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Fatores neurais • A atividade dos neurônios inspiratórios com corpos celulares do bulbo, controla o ciclo respiratório normal. Então, ocorre ativação dos músculos do diafragma e intercostais, determinando a insuflação dos pulmões. • Esses neurônios bulbares respondem a sinais excitatórios e inibitórios de todas as partes do corpo. • A expiração ocorre quando os músculos inspiratórios relaxam, tornando possível o recuo passivo de tecido pulmonar e das costelas. • À medida que a expiração prossegue, o centro inspiratório torna-se progressivamente menos inibido e acaba sendo ativado. • Na atividade física, os ajustes acontecem por conta das mudanças mecânicas e/ou químicas nos músculos ativos e na vasculatura induzidas por sinais nervosos ascendentes iniciados para proporcionar um controle periférico de retroalimentação do cerebelo para o centro respiratório. • No estado de repouso, o estado químico do sangue exerce mais influência da ventilação pulmonar. PO2 plasmática e quimiorreceptores periféricos • A ventilação aumenta se a concentração de oxigênio inspirado fica abaixo dos níveis existentes no ar ambiente, especialmente se a PO2 alveolar cair para menos de 60mmHg. A saturação de hemoglobina com essa PO2 começa a cair consideravelmente. • Os quimiorreceptores periféricos funcionam como o local primário para detectar a hipoxia arterial e desencadear reflexamente uma resposta ventilatória. • Uma redução da PO2 arterial faz com que a ventilação pulmonar aumente em virtude da estimulação dos quimiorreceptores aórticos e carotídeos. • Os aferentes quimiorreceptores periféricos também estimulam a ventilação na atividade física, apesar de normalmente não ocorrerem reduções na PO2 arterial. • Os efeitos estimulantes da atividade sobre a descarga dos quimiorreceptores aferentes carotídeos resultam principalmente de aumentos na temperatura, na acidez e nas concentrações de dióxido de carbono e de potássio. PCO2 plasmática e concentração de íons hidrogênio • Em repouso, a pressão do CO2 no plasma proporciona o estimulo respiratório mais importante. • Pequenos aumentos na PCO2 induzem a grandes aumentos na ventilação minuto. • Uma queda no pH do sangue (acidose) reflete na retenção de CO2 e subsequente formação de ácido carbônico. • Na atividade vigorosa, o pH do sangue pode diminuir por conta do acumulo de lactato ou de cetona (diabetes). • Na queda do pH e acumulo de íons de hidrogênio, a atividade inspiratória aumenta para eliminar o CO2 e reduzir o ácido carbônico no sangue. Hiperventilação e apneia • O estimulo para respirar vem da concentração arterial aumentada de PCO2 e de H+ e não da PO2 reduzida na apneia. • Quando se aumenta conscientemente a ventilação acima do nível normal (hiperventilação) antes da apneia, a composição do ar alveolar torna-se mais semelhante àquela do ar atmosférico. A PCO2 alveolar diminui de seu valor normal de 40 mmHg para apenas 15 mmHg. Isso cria um considerável gradiente de difusão para o escoamento do dióxido de carbono do sangue venoso que penetra nos capilares pulmonares para os alvéolos. Consequentemente, uma quantidade acima da normal de dióxido de carbono deixa o sangue e a PCO2 arterial cai. • A hiperventilação prolonga a duração da apneia até que a PCO2 arterial e/ou a concentração dos íons H+ aumentem até níveis que estimularão novamente a necessidade de respirar. Controle químico • Quando a intensidade aumenta, a PO2 não diminui até o ponto de aumentar a ventilação por meio da estimulação dos quimiorreceptores. • Os grandes volumes ventilatórios durante a atividade física intensa acarretam elevação da PO2 alveolar até acima do valor médio de repouso, que é de 100 mmHg. • Qualquer aumento na PO2 alveolar durante o exercício acelera a oxigenação do sangue nos capilares alveolares. • Na atividade ligeira e moderada, a ventilação está ligada ao metabolismo, proporcionalmente ao consumo de oxigênio e produção de dióxido de carbono. Nessas condições, a PCO2 alveolar e arterial em geral alcança 40 mmHg. • Na atividade vigorosa com forte componente anaeróbico (acumulo de lactato), as maiores concentrações no dióxido de carbono e íons hidrogênio proporcionam estimulo ventilatório adicional. • A hiperventilação resultante reduz as PCO2 alveolar e arterial, às vezes para um valor de apenas 25 mmHg. • Qualquer redução na PCO2 arterial reduz o impulso ventilatório do dióxido de carbono durante a realização de um exercício. Fatores neurogênicos • Influência cortical: o fluxo nervoso anterógrado proveniente de regiões do córtex motor e a ativação cortical como antecipação da atividade estimulam os neurônios respiratórios no bulbo para iniciar o aumento brusco da ventilação do exercício • Influência periférica: o influxo sensorial proveniente de articulações, tendões e músculos influencia os ajustes ventilatórios durante todo o período do exercício. Experiências que envolvem movimentos passivos dos membros, estimulação elétrica dos músculos e exercício voluntário com o fluxo sanguíneo do músculo ocluído confirmam a contribuição de mecanorreceptores e quimiorreceptores locais para a hiperpneia reflexa do exercício. Influência da temperatura • Exceto na hipertermia extrema, a elevação da temperatura exerce pouco efeito sobre a ventilação na atividade física. A mudança na ventilação acontece muito rápido para sofrer alguma influencia da temperatura. Regulação integrada • Na ventilação fase I no início do exercício, estímulos neurogênicos provenientes do córtex cerebral (comando central), combinados com retroalimentação (feedback) proveniente dos membros superiores e inferiores ativos, estimulam o bulbo para aumentar bruscamente a ventilação. O influxo cortical e periférico locomotor continua durante todo o período da atividade. • Após um curto platô (aproximadamente 20 s), a ventilação minuto sobe exponencialmente na ventilação fase II para conseguir um nível estável relacionado com as demandas para troca gasosa metabólica. • O influxo do comando central, incluindo fatores intrínsecos aos neurônios do sistema de controle respiratório, regula esta fase da ventilação do exercício. • A atividade contínua dos neurônios respiratórios no bulbo acarreta potencialização a curto prazo que faz aumentar sua responsividade para a mesma estimulação contínua. Isso leva a ventilação minuto para um novo nível mais alto. • A fase final do controle de ventilação fase III envolve uma sintonia delicada da ventilação em estado estável através de mecanismos sensoriais periféricos de retroalimentação (feedback). • Estímulos centrais e reflexos provenientes das principais escórias do metabolismo muscular aumentado – concentração do dióxido de carbono e dos íons H+ – modulam as pressões dos gases alveolares nessa fase. Esses fatores estimulam os neurônios não mielinizados dos quimiorreceptores do grupo IV que se comunicam com regiões do sistema nervoso central para regular a função cardiorrespiratória. • Um estímulo adicional destinado a aumentar a ventilação na atividade vigorosa ocorre em virtude do próprio ânion lactato, além da acidose láctica.24 Reflexos relacionados com o fluxo sanguíneo pulmonar e com o movimento mecânico dos pulmões e dos músculos respiratórios também proporcionam um influxo regulador durante a atividade física. • Na recuperação, O declínio brusco na ventilação quando a atividade física cessa reflete a remoção do impulso do comando central e do influxo sensorial proveniente dos músculos previamente ativos. É mais do que provável que a fase de recuperação mais lenta resulte de dois fatores: 1. Diminuição gradual da potencializaçãoa curto prazo do centro respiratório. 2. Restabelecimento do meio ambiente metabólico, térmico e químico normal do organismo. A atividade física afeta o consumo de oxigênio e a produção de dióxido de carbono mais do que qualquer outro estresse fisiológico. Com o exercício, o oxigênio difunde-se dos alvéolos para o sangue venoso ao retornar aos pulmões, enquanto quase a mesma quantidade de dióxido de carbono desloca-se do sangue e penetra nos alvéolos pulmonares. Simultaneamente, a estimulação alveolar aumentada mantém as concentrações gasosas apropriadas para facilitar a troca gasosa rápida. Ventilação na atividade em steady-rate • No exercício leve e moderado, a ventilação aumenta linearmente com o consumo de oxigênio e com a produção de dióxido de carbono, em média de 20 a 25l de ar para cada litro de oxigênio consumido. Nesse caso, a ventilação aumenta principalmente por aumento do volume corrente; com intensidades mais altas, a frequência respiratória torna-se mais importante. • Esses ajustes ventilatórios tornam possível a aeração completa do sangue, pois a PO2 e a PCO2 alveolares permanecem próximas do nível de repouso. • O termo equivalente ventilatório, simbolizado como E/O2, descreve a razão entre ventilação minuto e consumo de oxigênio. Os adultos jovens sadios mantêm habitualmente essa razão em 25 durante o exercício submáximo até aproximadamente 55% do O2máx. Equivalentes respiratórios mais altos ocorrem em crianças, com os valores médios de 32 ℓ de ar respirado por litro de O2 consumido. A modalidade da atividade também afeta o equivalente ventilatório. • As dinâmicas da ventilação pulmonar são altamente adaptáveis à atividade física regular. Algumas semanas de treinamento aeróbico reduzem o equivalente respiratório durante um esforço submáximo, o que diminui a energia gasta pela musculatura ventilatória. Ventilação na atividade não steady-rate • Para os níveis mais altos de esforço físico submáximo progressivamente mais intenso, a ventilação minuto desloca-se bruscamente para cima e aumenta desproporcionalmente em relação ao consumo de oxigênio. O equivalente ventilatório pode alcançar valores de 35 ou 40 ℓ de ar respirado por litro de oxigênio consumido. Limiar ventilatório • O termo limiar ventilatório (Lvent) descreve o ponto no qual a ventilação pulmonar aumenta desproporcionalmente em relação ao consumo de oxigênio (i. e., observa-se um aumento acentuado e brusco na razão E/O2) durante o exercício gradativo. • A ventilação “excessiva” provém diretamente da liberação de dióxido de carbono devido ao tamponamento do ácido láctico que começa a se acumular em virtude de glicólise aumentada. • O bicarbonato de sódio no sangue tampona quase todo o lactato gerado no metabolismo anaeróbico para lactato de sódio, na seguinte reação: • O excesso de dióxido de carbono liberado na reação de tamponamento estimula a ventilação pulmonar, o que acarreta aumentos desproporcionais de E/O2. Ventilação pulmonar, concentração sanguínea de lactato e consumo de oxigênio durante o exercício gradativo até a intensidade máxima. A linha branca inferior tracejada extrapola a relação linear entre E e O2 durante o esforço submáximo. O limiar do lactato (e não necessariamente o limiar para o metabolismo anaeróbico) representa a intensidade do exercício mais alta (consumo de oxigênio) não associada a uma concentração sanguínea elevada de lactato. Isso ocorre no ponto em que a relação entre E e O2 se desvia da linearidade, indicado como o ponto do limiar ventilatório. OBLA representa o ponto de aumento do lactato imediatamente acima de uma linha basal de 4,0 mM. A compensação respiratória representa um novo aumento desproporcional na ventilação (indicado pelo desvio em relação à linha branca tracejada superior) para contrabalançar a redução no pH plasmático na atividade física intensa. Início do acúmulo de lactato no sangue (OBLA) • Durante a atividade física steady-rate, o metabolismo aeróbico corresponde às necessidades energéticas dos músculos ativos. Acumula-se pouco ou nenhum lactato no sangue, pois qualquer produção de lactato é igual ao seu desaparecimento. • O termo limiar de lactato descreve o consumo mais alto de oxigênio ou a intensidade do exercício alcançada com um aumento inferior a 1,0 mM na concentração sanguínea de lactato acima do nível pré-exercício. • OBLA equivale ao ponto no qual a concentração sanguínea de lactato aumenta sistematicamente até 4,0 mM. • Um limiar para o aparecimento do lactato poderia resultar de quatro fatores: 1. Desequilíbrio entre a taxa de glicólise e a respiração mitocondrial. 2. Menor potencial redox (mais NADH em relação a NAD+). 3. Menor teor de oxigênio no sangue. 4. Menor fluxo sanguíneo para o músculo esquelético. • O acúmulo de lactato no sangue se reflete por alterações plasmáticas no pH, no bicarbonato e nas concentrações dos íons H+, e na produção de dióxido de carbono por meio do tamponamento, razão pela qual essas variáveis proporcionam uma avaliação indireta de OBLA. • Para uma determinada intensidade ou consumo máximo de oxigênio, existe uma taxa metabólica mais alta por unidade de massa muscular ativa no exercício com movimentação de uma manivela com os braços e na bicicleta do que na caminhada ou corrida na esteira ergométrica. Portanto, OBLA ocorre para um nível mais baixo (de consumo de oxigênio) durante a pedalagem e o exercício de movimentação de uma manivela com os braços. • As diferentes modalidades de atividade não podem definir indiferentemente (de forma permutável) o ponto de OBLA durante o teste com exercício gradativo. • O lactato sanguíneo nos indivíduos treinados acumula-se com consumos submáximos de oxigênio mais altos e com percentuais também mais altos de O2máx do que nos indivíduos destreinados. • Para crianças e adultos, o treinamento de endurance aprimora com frequência a intensidade do exercício para OBLA sem aumento concomitante do O2máx. • O tipo de fibra muscular, a densidade capilar, o tamanho e o número de mitocôndrias e as concentrações enzimáticas desempenham papéis significativos no estabelecimento do percentual de capacidade aeróbica que pode ser mantido sem acúmulo de lactato. • A capacidade funcional do sistema cardiovascular para o transporte de oxigênio e a massa muscular total ativada no exercício determinam o O2máx. • Dois fatores importantes influenciam o desempenho de endurance em uma modalidade específica de atividade: 1. Capacidade máxima de consumir oxigênio (O2máx). 2. Nível máximo para o exercício steady-rate (OBLA). • A intensidade do exercício em OBLA permite prever de forma consistente e poderosa o desempenho de endurance para homens e mulheres. Possíveis fatores relacionados com a detecção do limiar de lactato a partir da dinâmica de troca gasosa pulmonar durante atividade física de intensidade crescente. Principais variáveis relacionadas com o consumo máximo de oxigênio, início do acúmulo do lactato no sangue e velocidade máxima da corrida durante um exercício de endurance. , débito cardíaco; [Hb], concentração de hemoglobina; % SaO2, saturação percentual de oxigênio; dif. máx a- O2, diferença máxima arteriovenosa de oxigênio; LL, limiar de lactato. FC, frequência cardíaca; VS, volume sistólico. • A demanda em oxigênio da respiração mantém-se relativamente pequena em repouso e na atividade leve e moderada com poucas diferenças em homens e mulheres não obesos. • Para ventilações de até aproximadamente 100 ℓ/min, o custo de oxigênio ficava em média entre 1,5 e 2,0 mℓ por litro de ar respirado a cada minuto. Isso representava de 3 a 5% do consumo total de oxigênio na atividade moderada e de 8 a 11% para ventilações minuto comvalores do O2máx típicos para a maioria dos indivíduos. • Entre atletas de endurance altamente treinados com ventilações minuto máximas de 150 ℓ/min e até mais altas, o custo da hiperpneia do exercício pode ser superior a 15% do consumo total de oxigênio. Para esse nível, os músculos inspiratórios funcionam com 40 a 60% da capacidade máxima de gerar pressão (força). • Até 15% do fluxo sanguíneo total atende às demandas metabólicas dos músculos respiratórios durante o esforço máximo. • As evidências proporcionadas por indivíduos sadios e aptos indicam uma “competição” pelo fluxo sanguíneo e oxigênio entre os músculos respiratórios e locomotores durante a atividade intensa. Custo em oxigênio da respiração durante o exercício gradativo realizado com o corpo como um todo até o nível máximo. A. Efeitos do aumento progressivo da ventilação minuto (E) sobre o custo total em oxigênio da respiração enunciado como percentual do consumo total de oxigênio durante o exercício. B. Efeitos do aumento da ventilação minuto sobre o custo em oxigênio por litro de ar respirado por minuto. Doença respiratória • Na atividade até mesmo moderada, a pessoa sadia raramente percebe o esforço na respiração. • Na doença pulmonar obstrutiva crônica, a resistência expiratória adicional pode triplicar o custo normal da respiração em repouso; durante o exercício leve, o custo da ventilação pode alcançar 10 mℓ de oxigênio para cada litro de ar respirado. • Na doença pulmonar grave, o custo da respiração alcança facilmente 40% do consumo total de oxigênio • A competição entre as necessidades de oxigênio-fluxo sanguíneo dos músculos locomotores e respiratórios acaba usurpando o oxigênio disponível para a massa muscular não respiratória ativa. • Na DPOC, o custo aumentado da respiração limita acentuadamente a capacidade de realizar exercícios por parte dos indivíduos com essa condição debilitante. • Lamentavelmente, o treinamento físico resulta apenas em pequenas melhoras nos parâmetros da função pulmonar ou na condição da doença. • A atividade física regular, porém, pode aprimorar a capacidade de exercitar-se, reduzir a dispneia, diminuir os equivalentes respiratórios para oxigênio, melhorar a função dos músculos respiratórios e periféricos e aprimorar o estado psicológico. • O treinamento aeróbico provoca uma adaptação consideravelmente menor na estrutura e função pulmonares que nos sistemas cardiovascular e neuromuscular. • No exercício intenso, indivíduos sadios adotam uma respiração excessiva para níveis mais altos de consumo de oxigênio. A resposta da hiperventilação em geral reduz a PCO2 alveolar e aumenta um pouco a PO2. • As condições do exercício que desencadeiam reduções no dióxido de carbono arterial induzidas pela hiperventilação restringem o fluxo sanguíneo encefálico, o que pode comprometer o fornecimento de oxigênio às áreas cerebrais ativas e contribuir para a fadiga central. • Até mesmo durante a atividade máxima, há uma reserva respiratória considerável, pois a ventilação minuto para o O2máx é igual a apenas 60 a 85% da ventilação voluntária máxima (VVM) de uma pessoa sadia. • A função pulmonar não constitui um “elo fraco” no sistema de transporte do oxigênio dos indivíduos sadios com capacidades aeróbicas médias a moderadamente altas. • Nos atletas de endurance, o sistema pulmonar não consegue acompanhar suas excepcionais adaptações cardiovasculares e musculares aeróbicas induzidas pelo treinamento. • O potencial para uma possível desigualdade na ventilação alveolar em relação ao fluxo sanguíneo dos capilares pulmonares (i. e., comprometimento da razão ventilação perfusão) durante a atividade intensa pode comprometer a saturação arterial e a capacidade de transportar oxigênio – uma condição denominada hipoxemia arterial induzida pelo exercício (HIE). • Quando atletas de endurance altamente treinados se exercitam nas proximidades do O2máx (> 65 mℓ/kg/min, os diferenciais de pressão entre o oxigênio alveolar e o arterial são aumentados para mais de 30 mmHg. Isso faz com que a saturação do oxigênio arterial caia para menos de 90%, com uma PO2 arterial correspondente inferior a 75 mmHg • Alguns atletas de endur-ance de elite não conseguem alcançar a aeração completa do sangue nos capilares pulmonares durante o exercício intenso; nessa situação, a insaturação arterial torna-se mais evidente à medida que a duração do esforço progride. Os valores médios das pressões dos gases sanguíneos (PaO2 e PaCO2), estado acidobásico (pH) e diferença entre a pressão do oxigênio alveolar (PAO2) e arterial (PaO2) em oito atletas do sexo masculino durante um exercício progressivo até o O2máx. Observe o alargamento do gradiente (A-a)O2 e a queda na PaO2 durante o exercício máximo. • As causas com possível base funcional para a dessaturação arterial incluem: 1. Desigualdade na razão ventilação perfusão nos pulmões ou em áreas específicas do pulmão. 2. Derivação (shunt) do sangue entre a circulação venosa e arterial, contornando dessa forma as áreas para difusão. 3. Incapacidade de alcançar um equilíbrio capilar terminal entre a pressão do oxigênio alveolar e a pressão do oxigênio no sangue que perfunde os capilares pulmonares. • O termo tamponamento designa as reações que minimizam as modificações na concentração de H+; tampões referem-se aos mecanismos químicos e fisiológicos que previnem essa modificação. • O pH refere-se à concentração de prótons ou H+. As soluções ácidas possuem mais íons H+ que íons OH− para um pH abaixo de 7,0, e vice-versa para as soluções básicas, cujo pH é superior a 7,0. • A queda da concentração de H+ (pH aumentado ou alcalose) provoca aumento do pH acima da média normal de 7,4. Inversamente, acidose refere-se a maior concentração de H+ (pH reduzido). • As características acidobásicas dos líquidos corporais flutuam dentro de limites estreitos, pois o metabolismo continua sendo altamente sensível às concentrações de H+ no meio reagente. Três mecanismos regulam o pH do meio ambiente interno: 1. Tampões químicos. 2. Ventilação pulmonar. 3. Função renal. Tampões químicos • O sistema de tamponamento químico consiste em um ácido fraco e no sal desse ácido. • O tampão bicarbonato, por exemplo, consiste no ácido fraco ácido carbônico e seu sal, bicarbonato de sódio. O ácido carbônico é formado quando o bicarbonato fixa o íon H+. Quando a concentração de H+ se mantém elevada, a reação produz o ácido fraco, pois os íons H+ em excesso são fixados de acordo com a reação geral: H+ + Tampão → H-Tampão • Em contrapartida, quando a concentração de H+ diminui – como durante a hiperventilação, quando o ácido carbônico plasmático declina porque o dióxido de carbono deixa o sangue e sai através dos pulmões – a reação de tamponamento desloca-se na direção oposta e libera H+: H+ + Tampão ← H-Tampão • A maior parte do dióxido de carbono gerado no metabolismo energético reage com a água para formar ácido carbônico, que é relativamente fraco e dissocia-se em H+ e HCO3−. • Da mesma forma, o ácido láctico, que é mais forte, reage com o bicarbonato de sódio para formar lactato de sódio e ácido carbônico; por sua vez, o ácido carbônico dissocia-se e eleva a concentração de H+ dos líquidos extracelulares. Bicarbonato • O sistema tampão bicarbonato consiste em ácido carbônico e bicarbonato de sódio em solução. Durante o tamponamento, o ácido clorídrico (um ácido forte) é convertido em ácido carbônico, que é muito mais fraco, ao combinar-se com o bicarbonato de sódio na seguinte reação: HCl + NaHCO3 → NaCl + H2CO3 ↔ H+ + HCO3− • O tamponamento do ácido clorídrico provoca apenas uma ligeiraredução no pH. O bicarbonato de sódio no plasma exerce uma poderosa ação de tamponamento sobre o ácido láctico para formar lactato de sódio e ácido carbônico. • Qualquer aumento adicional da concentração de H+ em virtude da dissociação do ácido carbônico fará com que a reação de dissociação se desloque na direção oposta, liberando dióxido de carbono que entra em solução da seguinte maneira: Resultado da acidose H2O + CO2 ← H2CO3 ← H+ + HCO3− • O aumento do dióxido de carbono plasmático ou da concentração de H+ estimula imediatamente a ventilação para eliminar o dióxido de carbono “excessivo”. • Inversamente, a redução da concentração plasmática de H+ inibe o impulso ventilatório e retém dióxido de carbono que, a seguir, combina-se com a água para aumentar a acidez (ácido carbônico) e normalizar o pH. Resultado da alcalose H2O + CO2 → H2CO3 → H+ + HCO3− Tampão proteico • A hemoglobina é o aceptor mais importante de H+ para essa função de tamponamento. A hemoglobina é quase seis vezes mais potente na regulação da acidez que as outras proteínas plasmáticas. • A liberação de oxigênio da hemoglobina para as células transforma a hemoglobina em um ácido mais fraco, aumentando assim sua atividade para fixar o íon H+. • O H+ gerado quando o ácido carbônico é formado no eritrócito combina-se prontamente com a hemoglobina desoxigenada (Hb−) na reação: H+ + Hb− (Proteína) → HHb • As proteínas teciduais intracelulares também regulam o pH plasmático. Alguns aminoácidos possuem radicais ácidos livres. Quando dissociados, formam OH−, que reage prontamente com H+ para formar água. Tampão ventilatório • Quando a concentração de H+ livre no líquido extracelular e no plasma aumenta, passa a estimular diretamente o centro respiratório para aumentar imediatamente a ventilação alveolar. • Esse ajuste rápido reduz a PCO2 alveolar e faz com que o dióxido de carbono seja “eliminado” do sangue. • Os níveis plasmáticos reduzidos de dióxido de carbono aceleram a recombinação de H+ e HCO3−, baixando a concentração hidrogeniônica livre no plasma. Tampão renal • A excreção de H+ pelos rins, apesar de ser relativamente lenta, proporciona uma importante defesa a longo prazo que mantém a reserva corporal de tamponamento (reserva alcalina). • Com essa finalidade, os rins funcionam como as sentinelas finais. Os túbulos renais regulam a acidez por meio de complexas reações químicas que secretam amônia e H+ para a urina e, a seguir, reabsorvem o cloro e o bicarbonato. • A concentração de H+ aumentada em virtude da produção de dióxido de carbono e da formação de lactato durante a atividade física vigorosa torna a regulação do pH progressivamente mais difícil. • A regulação acidobásica torna-se extremamente difícil durante as sessões curtas e repetidas de um esforço all-out que eleva os valores sanguíneos do lactato até 30 mM ou até valores ainda mais altos. • No músculo ativo, o pH alcança valores ainda mais baixos do que no sangue, declinando para 6,4 ou menos por ocasião da exaustão. • Os dados anteriores indicam que os seres humanos toleram temporariamente distúrbios pronunciados do equilíbrio acidobásico durante o esforço físico máximo, até pelo menos o pH sanguíneo de apenas 6,80 – um dos valores do lactato sanguíneo mais baixos já relatados. A. Correlação entre pH sanguíneo e concentração sanguínea de lactato durante o repouso e com intensidades crescentes de um exercício de curta duração até o máximo. B. pH sanguíneo e concentração sanguínea de lactato relacionados com a intensidade do exercício expressada como um percentual do máximo. As reduções do pH sanguíneo acompanham os aumentos da concentração sanguínea de lactato.
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