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DISCIPLINA DE OFTALMOLOGIA - 2020 FCMSCSP Marcella S D Ganme Anatomia do Sistema Visual Considerações Iniciais - O sistema visual é composto pelo bulbo ocular (“globo"), anexos oculares (órbita, pálpebras, cápsula de tenon, conjuntiva e sistema lacrimal) e vias ópticas Anexos Oculares - Órbita: cavidade do esqueleto do crânio; tem função de proteção do bulbo ocular, além de transmissão de nervos e vasos. É formada por 4 paredes (assoalho, teto, lateral e medial) e 7 ossos (frontal, esfenoide, zigomático, maxilar, palatino, etimoide e lacrimal) Músculos: são os 6 mm extraoculares - reto medial, reto lateral, reto superior, reto inferior, oblíquo superior, oblíquo inferior - regidos pelas leis de Sherington e Lei de Hering Vasos: artéria ofltámica (ramo da carótida interna) e veia oftálmica superior e inferior (drenam para o seio cavernoso) Nervos: II, III, IV, V, VI, VII Tecido adiposo: funciona como um “amortecedor”; quando fica inflamado, gera um quadro de celulite orbitária - Pálpebras: pregas móveis protetoras do bulbo ocular; Histologicamente,as pálpebras são constituídas de fora para dentro por 4 camadas: pele; músculo orbicular do olho; camada de tecido conjuntivo (placa tarsal), onde são encontradas as glândulas sebáceas de Meibomius e glândulas lacrimais acessórias de Krause e Wolfring; camada mucosa, formando a conjuntiva palpebral (tarsal) que se continua com a conjuntiva bulbar Dentre as funções das pálpebras, temos - sensitiva (sensação de corpo estranho), pestanejar espontâneo/reflexo (proteção), secreções glandulares (lubrificação). São recobertas internas por conjuntiva (tarso); a junção das conjuntivas palpebral e bulbar forma o fórnice (“fundo de saco”) Glândulas: meibomius (sebáceas, no tarso), zeis (sebáceas modificadas, nos cílios) e moll (sudoríparas, entre os cílios) Músculos: orbicular da pálpebra (mov de fechamento; inervado pelo n. facial), levantador da pálpebra (elevação; invervado pelo n. oculomotor), Muller (elevação palpebral; inervação simpática) a) Paralisia do n. facial: lagoftalmo (olhos não fecham) b) Paralisia do n. oculomotor: ptose c) Paralisia simpática: ptose menos evidente - Conjuntiva: é uma membrana mucosa que cobre as pálpebras posteriormente, reflete para o globo ocular, formando o fórnice (fundo de saco), estende-se até o limbo. Inflamações podem causar edema (quemose) na região dos fórnices e da conjuntiva bulbar. Contém células caliciformes (secreção de mucina) e outras glândulas. A conjuntiva facilita o livre movimento do globo ocular e promove superfície lisa para que as pálpebras deslizem sobre a córnea. Sua vascularização é predominantemente originada de ramos da a. oftálmica; a invercação sensorial é mediada por ramos do n. oftálmico - Cápsula de Tenon: envolve a superfície extrema da esclera. Se continua com as fáscias dos mm. extraoculares, servindo de apoio e regulando direção da ação dos músculos. - Aparelho lacrimal: é constituído por glândulas, ductos e canalículos lacrimais e o ducto nasolacrimal. As glândulas lacrimais estão localizadas na borda superolateral da órbita e produzem continuamente lágrimas, que penetram no duto nasolacrimal e desemboca, no meato nasal inferior. Globo Ocular - É constituído por 3 túnicas: externa ou fibrosa (córnea + esclera), média ou vascular (íris + corpo ciliar + coroide) e interna ou neurossensorial (retina). Internamente, é formado pelo cristalino, humor aquoso e corpo vítreo (formam 3 compartimentos - câmara anterior, câmara posterior e espaço vítreo) - Córnea: é a porção mais anterior da túnica externa. É uma estrutura convexa transparente de alto poder refrativo. Continua posteriormente com a esclera, diferenciando por grau de hidratação de disposição de colágeno. Embora seja vascular, é ricamente inervada por fibras do ramo oftálmico do trigêmeo. Sua nutrição se da por difusão de nutrientes e oxigênio dos vasos perilímbicos do humor aquoso e do filme lacrimal. Divisão da córnea: epitélio corneano, membrana de Bowman, estroma, membrana de Descemet, endotélio - Limbo: transição entre córnea e esclera. Possui vasos sanguíneos (perilímbicos) e contém o seio venoso da esclera, por onde é drenado o humor aquoso. - Esclera: corresponde ao “branco" do olho. Continua-se posteriormente com a dura-máter, formando a lâmina crivosa (por onde passam feixes do n. óptico). É constituída por fibras colágenas, sendo uma barreira para o conteúdo intraocular e um local de fixação para os mm. extraoculares. - Íris: divide o espaço entre a córnea e o cristalino em anterior e posterior (da íris até a córnea temos a câmara anterior do segmento anteriro do bulbo ocular, e da íris até o cristalino temos a câmara posterior do segmento anterior). Possui um orifício central denominado pupila, a qual tem seu diâmetro variável (m. esfíncter da pupila e m. dilatador da pupila - o primeiro inervado pelo oculomotor e, o segundo, por fibras simpáticas). - Coróide: contém vasos que formam uma camada chamada coriocapilar, responsável por irrigar parte da retina. Entre coróide e retina, há a membrana de Brunch. - Corpo ciliar: é subdividido em duas porções - pars plicata (mais anterior) que está em contato com o limbo e pars plana (mais posterior) que forma a ora serrata. Os processos ciliares são responsáveis pela formação do humor aquoso - Retina: é formada por 9 camadas neurossensoriais (fotorreceptora, membrana limitante externa, nuclear externa, plexiforme externa, nuclear interna, plexiforme interna, células ganglionares, fibras nervosas e membrana limitante interna). É irrigada através da camada coriocapilar e de ramificações da a. central da retina - Cristalino: tem forma de lente biconvexa discoide e é dividido em 3 partes - cápsula externa, epitélio subcapsular anterior e massa interna. É responsável por 1/3 do poder refrativo ocular e destaca-se pela capacidade de acomodação. - Corpo vítreo: composto por água, fibras de colágeno e de ácido hialurônico. Ocupa toda a cavidade posterior do cristalino, tendo um importante papel no amortecimento do globo ocular. Membrana hialoide: superfície externa do cristalino; é firmemente aderida à retina em certos pontos (n. óptico e ora serrata), locais mais propícios ao deslocalmento da retina devido à maior tração. - Humor aquoso: produzido nos processos ciliares, preenche as câmaras anteriores e posterior. É composto de glicose, oxigênio e aminiácios que servem de nutrientes para a córnea e o cristalino. - Divisões: o cristalino divide o bulbo ocular em segmento anterior (1/3) e segmento posterior (2/3). Além disso, podemos dividir o bulbo em tûnicas - externa, interna e média. Olhos Vermelhos Marcella Ganme LVI Considerações Iniciais - Definições Hiperemia ocular: injeção ciliar (apenas ao redor da córnea) x hiperemia difusa; a injeção ciliar indica doenças da córnea ou intraoculares; pode ser um sinal de gravidade; a hiperemia difusa aponta para doenças da superfície ocular Simetria pupilar: isocoria consiste pupilas simétricas, com mesmo diâmetro; pode ser em miose ou em midríase; a anisocoria consiste em pupilas assimétricas; é sinal de gravidade em pacientes com olhos vermelhos Resposta ao estímulo luminoso: a ausência de reflexo luminoso é sinal de gravidade Pressão intraocular: caso não haja possibilidade de medir a pressão através da tonometria, pode-se usar a pressão bidigital (dois dedos pressionam o globo ocular suavemente, comparando a resistência contra lateral) - Aspectos essenciais no paciente com olhos vermelhos: padrão de hiperemia, simetria pupilar, resposta luminosa, acuidade visual, pressão intraocular Conjuntivites - A conjuntivite viral é a causa mais frequente de olhos vermelhos. É, em geral, benigna e auto limitada; causada principalmente por adenovírus Quadro clínico: hiperemia difusa, pupilas isocóricas e fotorreagentes, pressão ocular normal, presença de folículosna lâmpada de fenda; paciente refere sensação de corpo estranho, lacrimejamento, fotofobia; em geral é bilateral, pode cursar com secreção mucóide não purulenta; pode cursar com linfonodomegalia pré-auricular; há preservação da acuidade visual Tratamento sintomático; contraindicação de antibióticos e esteroides (cronificam a doença, causam risco de ceratite infecciosa, dificultam a cicatrização da córnea, aumentam a pressão ocular) - Conjuntivite bacteriana: é mais rara, em geral não é contagiosa. A evolução também costuma ser auto-limitada. Quadro clínico: hiperemia difusa, secreção purulenta, sem dor, costuma ser unilateral, pupilas isocórias e fotorreagentes, lâmpada de fenda com papilas, pressão ocular normal Quadros causados pela Neisseiria gonorrhae são graves e podem evoluir para perfuração ocular em poucas horas - Conjuntivite alérgica: doença crônica com períodos de agudização; paciente com história de atopia (rinite, dermatite, bronquite, asma) Quadro clínico: quadro em geral bilateral, hiperemia difusa, secreção mucoide não purulenta, pupilas isocórias e fotorreantes, presença de limbo gelatinoso lâmpada de fenda com formação de papilas hipertróficas; sem dor, pressão ocular normal Olhos vermelhos de atendimento emergencial - As ceratites são inflamações da córnea, e podem ser infecciosas ou não infecciosas. Uma ceratite profunda é chamada de úlcera. Podem ser causadas por corpos estranhos, traumatismos, lentes de contato, infecções e uso crônico de corticóides tópicos. São quadros mais graves e demandam atendimento oftalmológico de urgência Quadro clínico: hiperemia no padrão de injeção ciliar, sem secreção, pupilas isocórias e fotorreagentes, pressão ocular normal, é um quadro em geral unilateral; a visão tende a estar diminuída e a há presença de dor (moderada a intensa) - Uveíte aguda: inflamação da úvea; pode estar associada a doenças do colágeno (lúpus, artrite reumatóide) ou a infecções Quadro clínico: hiperemia no padrão de injeção ciliar, visão reduzida, muito embaçada; pupilas anisocóricas com miose, pouco fotorreagentes; presença de precipitados ceráticos; quadro tende a ser unilateral, sem secreção, pressão ocular normal ou um pouco elevada - Glaucoma agudo: aumento súbito de pressão ocular, é um quadro muito grave. Em geral pacientes com história de hipermetropia. Pode levar a perda definitiva de visão Quadro clínico: injeção ciliar; anisocoria com midríase fixa, pouco reagente a luz; redução da visão, quadro unilateral e doloroso, pressão ocular muito elevada, sem secreção; pode cursar com náuseas, vômitos e tontura - Perfuração ocular: em geral é decorrente de trauma ocular ou de infecção; quadro grave Quadro clínico: injeção ciliar; discoria (alteração da forma, em geral “aponta" pro local de perfuração) e anisocoria; dor, visão reduzida e muito embaçada; não há secreção, é um quadro unilateral, na lâmpada de fenda há vazamento de humor aquoso. NÃO SE DEVE AFERIR PRESSÃO OCULAR Perda Visual Aguda Indolor Considerações Iniciais - As perdas visuais agudas costumam ser urgências médicas e devem ser investigadas rapidamentes. - O que investigar: uni (doenças oculares) ou bilateral (doenças neurológicas sistêmicas), presença de dor, hiperemia ocular, cronicidade (foi transitória? foi contínua?), investigar HAS e DM2 (neovasos na retina), uso de anticoagulantes e histórico de AVC Perda Bilateral - Hipotensão postural: idosos, diabéticos, pacientes com hipovolemia, uso de vasodilatadores/diuréticos; quadro de perda de visão associado a tontura, mal- estar e até síncope; é transitória - Fadiga: baixa visual leve com desconforto acular; relacionado à leitura prolongada e uso de computador + presbiopia ou iluminação inadequada; melhora após cessa atividade. Perda Unilateral - Amarose fugaz: cegueira ocular transitória (15 min a 1 hora) devido a isquemia que afeta a circulação ocular (êmbolo na retina). Está associado a doença da carótida ou êmbolos de origem cardíaca —> investigação com ECG, doppler de carótica, angiorressonância - Hemorragia vítrea: leve embaçamento até perda total da visão de forma abrupta devido a hemorragia no vítreo; causa mais comum é retinopatia diabética avançada (ruptura de neovasos), além de trauma, oclusão venosa retiniana, roturas retinianas - Descolamento de retina: espontâneo em pacientes predispostos (principalmente míopes e operados de catarata); paciente refere que "uma cortina desceu no olho”; acuidade visual fica bastante variada, dependendo do local do descolamento - Oclusão de veia de retina: ocorre em geral em pacientes acima de 50 anos, com histórico de HAS, DM, doença cardiovasculares, doenças oculares prévias (glaucoma, por exemplo) Fundo de olho: hemorragia, tortuosidade venosa importante, exsudato algodonoso - Oclusão de artéria da retina: ocorre em pacientes em geral com 60 anos, com HAS, diabetes, doenças valvulares cardíacas, placa de carótida; acuidade visual é bastante baixa Fundo de olho: opacificação da retina, região da mácula com mancha vermelho-cereja, defeito pupilar aferente - Neuropatia Óptica Isquêmica Anterior (forma não arterística): perfusão inadequada do nervo óptico; gera baixa de visão súbita em pacientes de 40-65 anos Fundo de olho: edema do nervo óptico, palidez com hemorragia em chama de vela Diplopia Considerações Iniciais - A diplopia, ou seja, visão dupla, é uma consequência da alteração da motilidade do aparelho visual. Geralmente é o resultado da perda do paralelismo dos olhos e pode representar um dos sin-tomas de várias condições oculares, neurológicas ou sistêmicas. - Movimentos oculares: Os o lhos realizam dois tipos fundamentais de movimento: um rápido, denominado sacádico, cuja função é mudar o olhar de um objeto para outro, e um lento, chamado persecutório, que serve para acompanhar um objeto que se move. O primeiro tem origem neu-ral no córtex frontal e é voluntário, e o segundo no córtex occipital e é involuntário. - Os músculos oculomotores são inervados por três nervoscranianos: o terceiro nervo (também chamado motor ocular co-mum) inerva os músculos retos, o oblíquo inferior e o levantador da pálpebra superior; o quarto nervo (também chamado troclear ou patético) inerva o oblíquo superior; e o sexto nervo (também chamado abducente) inerva o reto lateral. - Perguntas mais importantes na avaliação: Qual o tipo de diplopia? monocular ou biocular; diplopia monocular está mais relacionada a processos oculares, como, por exemplo, erros refracionais ou alterações na transparência de meios oculares, tais como córnea e cristalino. Já a binocular é muito mais séria, fazendo-nos pensar em causas neurológicas ou orbitárias. Há quanto tempo? Existe posição de melhora ou piora? Existe melhora ou piora ao decorrer do dia? miastenia gravis, por exemplo, cursa com variação Há sintomas associados? Há doença sistêmica? a suspeita de doença neurológica ocorre quando há uma incomitância - Diplopia Monocular: Trata-se na realidade mais de um borrão visual que propriamente de diplopia. As imagens em geral estão juntas, porém borradas. Tem evolução lenta. Causas refracionais: ametropia, catarata, ceratocone e pós-cirurgia refrativa Causas não-refracionais: maculopatia, o descolamento de retina e luxação ou subluxação de cristalino.ento de retina e luxação ou subluxação de cristalino. - Diplopia Biocular: Os pacientes com maturidade visual e portadores de algum desvio ocular, por serem incapazes de suprimir ou ignorar a imagem de um dos olhos, têm como sintoma a diplopia. Nesse tipo de diplopia, a queixa principal é de que as imagens são distintas e separadas. Se o desvio for pequeno, o paciente pode adotar posição viciosa de c a b e ç a , c o m o m e c a n i s m o compensatório da diplopia. História de traumas crânio-encefálicos, cefaléia e cirurgias oculares nos auxiliam num provável diagnóstico.Causas: principais causas de diplopia binocular podem ser classificadas em causas oculares e sistêmicas. As causas oculares compreendem alteração na motilidade extrínseca ocular e alterações orbitárias (traumas e tumores). As causas sistêmicas incluem diabetes melito, hipertensão arterial sistêmica, miastenia gravis, trauma crânio-encefálico, aneurisma intracraniano, tumor intracraniano e hipertensão intracraniana Paralisia de nervos - N. III: O quadro clínico consta de grande exotropia, muitas vezes com pequena hipotropia, limitação total de adução e movimentos verticais, além de blefaroptose, midríase e falta de acomodação. Causas: a etiologia da paralisia do III nervo é muito variada, frequentemente traumática, por cirurgia intracraniana, aneurismas vasculares Exames laboratoriais: glicemia de jejum, hemoglobina glicosilada, tomografia e ressonância magnética - N. VI: leva a paralisia do reto lateral diplopia horizontal que é mais intensa na direção do músculo acometido; Causas: a hipertensão intracraniana projeta o tronco cerebral para baixo e distende o nervo, causando paralisia. Ele pode também ser lesado no seio cavernoso. Há muitas outras afecções nervosas que podem causar sua paralisia; uma das causas mais frequentes é o diabetes. - N. IV: leva a paralisia do oblíquo superior; essa paralisia pode ser unilateral (hipertropia do olho afetado que aumenta na lateroversão oposta ao olho afetado, hiperfunção do oblíquo inferior desse olho, aumento da hipertropia à inclinação cefálica para o lado do olho afetado, torcicolo para o lado oposto a esse olho, diplopia vertical, anisotropia em V e hipofunção do oblíquo superior afetado) ou bilateral (esotropia e ex-torção em infraversão) - Miastenia gravis: Enfermidade neuromuscular autoimune, caracterizada por excessiva fatigabilidade dos músculos estriados, particularmente os inervados pelos nervos craniais. Frequentemente, os músculos oculomotores são os primeiros afetados, mimetizando qualquer outro quadro clínico oculomo-tor e blefaroptose. Muitas vezes, a enfermidade mantém-se restri-ta a esses músculos permanentemente; outras vezes, após algum tempo, generaliza-se. Ela é incurável, mas pode apresentar remis-sões espontâneas Avaliação do Paciente com Trauma Ocular Considerações Iniciais - Anamnese: descrição detalhada, tempo de história, pesquisa de corpos estranhos (metálico, vidro, plástico, madeira), pesquisa de queimadura química, pesquisa de tentativa de manipulação Traumatismo com objeto contuso ou cortante: compreender natureza, força e direção do impacto - Antes de qualquer exame ou intervenção, deve-se realizar o teste de acuidade nos dois olhos, mesmo que apenas um tenha sido afetado. - Classificação do trauma ocular: globo ocular fechado (contusão e laceração) ou aberto (ruptura ou laceração; a primeira é causada por objeto rombo, a segunda é por objeto corto-cortante) Exame externo - Avaliação da simetria orbital, da posição do globo ocular, alterações na palpebra (hematoma, edema, laceração). A manipulação deve ser cuidadosa. - Reflexos pupilares: fotomotor (direto e consensual) e acomodação - Motilidade ocular extrínseca: importante principalmente em pacientes que apresentam diplopia; pode ser causada por trauma muscular, lesão da inervação motora ou origem central Subtópico 2 Apresentação de Traumas Oculares - Abrasão da Córnea: defeito epitelial da córnea, pode ser total, parcial ou puntiforme; cora com fluoresceína Causas: solda elétrica, corpo estranho em pálpebra superior, paralisia facial - Hiposfagma: lesão dos vasos conjuntivais causa sangramento que fica alojado na esclera e na conjuntiva; em geral é assintomático Causas: uso de anticoagulante, esforço físico extremo, trauma direto, HAS - Hifema: presença de sangue na câmara anterior (córnea e íris preenchidas por humor aquoso); pode ser parcial ou total Causas: trauma, glaucoma neovascular, diabetes - Corpos estranhos Corpo estranho na conjuntiva: podem ficar alojados na conjuntiva bulbar ou abaixo da pálpebra Corpo estranho na córnea; causada pelo uso de solda elétrica sem óculos de proteção - Lacerações Laceração da conjuntiva: não é um trauma aberto, já que não faz parte da parede anterior; Laceração lamelares da córnea: lesão de parte da espessura da córnea sem atingir a câmara anterior; Laceração palpebral: muito importante verificar se houve laceração do canalículo lacrimal Lacerações córnea-esclerais: trauma aberto; causadas por agressões, acidente automobilístico ou acidente de trabalho; cursa com dor, lacrijemamento, hiperemia, baixa acuidade visual; reflexos pupilares pode, estar alterados; há em geral alteração da configuração anatômica regular do globo ocular. - Fratura de órbita: parede medial e inferior são as mais comuns; pacientes podem apresentar redução da acuidade visual, diplopia; ao exame observa-se equimose, edema periocular, enfisema subcutâneo, hipoestesia infra-orbital, saída de sangue pelo nariz - Queimaduras químicas: tratamento precede exame (anestésico tópico + irrigação com solução salina + cotonete no fundo do caso conjuntival para retirar partículas cristalizadas) Glaucoma Considerações Iniciais - Glaucoma é a segunda causa de cegueira no mundo, sendo a principal causa de cegueira irreversível. A apresentação mais comum é o glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA) - É uma neuropatia óptica crônica, progressiva caracterizada pela perda de tecido neural no disco óptico. - Os sintomas iniciais são sutis e mais da metade dos pacientes não sabem que tem a doença; o diagnóstico precoce é essencial. Os principais fatores de risco para glaucoma primário de ângulo aberto são: idade avançada, histórico familiar, etnia negra, córnea fina e pressão intraocular elevada (PIO). A elevação da PIO não faz parte da definição de glaucoma! Há pacientes portadores de GPAA na qual a PIO está normal, e há pacientes com PIO elevada que não possuem glaucoma. - Aberto x Fechado: essa classificação é feita de acordo com a amplitude formada pela face posterior da córnea e o folheto anterior da íris. No glaucoma de ângulo aberto, a íris não obstrui o trabeculado e a drenagem do humor aquoso. Anatomia Ocular - Pressão intraocular: a PIO é regulada pelo equilíbrio entre a produção do humor aquoso (HA) e sua drenagem. O HA é produzido no corpo ciliar e secretado para a câmara posterior; atravessa a pupila e chega à câmara anterior, sendo drenado pelo trabeculado, canal de Schlemm e veias episclerais e, em menor quantidade, pela via uveoesclera Marcella Ganme LVI - Nervo Óptico: Os axônios das células ganglionares da retina convergem em direção à cabeça do nervo óptico ou disco óptico, atravessam a lâmina cribriforme e chegam ao corpo geniculado lateral. A escavação do nervo óptico consiste em uma região da cabeça na qual não há tecido nervoso GPAA - Patogenia: escavação do disco óptico devido a perda de células ganglionares da retina. Ainda não se sabe totalmente como essa perda ocorre. Sabe-se que a elevação da PIO causa estresse mecânico nas estruturas posteriores do bulbo ocular, especialmente na lâmina cribriforme, o ponto mais frágil e pelo qual passam os axônios das células ganglionares que formam o nervo óptico. Isso resulta em compressão, deformação e remodelagem da lâmina cribriforme e consequente interrupção do fluxo axonal retrógrado e anterógrado e morte da célula ganglionar por privação de fatores tróficos. Sintomas GPAA: assintomático até os estágios mais avançados; a perda do campo visual periférico é gradual e muitas vezes não é percebido até se atenuar. - Diagnóstico: alterações típicas do disco óptico, defeitos correspondentes no campo visual e ângulo iridocorneal aberto/fechado. Tonometria: medição da PIO Fundoscopia: aumento da relação escavação/disco óptico, aumento progressivo da escavação, aumento vertical da escavação, assimetria daescavação entre os olhos, hemorragia no disco óptico, defeito localizado na rima neural Gonioscopia: exame para observação do ângulo iridocorneal Exame do campo visual: a perimetria é importante para avaliar a progressão da doença, bem como para realizar o diagnóstico funcional; os defeitos no GPAA incluem escotoma arqueado s u p e r i o r o u i n f e r i o r, e s c o t o m a paracentral, depressão generalizada da sensibilidade - Tratamento: o objetivo é abaixar a PIO, mantendo estáveis o nervo óptico, a camada de fibras nervosas da retina e o campo visual. Quando mais baixa a PIO, menores são as chances de progressão da doença. As formas de redução incluem medicações, laser e cirurgia incisional. Colírios: análogos de prostaglandinas (1a escolha; aumentam a PIO por aumento do fluxo uveoscleral), beta bloqueadores (diminuem produção de humor aquoso), inibidores da anidrase carbônica (reduzem produção do humor aquoso), agonistas alfa 2 adrenérgicos (diminuem a produção de humor aquoso e aumentam a drenagem) Laser: trabeculoplastia aumenta drenagem do humor aquoso pelo trabeculado; indicada em pacientes que usam medicação máxima antes de recomendar cirurgia Cirurgia: quando colírios e laser não são suficientes para regular a PIO; cirurgia de eleição é a trabeculectomia (cria via alternativa à drenagem do humor aquoso); há também os dispositivos de drenagem, que são pequenos tubos que drenam o humor aquoso até uma cápsula fibrosa - indicados em caso em que a trabeculectomia não funcionou Procedimentos ciclodestrutivos: ciclofotocoagulação a laser diminui produção do humor aquoso; possui chance de diminuir acuidade visual. Glaucoma Congênito Considerações Iniciais - Na infância, os principais glaucomas são: adquiridos (principalmente decorrente do uso de corticoides) e os congênitos primários - Os glaucomas são considerados congênitos quando aparecem até os 4 anos de idade. Glaucoma Congênito Primário - É uma doença rara (1/10.000 nativivos), de herança genética recessiva, mais comum no sexo masculino. Em geral é bilateral, porém assimétrico. - Patogenia: há a interrupção da reabsorção do tecido mesodérmico no seio camerular, o que leva a formação de um obstáculo à drenagem do humor aquoso pela malha trabecular e canal de Schlemm. Assim, há aumento da pressão intraocular que leva a lesão do nervo óptico - Quadro clínico: o aparecimento do quadro clínico é variável, podendo surgir do momento do nascimento ou mais tardiamente (80% até o 1o ano de vida). Cursa com epífora, fotofobia e espasmo palpebral (triade sintomática) Edema do epitélio da córnea, opacidade da córnea (decorrente do edema), aumento di diâmetro da cornea - Diagnóstico: alterações na córnea (brilhp, transparência, tamanho), bulbo ocular aumentado, fotofobia - C o n d u t a : e n c a m i n h a m e n t o p a r a oftalmologista! Deve ser realizado exame sob narcose para confirmação do diagnóstica; o tratamento é cirúrgico (trabeculotomia) Glaucoma Cortisônico - Os corticóides, em qualquer idade e em qualquer via de uso, pode causar catarata e glaucoma. O corticoide na infância é usado em obstrução das vias lacrimais, conjuntivites infecciosas, alergia ocular, pós operatórios, traumatismos oculares - Patogenia: aumento do depósito de glicosaminoglicanos e redução da degradação do citoesqueleto da malha trabecular - Quadro Clínico: fotofobia e alterações de córnea (redução de transparência e brilho, aumento de diâmetro) - Tratamento: suspensão de corticóide e encaminhamento para oftalmologista Retinopatia Diabética Considerações Iniciais - A retinopatia diabética é uma doença inflamatória dos vasos sanguíneos. Vale lembrar que a DM é uma doença crônica inflamatória na região vascular, com ativação leucocitária, aumento das moléculas de adesão e das citocinas inflamatórias. Assim, há inflamação da parede dos vasos e alteração do fluxo sanguíneo. Isso pode levar a alteração da membrana basal dos vasos, alterando portanto a estrutura e a permeabilidade vascular, além da diferenciação e e proliferação celular que ocorre no interior dos vasos. DM e alterações oculares - Alterações da refração por conta de hiperglicemia Alteração aguda da refração por aumento da glicemia na região da câmara anterior: índice de refração do humor aquoso se altera. Alterações crônicas da refração: aumento da osmolaridade do humor aquoso por acúmulo do sorbitol causa a desidratação do cristalino, de forma que o cristalino reduz o diâmetro ântero-posterior. - Fisiopatologia da Retinopatia Diabética: a hiperglicemia provoca alterações nas estruturas vasculares, tornando os vasos incapazes de manter o sangue e seus derivados no interior de suas estruturas, provocando vazamentos. Esses derivados sanguíneos são tóxicos para a retina, que, por sua vez, sofre deterioração. Associados à falta de vascularização adequada por conta da falência da vasculatura retínica e hipóxia, eles levam a lesões cada vez mais importantes, muitas vezes causando cegueira em muitos indivíduos não tratados. Inicialmente, ocorre desestruturação mecânica da parede vascular, com perda dos pericitos (células de suporte e estabilização dos vasos) e das células endoteliais vasculares. Esse processo piora conforme a DM piora. Com isso, há aumento da permeabilidade vascular e extravasamento de células, formando micro-hemorragias na retina. A piora desse processo leva a uma permeabilidade ainda maior, que passa a permitir o vazamento de lipídios e lipoproteínas, que resulta na formação de exsudatos duros, localizados nas camadas mais profundas da retina. A permeabilidade excessiva também provoca edema macular (principal causa de baixa de visão na retinopatia diabética) A piora da vascularização decorrente da incompetência dos capilares pode levar à oclusão vascular da retina em áreas cada vez maiores, tornando essas áreas de não perfusão vascular hipóxicas, levando a dilatações venosas localizadas e hemorragias em “chama de vela”, c a r a c t e r i z a d a s p o r m a n c h a s aver melhadas, de bordas mal delimitadas, localizadas nas camadas mais superficiais da retina. A hipóxia fica tão intensa que leva a morte neuronal, e os axônios e corpos celulares começam a “estourar”, liberando exsudatos moles. A hipóxia tecidual aumenta a produção de VEGF levando à formação de vasos sanguíneos anômalos como as IRMAS (intraretinal vascular abnormalities) e até à formação de neovasos (retinopatia diabética proliferativa). Os neovasos frequentemente podem sangrar, provocando hemorragias retínicas e vítreas. - O sangue presente na retina (decorrente da hemorragia dos neovasos) passa a formar um tecido fibrótico, o qual tem alta capacidade contrátil. A contração desse tecido pode provocar um descolamento da retina. - Tratamento: feito de forma agressiva. O principal ponto é o controle da diabetes, evitando a progressão da doença. Uso de corticoides intravítreos auxiliam no controle da inflamação, reduzindo o edema. Também é possível utilizar medicamentos antiangiogênicos, destruindo os neovasos formados. Alterações Oculares na HAS Considerações Iniciais - A hipertensão arterial sistêmica é uma doença crônica, assintomática, que afeta o coração, o cérebro e os rins. Nos olhos, a principal estrutura acometida é a retina, mas pode envolver a coroide e o nervo óptico, sobretudo na hipertensão arterial maligna. As oclusões vasculares, o macroaneurisma e a neuropatia óptica isquêmica são as principais complicações associadas - As retinopatias hipertensivas podem ser divididas em hipertensivas x arterioscleróticas e em agudas x crônicas. Aguda: espasmo arteriolar focal ou difuso; manchas algodonosas (infarto das fibras nervosas), exsudatos duros (estrela macular), hemorragias superficiais (em chama de vela) e edema da retina Crônica: estreitamento das arteríolas, tortusidade vascular, aumento do reflexo dorsal dos vasos(hialinização das paredes) Marcella Ganme LVI - Fisiopatologia: constrição das arteríolas retínicas, o que cronicamente, leva a quebra da barreira hematorretínica interna. Assim, há extravasamento de sangue e plasma. Isso é observado na forma de hemorragias e exsudatos duros. Alterações arterioescleróticas - Reflexo arteriolar: o reflexo dorsal da arteríola encontra-se alterado na arterioesclerose. Esse reflexo torna-se mais difuso e aparenta menos brilho devido às alterações na parede do vaso. Se, no entanto, há progressão desse processo, ocorre modificação na cor da arteríola para próximo do dourado, alteração conhecida como arteríola em fio de cobre, o que denota cronicidade. Essa alteração ocorre devido a hialinização da parede dos vasos. - Cruzamentos arteriovenulares: No cruzamento vascular normal, a coluna de sangue pode ser vista de forma diferente tanto na arteríola quanto na vênula. Já na presença de esclerose, a visualização da vênula fica prejudicada no cruzamento (ocultamento). Com o avançar do processo, pode-se observar uma def lexão ou mudança no trajeto da vênula junto ao cruzamento, o que é chamado de Sinal de Salus. Sinal de Salus: com o avançar do processo, pode-se observar uma deflexão ou mudança no trajeto da vênula junto ao cruzamento Sinal de Gunn: além da deflexão, ocorre um esbatimento com afinamento das porções proximal e distal da vênula - Dilatação e tortuosidade dos vasos: a associação de aumento na tortuosidade à elevação do diâmetro é uma alteração encontrada na arterioesclerose. - Irregularidade do lúmen vascular: esclerose focal é responsável pela irregularidade no calibre da arteríola, o que pode ser observado pelo estreitamento da coluna sanguínea e aumento do reflexo arteriolar. - Embainhamento: formação de uma estria esbranquiçada ao longo de cada lado da arteríola, sendo causada por proliferação de tecido subendotelial com hialinização e fibrose perivascular. - Exsudatos dutos: formados por lipídeos e lipoproteínas que extravazam dos vasos devido a alteração de permeabilidade. Dependendo da localização, assumem uma distribuição radial em torno da mácula, recebendo o nome de estrela macular. Alterações hipertensivas - Estreitamento arteriolares: o estreitamento pode ser focal ou generalizado. Com o passar do tempo, esse estreitamento tende a retificar a arteríola. - Manchas brancas algodonosas: surgem por isquemia ao nível da microcirculação e traduzem edema focal. São formados por restos citoplasmáticos de neurônios degenerados. - Hemorragias: as hemorragias são originadas da alteração da permeabilidade vascular ou de oclusões venosas e são mais comumente superficiais e lineares (em chama de vela) - Edema de papila: se inicia com hiperemia da pupila óptica, até que as bordas tornam-se borradas e todo seu contorno fica impreciso. As vênulas mostram-se tortuosas e de calibre aumentado. Considerações Finais - De forma genética, a retinopatia hipertensiva está dividida em 4 fases: vasoconstrição, exsudação, esclerose e complicações da arterioesclerose. Na fase da vasoconstrição, há es- pasmos arteriolares focais ou gene- ralizados. A fase exsudativa é representada por aumento da permeabilidade vas- cular retiniana (ou de vasos sub-retinianos anômalos), surgindo edema, exsudatos duros e hemorragias. Na fase de esclerose, notamos aumento do reflexo arteriolar, cruza- mento arteriolovenular com pinçamento e embainhamento vascular. Entre as complicações, estão espessamento da íntima, hialinização das células da camada muscular e aparecimento de macroaneurismas, microaneurismas, membrana epirre-tiniana e oclusão da artéria e veia centrais da retina. - Outras consequências oculares da HAS: oclusões venosas (chances aumentam com idade, DM, trombofilias, doenças oculares prévias, dislipidemia), são divididas de acordo com a lozalização do trombo (veia central, ramo venoso ou oclusão hemisférica); oclusões arteriais (artéria centaral, ramo ou artéria cilirretiniana); neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (infarto do nervo óptico); hiposfagma (hemorragia subconjuntival) Catarata Considerações Iniciais - Catarata é considerada qualquer tipo de opacidade no cristalino, sendo a maior causa de cegueira reversível no mundo. É, portanto, um conjunto que engloba diversas doenças. - Fatores de risco: idade, obesidade, DM, alcoolismo, histórico de cirurgia ocular, exposição ao sol, tabagismo, nutrição, genética, uso de corticoestereoides, exposição à radiação - Principais causas: senil (fibras do cristalino vão senso sobrepostas e ficam opacas), doenças sistêmicas, uso de medicamentos, trauma, congênita Senil: Acredita-se que, com o envelhecimento, o cristalino torna-semenos elástico, reduzindo sua habilidade de acomodação e pro-vocando a presbiopia. De modo geral, o cristalino também diminui sua atividade metabólica e reduz seu sistema antioxidante, provocando consi-deráveis alterações proteicas, como agregação, degradação e di-minuição da solubilidade Doenças sistêmicas: doenças metabólicas, tabagismo, desnutrição, dermatite atópica, síndrome da pseudo-exfoliação, doenças auto-imunes Medicamentos: corticóides (oral e tópico!!!), mióticos, amiodarona, estatinas, fenotiazínicos Traumas: diretos, radiações ionizantes, choque elétrico, queimadua química, infravermelho e ultravioleta Cirurgias: vitrectomia posterior, transplantes, trabeculectomia Quadro Clínico - Os principais sintomas da catarata relacionam-se ao embaça-mento dos meios transparentes do eixo visual de um ou ambos os olhos, simulando uma visão através de um vidro fosco. Inicialmente, ela é assintomática, sobretudo quando não acomete o eixo da visão. - Baixa acuidade visual, perda de sensibilidade ao contraste, halos ao redor de pontos luminosos, ofuscamento, fotofobia, embaçamento, baixa de visão noturna - Diagnóstico: O diagnóstico é feito no exame oftalmológico completo, que consiste em observar todas as estruturas oculares e correlacionar com a acuidade visual. Os exames oftalmológicos que devem ser realizados são: Acuidade visual com e sem a melhor correção óptica Biomicroscopia com lâmpada de fenda Mapeamento de retina Biomicroscopia de fundo - Tratamento: cirúrgico; o tratamento cirúrgico mais atual é a extração do cristalino, utilizando uma tecnologia chamada facoemulsificação. No lugar do conteúdo cristaliniano, implanta-se uma lente intraocular com dioptria específica de acordo com a anatomia do olho operado. Catarata Infantil Considerações Iniciais - A catarata infantil decorre do nascimento com um cristalino opaco. Quando o diagnóstico precoce não é feito, a falta de tratamento leva a perda visual permanente. É importante ressaltar que nem sempre a opacidade é grande e visível macroscopicamente - Pode ser uni ou bilateral. A bilateral em geral está associada com doenças sistêmicas (hipoglicemia, trisomia, distrofia miotônica, doenças infecciosas como herpes simples, citomegalovirus, rubéola). - Teste do olhinho: obrigatório em maternidades e hospitais paulistas; é a pesquisa do reflexo vermelho, que deve estar presente bilateralmente Fisiopatologia e Quadro Clínico - A catarata na criança cursa com mudanças refrativas frequentes, opacif icação capsular (cápsula posterior), glaucoma, ambliopia (incapacidade de desenvolver boa visão), maior inflamação no pós-operatório ocular Desenolvimento da ampliopia: catarata localizada em região central, de al ta dens idade e tamanho grande, há grande chances de desenvolvimento de ambliopia se não for feita a intervenção precoce. - Momento cirúrgico: essencial para o bom prognóstico; a intervenção deve ser precoce, com menos de 2 meses de vida (período crítico). Degeneração Macular Considerações Iniciais - A mácula é uma área definida anatomicamente como sendo a porção do polo posterior da retina, correspondendo à região central entreas arcadas vasculares temporais. A fóvea ocupa o centro macular e é responsável pela visão de detalhes e cores devido a sua anatomia e composição de fotorreceptores. - A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma doença retínica que leva à perda da visão central, deixando a vi-são periférica intacta. Ela ocorre em cerca de 10-15% da popula-ção entre 65 e 74 anos e em 25% acima dos 75 anos. - Fatores de risco: exposição excessiva a luz solar, tabagismo, íris de cor clara, hipermetropia e idade (principal fator de risco) - Com o envelhecimento, ocorrem alterações na região macular, tanto em fotorreceptores (redução de distruibuição e densidade), como na membrana de Brunch (depósitos basais) e nas coriocapilares (alterações involucionais). - O estresse oxidativo tem sido associado a muitos processos patológicos. A mácula, sendo um local de grande atividade metabólica, está sujeita a altos Marcella Ganme LVI níveis de radicais livres . A exposição da retina à luz causando foto-oxidação, a presença de produtos de peroxidação lipídica podem gerar EROS. Com o envelhecimento, ocorre desequilíbrio entre os fatores antioxidantes e os radicais livres, resultando em lesão tissular o que sugere a contribuição do dano oxidativo na patogênese da DMRI Quadro Clínico - Classificação: seca x úmida Seca: maioria dos casos; apresentam depósitos amarelados abaixo do epitélio pigmentar (drusas); Com o avançar da idade, as células do epitélio pigmentar tornam-se menos eficientes no desempenho de suas funções, sendo assim, a retina não pode mais receber alimentação adequada e acumula resíduos, o que leva a depósitos denominados drusas amorfas. d) As drusas constituem depósitos brancos ou levemente amarelados, localizados entre a membrana basal do EPR e a membrana de Bruch da regi ã o macular. Histologicamente, apresentam-se como espessamentos da membrana de Bruch e depósitos extracelulares hialinos e ricos em lipídios. A porção interna da membrana espessada pode se destacar juntamente ao EPR causando o descolamento do EPR (DEP) e com aparência de uma drusa de tamanho maior Úmida: cursa com formação de membrana neovascular subretiniana; pode estar associada a exsudatos duros, hemoragia, descolamento da retina, edema macular, proliferação fibrovascular; é grave, pode levar a perda súbita da visão - Os sintomas mais comuns de DMRI são embaçamento da visão central, metamorfopsia (distorção da imagem) e visão reduzida, podendo levar a um escotoma central e importante perda de visão. Perda da integridade da membrana de Brunch: leva ao crescimento de complexos neovasculares da coroide nos espaços epiteliais e subretinianos. Esses vasos são fragéis, de forma que permitem hemorragias e vazamentos. Assim, há comprometimeto da integridade da retina, da mácula, da fóvea. O resultado final é uma cicatriz fibrovascular densa (perda da visão irreversível) - Diagnóstico: fundoscopia + angiografia fluoresceínica (contraste endovenoso; permite estudar o fluxo sanguíneo na retina e coroide, bem como registrar detalhes do epitélio pigmentar e da integridade funcional) + OCT (luz de scan focalizada na retina cria imagem do tecido analisado) - Tratamento: anti-VEGF (bevacizumabe, ranibuzumabe, alibercept; reduzem a neovascularização) através de injeções intravítreas Orbitopatia Autoimune Considerações Iniciais - É um processo inflamatório inespecífico que atinge a órbita e o tecido periorbital. Acomete, em geral, indivíduos com histórico de hipertireoidismo, acomete principalmente mulheres, brancas, de 20 a 40 anos. Esta entidade clínica, que pode surgir antes, simultaneamente ou após o início da disfunção tiroideia. - Auto antígeno em comum com a tireoide; há infiltração de células inflamatórias, estimulação de fibroblastos da órbita e ao aumento de glicosaminoglicanos (principalmente ácido hialurônico). Esses processos resultam em edema peri-orbital, retro-orbital e palpebral; diferenciação de fibroblastos pré-adipócitos em adipócitos leva ao aumento de gordura; proliferação de tecido conectivo leva a formação de fibrose. - Classificação Lipogênica x miogênica Congestiva x ativa Infiltrativa x estabilizada Quadro Clínico - Exoftalmia: aumento da quantidade de gordura, infiltração de células inflamatórias, redução do retorno venoso, hidrofilia dos mucopolissacarídeos; paciente refere sensação de peso e dor ao movimento ocular. É axial, bilateral e assimétrica. - Retração palpebral: tecido fibrótico e aumento de LPS + hiperatividade do m. de muller (atividade simpática); edema palpebral, hiperemia palpebral, bolsas de gordura - Superfície ocular: quemosis (conjuntiva exposta), hiperemia conjuntival Diagnóstico, Classificação e Tratamento - Diagnóstico: história clínica + alterações oculares + dosagem de T3/T4/TSH/TRAb (anticorpos autoimunes contra receptores da tireoide), ultrassom de órbita, tomografia (exame padrão ouro) - O tratamento depende diretamente da classificação. A atividade e a severidade da orbitopatia podem ser classificadas pela EUGOGO (classificação europeia). A VISA (classificação americana), classifica a orbitopatia segundo comprometimento da visão, inflamação, estrabismo, aparência. Por último, a NOSPECS classifica a orbitopatia em graus (0 a 6) de acordo com sinais e sintomas. NOSPECS: 0 (não tem sinal, não tem sintoma), I (tem sinal, não tem sintoma), II (tem sinal e sintoma), III (apresenta proptose), IV (proptose + diplopia), V (proptose, diplopia e ceratite/úlcera de córnea), VI (neutopatia óptica) - Tratamento: clínico, radioterapia e cirúrgico Cl ín ico: col í r ios lubr i f icantes (casos mais leves) , cort icoides, imunossupressores, anticorpos monoclonais Radioterapia com dosagem anti-inflamatória Cirúrgico: tarsorrafias, descompressão orbital Uveítes Considerações Iniciais - As uveítes são inflamações da úvea, que é composta por íris, corpo ciliar e coroide. O termo também é utilizado para designar a inflamação de estruturas adjacentes à úvea, como retina, vítreo e n. óptico - Classificação Uveítes exógenas: secundárias a traumatismos acidentais ou cirúrgicos x uveítes endógenas: doenças inflamatórias da úvea e estruturas adjacentes, alterações imunológicas Precipitado granulomatoso x não granulomatoso Acometimento anterior x posterior Infecciosas x não infecciosas - Sinais e sintomas: dor, hiperemia, fotofobia; lâmpada de fenda mostra humor aquoso com conteúdo protéico e com presença de células inflamatórias (inflamação promove quebra da barreira hematocular). Quando o humor aquoso circula em regiões mais frias do olho, ele se condensa, formando precipitados na córnea (PKS). - Acometimento posterior: Quando há acometimento da região posterior do olho, pode cursar com redução da acuidade visual; pode-se encontrar pontos necróticos na retina e vasculites. Principais causas das Uveítes - Classificação relacionada ao sítio primário Uveíte de acometimento primário anterior: irite, iridociclite e ciclite anterior Uveíte de acometimento primário intermediário: ciclite posterior, hialite, pars planite Uveíte de acometimento primário posterior: coroidite, corioretinite, retinite, retinocoroidite, neuroretinite - Causas infecciosas: toxoplasmose, tuberculose, síflis e AIDS Toxoplasmose: principal causa das uveítes posteriores; reconhecível por lesão focal necrotizante (amarelada, mal definida), em geral com lesões pigmentadas próximas, vasculite; tratamento com antibióticos Tuberculose extra-pulmonar: acometimento ocular variado (pleomórfico); o local de acometimento depende da quantidade do bacilo, a virulência do agente, a resistência do paciente, etc.; uveíte anterior, ceratite, vasculite retiniana, papilite, vitreíte, iridociclite crônica Sífilis Ocular: início de quadro como uma uveíte anterior, em geral; diagnóstico é feito com histórico de cancro primário, lesões secundárias de pele; podese manifestar como cancro de pálpebra e conjuntiva na sífilis primária, pode ter ceratite, conjuntivite, esclerite, vasculite retínica, coriorretinites AIDS e acometimento ocular: sarcoma de Kaposi, linfoma, tuberculose ocular, toxoplasmose, pneumocicose, alterações na microvasculatura da retina, olho seco, retinite herpética, encefalopatia, criptococose, retinite por citomegalovirus (alteracao mais comum na AIDS) - Causas não infecciosas: artrite idiopática juvenil, artrite idiopática do adulto, lúpus, doença de Chron Artrite idiopática juvenil: uveíte anterior, bilateral, crônica e recorrentes; catarata, sinéquias posteriores, olho branco Marcella Ganme LVI Retinopatia da Prematuridade e Retinoblastoma Considerações Iniciais - São doenças primariamente identificadas pelo teste do olhinho, porém há possibilidade do surgimento de alterações apenas mais tardiamente. Retinopatia da Prematuridade - A retinopatia da prematuridade (ROP) é uma doença vasoproliferativa secundária à inadequada vascularização da retina imatura dos recém- nascidos prematuros, que pode levar a cegueira ou visão subnormal devido ao descolamento de retina tradicional ou dragging de mácula - Epidemiologia: 10% dos prematuros (abaixo de 37 semanas) desenvolvem ROP; 80% dos prematuros nascidos com menos de 1kg; apenas 5-10% precisam de tratamento - Quais crianças devem ser examinadas e/ou levadas ao oftalmologista? crianças com peso ao nascer ≤ 1500g e/ou idade gestacional ≤ 32 semanas. O primeiro exame deve ser feito entre a 4a e 6a semana de vida. - Fatores de risco: sepse, síndrome do desconforto respiratório, criança fruto de gestação múltipla ou fertilização in vitro, hemorragia ventricular. ventilação mecânica, genética - Fisiopatologia: na vida intra-uterina, a retina é avascular, o que é alterado quando há aumento do metabolismo com desenvolvimento neural da retina. Esse metabolismo aumentado leva a um hipóxia tecidual relativa, com secreção d VEGF e consequente vasculogênese normal da retina. Nos prematuros, há comumente a necessidade de ventilação mecânica, o que promove uma hiperóxica, inibindo VEGF e causando morte das células endoteliais. A O prolongamento dessa hipóxia leva a uma sobrerregulação de VEGF, com vasoproliferação anormal (neovasos fragéis). Além disso, há outros fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da ROP - Diagnóstico Mapeamento de retina com depressão escleral: não crescimento dos vasos da retina (periferia com vascularização incompleta) + tracionamento da retina por neovasos; pode desencadear reflexo vagal com bradicardia Fundo de Olho - Classificação em zonas: de acordo com a zona de parada de crescimento dos vasos; as vascularização nasal se completa primeiro (32 semanas), seguida da temporal (40 semanas) - Classificação em Grau: classificação de acordo com complicações; sem complicação, é grau 0; presença de linha branco acizentada separando retina vascular da avascular (grau I), presença de crista elevada e vasos posteriores a linha, separando as duas retinas (grau II), proliferação fibrovascular (neovasos; grau 3), descolamento da retina tracional (grau 4), descolamento de retina tracional em funil (grau 5) Grau 4: dividido em A (área macular está preservada) e B (área macular acometida) - Doença Plus: dilatação venosa com aumento da tortuosidade de vasos em polo posterior; é um indicativo de mal prognóstico da ROP - Tratamento: doença limiar (casos de ROP grau 3 com presença de 5 horas de extensao de neovasos contínuas ou 8 horas intercala˜das) em zona 2 ou 3 e com doença Plus OU doença pré limiar (ROP em zona 1 com doença plus OU ROP grau 3 em zona 1 com doença plus OU ROP grau 2/3 em zona 2 com doença plus) - Complicações tardias da ROP: miopia, estrabismo, ambliopia,, astigmatismo, catarata, glaucoma, descolamento da retina, hemorragia vítrea Retinoblastoma - O retinoblastoma é o tumor intraocular mais frequente da infância e o segundo mais frequente em todas faixas etárias. É um resultado da transformação maligna de células retinianas germinativas antes de sua diferenciação final (relacionado a mutações em RPE1) - Epidemiologia: acomete 1/10.000 nascidos vivos; diagnóstico ocorre por volta dos 18 meses de vida; em geral a criança não nasce comm o tumor, já que a diferenciação das células retinianas germinativas termina após a gestação. É comum evolução com tumores múltiplos (pinealoblastoma, sarcoma osteogênico) - Quadro clínico: leucocoria, estrabismo, glaucoma secundário, invasão do segmento anterior (pseudohipópio), inflamação orbitária, proptose, metástase (linfonodo ou cerebral) - Tipos: endofítico, exofítico, misto Endofítico: tumor cresce da retina para a cavidade vítrea; presença de sementes vítreas (vacuolos de células tumorais) Exofítico: tumor cresce da retina para a coroide; pode cursar com descolamento da retina Misto: diagnóstico mais difícil; simulam uveítes ou linfomas - Estadiamento - Diagnóstico: mapeamento de retina, ultrassonografia, tomografia, RNM - Tratamento: fotocoagulação do tumor, crioterapia, braquiterapia, radioterapia, quimioterapia, enucleação Vícios de Refração, Estrabismo e Ambliopía Considerações Iniciais - Principais vícios de refração: miopia, hipermetropia e astigmatismo Miopia: diâmetro do olho maior que o normal (imagem nítida cai antes da retina); necessidade de lente divergente (negativa); boa visão de perto Hipermetropia: diâmetro do olho menor que o menor (imagem nítida cai atrás da retina); necessidade de lente convergente (positiva); boa visão de longe Astigmatismo: deformação que a luz sofre quando passa através da córnea e/ou cristalino que provoca dissociação da imagem; dificuldade para enxergar de longe e de perto - Acomodação: é a capacidade de aumentar o poder de refração do olho. É dada através da mudança do diâmetro do cristalino (contração e relaxamento do m. ciliar). - Estrabismo: desvio dos olhos em que os eixos visuais estão desalinhados com relação ao objeto fixado. Podem ser convergentes (esotropia) ou divergente (exotropia) Pode ocorrer na infância ou na vida adulta Diagnóstico: inspeção externa + teste de fixação (em diversas posições do olhar) - Ambliopia: baixa visão decorrente da falta de estimulação em um ou ambos os olhos; é uma deficiência do córtex visual. Pode ser causado por estrabismo ou por vícios de refração. Estrabismo: quando uma criança começa a ficar estrábica, há um mecanismo de proteção que impede a formação de duas imagens (supressão das informações do olho desviado). Esse mecanismo, quando não é identificado e tratado, pode levar a um déficit permanente, por lesão da via óptica. Isso é reversível até uns 7 anos de idade, após isso o sistema visual é estático. O tratamento é corrigir o grau do estrabismo e, caso necessário, ocluir o olho fixado para estimulação do olho desviado, permitindo estimulação da área do córtex suprimida. Anisotropia: diferença de graus entre os dois olhos; o sistema nervoso dá preferência ao olho com menor grau, o que resulta na supressão das informações obtidas pelo outro olho. Da mesma forma que o estrabismo, pode levar a ambliopia por dé ficit de vias ópticas não estimuladas. O tratamento é feito com uso de óculos e, caso necessário, oclusão. Efeitos colaterais na Oftalmologia Efeitos colaterais oculares de medicamentos sistêmicos - Medicações administradas por via oral, IM, EV e até dermatológico podem atingir o globo ocular. Antes de prescrever medicações sistêmicas que possam causar alterações oculares, é de extrema importância interrogar o paciente a respeito dos antecedentes oculares. - Corticoesteróides: o uso crônico dessa droga pode levar ao desenvolvimento de catarata ou glaucoma Catarata corticogênica: diminuição progressiva da acuidade visual, com opacidade na região mais posterior do cristalino; é reversível com cirurgia Glaucoma corticogênico: insidiosa,com dano progressivo ao nervo óptico; há uma perda progressiva do campo visual, que só é percebida em estágios avançados; é irreversível, o tratamento apenas impede progressão - Cloroquina: acompanhamento oftalmológico periódico necessário; usada na malária, doenças reumatológicas e colagenoses; pode causar ceratopatia verticilata e maculopatia cloroquínica Ceratopatia verticilata: não depende da dose de cloroquina utilizada; em geral aparece após alguns meses e desaparece em 6 meses; é uma opacidade da córnea devido a excreção da droga por via lacrimal; não afeta acuidade visual Maculopatia cloroquínica: efeito mais grave, dose dependente; causa baixa da visão irreversível; surge após alguns anos de uso devido a acúmulo de pigmentos nas camadas mais externas da fóvea; os sintomas incluem sombras no centro da visão, perda de visão de contraste e cores e bull’s eye (fóvea com aspecto de olho de boi) - Sulfas: acetolazamida, cotrimoxazol, topiramato; causam congestão da coroide e anteriorização do diafragma iridocristaliano, podend levar a um quadro de glaucoma agudo. É uma urgência médica, pois pode levar a perda visual irreversível - Drogas de abuso: cocaína pode causar oclusão da a. central da retina e neovascularização da retina; maconha causa hiperemia, dilatação da pupila e redução da PIO; o tabaco aumenta o risco de catarata, de degeneração macular, de aterosclerose e neuropatia óptica (quando associado ao álcool); o álcool causa xeroftalmia, neuropatia óptica (associado ao tabaco) e hipovitaminose A (cegueira noturna); anfetaminas causam dilatação pupilar, fechamento do seio camerular (glaucoma agudo) e alucinações visuais Efeitos colaterais sistêmicos de medicamentos tópicos oculares - As drogas oculares são absorvidas principalmente de sistema de drenagem das vias lacrimais. - A ocorrência dos efeitos colaterais depende da farmacocinética da drogaa (concentração, dose, volume, sensibilidade do indivíduo, toxicidade) - Como diminuir absorção sistêmica dos medicamentos? oclusão dos sacos lacrimais após uso dos colírios - Deve-se dar uma atenção especial aos medicamentos utilizados no controle de glaucoma, já que é uma doença de alta prevalência, que exige uso contínuo de medicação. Além disso, é muito comum utilizar combinação de drogas no glaucoma; nenhuma das drogas citadas abaixo é considerada segura para o uso durante gestação ou amamentação Beta-bloqueadores: maleato de timolol é o mais usado; usados para reduzir a produção de humor aquoso; tem como efeito advero bradicardia, arritmia, agravamento de asma e DPOC, descompensação de ICC; contraindicado para pacientes com ICC, asma, DPOC e BAV Alfa agonista: tartarato de brimonidina; é um hipotensor ocular; pode causar sonolência, fenômeno de Reynaud, tontura, vertigem, insuficiência coronariana e cerebral; contraindicado em crianças com menos de 1 ano, pacientes com histórico de angina, infarto e AVC Análogos de prostaglandina: bimatoprosta, travoprosta; aumentam a drenagem do humor aquoso; raramente causam efeitos sistêmicos (broncoespasmoas, alergia, hiperpimentação palpebral, precipitação de trabalho de parto) Agonistas colinérgicos: pilocarpina; causa miose e aumento do seio camerular; pode causar broncoespasmo, piora de DPOC, arritmia cardíaca, hipertermia e crises convulsivas em crianças e RNs Alterações Oculares Gestacionais Considerações Iniciais - O comprometimento visual na gestação é raro, porém pode ocorrem com alterações fisiológicas e/ou patológicas. Podemos dividir, assim, essas alterações em: fisiológicas, doenças específicas da gravidez e modificações de doenças oculares pré-existentes Alterações Fisiológicas - Córnea: são decorrentes à retenção de líquidos; há diminuição da sensibilidade, aumento da espessura e aumento de curvatura, o que leva a alteração da refração. Além disso, há disrupção das células acinares da glândula lacrimal, levando a um quadro de olho seco - Pressão Intraocular: há redução da PIO, principalmente após a 20a semana. Nas pacientes com glaucoma, isso é ainda mais acentuado. - Anexos: pode ocorrer hiperpigmentação palpebral (cloasma) e ptose palpebral (decorrência de alterações hormonais e hídricas do m. elevador da pálpebra) Doenças Oculares específicas da Gravidez - Eclâmpsia e Pré-Eclâmpsia: quadro hipertensivo que aparece durante a gravidez; se associado a convulsões, é eclâmpsia clássica. De 25 até 50% das pacientes com esse quadro apresentam sintomas oculares, os quais podem ser visão embaçada, diplopia, escotomas e cegueira. Prognóstico bom, alterações regridem após parto. Fundoscopia: constrição das arteríolas, exsudatos, hemorragias e edema de retina - Orbitopatia de Graves: causa mais comum de hipertireoidismo na gestação - Toxoplasmose: pacientes que apresentavam toxoplasmose latente podem reativar o quadro durante a gestação; possibilidade de transmissão para o feto. Modificações de Doenças Pré-Existentes - Retinopatia diabética: de maneira geral, a RD pode progredir durante a gestação através de ativação do sistema imune.
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