º, 4º e 6º mês de vida Meningite Viral • Meningite asséptica é o processo inflamatório que compromete as meninges, em geral acompanhado de pleocitose mononuclear, sem evidência de infecção bacteriana piogênica o Pode ser dividida em subtipos conforme a duração e as respostas celulares características no LCR • Muitos vírus que causam meningite também podem causar infecção do parênquima cerebral ou da ME • As meningites virais são entidades comuns e ocorrem em crianças > 1 ano, adolescentes e jovens • Os vírus mais envolvidos são os da caxumba, Epstein-Baar, acompanhando síndrome de mononucleose infecciosa, enterovírus (Cocksackie, echovirus etc.), CMV e HIV Epidemiologia • Maioria das meningites assépticas da comunidade são virais → sorotipos mais frequentes implicados têm sido os echovírus 4, 6, 9, 11, 16 e 30 (mais recentemente 13 e 33) e sorotipos Coxsackie B de 2 a 5 Enterovírus → meningite por enterovírus tem seu pico durante o verão e outono, principalmente em crianças → os sorotipos se comportam de modo cíclico com periodicidade variável o Os surtos estão relacionados à falta de exposição prévia a um sorotipo particular → anticorpos específicos se desenvolvem em seguida à infecção o Infecção enteroviral é disseminada pela via fecal-oral e ocasionalmente pela via respiratória Vírus Do Herpes Simples → mais frequentemente em adultos ou adolescentes sexualmente ativos o Mais de 80% dos casos de meningite asséptica recorrente benigna são causados por HSV-2 Caxumba → principal causa identificável de meningite viral antes da imunização Coriomeningite Linfocítica → transmitido a seres humanos por roedores através de contato direto, ingestão de alimentos contaminados Fisiopatologia • As 2 vias básicas de acesso são hematogênica (infecção enteroviral) ou neuronal (infecção por HSV) ❖ Via Hematogênica → na infecção enteroviral eles passam através do estômago, onde resistem ao pH, e prosseguem para TGI inferior • Depois de presumivelmente se ligar a receptores específicos nos enterócitos, rompe o revestimento epitelial se replica → progride para as placas de Peyer o Segue-se uma grande viremia, muitas vezes acompanhando a instalação da doença clínica ▪ Enterovírus entra no SNC atravessando as junções íntimas endoteliais da barreira hematoencefálica, e entra no LCR, através do plexo coroide ❖ Via Neuronal → na infecção por HVS-2, ocorre por disseminação a partir de uma lesão genital primária e ascensão ao longo das raízes nervosas sacras para as meninges • HSV-2 pode permanecer latente nos gânglios das raízes sacras até reativação subsequente Manifestações Clínicas • Os pacientes adultos imunocompetentes com meningite viral aguda se apresentam com cefaleia, febre e sinais de irritação meníngea → associados a perfil inflamatório do LCS • A cefaleia quase sempre está presente → caracteriza-se pela localização frontal ou retro-orbitária o Frequentemente associada a fotofobia e dor aos movimentos oculares • A rigidez de nuca está presente na maioria, mas pode ser leve e manifestar-se apenas próximo ao limite de anteflexão do pescoço • Sinais constitucionais → mal-estar, mialgia, anorexia, náuseas e vômitos, dor abdominal, diarreia. • Pctes com frequência têm letargia leve ou sonolência → alterações mais profundas da consciência não ocorrem na meningite viral, e sugerem diagnósticos alternativos o Crises convulsivas, sinais ou sintomas neurológicos indicativos de envolvimento do parênquima cerebral não são típicos da meningite viral MENINGITE ENTEROVIRAL • Início agudo com náuseas, vômitos, cefaleia, diarreia e rash maculopapular • Em alguns pacientes há EVOLUÇÃO BIFASICA o Fase prodrômica inicial → febre de baixo grau e sintomas inespecíficos (mal-estar,dor de garganta, diarreia...) o Fase secundária → meninges acometidas, com desenvolvimento de febre mais alta, náuseas, vômitos, mialgia, fotofobia e rigidez da nuca • Evolução clínica da meningite enteroviral é benigna • Sintomas costumam regredir em 1sem em crianças, mas podem continuar durante semanas nos adultos MENINGITE POR HVS-2 • Herpes simplex compromete preferencialmente o encéfalo. • Quadro clinico da meningite ocorrem de 3-12 dias após aparecimento das lesões genitais o Normalmente dura de 4-7 dias • Complicações neurológicaso correm em até 37% → disestesia ou parestesia no períneo ou região sacra, retenção urinária e constipação, paraparesia... • Pode haver episódios recorrentes de meningite em intervalos de meses o Achados neurológicos costumam regredir em até 6 meses Diagnóstico • Diagnóstico etiológico é feito com cultura do liquor, sorologia pareada com intervalo de 10 a 14 dias entre as amostras de sangue colhidas • Coprocultura para vírus (enteroviroses) e cultura de secreções da nasofaringe (até 3 dias de início) EXAME DO LCR • Pleocitose predominantemente linfocítica, normalmente de 50 a 1000/mm3 o Durante as primeiras 24 a 48 h de meningite enteroviral, há predominância de neutrófilos → depois as principais células no LCR passam a ser os linfócitos o Eventualmente não ocorre pleocitose em pctes com MEV inicial feito por cultura ou PCR • Concentração normal de glicose o Reduzida em 10 a 30% dos casos decorrentes de caxumba ou do LCMV, HSV2 • Nível de proteínas ligeiramente elevado, em geral, menos de 150 mg/dL • Pressão de abertura normal ou discretamente elevada (100-350 mmH2O). • Não são observados microrganismos na coloração pelo Gram do LCS. PCR → tornou-se o método mais importante para o diagnóstico das infecções virais do SNC • Nas infecções do SNC por enterovírus e HSV, a PCR no LCS tornou-se o procedimento diagnóstico de escolha, sendo bem mais sensível que as culturas virais Tratamento • Na maioria das vezes é suporte, com reposição hidroeletrolítica e controle de possíveis convulsões • O isolamento respiratório deve ser feito em casos de meningite pelo vírus da caxumba enquanto durar o aumento das parótidas ou até nove dias a partir do início de doença o Introdução de vacina contra caxumba reduziu em grande nº os casos • Aciclovir iv em pacientes sintomáticos e respiratórios • Em pacientes com recorrências frequentes de meningite por HSV → tentar profilaxias com antivirais orais (valaciclovir, fanciclovir ou aciclovir) o A maioria das MV é autolimitada, mas algumas causam enfermidade crônica ou recorrente ▪ Infecção por HSV-2 é a causa mais frequente de episódios recorrentes Abcesso Cerebral • É um processo supurativo e focal, localizado na intimidade do parênquima do cérebro, circundado por uma capsula vascularizada o A lesão inicial, conhecida como cerebrite, ocorre em área de tecido cerebral desvitalizado → evolui para coleção de pus envolta por cápsula bem vascularizada • O reconhecimento desta condição é tardio em grande parte dos casos • O abscesso cerebral bacteriano é uma infecção intracraniana relativamente incomum • Condições predisponentes para abscesso cerebral → sinusite paranasal, otite média e infecções dentárias, além de teníase (neurocisticercose) o 90% são consequência de um foco de supuração em outras partes do corpo → 10% restantes devidos à inoculação da infecção a partir de feridas na cabeça ou procedimentos neurocirúrgicos • Homens predominam em praticamente todas as séries de abscesso cerebral Fisiopatologia • Pode desenvolver em associação com um foco supurativo - sinusite paranasal, por exemplo → 47% o Trauma craniano (fratura aberta de crânio com lesão da dura) o Lesão ocular em ponta de lápis na criança ou neurocirurgias o Disseminação hematogênica a partir de um foco à distância o Criptogênico (nenhum fator de risco é identificado - 20 a 30% dos casos). • Os abscessos decorrentes de disseminação hematogênica de um foco à distância usualmente se localizam em áreas supridas pela artéria cerebral média → lobo parietal e região posterior do frontal. ❖ Dentro do cérebro, a infecção começa como uma cerebrite (1-3d) com infiltrados perivasculares e infiltração de neutrófilos para dentro do parênquima cerebral • Com o tempo, (4-9d) o abscesso em desenvolvimento é caracterizado por um exsudato purulento que inclui tecido cerebral necrótico, bem como neutrófilos viáveis e necróticos o Tecido de granulação se desenvolve na interface entre o tecido necrótico e o viável → eventualmente, o abscesso é murado e bloqueado por uma cápsula fibrosa (10-13d) • Formação da cápsula depende da virulência do organismo e do estado de imunidade do indivíduo o Só o tecido cerebral isquêmico-hipóxico é suscetível à infecção bacteriana → parênquima intacto é resistente. Manifestações Clínicas • AC normalmente apresenta-se como lesão expansiva intracraniana, não como processo infeccioso • Embora a evolução dos sinais e sintomas seja variável, de horas, semanas ou meses, a maioria dos pacientes apresenta-se ao hospital 11 a 12 dias após o início dos sintomas. • Clássica tríade clínica de cefaleia (75%), febre e déficit neurológico focal está presente em < 50% o Com frequência, a cefaleia tem sensação de dor surda e constante, hemicraniana ou generalizada, que se torna progressivamente mais intensa e refratária ao tratamento. • Déficits neurológicos focais dependem do local da lesão o A hemiparesia é o sinal de localização mais comum em um abscesso do lobo frontal o Abscesso do lobo temporal apresenta-se com perturbação da linguagem (disfasia) ou quadrantanopsia homônima superior o Nistagmo e ataxia são sinais de um abscesso cerebelar • Os sinais de PIC elevada – papiledema, náuseas, vômitos, sonolência ou confusão – dominam a apresentação clínica de alguns abscessos, sobretudo os do cerebelo • Não há meningismo → só se romper no ventrículo, ou a infecção se estender ao espaço subaracnóideo. Diagnóstico • O diagnóstico é definido por exames neurorradiológicos → RM é melhor do que TC • A cerebrite aparece na RM como área de sinal hipointenso, irregularmente realçada pelo gadolínio, nas imagens ponderadas em T1, e como área de sinal hiperintenso nas imagens em T2 • Não é, com frequência, visualizada nas imagens por TC → se aparente, surge como área hipodensa o Na TC com contraste, um abscesso cerebral maduro aparece como área de hipodensidade focal, circundada por captação anelar de contraste em meio ao edema circunjacente • Nas RMs contrastadas em T1 → abscesso maduro tem cápsula que se realça circundando um centro hipodenso, circundada por área hipodensa de edema o RM em T2, há área central hiperintensa de pus, circundada por uma cápsula hipointensa bem-definida e por uma área circundante hiperintensa de edema ❖ Diagnóstico microbiológico é determinado pela coloração de Gram e cultura de material do abscesso → obtido por aspiração estereotáxica com agulha guiada por TC o Culturas para aeróbios, anaeróbios, micobactérias e fungos devem ser obtidas • Outros exames podem fornecer indícios para o diagnóstico em pctes com lesão expansiva no SNC o Cerca de 50% têm leucocitose periférica, 60% apresentam a elevação do VHS, e 80%, proteína C-reativa elevada ▪ As hemoculturas são positivas em cerca de 10% dos casos, mas podem ser positivas em > 85% dos pacientes com abscessos por Listeria. Tratamento • Exige intervenção neurocirurgica urgente • Devido ao risco de herniação, pode ser necessário o tratamento do edema cerebral (dexametasona IV em 4 doses) mesmo enquanto se inicia a intervenção cirúrgica • Tto não cirúrgico considerada em pctes com lesão pequena o Patógeno já identificado, ausência de sintomas de HIC, lesão profunda ou inacessível • Drogas anticonvulsivantes são indicadas durante a terapia e por até três meses apóso tratamento Empiema Subdural • Infecção no espaço entre a dura-máter e a aracnoide • É um distúrbio raro, que responde por 15-25% das infecções supurativas focais do SNC • Rinossinusite é a causa predisponente mais comum o Preferência por homens jovens ❖ ETIOLOGIA → estreptococos aeróbicos/anaeróbicos, estafilococos, enterobactérias, bactérias aneróbicas o Estafilococos e GN → relacionados com procedimentos neurocirúrgicos ou traumatismo Fisiopatologia • A doença decorre da propagação retrógrada da rinossinusite por tromboflebite séptica das veias da mucosa dos seios paranasais o Ou propagação contígua da infecção p cérebro, a partir de osteomielite na parede posterior dos seios frontais ou outros seios • Também pode se desenvolver por introdução direta de bactérias no espaço subdural, como uma complicação de procedimento neurocirúrgico • Evolução da ESD pode ser extremamente rápida → porque o espaço subdural é um grande compartimento que tem poucas barreias mecânicas à propagação da infecção. o Pode evoluir para trombose venosa cortical, abscessos cerebrais ou meningite purulenta Clínica e Diagnóstico • Geralmente febre e cefaleia (queixa mais comum) → além de déficit neurológico e rigidez de nuca o Pode progredir e causar sinais de HIC → vômitos, alterações do nível de consciência, convulsões e papiledema o Hemiparesia ou hemiplegia contralateral é o déficit neurológico focal mais comum. • Sem tto, a expansão do ESD e a elevação da PIC causam deterioração progressiva da consciência, levando a coma • Devemos suspeitar sempre que o paciente tiver rinossinusite conhecida + sinais e sintomas no SNC. • RM com contraste de gadolínio e imagens ponderadas para difusão → visualiza a infecção subdural o Sob a forma de massa em forma de crescente, com margem contrastada sobre as convexidades cerebrais e embaixo da tábua interna do crânio • Avaliação do LCR é útil apenas se houver meningite concomitante Tratamento • Drenagem cirúrgica do empiema é obrigatória → emergência • Antibioticoterapia IV também é necessária e é baseada nos MO isolados no momento da cirurgia o Cefalosporina de 3ª geração, via parenteral • Taxas de mortalidade na maioria das séries são de aproximadamente 25% Encefalite • A encefalite é uma inflamação do encéfalo causada por infecção (vírus), ou processo autoimune primário. • Muitos pacientes também têm evidências de meningite concomitante (meningoencefalite) → em alguns casos envolvimento da medula espinal ou raízes nervosas (encefalomielite, encefalomielorradiculite) • Representa a manifestação mais grave no sistema nervoso central • Predomina em idosos, crianças e pacientes imunossuprimidos • A incidência mundial depende da distribuição geográfica e apresenta, em geral, caráter sazonal o Cerca de 20k/ano nos EUA → 5 a 20% evoluem p óbito e 20% permanecem com sequelas • A vacinação antiviral contribuiu para o decréscimo da incidência de encefalite viral no mundo ETIOLOGIA • Principais causadores em imunocompetentes são os vírus herpes, arbovírus e enterovírus o A etiologia permanece desconhecida em 30 a 60% dos casos • Da família dos herpes vírus que infectam humanos → HSV é o agente mais comum de encefalite tratável. o HSV-1 responsável por 90% em adultos e crianças > 2 anos → restantes decorre da infecção pelo HSV-2, principalmente em imunodeprimidos e neonatos. • O CMV e o vírus varicela-zoster são causa frequente em imunossuprimidos • Pelos arbovírus, o vírus do Oeste do Nilo é causa de epidemias nos EUA → dengue na América do Sul. o Com o advento das constantes epidemias de dengue no Brasil, observou-se novo perfil etiológico nas encefalites virais em pacientes imunocompetentes ▪ Dengue como principal causa (47%), HSV-1 (17,6%), CMV e enterovírus (5.8%) Fisiopatogenese • A entrada do vírus ocorre pelas membranas mucosas do TR, TGI, TGU, pele, conjuntiva ocular e sangue. • A disseminação p SNC acontece por disseminação hematogênica (arboviroses) ou neural (herpes) • Na hematogênica, o vírus atravessa a barreira hematoencefálica, via plexo coroide ou diapedese o A doença surge a partir da propagação viral no SNC, com agressão, penetração e lesão da célula • O vírus atinge o espaço subaracnóideo e se dispersa no LCR, entrando em contato com células meníngeas e ependimárias • O neurotropismo viral se manifesta pela infecção de neurônios (Herpes simplex e raiva), neuroglia (HSV, vírus JC), micróglia (HSV, HIV) e pia-aracnoide/epêndima (caxumba, HSV) o Os vírus Herpes simplex, da raiva e HIV apresentam elevada neurovirulência. PATOLOGIA • Aspectos característicos consistem na presença de áreas de inflamação multifocal ou difusa no encéfalo, associadas à degeneração neuronal e neuronofagia o Corpos de inclusão são descritos nas encefalites causadas por herpesvírus, raiva e sarampo • Avaliação macroscópica não revela aspecto purulento visível a olho nu • Pode estar associada a necrose importante → por HSV pode ser francamente hemorrágica • Pacientes quase sempre têm algumas alterações inflamatórias microscópicas nas leptomeninges Manifestações Clínicas • As manifestações clínicas dependem do tipo de células infectadas e de sua susceptibilidade à infecção. • Sintomas iniciais → pródomo de febre, mal-estar, mialgia e sintomas inespecíficos o Náuseas, vômitos, diarreia, tosse, dor de garganta e rash cutâneo podem preceder os sintomas neurológicos • Invasão do SN é acompanhada por cefaleia, fotofobia e alterações de consciência → sintomas evoluindo por vários dias, podendo causar torpor e coma o Sinais comuns incluem paresia, hiperreflexia profunda e sinal de Babinski o Cefaleia, sinais neurológicos focais e convulsões ocorrem com frequência • Distúrbios do comportamento, da personalidade, disfunção cognitiva, movimentos involuntários, ataxia, mioclonia são ocasionalmente relatados • A área hipotálamo-hipofisária pode ser envolvida → hipotermia, diabetes insípido e síndrome de secreção inapropriada do hormônio antidiurético. HSV → predominam sinais focais, por vezes com sinais meníngeos o Neurotropismo envolve neurônios da glia, ocasionando necrose hemorrágica principalmente nos lobos temporais. Diagnóstico • As alterações no eletroencefalograma são focais ou difusas dependendo da localização das lesões. • A RM apresenta melhor sensibilidade → TC de crânio auxilia no diagnóstico o Podem revelar edema difuso, captação de contraste cortical e subcortical e lesão focal ANÁLISE DO LCR • O exame pode ser normal em 3 a 5% dos casos de encefalite. • Aspecto límpido e incolor Pressão → normal ou aumentada nas meningoencefalites o O HSV pode induzir quadro de HIC decorrente de cerebrite focal e edema nos lobos temporais Citologia → contagem de leucócitos entre 10 e 500 células/mm 3, predomínio de mononucleares • Nos casos com sinais de irritação meníngea, a resposta celular pode ser mais elevada o Pleocitose leve (5-10/mm 3) ou celularidade normal predomina quando não há sinais de envolvimento meníngeo, particularmente na fase inicial da doença Bioquímica → proteinorraquia levemente aumentada (< 300 mg/dL) • Concentração de lactato e/ou glicose estão normais o Glicorraquia pode estar diminuída se infecção pelos vírus da caxumba, CMV e HSV • Contagem de células brancas do sangue é elevada, de 10-500/mm3, com predominância linfocítica Métodos imunológicos → nos primeiros 7 a 10d após infecção há ausência de resposta imune intratecal. • Depois surge síntese intratecal de anticorpos, com ou sem disfunção de barreira hematoliquórica o 50% IgG elevado e/ou banda oligoclonal indicando síntese intratecal de anticorpos • A demonstração da síntese intratecal de anticorpo específico apresenta relevância diagnóstica nos casos de infecções virais do SNC, tais como sarampo, rubéola, HSV, VZV, CMV, HTLV-I e vírus JC Detecção direta de antígenos ou partículas virais → PCR apresenta resultado rápido, sensível e específico para o diagnóstico precoce das infecções virais do SNC o Método de escolha nas encefalites por HSV, VZV e EV VIROLOGIA • É difícil fazer o diagnóstico etiológico pelos achados neurológicos e laboratoriais → importante saber o contexto epidemiológico do vírus e manifestações sistêmicas. o Caxumba → envolvimento das parótidas o Enterovírus →produzem erupção cutânea, assim como o coxsackie • A detecção do microorganismo pode ser obtida por sorologia, sangue ou fezes Tratamento • Medidas de suporte para controle da PA e temperatura, desobstrução de vias aéreas, monitoração cardíaca, controle da PIC e de sintomas que possam colocar pcte em risco de vida • Tto com aciclovir necessita ser iniciado o mais breve possível nos casos suspeitos de encefalite por HSV- 1, HSV-2 e VZV → 10mg/kg de 8/8 horas, por via IV durante 14 a 21 dias o Ganciclovir e foscarnet IV de escolha no tratamento da encefalite por CMV • A biópsia pode ser recomendada se piora clínica em que o agente etiológico não tenha sido definido. ABCESSO EPIDURAL ESPINHAL • DEFINIÇÃO • • A infeção dentro desse espaço raramente é uma causa de morte • • O espaço epidural rodeia o saco dural e é limitado anteriormente pelo ligamento longitudinal • posterior, posteriormente pelos ligamentos amarelos e pelo periósteo das lâminas vertebrais, e • lateralmente pelos pedículos da coluna vertebral e pelos forames intervertebrais contendo os seus • elementos neurais • • O espaço se comunica com o espaço paravertebral através dos forames intervertebrais • • Superiormente, o espaço é fechado no forame magno • • Caudalmente, o espaço é fechado pelo ligamento sacrococcígeo • • O espaço epidural contém tecido conjuntivo areolar frouxo, gordura semilíquida, linfáticos, artérias, • um extenso plexo de veias e as raízes dos nervos espinhais • EPIDEMIOLOGIIA • • Podem resultar da disseminação hematogênica de infecção • o FR - Uso de drogas intravenosas, transplantes de órgãos, uso crônico de esteroides, lesões • malignas e diabetes • o Infecção local após acupuntura para lombalgia ou analgesia epidural • o Local cutâneo de infecção é a causa mais comum, especialmente em usuários de drogas IV • • Staphylococcus aureus é o organismo mais habitualmente isolado de abscessos epidurais espinhais • FISIOPATOLOGIA • • Já que a dura-máter em torno da medula adere à coluna vertebral anteriormente, abscessos • epidurais ocorrem mais posteriormente e, como nenhuma barreira anatômica separa os segmentos • espinhais no espaço epidural posterior, esses abscessos normalmente se estendem por vários • segmentos vertebrais • • Disfunção da medula espinal – Reflete processos tóxicos secundários à inflamação como trombose • venosa, tromboflebite, isquemia secundária à compressão das artérias espinhais e edema • MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • • Presença de um fator de risco (>80% dos pacientes) no contexto de déficits neurológicos ou dor nas • costas ou radicular deve sugerir um abscesso epidural espinhal • • Dor nas costas, febre, dor à palpação da coluna com percussão focal, irritação meníngea, cefaleia • • Sinais clínicos são muitas vezes mais intensos do que se esperaria da extensão anatômica da • coleção purulenta ou do tecido de granulação • • Diagnóstico muitas vezes não é feito logo de início • • Se a condição continuar não reconhecida em um estágio precoce, os sintomas podem evoluir, ao • longo de um período de horas ou dias, para paralisia abaixo do nível de infecção espinhal • DIAGNÓSTICO • • O diagnóstico diferencial inclui processos de compressão e inflamatórios que envolvem a medula • espinal: mielite transversa, hérnia de disco intervertebral, hemorragia epidural ou tumor metastático • • Pode não estar haver leucocitose sanguínea, mas a velocidade de hemossedimentação muitas vezes • está elevada • • Outros processos infecciosos que podem produzir dolorimento ou dor nas costas, ou no pescoço, • devem ser excluídos: meningite bacteriana, abscesso perinéfrico, discite e endocardite bacteriana • • Punção lombar deve ser evitada em pacientes com suspeita de abscesso epidural espinhal, pelo • risco de disseminar a infecção para o espaço subaracnóideo, causando meningite • • O método de escolha para diagnóstico é a RM contrastada com gadolínio • TRATAMENTO • • Pacientes com déficit neurológico progressivo devem ser submetidos à drenagem cirúrgica urgente • • Aspiração guiada por TC pode ser útil, e antibióticos mais aspiração por agulha guiada • percutaneamente podem ser terapeuticamente tão eficazes quanto antibióticos mais cirurgia• A não ser que os resultados de cultura e a sensibilidade microbiana sejam diferentes, a terapia • empírica deve abranger S. aureus (nafcilina, 2 g a cada seis horas; vancomicina, 1 g a cada 12 • horas para cepas resistentes à meticilina) • • Cobertura Gram-negativa adicional com uma cefalosporina de terceira geração (p. ex., cefotaxima, • 2 g a cada seis horas; ou ceftriaxona, 2 g a cada 12 horas) ou uma quinolona (p. ex., • ciprofloxacina, 400 mg a cada 12 horas) devem ser consideradas para casos de doença grave • • Rifampina (300 mg a cada 12 horas) pode ser adicionada em virtude da sua capacidade de • penetrar na cavidade do abscesso • • Terapia IV deve ser mantida durante 3-4 semanas, exceto quando osteomielite (6-8 semanas) • PROGNÓSTICO • • A taxa de mortalidade associada a abscesso epidural espinhal é de cerca de 15% • • 50% dos sobreviventes têm déficits neurológicos residuais • • Pacientes que desenvolvem paralisia que persiste por mais de 36 horas não recuperam a função • CEFALOSPORINA DE 3ª GERAÇÃO • CEFALOSPORINA E CEFAMICINA • • As cefalosporinas e as cefamicinas são antibióticos betalactâmicos, inicialmente isoladas a partir de • fungos • • Em relação as cefalosporinas de 3° geração, são uma das classes mais utilizadas na prática médica, • tendo um poder de ação ampliada para os gram negativos, com possibilidade de penetrar a • barreira hemato-encefálica, sendo geralmente por isso utilizados em meningites • • TRATAM • o Septicemia (p. ex., cefuroxima, cefotaxima) • o Pneumonia causada por microrganismos suscetíveis • o Meningite (p. ex., ceftriaxona, cefotaxima) • o Infecções das vias biliares • o Infecções urinárias (especialmente na gravidez ou em pacientes que não • o respondem a outros fármacos) • o Sinusite (p. ex., cefadroxila). • o A ceftadzime é a única que tem boa ação contra Pseudomonas e a ceftazidima apresenta • atividade moderada contra S. aureus sensível à oxacilina • • Algumas cefalosporinas são, administradas por via oral, porém a maioria é administrada por via • parenteral, intramuscular (o que pode ser doloroso) ou intravenosa. Após absorção, são amplamente • distribuídas no corpo e algumas, como cefotaxima, cefuroxima e ceftriaxona, atravessam o líquido • cefalorraquidiano. • • Efeitos adversos. Podem ocorrer reações de hipersensibilidade muito semelhantes às que ocorrem com • as penicilinas, e pode haver alguma sensibilidade cruzada; cerca de 10% dos indivíduos sensíveis à • penicilina apresentarão reação alérgica às cefalosporinas. Foi relatada nefrotoxicidade (especialmente com cefadrina), uma vez que existe intolerância ao álcool induzida pelo fármaco. A • diarreia também é comum e pode ser causada por C. difficile. • • ALGUMAS UTILIZAÇOES: • o Ceftriaxone - Via de administração: Intravenosa ou intramuscular - Dose usual: 1-2g de • 12/12h ou 1 vez ao dia, sendo a dose máxima de 4g/dia • o Ceftazidme - Via de administração: Intravenosa - Dose usual: 2g de 8/8h • o Cefotaxima - Via de administração: Intravenosa - Dose usual: 1-2g de 8/8h, sendo a dose • máxima de 12g/dia
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