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Kathlyn Póvoa Semiologia Kathlyn Póvoa PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS DOR PRECORDIAL: Não significa dor cardíaca. Pode ser relacionada a órgãos adjacentes. As características a serem avaliadas na dor cardíaca são: a. Localização: a mais comum é a retroesternal, mais comumente do lado esquerdo, podendo ser localizada ou difusa. - Dor na pele ou superficial: origem é a parede torácica. - Dor preliminar ou por debaixo do mamilo quase nunca é dor cardíaca, pode ser emocional ou provocada por osteoartrite. - Dor nas articulações condroesternais que piora a palpação: Osteocondrite. b. Irradiação: pode irradiar de acordo com a intensidade. Quanto mais intensa, maior sua irradiação. c. Caráter/Qualidade da dor: a dor de angina quase sempre é constritiva. O paciente tem a sensação de que algo aperta seu peito/tórax. Pode ser descrita por aperto, opressão, peso, queimação, ardência, sufocamento etc. A dor pode ser sentida também nas áreas de irradiação. d. Duração: Angina de peito: 2 a 3 minutos (porque sua origem é a apenas a hipóxia miocárdica) Angina instável: pode durar 20 minutos (por que há alteração histológica). IAM: 20 min até algumas horas (quando há alteração necrótica). e. Intensidade: varia de acordo com o grau de comprometimento isquêmico. Se divide em 3: Leve: quando o paciente sente, mas não se fixa à dor. O relato é de sensação de peso ou desconforto. Moderado: quando o paciente a sente ao fazer esforço físico, e incomoda muito o paciente. Intenso: Quando a dor causa grande sofrimento, obrigando o paciente a ficar o mais quieto possível, pois a dor aumenta com quaisquer movimentos ou esforços. Acompanha sudorese, palidez, angústia e sensação de morte iminente. Quanto mais intenso, mais grave é o quadro do paciente. f. Fatores desencadeantes/Agravantes: Pode ser desencadeada após qualquer atividade que aumente o trabalho cardíaco (emoções, taquicardia, frio, refeição copiosa) • No IAM, a dor costuma se dar em repouso. g. Fatores atenuantes: O alívio após o repouso, é característica fundamental da Angina de peito. Uso de vasodilatadores também contribuem; • O tempo que a dor leva para desaparecer após uso de nitrato sublingual é importante: Angina: 3-4min após Angina instável: entre 5-10min após. A dor de pericardite aguda tem alívio inclinando o tórax para frente, ou comprimindo com travesseiro. Paciente com quadro anginoso ou com enfermidades gastrointestinais tem alívio após eructação (arroto) ou eliminação de gases. MANIFESTAÇÕES CONCOMITANTES: 1. Dor de origem pericárdica: Inflamação do pericárdio. Mais aguda que a angina de peito. Kathlyn Póvoa 2. Dor de origem aórtica: o aneurisma aórtico não causa dor. O que causa uma dor muito intensa é a dissecção aórtica. Dor de tipo lancinante, podendo irradiar para o pescoço. –Paciente Inquieto- 3. Dor de origem psicogênica: indivíduos com ansiedade ou depressão. Dor na ponta do coração. Acentua quando o paciente tem contrariedades ou tristezas. 4. Palpitações: percepção incômoda dos batimentos cardíacos; Seus 3 tipos são: Palpitações de esforço; Palpitações decorrentes da alteração do ciclo cardíaco; Palpitações que acompanham os transtornos emocionais; 5. Dispneia: Dificuldade de respirar. É o principal sintoma dos portadores de cardiopatia. Sensação consciente e desagradável do ato de respirar. Deve ser diferenciada de astenia e fadiga. • Subjetiva: dificuldade respiratória sentida pelo paciente • Objetiva: aceleração dos movimentos respiratórios (taquipneia) As principais dispneias patológicas são: Dispneia de esforço: - Grandes esforços - Médios esforços - Pequenos esforços Dispneia em decúbito: dispneia aparece tão logo quando o paciente se deita, e melhora quando se levanta. Típico de insuficiência ventricular esquerda. Acompanha tosse seca, sufocamento e opressão torácica. Pode haver broncoespasmo com sibilancia (asma cardíaca). Percursora de edema agudo de pulmão. Dispneia paroxística noturna: o paciente dorme e acorda com intensa dispneia, sensação de morte iminente. Dispneia periódica/Cheyne Stokes: respiração assume um padrão instável durante a noite. 6. Tosse e expectoração: A tosse é um sintoma frequente na insuficiência ventricular esquerda. A (I.V.E) produz uma tosse seca e noturna. Pode vir acompanhada de uma expectoração serosa, de aspecto espumoso que pode ser abundante. No edema agudo de pulmão, a tosse é acompanhada de expectoração espumosa rosa. Essa expetoração é procedente das vias aéreas. Aneurismas da aorta, pericardite e grande dilatação do átrio esquerdo causam tosse por irritação do vago, do ramo recorrente, ou compressão brônquica. Bronquite ou broncopneumonia produzem expectoração mucopurulenta de cor amarelada ou esverdeada; 7. Sibilância/Chieira/Chiado: som da passagem de ar em alta velocidade por vias aéreas estreitadas. Sibilo é um som musical que ocorre normalmente na expiração. Aparece na DNP e asma cardíaca – congestão pulmonar e broncoespasmo Causa: edema da mucosa brônquica ou broncoconstricção reflexa Aparece na posição deitada e melhora quando fica de pe ou sentado Kathlyn Póvoa 8. Hemoptise: eliminação de mais de 2ml de sangue através da expectoração. Procedente da traqueia, brônquios ou pulmões Expectoração espumosa e rósea é edema agudo de pulmão. 9. Sincope e lipotimia: A maioria das sincopes são vasovagais ou sincope vasodepressiva – ocorre quando o indivíduo está em posição ortostática. Síncope: perda súbita e transitória da consciência e do tônus muscular postural. Lipotimia/pré-sincope: perda parcial da consciência, mas não perde o tônus muscular. Pode ter dois tipos de causa: a. Cardíacas: - Arritimias e transtornos da condução - Diminuição do debito cardíaco - Regulação vasomotora anormal - Diminuição mecânica do retorno venoso - Hipovolemia aguda - Transtorno do ritmo ou da condução do estímulo - Síndrome de Stock Adams - Cardiopatia chagásica crônica de BAV de 2º ou 3º grau. b. Extra cardíacas: - Síncope Neurogênica: é o tipo mais comum de sincope, desencadeada por impacto emocional. Tem uma recuperação rápida ao deitar o paciente. Pode ser súbita ou precedida de mal- estar, fraqueza, tonturas, palidez, sudorese e bocejos. Mecanismo: vasodilatação por inibição simpática e aumento do tônus vagal; - Hipotensão postural: queda tensional na posição ortostática prolongada. Após exercícios físicos exaustivos, inanição, enfermidades prolongadas, desequilíbrio hidroeletrolítico, grandes varizes de MMII. Associada a uso de anti- hipertensivos, diuréticos e bloqueadores simpáticos. - Sindrome do seio carotídeo: é rara. Tem uma queda da PA e bradicardia após estimulação do seio carotídeo. Sintomas: tontura, escurecimento da visão, cefaleia e desmaio. - Síndrome pós micção: ocorre no ato ou após urinar. Geralmente após decúbito prolongado. Acontece uma vasodilatação com hipotensão e sincope. - Obstruções extra cardíacas do fluxo de sangue - Psicogênica - Metabólicas 10. Alterações do sono: insônia é um sintoma frequente em pessoas com IVE. Resp. de Cheyne Stokes: acompanha a IVE e é mais comum a noite. Pode haver excitação e obnubilação Causas: estase sanguínea encefálica, edema cerebral, hipertensão do líquido cefalorraquidiano, anóxia cerebral por baixo fluxo cerebral. 11. Cianose: coloração azulada da pele e das mucosas, por aumento de hemoglobina reduzida no sangue capilar. Existem 4 tipos de cianose: Central: diminuição da tenssao de O2 no ar inspirado, transtornos de ventilação pulmonar, transtornos de difusão, transtornos de perfusão, curto circuito Periférica Mista Kathlyn Póvoa Por alteração de hemoglobina 12. Edema: aumento do liquido intersticial, proveniente do plasma sanguíneo. Pode ser localizado ou generalizado (anasarca). A causa básica de edema cardíaco é insuficiência ventricular direita, por aumento da pressão hidrostática associado a retenção de sódio. • Localizado: edema angioneurotico, inflamatório, compressão de vasos linfáticos e venosos • Generalizado: afecções cardíacas, renais, hepáticas, carenciais e uso de medicamentos. Pode aparecer nas cavidades serosas – ascite, hidro tórax, hidro pericárdio e bolsa escrotal. Inicia nos MMII em torno dos maléolos e progride para pernas e coxas. Bilateral, podendo ser assimétrico Intensifica com o decorrer do dia – edema vespertino Diminui ou desaparece com o repouso noturno IC grave: anasarca. Origem cardíaca: ingurgitamento jugular, refluxo hepatojugular. 13. Outros sintomas: ASTENIA: sensação de fraqueza generalizada. Relaciona-se com a diminuição do DC e oxigenação muscular insuficiente. Uso de diuréticos leva a depleção de Na+ e K+. Pode esrar relacionada a atrofia muscular e anorexia. CÂIMBRAS ANOREXIA NAUSEAS; VOMITOS FEBRE; CALAFRIOS Conclusões: A dor torácica pode ser patológica ou não Avaliar as características da dor é de suma importância A dispneia, tosse e sibilancia, no cardiopata, aparecem usualmente como consequencia em um pior prognostico Sincopes podem aparecer como consequencia de problemas cardíacos e pode implicar em um pior prognostico O edema da IC geralmente inicia nos MMII e tem caráter progressivo A astenia e caquexia acompanham a IC. EXAME FÍSICO DO CORAÇÃO INSPEÇÃO E PALPAÇÃO: São realizados simultaneamente. Paciente em decubito dorsal Outras posições em situações especiais Medico no lado direito do paciente Abaulamentos: observar e tentar identificar possíveis abaulamentos no tórax do paciente – Inspeção tangencial ou frontal. Ictus Cordis: choque de ponta. Estudado pela inspeção e palpação. Possivelmente visível em alguns tipos de pacientes, no 5º EIC esquerdo. Pode ser muitas vezes impalpável ou invisível. Normalmente tem a extensão de 1 ou 2 polpas digitais. → Difuso: 3 ou + polpas digitais → Propulsivo: quando a mão que o palpa é levantada a cada contração. Batimentos ou movimentos: identificar e palpar possíveis batimentos encontrados no precórdio. Kathlyn Póvoa Frêmito Cardiovascular: sensação tátil determinada por vibrações produzidas no coração ou nos vasos. Avaliar: localização (focos de ausculta), situação no ciclo cardíaco (sistólico, diastólico ou sistodiastolico) e intensidade (+ a ++++) Retração sistólica: levantamento em massa do precórdio pelo ventrículo direito ; choques valvares palpáveis; pulsação epigástrica; pulsação supraesternal AUSCULTA Vibracoes em estrituras cardíacas e vasculares: propagam-se a superfície corporal. Leis da física: consucao de ondas através de meios de constituição diferentes. Perda progressica de energia ao longo do trajeto – refração e reflexão. Fenomenos sonoros possuem 3 caracteristicas Focos de ausculta: a) Foco Mitral: 5º EIC esquerdo, na linha hemiclavicular. Corresponde ao Ictus Cordis. É o melhor foco para identificar qualquer alteração estetoacustica na ausculta. b) Foco Pulmonar: 2º EIC esquerdo, junto ao esterno. Melhor foco para identificar o desdobramento da 2ª bulha. c) Foco Aórtico: 2º EIC direito. Porém, o melhor foco para perceber fenômenos de origem aórtica, é o Foco Aórtico acessório, localizado entre o 3º e 4º EIC esquerdo. d) Foco Tricúspide: corresponde à base do apêndice xifoide, ligeiramente lateralizado para a esquerda. Durante a inspiração profunda, possível identificar sopro de origem tricúspide; OBJETIVOS DA AUSCULTA BULHAS CARDÍACAS: 1ª Bulha: TUM -Ocorre na sístole, é o som do fechamento das válvulas mitral e tricúspide. - Coincide com Ictus Cordis e Pulso Carotídeo. - Mais audível no Foco Mitral 2ª Bulha: TA - Ocorre na diástole, é o som do fechamento das válvulas aórtica e pulmonar. - Após a 1ª bulha, um pequeno silêncio, e a 2ª bulha é escutada. - Ouve-se o componente aórtico em todo precórdio. O componente pulmonar só é auscultado no foco pulmonar. Desdobramento da 2ª Bulha: TLÁ - Ocorre geralmente durante a inspiração, um retardo do fechamento da válvula aórtica (mais comum) ou pulmonar. Imediata após a 2ª bulha. 3ª Bulha: TU - É um ruído protodiastólico, originado no enchimento rápido. - É normal em crianças e adultos jovens - Mais audível no foco Mitral. 4ª Bulha: TU Kathlyn Póvoa - Ruído telediastolico ou présistolico, que representa a contração atrial. - Pode ser ouvido raramente em condições normais nas crianças e adultos jovens. LOCALIZAÇÃO DOS FENOMENOS ESTETOACUSTICOS: Protossístole: terço inicial da sístole; Mesossistole: terço médio da sístole; Telessistole: terço final da sístole; Protodiastole: terço inicial da diástole; Mesodiastole: terço médio da diástole; Telediastole: terço final da diástole; Holodiastole/sístole: todo o período. RITMO E FREQUÊNCIA CARDÍACA - Havendo 2 bulhas: Ritmo Binário ou de Dois tempos. - Havendo 3 bulhas: Ritmo tríplice ou de três tempos. - A frequência é contada os batimentos em 1 minuto inteiro. ARRITMIAS CARDÍACAS 1- Taquicardia Sinusal: - É a alteração mais comum. - É o aumento da frequência cardíaca acima de 100bpm. - Pode ocorrer em condições fisiológicas (atividade física) ou patológicas (febre). - Ocorre aumento da ausculta da segunda bulha. 2- Bradicardia Sinusal: - Diminuição da FC abaixo de 60bpm. - Pode ocorrer em condições fisiológicas (sono) ou patológicas (hipotireoidismo); 3- Arritmia Sinusal: - Comum em crianças; - Caracteriza-se por um aumento da frequência cardíaca na INSPIRAÇÃO e diminuição da frequência cardíaca na EXPIRAÇÃO. - Na ausculta, há irregularidade nas bulhas. Ora mais rápidas, Ora mais lentas. 4- Extrassístole: - É uma sístole extra, antes da hora, seguida por uma pausa compensatória. - Um estimulo é originado de algum foco, e despolariza só o ventrículo de forma mais lenta. - Perigoso quando ocorre 2 ou 3 seguidas. Pode ser: ◊ Supraventriculares: foco é nos átrios ou na junção atrioventricular. ◊ Ventriculares: em qualquer dos ventrículos, ocorre uma demora entre as contrações. 5- Fibrilação Atrial - Ritmo irregular - Ocorrem variações nas bulhas - O átrio não contrai, tendo somente movimentos das fibras musculares, que não é suficiente para contrair. - Favorece a formação de trombos. SOPROS São vibrações que ocorrem por alterações do fluxo sanguíneo. Podem aparecer por: ■ Aumento da velocidade do fluxo sanguíneo ■ Diminuição da viscosidade sanguínea ■ Passagem de sangue através de uma área estreita Kathlyn Póvoa ■ Passagem de sangue por uma zona dilatada a. Sopros sistólicos: Começam depois de B1 o De regurgitação: - Insuficiência mitral ou tricúspide - Dificuldade no fechamento da válvula - Sangue volta para o átrio. o De Ejeção: - Estenose aórtica - A válvula aórtica tem dificuldade de abertura - Localizada entre B1 e B2. b. Sopros Diastólicos: Começam após B2. o Estenose da tricúspide/mitral: - Ocorre um tempo após a B2; - Sopro de baixa frequência e tonalidade - Passagem de pouco sangue pelas válvulas. o Insuficiência aórtica ou pulmonar - Imediatamente após a B2 - Sangue volta para o ventrículo - Som de aspiração.