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E-book 4 LINGUAGEM VISUAL E ESTÉTICA Thais Fernanda Martins Hayek Neste E-Book: CONTRASTE��������������������������������������������������4 EQUILÍBRIO: PESO VISUAL ��������������������12 Equilíbrio: Simetria e assimetria. ......................... 15 Equilíbrio simétrico ............................................... 16 Equilíbrio assimétrico ........................................... 19 HARMONIA: ORDEM-DESORDEM, REGULARIDADE- IRREGULARIDADE 23 Ordem .................................................................... 24 Desordem .............................................................. 25 Regularidade/irregularidade ................................. 25 RELAÇÕES COM O MOVIMENTO ARTISTICO DO CONSTRUTIVISMO RUSSO ����������������������������������������������������������29 TEORIA DA GESTALT E A PERCEPÇÃO VISUAL .. 41 UNIDADE �����������������������������������������������������47 Proximidade .......................................................... 50 SEMELHANÇA �������������������������������������������� 55 UNIFICAÇÃO ����������������������������������������������59 FECHAMENTO �������������������������������������������62 2 FIGURA E FUNDO OU SEGREGAÇÃO �65 CONTINUIDADE ����������������������������������������69 PREGNÂNCIA (BOA FORMA) ����������������73 3 CONTRASTE O contraste é a diferença de qualidade entre duas instâncias de um elemento de arte ou o uso de quali- dades opostas próximas umas das outras. Por exem- plo, preto e branco (valores contrastantes), orgânico/ curvilíneo e geométrico/angular (linhas/formas) e áspero e suave (texturas contrastantes). Quanto maior o contraste, mais algum dos elementos se destacará e chamará a atenção para si mesmo. Isso se aplica a obras de arte inteiras, bem como áreas dentro de uma obra de arte. Áreas com maior contraste em termos de valor (tons e luzes mais for- tes) tenderão a aparecer mais para frente no espaço, uma vez que o embasamento atmosférico ao longo da distância diminui o contraste. O contraste ocorre quando dois elementos em uma composição são diferentes. Por exemplo, pode ha- ver cores diferentes entre o texto e a cor do plano de fundo. Pode ser um cabeçalho definido em uma fonte grande, em negrito. Pode ser uma diferença entre um gráfico grande e um gráfico pequeno ou pode ser uma textura áspera combinada com uma textura suave. Nossos olhos gostam de contraste. O importante sobre o contraste é que os elementos devem ser completamente diferentes. Não apenas um pouco diferente. O contraste ajuda a organizar seu design e a estabe- lecer uma hierarquia, que simplesmente mostra quais 4 partes do seu design são mais importantes e sinaliza que os espectadores se concentrem nela (Figura 1). Mais do que enfatizar o ponto focal de seu design, o bom uso do contraste acrescenta interesse visual. Um layout onde tudo é do mesmo tamanho, forma ou cor parecerá muito plano, mas o contraste pode criar o destaque na composição. Preto & Branco Figura 1: Ilustração contraste. Fonte: Elaboração própria. No entanto, como na maioria dos conceitos de de- sign, o contraste deve ser aplicado de maneira equi- librada; muito contraste pode resultar em um design confuso ou visualmente dissonante. O valor é apenas um termo que se refere à clarida- de ou escuridão de uma cor, com branco puro e preto puros sendo os valores contrastantes finais. Mas você certamente não precisa ficar com uma paleta de cores em preto e branco para criar um design de alto contraste. Contrastar cores mais claras e mais escuras umas das outras é uma das maneiras mais fáceis de adicionar contraste e 5 tornar certas partes do seu design mais visíveis (Figura 2). Figura 2: Contraste com cores escuras e claras. Fonte: Elaboração própria. Todas as cores podem ser separadas em grupos com base em sua temperatura: quente, fria ou neu- tra. Vermelhos, laranjas e amarelos são considerados quentes; azuis, verdes e roxo são consideradas cores frias; enquanto preto, branco e cinza são neutros (os be- ges e os marrons também podem se enquadrar nessa categoria dependendo de como eles são usados). A mistura de temperaturas de cores em um design particularmente quente e frio pode criar um contraste dramático. A intensidade de uma cor também é conhecida como saturação. Uma cor na sua forma mais pura e brilhan- te é 100% saturada; quanto mais perto se aproxima do cinza, menos saturado ele fica. O uso de cores claras ou suaves (por si ou em conjunto) pode ser uma maneira estratégica de criar locais de alto ou baixo contraste em um design. As cores brilhantes sempre atraem a atenção, especialmente contra o preto (Figura 3). Use-os com moderação para des- tacar partes importantes do seu design. 6 Figura 3: Contraste com Intensidade de Cor Fonte: Elaboração própria. A maioria das formas pode ser categorizada como geométrica (retângulos, triângulos, círculos entre ou- tras) ou orgânica e fluída (Figura 4). A uniformidade angular das formas geométricas pode contrastar muito bem com as qualidades assimétricas de for- mas orgânicas. Figura 4: Contraste com forma: geométrica e orgânica. Fonte: Elaboração própria. 7 Com a forma, a aplicação das texturas pode se des- tacar umas das outras para criar contraste quando suas características são muito diferentes uma da outra: áspera e suave, elevada e plana (Figura 5). Figura 5: Contraste com textura. Fonte: Elaboração própria. Além de adicionar interesse visual ao seu design, o contraste também ajuda a criar relações entre prio- rizar diferentes elementos de design. Se todos os objetos em seu design tiverem aproximadamente o mesmo tamanho, não haverá muita hierarquia. Como os espectadores dirão o que procurar primeiro ou o que é mais importante? Usar efetivamente a escala não é apenas importante do ponto de vista prático, mas também é uma das maneiras de criar um layout dinâmico e interessante a um design (Figura 4). 8 Figura 6: Contraste com escala. Fonte: Elaboração própria. Como a escala, o peso visual é outra maneira de apontar para uma peça do seu projeto e dizer: “Essa parte é importante! “ O peso visual simplesmente se refere à maneira como um elemento se destaca em comparação ao resto do design, em outras palavras, é de alto contraste. A parte do seu design que tem o maior peso visual, não precisa necessariamente ser a maior coisa na composição. Você também pode fazer algo “pesado” ou mais visível com cor, textura, forma ou qualquer outra característica que o diferen- cia e atrai os olhos. 9 Figura 7: Contraste com peso visual. Fonte: Elaboração própria. Uma composição equilibrada parece certa. Parece estável e esteticamente agradável. Embora alguns de seus elementos possam ser pontos focais e atrair sua atenção, nenhuma área da composição atrai tanto sua atenção que você não pode ver as outras áreas. Equilibrar uma composição envolve organizar elemen- tos positivos e espaço negativo de tal forma que ne- nhuma área do design supere outras áreas. (Figura 5). REFLITA Embora seja tentador preencher um design com o máximo de informações possível, o espaço em branco (também em branco ou negativo) desem- penha um papel importante na separação e na or- ganização de elementos de design para um layout balanceado. Ao trabalhar com um layout ocupa- do ou complexo, cercar elementos importantes com um espaço extra em branco (na verdade, ele 10 não precisa ser branco) chamará a atenção para esses lugares e os ajudará a contrastar mais efe- tivamente com o restante do design. Até certo ponto, todo projeto deve conciliar os conceitos de equilíbrio e tensão. Uma forma de alinhar equilíbrio e tensão e, no processo, obter um bom contraste em seu design é fazer boas escolhas de composição. Para ter uma ideia de como fazer isso, pode ajudar aprender sobre téc- nicas clássicas de composição usadas por artis- tas e fotógrafos. Cada projeto precisa de algum tipo de estrutura organizacional: o texto é alinhado de certasmanei- ras, os elementos são atribuídos a determinadas posições no layout, o espaçamento é definido. Em- bora a consistência seja a chave para um design ordenado, misturar as coisas de uma forma pro- posital e limitada pode adicionar algum contraste interessante. 11 EQUILÍBRIO: PESO VISUAL O peso visual é um conceito importante que nos permite criar hierarquia visual, simetria, equilíbrio e harmonia nos designs. Quando aplicado estrategica- mente, o conceito de peso visual pode nos ajudar a direcionar a atenção do espectador para os lugares que desejamos em um design. O peso visual gira em torno da ideia de que elemen- tos distintos em um design têm peso variável em relação um ao outro. Às vezes, o peso visual é óbvio, como no caso em que objetos maiores parecem mais pesados que objetos menores, porque ocupam mais espaço. Em certos casos, não é tão cortada e seca, como no caso da cor. Algumas cores podem pare- cer mais pesadas e dominantes do que outras. Por exemplo, em um fundo branco, compare o preto puro com uma cor azul clara: instintivamente, qual deles parece visualmente mais pesado? O peso visual está fortemente ligado à simetria. Para alcançar a simetria e o equilíbrio nos designs, queremos que os objetos pareçam iguais em termos de peso visual. Para chamar a atenção para certos objetos (ou para desvalorizar os outros), queremos desequilibrar de propósito e criar uma hierarquia visual para que o foco se desloque nas áreas que pretendemos. 12 A maior parte do que podemos intuir sobre o peso da cor é verdadeira; parece instintivo saber que uma cor é mais pesada que a outra. Por exemplo, cores mais saturadas atrairão mais atenção do que as co- res não saturadas. As cores mais escuras também assumem uma postura mais acentuada do que suas contrapartes mais leves em fundos de cores claras. O tom é uma propriedade de cor que possuem pesos visuais diferentes. Mesmo com saturação total e lu- minosidade igual, duas cores, como vermelho e azul, podem parecer ter diferentes pesos visuais. No entanto, além do matiz, existem várias proprieda- des de cores que são bem mais óbvias em termos de seus efeitos no peso visual. Equilíbrio é o peso visual dos elementos em uma composição, é usado para adicionar estabilidade, adicionar estrutura, criar ênfase e criar dinâmicas. No design, deve-se tentar colocar elementos visuais em um arranjo es- teticamente agradável, ou um arranjo particular para cumprir um propósito ou alcançar uma aparência e sensação particulares. FIQUE ATENTO Duas propriedades dos objetos visuais exercem influência particular no equilíbrio: peso e direção. No mundo de nossos corpos chama-se peso a in- tensidade da força gravitacional que atrai os ob- jetos para baixo. Pode-se observar uma atração semelhante, para baixo, nos objetos pictóricos e 13 escultóricos, mas o peso visual manifesta-se em outras direções também. Por exemplo, quando se olha para os objetos numa pintura, seu peso parece provocar tensão ao longo do eixo que os liga aos olhos do observador, e não é fácil dizer se eles se afastam ou se avançam na direção da pessoa que os observa. Tudo o que se pode di- zer é que o peso é sempre um efeito dinâmico, mas a tensão não é necessariamente orientada ao longo de uma direção dentro do plano pictó- rico. O peso sofre influência da localização. Uma posição “forte” no esquema estrutural pode sus- tentar mais peso do que uma localizada fora de centro ou afastada da vertical ou horizontal cen- trais. Isto significa, por exemplo, que um objeto pictórico localizado no centro pode ser contraba- lançado por outros menores colocados fora dele. O grupo central nas pinturas, com frequência, é totalmente pesado, com os pesos diminuindo na direção das bordas, mesmo assim todo o quadro parece equilibrado. Além disso, de acordo com o princípio da alavanca, que pode ser aplicado à composição visual, o peso de um elemento au- menta em relação a sua distância do centro. Em qualquer exemplo em particular, é claro, todos os fatores que determinam o peso devem ser consi- derados juntos. Um outro fator que influencia no peso é a profundidade espacial. O peso depende também do tamanho. Os outros fatores sendo iguais, o maior objeto será o mais pesado. Quanto à cor, o vermelho é mais pesado 14 do que o azul, e as cores claras são mais pesa- das do que as escuras. A mancha de uma col- cha Vermelho-clara na pintura que Van Gogh fez de seu quarto cria um forte peso fora de centro. Uma área preta deve ser maior que uma branca para contra balançá-la; isto se deve em parte à irradiação, que faz com que uma superfície clara pareça relativamente maior. (ARNHEIM, Rudolf R., 2011, p. 16) Equilíbrio: Simetria e assimetria� Equilíbrio é a distribuição dos elementos do design, é uma interpretação visual da gravidade no design. Elementos grandes e densos parecem ser mais pe- sados, enquanto elementos menores parecem mais leves. Você pode balancear designs de três maneiras: equilíbrio simétrico, equilíbrio assimétrico, discordan- te ou desequilibrado. É da natureza humana que as pessoas gostem de algum tipo de equilíbrio pela estabilidade e estrutura que ele proporciona. Se você não tiver um senso de equilíbrio com seus projetos, o olho do espectador não saberá onde procurar, e o que você está tentando comunicar não conseguirá transmitir. Como você pode ter equilíbrio em um design se você precisa ter contraste e um ponto focal? Esses princípios muitas vezes podem ser essencialmente o exato oposto do equilíbrio. Ter equilíbrio não significa que você não pode ter um ponto focal, mas você deve considerar 15 como distribuir os outros elementos em seu design para tentar manter um equilíbrio visual. E equilíbrio não significa que todo elemento tem que ser distri- buído perfeitamente simétrico, o equilíbrio também pode ser alcançado através da assimetria. Você pode pensar nisso como uma gangorra que pode ter pesos diferentes em cada lado, mas equilibrá-lo de acordo com a posição da pessoa mais pesada (Figura 8). Figura 8: Contraste com peso visual. Fonte: Elaboração própria. Equilíbrio simétrico É conseguido colocando elementos de uma forma muito uniforme no design. Se você tiver um elemento grande e pesado no lado direito, você terá um elemen- to pesado correspondente à esquerda. Com equilíbrio simétrico, o peso visual é distribuído uniformemente, vertical ou horizontalmente. Uma composição simétrica parece estável e cria uma aparência mais ordenada. Equilíbrio simétrico é quando podemos em ambos os lados da compo- sição carregar o mesmo peso visual, nenhum dos lados parece mais pesado que o outro. Este seria um design perfeitamente equilibrado. Desequilíbrio, no entanto, assim que você alterar a cor de um dos lados para um valor escuro, e o outro um valor mais 16 claro, observe o que acontece (Figura 9). O valor mais escuro não faz com que esse lado pareça um pouco mais pesado do que o outro lado. É importante ter em mente que, embora o equilíbrio simétrico seja excelente e permita que o olhar dos espectadores tenha um senso mais forte do design, nem sempre ele se relaciona a um design interessante. Figura 9: Peso visual. Fonte: Elabortação própria. A centralização é a maneira mais fácil de obter uma composição simetricamente balanceada. Mas tenha cuidado, pois pode ser difícil criar um design centra- do que não pareça plano. Se você quer um design equilibrado simetricamente, é melhor criar o equilíbrio com elementos diferentes. A simetria pode ser encontrada em toda parte na natureza e é inerentemente equilibrada e harmonio- sa. Objetos simétricos são fáceis de ver e identificar, porque são mais simples de entender e são automa- ticamente percebidos como grupos. Eles são tipica- mente vistos como figura e não como base, o que 17 lhes permite obter mais atenção e ser mais memo- ráveis. A simetria de formas (positivas) também tem o efeito adicional de que o espaço negativotambém é simétrico. Três tipos de simetria podem ser distinguidos (Figura 10). ● Reflexão: Espelhando um elemento ao longo de uma linha de espelho. Este poderia ser um eixo cen- tral, basicamente invertendo o elemento, ou poderia ser uma linha em outro lugar. Essa linha de espelha- mento pode ser melhor na horizontal ou na vertical, mas as linhas de espelhamento na diagonal não são inéditas. ● Rotação: Girando elementos ao redor de um ponto central comum. Novamente, isso pode ser o cen- tro do próprio elemento, ou algum ponto fora dele. Qualquer ângulo e frequência pode ser usado, mas intervalos regulares e um ângulo médio geralmente funcionam melhor. Pequenos ângulos parecem que você cometeu um erro, enquanto intervalos irregu- lares meio que destroem a simetria. ● Transição: Localizando um elemento equivalente em outra posição dentro do design; uma simetria ocorre entre dois elementos, mas não é um reflexo, porque ambos os elementos são orientados da mes- ma maneira. 18 Reflexão Rotação Figura 10: Peso visual. Fonte: Elaboração própria. Equilíbrio assimétrico Uma composição assimétrica destina-se a criar um desequilíbrio deliberado dos elementos no design. Pode criar tensão e dar à sua composição uma sen- sação de movimento. Isso significa que os elementos do design não são distribuídos uniformemente na composição. Um lado pode se sentir mais pesado que o outro, mas ainda há equilíbrio. Por exemplo, você pode ter vários elementos menores equilibrando um elemento grande, ou elementos menores posiciona- dos mais longe do centro da composição do que o elemento maior. Os elementos não são do mesmo tamanho e não são posicionados de maneira igual ao equilíbrio simétrico, mas ainda dá à sua composição um senso de equilíbrio, enquanto cria interesse visual. Existem muitas maneiras diferentes de alcançar o equilíbrio em seus projetos. Uma das maneiras é com a cor. Você pode incorporar pequenas áreas em seu design com cores vibrantes para equilibrar áreas maio- 19 res de cores neutras. Você também pode usar formas variadas para equilibrar um design ou a posição dos elementos em uma composição. Composições as- simétricas equilibradas podem ser mais difíceis de projetar já que não possuem elementos combinados na linha central do design. Por exemplo, você pode ter um elemento grande colocado muito próximo da linha central do desenho. Para equilibrá-lo assi- metricamente, você pode ter um pequeno elemento mais distante da linha central. Se você pensa em seu projeto como o exemplo de uma gangorra, um elemento mais leve pode equilibrar um mais pesado por estar mais longe do centro de gravidade. Você também pode usar cores ou texturas para equilibrar um design assimétrico. Teoricamente, assimetria é tudo o que não é simetria. Mas isso não significa que assimetria no design é desequilíbrio. Em vez disso, queremos nos concen- trar no equilíbrio assimétrico (equilíbrio informal), o oposto da simetria. Em vez de balancear elementos com o mesmo elemento, apenas refletidos/girados, equilibramos elementos com outras coisas. Isso po- deria ser qualquer coisa; equilibrando uma cor com sua cor complementar, balanceando uma área de peso pesado com áreas que contêm muito espaço, equilibrando muitas formas nítidas com formas su- aves e orgânicas e assim por diante. A assimetria corrige todas as coisas ruins sobre a si- metria, pois é inerentemente ativa, informal, dinâmica e orgânica. É uma maneira não sistemática e mais criativa de alcançar o equilíbrio. Agora, a assime- 20 tria parece ser a melhor coisa a fazer com qualquer design, mas há uma grande desvantagem: é muito mais complexo e difícil de alcançar. Quando uma composição assimétrica está incomodamente dese- quilibrada, o resultado é automaticamente chocante e desorientador. É por isso que é recomendável come- çar com uma pequena simetria (como uma grade) e tentar transformar partes do design em assimetria. Podemos observar o conceito de assimetria do logo da marca Apple (Figura 11). Figura 11: Logotipo da marca Apple. Fonte: Wikipedia. Não há tipos bem definidos de assimetria que você possa empregar. A ideia é que você encontre o seu elemento mais importante, grande e dominante, e depois equilibre ou contraste com muitos elementos menores e mais leves. O processo é melhor visualizado como uma escala de equilíbrio literal. Coloque o seu ponto focal ou a maior parte do design em uma extremidade, e veja que quantidade e que tipo de elementos você pre- 21 https://commons.wikimedia.org/ wiki/File:Light_Apple_Logo_Free.png https: https://ga.m.wikipedia.org/wiki/%- C3%8Domh%C3%A1:Icon-Mac.svg cisa na outra ponta para equilibrá-lo. Você poderia atribuir um valor alto a um elemento vermelho, por exemplo, e valores baixos aos azuis e roxos (como são cores mais frias). Da mesma forma, você pode atribuir valores mais altos a formas nítidas do que a formas orgânicas, já que o primeiro atrai mais a aten- ção. Mais uma vez, o contraste é fundamental aqui. 22 HARMONIA: ORDEM- DESORDEM, REGULARIDADE- IRREGULARIDADE Quando você pensa em Harmonia, você pode pensar em música ao invés de design. No entanto, a har- monia é usada no design de maneira semelhante à forma como é usada na música. Quando um designer organiza elementos específicos juntos, o objetivo é dar ao espectador a sensação de que todas as partes da peça formam um design completo. Harmonia envolve a seleção de elementos de design que compartilham uma característica comum, no entanto, pode se tornar monotonia sem variedade. Envolve a orientação de características comuns, cores ou valores, forma, tamanho, variedade de materiais: a extensão das diferenças nos elemen- tos de design onde o interesse visual é aprimorado pela introdução de elementos diferentes e arranjos espaciais. Harmonia descreve a repetição de elementos de design dentro de um espaço, as cores, texturas, e formas que expressam o tema, o estilo e o caráter do seu interior. Em combinação, esses elementos do design trabalham juntos para criar uma sensação de harmonia. Está intimamente relacionada à unidade e é, de certo modo, uma espécie de unidade. A har- 23 monia é como um estado a ser alcançado quando os elementos de uma composição são unidos uns aos outros de alguma forma, mas esses elementos também complementam os atributos únicos um do outro. Unidade é o que traz coesão a um espaço, sugerindo uma espécie de “unidade” através da adesão a um esquema de cores ou mantendo o estilo de objetos consistente. Ao selecionar tecidos e acessórios com cores e texturas semelhantes, você pode criar um design unificado que, novamente, cria uma sensação de harmonia. Ordem É um estado onde cada elemento na composição se refere a um alinhamento ou layout que é claramente visível apenas olhando para a composição. Tal layout geralmente não exibe nenhuma mensagem oculta profunda que o designer deseja retratar e, portanto, deixa o espectador com mais calma e concentração, onde o espectador pode se concentrar em elemen- tos individuais por um período mais longo. Aqui, a capacidade do espectador para lidar com elemen- tos complexos não é questionada tanto quanto no caos. Nesse tipo de imagem, layout ou composição, o espectador não precisa se esforçar muito para visu- alizar, explorar ou apreciar a imagem/layout/design. 24 Desordem O caos é um estado desordenado de elementos e é frequentemente encontrado na natureza. O objeti- vo de muitos artistas e designers é retratar uma imagem que exibe alguma organização subjacente para que o espectador veja o que os artistas querem que eles vejam, mas deixa bastante caos dentro do quadro da imagem para que o espectador tenha que fazer algum esforço para explorar e explorar e apreciar plenamente a imagem. Depois de certo nível, no entanto, uma imagem que é muito simples não consegue prender a atenção, comparamos isso a uma imagem, por exemplo, da floresta tropical, e descobrimosque a imagem da floresta tropical tem tantas texturas e padrões que podemos observar e explorar a imagem por mais tempo e ainda continuar descobrindo coisas que não vimos antes. A capacidade de introduzir e manipular elementos complexos dentro do quadro de uma imagem e ainda produzir uma composição efe- tiva requer uma maturação de visão que leva tempo para ser desenvolvida. Uma composição que retrata um significado subjacente, mas que cabe ao critério do espectador e pode não ser encontrada facilmente apenas olhando para a composição, pode ser deno- minada como caos. Regularidade/irregularidade Variedade é um princípio de design que se refere a uma maneira de combinar elementos visuais para alcançar relacionamentos intricados e complexos. 25 É uma técnica usada por artistas que desejam au- mentar o interesse visual de seu trabalho. O trabalho artístico que faz uso de muitos matizes, valores, li- nhas, texturas e formas diferentes reflete a varieda- de. Manter o mesmo tamanho enquanto muda a cor também pode mostrar variedade. Embora a variação dos componentes de um projeto possa criar interesse visual e evitar a monotonia, os elementos de design também devem transmitir uma sensação de coesão. É importante manter a coesão ou o design parecerá desorganizado de imagens in- compatíveis agrupadas. Ainda assim, o design visual sem qualquer variação é monótono. O exemplo da figura 12 é uma ilustração muito simples do princí- pio, usando círculos de diferentes tamanhos e cores para mostrar como a composição pode ser regular por semelhanças e como pode ser adicionado irre- gularidade a aspectos da composição. Figura 12: Regularidade da cor e variedade do tamanho. Irregularidade das cores e regularidade do tamanho. Fonte: Elaboração própria. Irregularidade pode ser definida como a qualidade ou estado de ser diferente ou diverso; a ausência de uniformidade ou monotonia. Essencialmente, ele utiliza-se vários elementos diferentes para manter a 26 atenção do espectador e orientar ao redor da compo- sição. Sem unidade pode criar caos no design; mas com todas as coisas, o equilíbrio é fundamental. No design, você quer encontrar o equilíbrio certo de ter a peça com aparência unificada, mas com varieda- de suficiente que ainda é interessante. Você pode criar variedade com diferentes espessuras de linha, diferentes cores de formas, diferentes matizes de cor e textura. Todos os aspectos dos elementos de linguagem vi- sual contribuem para a unidade visual de uma ima- gem. Consistência entre partes que contribuem para o todo é uma característica de um design unificado. Essas partes podem incluir esquemas de cores, tipo- grafia, hierarquia e muitos outros fatores. Quando todas essas partes estão em sincronia, o resultado final é um projeto unificado. No entanto, se uma das partes for inconsistente ou indevidamente aplica- da, a unidade sofrerá e a imagem frequentemente aparecerá desarticulada. Um padrão repetido de objetos permite aos leitores discernir padrões em um design, o que atrai nos- sas inclinações naturais para agrupar objetos. Essa repetição, quando adequadamente construída em projetos, os torna mais palatáveis e mais unificados. Elementos harmoniosos têm uma relação lógica ou progressão, de alguma forma eles trabalham juntos e se complementam. Quando um elemento chocante é adicionado, algo que vai contra o todo pode ser dissonante, assim como uma nota em uma performance musical. A unidade é criada usando similaridade harmoniosa e repetição, continuidade, proximidade e alinhamento, e fechamento de ele- 27 mentos de design em diferentes partes do trabalho para que as partes se relacionem entre si e criem um todo unificado, que pode ser maior que a soma das partes, em vez de um sortimento mal ajustado e sem sentido de elementos. Através das inter-relações únicas destes componen- tes básicos de design diferentes dinâmicas visuais surgem, criando tensões visuais que movem o olhar do espectador através de uma imagem e moldam sua experiência estética. REFLITA O design pode ser considerado o uso consciente desses componentes para criar uma hierarquia visual que orienta o olhar do espectador de uma maneira que transmita significado e modele uma experiência visual mais consciente de acordo com a intenção do artista. Orientar-se por esses componentes visuais e examinar sua aplicação em exemplos de obras de arte, ilustração e design é um lembrete de sua importância e utilidade como ferramentas funda- mentais de design gráfico. 28 RELAÇÕES COM O MOVIMENTO ARTISTICO DO CONSTRUTIVISMO RUSSO O movimento de vanguarda da Rússia, conheci- do como Construtivismo cresceu no rescaldo da Revolução Bolchevique em 1917 e prosperou na Rússia até que Stalin assumiu o poder em 1924. O construtivismo foi influenciado pelos debates e de- senvolvimentos concorrentes na matemática moder- na e na física, particularmente da quarta dimensão e da geometria não-euclidiana. Ambas as disciplinas revolucionaram as concepções modernas de tempo e espaço. Havia três maneiras principais pelas quais os artistas usavam esses estudos modernos. Primeiro, eles eram metáforas poderosas para o espírito de mudança e rebelião desenfreada na atmosfera revo- lucionária do país. Além disso, eles forneceram aos artistas um novo vocabulário de formas e espaços que estavam imbuídos desse mesmo espírito de re- volução. Por fim, os artistas usaram essas ideias para informar suas próprias teorias artísticas e criar uma arte para a nova sociedade russa e seu povo. Estes artistas e escritores procuraram separar-se da velha tradição, indo tão longe a ponto de até mes- mo negar a tradição enquanto simultaneamente se esforçavam para criar uma cultura universal que pudesse ser apreciada e compreendida por todos. Essencialmente, eles desejavam criar uma nova tra- dição para sua nova Rússia. O movimento emprestou 29 ideias do Cubismo, do Suprematismo e do Futurismo, mas em seu âmago estava uma abordagem inteira- mente nova de fazer objetos que buscavam abolir a preocupação artística tradicional com a composição e substituí-la por “construção”. Assim, os construtivis- tas propuseram substituir a preocupação tradicional da arte pela composição com foco na construção. Objetos deveriam ser criados não para expressar a beleza, ou a visão do artista, ou para representar o mundo, mas para realizar uma análise fundamental dos materiais e formas de arte, que poderia levar ao projeto de objetos funcionais. Para muitos constru- tivistas, isso implicava uma ética de “verdade para os materiais”, a crença de que os materiais deveriam ser empregados apenas de acordo com suas capa- cidades, e de tal maneira que demonstrassem os usos a que poderiam ser colocados. A semente do Construtivismo era o desejo de expressar a experi- ência da vida moderna - seu dinamismo, suas novas e desorientadoras qualidades de espaço e tempo. Mas também crucial foi o desejo de desenvolver uma nova forma de arte, mais apropriada aos objetivos democráticos e modernizadores da Revolução Russa. Os construtivistas deveriam ser construtores de uma nova sociedade de trabalhadores culturais a par dos cientistas na busca de soluções para os problemas modernos. Os construtivistas russos eram proponentes da arte funcional e do design, em vez de arte decorativa e expressiva (como a pintura de cavalete) pendurada nas paredes. Isso ecoou o clima revolucionário dos tempos em que a cultura burguesa estava sendo substituída pelo movimento proletário revolucionário. 30 As ferramentas e técnicas da pintura mais tradicional, figurativa e estilos de arte foram substituídas por fotomontagens “construídas” e tipografias fortes. O construtivismo russo caracteristicamente apresen- tava paletas de cores mínimas, geralmente apenas vermelho, preto e às vezes amarelo. Eles frequente- mente tinham elementos diagonais com tipo e ima- gens circulares e angulares. O trabalho resultante foi extremamentedramático, contendo imagens em camadas acopladas, muitas vezes até mesmo cho- cante, o que estava de acordo com o objetivo de mu- dar a sociedade. Esse movimento foi uma mudança dramática em relação aos movimentos e filosofias de arte anteriores e mais convencionais. Embora originalmente destinado a mensagens políticas, o estilo construtivista se infiltrou em propagandas de produtos e cartazes de todos os tipos, assim como capas de livros e seus interiores. Três dos designers mais influentes do período russo construtivista são Alexander Rodchenko, os irmãos Stenberg e, em certa me- dida, El Lissitzky, um futurista que influenciou o movimento construtivista. O designer, fotógrafo, pintor e escultor russo Alexander Rodchenko, foi considerado um dos fundadores do movimento construtivista russo. De fato, o termo “construtivista” foi originalmente cunhado pelo ar- tista Kasmir Malevich em referência ao trabalho de Rodchenko. Embora seu foco original fosse a pin- tura, ele passou a desenvolver composições com a fotografia, tipografia e imagens, combinando as no que era então chamado de montagem ou fotomon- tagem. Ele evitou a pintura de cavalete para “arte industrial”, isto é, arte com um propósito social e 31 mensagem para as massas. Embora muito do seu trabalho anterior tenha sido para propósitos políticos e para mudar o mundo, ele passou a aplicar esse movimento artístico a anúncios de objetos comuns, como cerveja, chupetas, biscoitos, relógios e outros produtos de consumo. Rodchenko e os construtivistas produziram pintu- ras radicalmente abstratas, preocupadas com a co- locação e movimentação de objetos no espaço e enfatizando composições dinâmicas na diagonal. Conforme refletido no anúncio (Figura 13), esta Linguagem gráfica incluiu planos em negrito, cor lisa, equilíbrio assimétrico, fontes sem serifa, e den- samente espaço preenchido. Figura 13: Alexander Rodchenko. Cartaz soviético. 1924. Livros (por favor)! Em todos os ramos do conhecimento. Fonte: Wikipedia. Os cartazes cinematográficos soviéticos no período construtivista, que apesar de sua óbvia ligação com a produção de filmes, era uma forma mais comercial de 32 https://commons.wikimedia. org/wiki/File:%E2%80%9CBooks_ (Please)!_In_All_Branches_of_ Knowledge%E2%80%9D.jpg mídia. As autoridades soviéticas adotaram o cinema, mais do que qualquer outro tipo de arte de vanguarda, como sua principal ferramenta de propaganda. Arte de cartaz teve que seguir o rápido desenvolvimen- to do cinema, que estava sendo apoiado no início de 1920 por empresas estatais, foi uma verdadeira arte de massa. Diretores de cinema politicamente comprometidos, como Vertov, Eisenstein, Pudovkin, Kuleshov e Dovzhenko, queriam criar filmes engaja- dos. E artistas-designers como Rodchenko, estabe- leceram regras estéticas para o design gráfico em muitas formas de arte. Os cartazes de cinema começaram a aparecer alguns anos atrás da arte mais inovadora em meados da década de 1920. Os artistas mais reconhecidos e talentosos, os irmãos Stenberg, desenvolveram um estilo distintamente construtivista, que eles combi- naram com a linguagem da publicidade. Segundo eles, os cartazes devem chocar chamar a atenção e transportar o espectador para um mundo mágico de filmes em ritmo acelerado. Influenciados pela escola de “montagem rápida”, seus cartazes imita- vam inovações no cinema: distorções, movimentos rápidos, perspectivas invertidas. Esses efeitos foram resultado da tecnologia: eles colocavam imagens fotográficas sobre papel pré-impresso para produ- zir os ângulos aleatórios presentes em muitos dos cartazes. Os cartazes criados pelos irmãos Vladimir e Georgii Stenberg o Homem com uma câmera de cinema, ainda hoje são surpreendentes. Em um deles, o efeito vertiginoso do filme é representado pelo cor- po desmembrado de uma garota, flutuando em uma paisagem urbana, cercada por arranha-céus (Figura 14). Tempo e espaço não são limitações. 33 Assim como em outros avant-garde (a Bauhaus em particular), os artistas vieram diretamente de con- ceitos de design gráfico comercial e funcional. Os soviéticos deram um passo à frente: testaram os ganhos das ideias do movimento futurista, filtrando-o através de imagens mais fáceis de ver. O que estava no caminho deles eram as limitações da tecnologia, particularmente a capacidade de obter cores ver- dadeiras na reprodução mecânica. É por isso que muitos desses cartazes tiveram que ser pintados à mão. Dado o quão violentamente os primeiros cons- trutivistas rejeitaram quaisquer formas arcaicas de arte, isso foi um pouco de regressão; a pintura deve- ria estar morta. Rodchenko realizou fotomontagens usando tesouras que andaram de mãos dadas com a mídia de massa. A arte do pôster cinematográfico soviético estava em algum lugar entre o revolucio- nário e o cotidiano; pode ser o mais próximo de uma vanguarda mais acessível a todos. 34 Figura 14: Irmãos Vladimir e Georgii Stenberg. Homem com uma câmera de cinema. 1930 Fonte: Wikipedia. O designer gráfico do russo El Lissitzky com sua in- fluência dos suprematistas no início de sua carreira; seu trabalho frequentemente combinava elementos em um forte eixo diagonal, dando a seus projetos 35 https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:%D0%A4%D0%B0%D0%B9%D0%BB-Man_wi-th_a_movie_camera-2.jpg uma qualidade nova e dinâmica de arte construída sobre formas geométricas abstratas e cores planas. Os seguidores do suprematismo acreditavam que a arte não precisava desempenhar qualquer função além de seu valor espiritual intrínseco. Em 1921, Lissitzky estava entre um grupo de artistas que se separaram dos Suprematistas para se concentrarem no design prático para ajudar o novo estado comu- nista da Rússia. Lissitzky acreditava que a arte e o design podiam se comunicar em uma nação onde grande parte da população era analfabeta. Ele pretendia estabelecer uma linguagem visual usando forma e cor em vez de letras; em seu famoso cartaz político, vencer os Brancos com a Cunha Vermelha, (Figura16). O trabalho de design de Lissitzky tinha várias carac- terísticas distintas - layouts estruturados em uma grade, paletas de cores limitadas, diagonais tensas, tipo sans serif e repetição de formas geométricas puras. Ele experimentou a fotomontagem, um mé- todo de sobreposição e múltiplas imagens. Para ele, o sequenciamento das páginas de um livro parecia cinema. A maneira como ele organizou o espaço deu às palavras um novo poder energético. O cartaz Vencer os Brancos com a Cunha Vermelha (figura 15) é uma das primeiras tentativas de Lissitzky de arte propagandística. Ele produziu este traba- lho politicamente carregado em apoio ao Exército Vermelho logo depois que os bolcheviques realiza- ram sua revolução em 1917. A cunha vermelha sim- bolizava os revolucionários, que estavam penetrando no Exército Branco anticomunista. Aqui Lissitzky usa 36 sua assinatura combinação de cores codificadas de vermelho, branco e preto, o que reforça a men- sagem indicada pelo título da obra. Cores e formas assumem um significado diretamente simbólico. Por exemplo, as paredes lisas e curvilíneas do círculo branco são perfuradas pela ponta afiada do triângulo vermelho: o Exército Vermelho perfurou as defesas do Exército Branco. Contrastes de cores dramáticas também criam confusão em relação ao espaço qual área é positiva? Qual é negativo? Enquanto isso, pe- quenas formas geométricas no esquema de cores limitadas flutuam como minúsculos projéteis atra- vés do espaço junto com o texto. Aqui, as formas básicas combinam-se com o texto real: a pintura e a tipografia são fundidas. Figura 15: El Lissitzky. Cartaz Soviético. Vencer os Brancos com a Cunha Vermelha. 1919. Fonte: Wikipedia. Enquanto os construtivistas contribuíram para todas as áreas criativas, incluindo a produção teatral e ar- quitetura, seu trabalho mais inovador foi no campo do design gráfico, como o de El Lissitzky. Eles eram 37 https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Artwork_by_El_Lissit zky_1919.jpg frequentemente “fotomontagens, combinando ti- pografia ousada e design abstrato com elementos fotográficos recortados”. No entanto, durante os anos 1920 e 1930, período do governo de Stalin, “os construtivistas sofreram com o controle cada vez mais centralizado da arte na Rússia que levou à impo- sição cultural do realismo socialista. Assim, embora inicialmente o movimento tenha sido inspirado pelas visões pós-revolucionárias utópicas, acabou sendo vítima do sistema político que emergiu da Revolução. Internacionalmente, no entanto, o movimento ganhou terreno e se espalhou pela Europa e pelas Américas. Ao longo das décadas que se seguiram, produziu inúmeros artistas e arquitetos que se inspiraram na arte e filosofia dos construtivistas, mais notavel- mente Estuardo Maldonado e Oscar Niemeyer. Mais recentemente, o legado continua com a arquitetura desconstrutivista de Zaha Hadid e Rem Koolhaas que tomam o construtivismo como ponto de partida para obras no final do século 20 e início do século 21; como os esboços e desenhos de triângulos e retângulos abs- tratos que evocam a estética do construtivismo. Apesar de seu declínio, o construtivismo floresceu em outros lugares. Foi uma importante influência ini- cial sobre o movimento moderno europeu e tornou-se uma inspiração duradoura para artistas e designers ocidentais através do ensino de emigrados constru- tivistas. O mentor de Rodchenko, Wassily Kandinsky, ensinou na escola de arte e design da Bauhaus na Alemanha depois de deixar Moscou em 1922, assim como o construtivista húngaro Laszlo Moholy-Nagy. 38 Para os designers gráficos soviéticos, a tipografia de vanguarda era um elemento definidor da nova estética soviética. A tipografia construtivista moderna foi uma fusão de tipos diferentes em tamanhos variados. As fontes eram legíveis, mas não eram compostas em uma página na maneira tradicional de um ou dois ti- pos de letra em colunas lógicas; em vez disso, havia vários tamanhos e formas dentro da mesma palavra ou sentença. El Lissitzky, Solomon Talingater, Alexander Rodchenko e Gustav Klucis entre eles, serifas são com- binadas para construir suas composições. Rodchenko usa formas de letras sans serif ousadas que são distor- cidas para dar uma sensação de movimento e dina- mismo. Essa abordagem definiu um estilo soviético de curta duração, mas acabou sendo espremida em favor do realismo socialista, uma vez que Stalin chegou ao poder. A tipografia construtivista, no entanto, sobrevi- veu ao expurgo stalinista fora da URSS, onde teve um impacto duradouro sobre os designers. Na década de 1920, ele caiu sob “A Nova Tipografia”, conhecido por sua assimetria, sem serifa e laje serif geometria e falta de ornamentação. Durante os anos 1920 e 1930, esse modo de comunicação foi transmitido por meio de profissões liberais e revistas de vanguarda indepen- dentes, exposições em todo o mundo, tornando-se a linguagem visual e o estilo do modernismo de design, uma versão castrada do construtivismo era usada como uma ferramenta de propaganda capitalista para sugerir a modernidade. SAIBA MAIS Grande parte do trabalho dos designers gráficos do século 20 é um resultado direto do trabalho realizado pelo design Rodchenko no campo. Sua 39 influência foi difundida o suficiente para que fos- se quase impossível destacar todos os designers cujo trabalho ele influenciou. A artista conceitual americana Barbara Kruger tem uma grande influ- ência do trabalho de Rodchenko. Seu conceito artístico inspirou vários trabalhos subse- quentes, incluindo a arte da capa de vários álbuns de música. Entre eles estão a influente banda punk ho- landesa The Ex, que publicou uma série de sete discos de vinil, cada um com uma variação do tema do retrato de Lilya Brik (Figura 13), a capa do álbum de Mike + the Mechanics, Word of Mouth, e a capa do Álbum de Franz Ferdinand “Take Me Out”. FIQUE ATENTO Conheça o trabalho da artista contemporânea Barbara Kru- ger . http://www.barbarakruger.com/art.shtml Conheça um pouco mais obras realizadas pelo artista El Lissitzky, o site indicado apresenta uma coleção com 79 imagens de sua obra. https://www.wikiart.org/pt/el-lissitzky Conheça uma pouco mais da obras do artista Ale- xander Rodchenko. https://www.wikiart.org/pt/ alexander-rodchenko Na representação da pintura no construtivismo russo co- nheça as obras do artista Kasmir Malevich. http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa341245/ kazimir-malevich 40 http://www.barbarakruger.com/art.shtml https://www.wikiart.org/pt/el-lissitzky https://www.wikiart.org/pt/alexander-rodchenko https://www.wikiart.org/pt/alexander-rodchenko http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa341245/kazimir-malevich http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa341245/kazimir-malevich TEORIA DA GESTALT E A PERCEPÇÃO VISUAL Grandes designers entendem o papel que a psicolo- gia desempenha na percepção visual. O que acontece quando alguém está de olho em suas criações de design? Pense nisso por um minuto. Quando as pessoas veem seus projetos pela primeira vez, como elas os experimenta? Para entender o que faz o design funcionar, você precisa entender a psicologia da per- cepção humana, conhecida como Gestalt. A Gestalt, também conhecida como Teoria da Forma, foi uma doutrina psicologia fundada no início do sé- culo XX, e forneceu a base para o estudo moderno da percepção. A palavra Gestalt é usada no alemão moderno para significar o modo como uma coisa foi “colocada” ou “montada”. Não há um equivalente exa- to em português. “Forma” é a tradução mais usual; na psicologia, a palavra é frequentemente interpretada como “padrão” ou “configuração”. A Gestalt procurava abranger ainda mais as qualida- des de forma, significado e valor que os psicólogos predominantes haviam ignorado ou presumido es- tar fora dos limites da ciência. A teoria enfatiza que o todo de qualquer coisa é maior que suas partes. Ou seja, os atributos do todo não são dedutíveis da análise das partes isoladamente. 41 A publicação do artigo “Estudos Experimentais da Percepção do Movimento” do psicólogo nascido na República Tcheca, Max Wertheimer (1880-1943), em 1912, marca a criação da teoria Gestalt. Nele, Wertheimer relatou o resultado de um estudo sobre o movimento aparente, quando uma imagem é estática. Junto com os psicólogos estônio Wolfgang Köhler (1887-1967) e alemão Kurt Koffka (1886-1941), esses três formaram o núcleo da escola Gestalt. O primeiro trabalho da Gestalt dizia respeito à percepção, com particular ênfase na organização perceptual visual, conforme explicada pelo fenômeno da ilusão. Em 1912, Wertheimer descobriu o fenômeno Phi, uma ilu- são de ótica na qual objetos parados mostrados em rápida sucessão, transcendem o limiar no qual eles podem ser percebidos separadamente, e parecem se mover. A explicação desse fenômeno - também conhecida como persistência de visão e experimen- tada ao ver imagens em movimento - forneceu forte apoio aos princípios da Gestalt. Sob o antigo pressuposto de que as sensações de experiência perceptiva estão em relação de um para um a estímulos físicos, o efeito do fenômeno Phi era aparentemente inexplicável. Entretanto, Wertheimer entendeu que o movimento percebido é uma experi- ência emergente, não presente nos estímulos isolados, mas dependente das características relacionais dos estímulos. À medida que o movimento é percebido, o sistema nervoso e a experiência do observador não registram passivamente a entrada física de maneira fragmentada. Em vez disso, a organização neural, 42 bem como a experiência perceptiva, surge imedia- tamente como um campo inteiro com partes dife- renciadas. Em escritos posteriores, este princípio foi declarado como a lei de Pregnância, significando que a organização neural e perceptual de qualquer con- junto de estímulos formará uma boa Gestalt, ou um todo, como as condições prevalecentes permitirão. Grandeselaborações da nova formulação ocorreram nas próximas décadas. Wertheimer, Köhler, Koffka e seus alunos ampliaram a abordagem da Gestalt para problemas em outras áreas da percepção, resolução de problemas, aprendizagem e pensamento. Os prin- cípios da Gestalt foram posteriormente aplicados à motivação, psicologia social e personalidade (parti- cularmente por Kurt Lewin) e à estética e comporta- mento econômico. Wertheimer demonstrou que os conceitos da Gestalt também poderiam ser usados para esclarecer problemas de ética, comportamento político e natureza da verdade. As tradições da psi- cologia da Gestalt continuaram nas investigações perceptivas realizadas pelo psicólogo alemão Rudolf Arnheim (1904- 2007) nos Estados Unidos. Em Arte e Percepção Visual, Rudolf Arnheim, seguin- do a Teoria do Design Puro, de Denman Ross, propôs uma teoria da Gestalt sobre a composição visual. A teoria da Gestalt diz que o mundo factual não é simplesmente entendido através da percepção como uma coleção aleatória de dados sensoriais, mas sim como um todo estruturado. 43 A percepção em si é estruturada, é ordenada. Isso também diz respeito à arte. A obra de arte foi um ex- celente exemplo de uma Gestalt para Arnheim, ele considerava a arte como um meio de percepção, e um meio de cognição. A percepção torna possível estruturar a realidade e, assim, alcançar o conheci- mento. Para o psicólogo, a Arte revela a essência de coisas, a essência da nossa existência, e essa é a sua função. Assim a visão não é um registro mecânico de elementos, mas sim a apreensão de padrões es- truturais significativos. SAIBA MAIS As ideias de Denman Ross (1853-1935) sobre arte e design alcançaram uma ampla audiência entre as décadas de 1890 e 1930, com seu ensi- no na Universidade de Harvard e seus livros. Uma análise de seus exercícios de ensino usando ele- mentos de design abstrato e seu influente texto Uma teoria do design puro: harmonia, equilíbrio e ritmo com ilustrações e diagramas (1907) pode enriquecer nossa compreensão do formalismo americano em seu início e sua dependência da ci- ência. Ross passa a definir “Pure Design” “Por Design Puro quero dizer simplesmente Or- dem, isto é, Harmonia, Equilíbrio e Ritmo, em linhas e pontos de tinta, em tons, medidas e for- mas. O Puro Design atrai os olhos da mesma for- ma que a Música Absoluta agrada ao ouvido. O propósito em Design Puro é conseguir a Ordem em 44 linhas e manchas de tinta, se possível, a perfeição da Ordem, um exemplo supremo dela, a Beleza: isso sem outro, sem mais, sem motivo maior; ape- nas para a satisfação, o prazer, o deleite. Na práti- ca do Design Puro, buscamos a Ordem e espera- mos pela Beleza. ” (ROSS, D. 1907 apud POPOVA, M. 2012) REFLITA “Toda a percepção é também pensamento, todo o raciocínio é também intuição, toda a observação é também invenção. ” (ARNHEIM 2011, p.13) Saber (antes mesmo de reconhecer) a estrutura es- tável dos objetos é o propósito tanto do processo de percepção da forma como de um artista que extrai do real. Reproduzindo a realidade ele retrata os estágios do conhecimento visual de uma forma em um nível mais consciente. A percepção usa milhões de neurô- nios especializados para desconstruir e reconstruir a forma física da realidade em uma representação está- vel e simplificada, utilizável por a unidade consciente. A lei fundamental que rege os princípios da Gestalt é que tendemos a ordenar nossa experiência de ma- neira regular, ordenada e reconhecível. É isso que nos permite criar significado em um mundo complexo e caótico. E ter uma sólida compreensão de como esses princípios funcionam ajudará você de três maneiras. 45 Eles ajudarão você a determinar quais elementos de design são mais eficazes em uma determinada situação. Por exemplo, quando usar hierarquia visual, sombreamento de plano de fundo, gradientes e como agrupar itens semelhantes e distinguir os diferentes. Esses princípios psicológicos têm o poder de influen- ciar nossa percepção visual, o que permite aos de- signers direcionar nossa atenção para pontos espe- cíficos de foco, nos levar a tomar ações específicas e criar mudanças comportamentais. Por fim, no nível mais alto, os Princípios da Gestalt ajudam você a criar produtos que solucionem o pro- blema do cliente ou atendam às necessidades do usuário de uma forma bonita, agradável e intuitiva de usar. Segundo a psicologia da Gestalt, o todo é diferente da soma de suas partes. Com base nessa crença, os psicólogos da Gestalt desenvolveram um conjunto de princípios para explicar a organização perceptual, ou como objetos menores são agrupados para formar objetos maiores. Esses princípios são frequentemen- te chamados de “leis da organização perceptiva”, são eles: unidade, segregação, unificação, fechamento, continuidade, proximidade, semelhança e pregnância da forma. A seguir estudaremos cada um desses princípios e suas relações com algumas obras de arte analisadas ao longo da disciplina Linguagem Visual e Estética. 46 UNIDADE Para a teoria da Gestalt uma cena visual é composta não apenas de objetos e formas, mas também de ori- gens, de objetos secundários, de detalhes, de simples elementos, de partes, de relações internas e de sua unidade percebida. A Unidade é o senso de coesão e consistência, criado quando todos os elementos de um design trabalham juntos. A unidade visual é alcançada quando elementos da composição visual compartilham uma harmonia observável, conforme percebida pelo observador. Todas as partes perten- cem a essa unidade. A unidade intelectual é quando a aparência e o significado de todos os elementos compartilham um tema comum e coeso. Se os vários elementos não forem harmoniosos, se parecerem separados ou não relacionados, o desenho pode “desmoronar”. Dizemos que falta unidade. Um aspecto importante da unidade visual é que o todo deve ser predominante sobre as partes: você deve primeiro ver todo o padrão antes de perceber os elementos individuais. Cada item pode ter um signi- ficado e certamente aumentar o efeito total, mas se o espectador vê apenas uma coleção de fragmentos, a unidade visual não existe. FIQUE ATENTO Teste de percepção: Nesse video de curta me- tragem você perceberá o quanto a nossa mente tende a captar a unidade visual e depois captar 47 os elementos individuais. Podemos analisar tam- bém como as imagens podem passar desperce- bidas quando corretamente trabalhadas. Interes- sante também é o fato de que isso já vem sendo usado pela televisão, filmes e propagandas para nos induzir a compras, estilos e consumismo, há muito tempo. h t t p s : / / w w w . y o u t u b e . c o m / watch?v=m-2AV4euxgU O trabalho do designer na criação de uma unidade vi- sual é facilitado pelo fato de que o espectador está realmente procurando por algum tipo de organização, algo para relacionar os vários elementos. O especta- dor não quer ver confusão ou caos não relacionado. O designer deve fornecer algumas pistas, mas o es- pectador já está tentando encontrar algum padrão e unidade coerente. No universo das artes visuais a unidade está presente em toda obra de arte, no entanto pode ser analisada de maneira mais clara nas obras pós-impressionis- tas. Um dos artistas fundamental para compreen- dermos a lei da unidade foi o francês George Seurat (1859- 1891), que percebeu essa atração do olhar, e a partir da técnica do Pontilhismo, fazia a composição pictórica através de pequenos pontos. A obra Domingo de Verão no Grande Jatene (1884-86), é composta por muitos pontos de cor colocados um ao lado do outro para criar figuras como as vemos (figura 1). Colocava pontos de cor pura um ao lado do outro, para que o trabalho fosse mais vibrante, e a obra fosse vista 48 https://www.youtube.com/watch?v=m-2AV4euxgU https://www.youtube.com/watch?v=m-2AV4euxgU como uma unidade. A unidade visual é alcançada quando elementos da composição visual comparti- lham uma harmonia observável, conforme percebidapelo observador. Observadas na obra de Seraut, não só pela escala minúscula desses pontos e na cor desses pontos para separar as figuras, mas também pela separação em larga escala das figuras enquanto ocupam seus lugares no parque. Figura 16: George Seurat. Domingo de Verão no Grande Jatene. 1884- 86 Óleo sobre tela. 207.5 × 308.1 cm. Instituto de Arte de Chicago. Fonte: Wikipedia. É interessante compreendermos que o artista estru- tura a organização do objeto selecionado, semelhan- te ao da percepção de todo o campo visual aliado. Assim como a percepção decompõe o campo visual em mil partículas específicas da realidade, então o artista quebra um objeto organizado e reconhecido em mais formas pequenas e elementares. Estes são então organizados pelo artista em objetos maiores 49 https://commons. wikimedia.org/wiki/File: A_Sunday_on_La_Grande_ Jatte,_Georges_Seurat,_1884.jpg através de procedimentos que simule o processo per- ceptivo em um nível consciente. Uma das regras mais importantes do desenho é jus- tamente “esquecer” o trabalho de organização e o significado de memória para se concentrar na des- construção e reconstrução da forma pura do objeto selecionado: uma cabeça, um corpo, o todo cena. Outra regra é que quanto maior e mais complexo é o objeto que o artista pretende representar, mais ele deve simplificar suas partes, tornando a tarefa “compatível” com os limitados recursos de proces- samento da unidade consciente. De acordo com a prática e teoria da representação visual, nossa percepção usa o mesmo procedimento para manter a complexidade da representação baixa e constante: quanto maior e mais complexo é o obje- to selecionado, mais a percepção detecta apenas as variações mais importantes, padronizando as menos importantes. A percepção mantém uma complexidade baixa e constante em cada passo de representação visual: criação das unidades lineares; relações entre as unidades lineares; fechamento das partes e seu rela- cionamento; e representação gestáltica do todo, que pode ocorrer pela Lei da Proximidade. Proximidade Quando o elemento visual linha é considerado como o resultado de um processo de agrupamento, com os traços que o formam, considerados como os ele- 50 mentos que, graças à sua proximidade, tornam este processo possível. O princípio da proximidade é bem sólido e definido na Psicologia da Gestalt. Elementos visuais são agrupados na mente de acordo com o quão próximos eles estão um do outro quando com- parados com elementos separados uns dos outros, conforme podemos analisar nas figuras 2 e 3. Tendo o desejo de organizar a variedade de dados e objetos ao seu redor, as pessoas geralmente os agrupam dessa maneira automaticamente, muito mais rápido do que começam a pensar em suas partes. Figura 17: Proximidade. Fonte: Elaboração própria. Este princípio nos permite usar espaços em branco, por exemplo, para construir relações percebidas entre diferentes elementos. No material escrito, a lei da proximidade nos permi- te entender o texto como um todo. Isso também é verdade para o espaçamento entre parágrafos e para elementos mais díspares de texto em uma página da web. O espaçamento entre blocos de texto nos diz qual a probabilidade de eles estarem relacionados uns aos 51 outros. Pegue qualquer livro perto de você e folheie-o. A menos que seja uma lista telefônica, você notará como o autor fez uso dos parágrafos para manter jun- tos o texto sobre ideias, argumentos ou argumentos semelhantes. A regra é a seguinte: se você alterar o assunto, precisará iniciar um novo parágrafo. O princípio da proximidade, também pode ser anali- sado no design gráfico de Theo Van Doesburg (pe- ríodo Neoplasticista), em sua representação de um alfabeto modular, que é constituído inteiramente de traços uniformemente pesados, em que cada letra esta inscrita dentro de um quadrado ou retângulo, conforme a proximidade entre as letras do cartaz, como podemos analisar em Design para um cartaz para a exposição seção d’Or (figura 16). A uniformidade visual é fortalecida pelo uso invari- ável de letras maiúsculas. Figura 18: Theo Van Doesburg. Design para um cartaz para a expo- sição seção d’Or.1920. 65 x 62.5 cm. Fonte: Wikipedia. 52 https://commons.wikimedia.org/wiki/File: Theo_van_Doesburg_Design_for_a_poster.jpg REFLITA O princípio da proximidade é muito útil para permi- tir que as pessoas agrupem ideias, conceitos, etc. - é ideal para nós podermos reconhecer diferentes grupos de itens de uma só vez. No entanto, como designers, precisamos ter cuidado ao empregar a lei em nossos projetos. Por quê? Se você agrupar muitos itens com muita atenção, terminará com um layout barulhento e lotado. A proximidade de cada item se tornará tão indistinta que seu design perderá o significado. Podemos verificar que os designers contemporâneos usam o princípio da proximidade na criação de suas identidades visuais, especialmente em tipografias e elementos que, a princípio, seriam usuais, mas tornam-se vários elementos com um recurso sim- ples. O resultado é a unidade na composição visual. Isso é bem visível no design do logotipo da empresa televisiva NBC (National Broadcasting Company), criado pelos designers Steff Geissbuhler, Chermayeff & Geismar. O logo é formado por seis formas em proximidade, colorida pelas cores primarias e secun- darias; os espaços em branco formam a imagem de um pavão. 53 Figura 19: Steff Geissbuhler, Chermayeff & Geismar. Logo da NBC, 1986. Fonte: Wikipedia. Podemos analisar, a partir deste princípio, que a ca- pacidade de organizar estímulos adjacentes com características semelhantes (cor, orientação, direção e velocidade de movimento) é a base dos primeiros estágios da percepção visual e também da prática de representação. O princípio da semelhança é es- sencial para a Boa Forma da composição plástica. 54 https://commons.wikimedia.org/wiki/File:NBC_logo.svg SEMELHANÇA O olho humano tende a perceber elementos seme- lhantes em um desenho como uma imagem, forma ou grupo completo, mesmo que esses elementos estejam separados. O cérebro parece criar uma liga- ção entre elementos de natureza semelhante. Então, nós os percebemos relacionados uns com os outros, separando-os de outros elementos em um design. Os olhos humanos são bons em preencher “lacunas” ou conectar “pontos”. Isso acontece naturalmente. Figura 20: Semelhança ou Similaridade Fonte: Wikipedia. Quando um espectador vê características semelhan- tes, percebe que os elementos estão relacionados devido às características compartilhadas, seja cor, forma, tamanho, textura, entre outras. Este princípio sugere que nossa atenção será atraída para o con- traste, em direção ao elemento que é diferente dos outros de alguma forma. Os pontos focais provavel- 55 http://commons.wikimedia.org/wiki/File: Gestalt_Principles_Composition.jpg mente surgem da nossa necessidade de identificar rapidamente o desconhecido para nos alertar para o perigo potencial. Os princípios de similaridade e pontos focais estão conectados, e pontos focais não podem ser vistos sem a presença da semelhança entre outros elementos. Nas Artes Visuais, podemos ver este princípio utili- zado de maneira essencial na composição plástica, com os pintores impressionistas que empregaram uma ampla gama de dispositivos de composição em seus trabalhos. Claude Monet, por exemplo, gostava de experimentar o jogo mutável de luz e cores ao longo do dia, através dos contrastes da cor. Na obra “Impressão, nascer do sol” (figura 21), o princípio da semelhança está presente à princípio nas cores complementares, azul e amarelo, e depois para a criação das formas em linhas que criam uma uni- dade. Os pontos focais se concentram no sol, e se estende à luz que reflete no mar, eleva nosso olhar à imagem do barco, até o ponto de fuga que está no canto superior esquerdo. 56 Figura 21: Claude Monet. 1872. Impressão, nascer do sol. Óleo sobre tela. 48x62cm. Fonte:Wikipedia. FIQUE ATENTO A semelhança e subdivisão são polos opostos. Enquanto a subdivisão é um dos pré-requisitos da visão, a semelhança pode tornar as coisas in- visíveis. A homogeneidade é o caso limite, no qual, como alguns pintores modernos demonstraram, a visão se aproxima ou atinge a ausência de estru- tura. A semelhança atua como um princípio es- trutural apenas em conjunção com a separação, isto é, como uma força de atração entre coisas separadas. O agrupamento por semelhança ocorre tanto no tempo como no espaço. Aristóteles considera- va a semelhança como uma das qualidades que criam associações mentais, uma condição da memória que liga o passado ao presente. Para 57 https://pt.wikipedia.org/wiki/Claude_Monet#/media/ File:Claude_Monet,_Impression,_soleil_levant,_1872.jpg demonstrar a semelhança independentemente de outros fatores, deve-se selecionar padrões nos quais a influência da estrutura total seja fra- ca ou pelo menos que não afete diretamente a lei de agrupamento particular a ser demonstrada. (AR- NHEIM, R. 2011, p. 70) O princípio da semelhança ou similaridade sugere que coisas semelhantes tendem a aparecer agru- padas. Agrupamento pode ocorrer em estímulos vi- suais e auditivos. Na imagem acima, por exemplo, você provavelmente vê os agrupamentos das pince- ladas como linhas, em vez de apenas uma coleção de traços. 58 UNIFICAÇÃO O princípio da unificação afirma que os elementos que estão conectados uns aos outros usando cores, linhas, quadros ou outras formas são percebidos como uma única unidade quando comparados com outros elementos que não estão ligados da mesma maneira. Esse efeito de agrupamento funciona mes- mo quando contradiz outros princípios da Gestalt, como proximidade e similaridade. Uma vez que es- tamos lidando com a combinação única do olho e do cérebro humano, e que a tendência humana de ligar ou agrupar elementos, ou se concentrar em itens semelhantes em um mar de objetos diferentes, é uma característica poderosa. Por exemplo, imagine que há três formas circulares desenhadas em um pedaço de papel com dois pon- tos localizados em cada extremidade do círculo. Os círculos estão bem próximos um do outro, de modo que o ponto no final de um círculo esteja, na verdade, mais próximo do ponto no final de um círculo sepa- rado. Apesar da proximidade dos pontos, os dois que estão dentro de cada círculo são percebidos como sendo um grupo e não os pontos que estão mais próximos uns dos outros. Quando elementos visuais se movem juntos na mes- ma direção, nós os vemos como parte de um único grupo. Nosso olho é atraído para figuras que estão se movendo juntas. Quem trabalhou este princípio com maestria foi o artista holandês Maurits Cornelis 59 Escher (1898-1972), na obra Cisnes (1956), figura 8, ele desenha os animais em uma disposição que observamos o símbolo do infinito pelo agrupamento das imagens. E depois apenas percebemos que se tratam de cisnes. Figura 22: ESCHER, M. Cisnes, 1956. Fonte: Flickr. O pintor Italiano, Johannes Stoetter transforma mo- delos vivos em animais, frutas, flores, através do princípio da unificação. A obra Rã Tropical (2013), a princípio vemos uma rã a partir do agrupamento, mas ao olharmos mais atentamente percebemos uma pessoa pode ser vista no centro, agindo como a espinha dorsal da rã, enquanto outros dois podem ser vistos agachados no chão, agindo como as per- nas traseiras da rã. Dois outros estão sentados em ambos os lados da “espinha dorsal” com os braços e as mãos estrategicamente colocados para replicar as pernas da frente. 60 https://c1.staticflickr.com/5/4597/ 39401587912_cb488c34a3_b.jpg Figura 23: Johannes Stoetter. 2013. Rã tropical. Itália. Fonte: Flickr. A partir desse princípio, os seres humanos tendem a perceber elementos que se movem juntos como sendo mais semelhantes entre si do que elementos que estão ou ainda ou se movendo em uma direção diferente. Em outras palavras, se você tem um grupo de objetos, e esses objetos estão todos se movendo na mesma direção, então você vai olhar automatica- mente para eles como sendo muito mais parecidos e relacionados uns aos outros do que objetos que não estão se movendo ou aqueles que estão se movendo no caminho oposto. 61 https://www.flickr.com/photos/ 55107929@N08/9260331571/sizes/o/ FECHAMENTO O princípio do fechamento explica como percebe- mos formas incompletas. Quando falta informação numa imagem, o olho ignora a informação que falta e preenche as lacunas com linhas, cores ou padrões da área circundante para completar a imagem. Na realidade, não há fronteiras ou linhas entre essa área (o plano de fundo) fora da imagem que estamos con- cluindo e os bits de fundo que determinamos agora fazem parte da imagem. O olho nos diz o contrário. Se o suficiente do formato for indicado, as pessoas percebem o todo preenchendo a informação fal- tando, como podemos ver na imagem abaixo (figura 10), onde podemos ver o cubo na frente dos círculos. Figura 24: Fechamento. Cubo de Necker Fonte: Wikipedia. Podemos usar o princípio do fechamento para obter efeitos visuais, como o uso no logotipo do Word Wildlife Fundation (WWF), figura 23. O urso panda está incompleto (não há linhas ao redor das áreas brancas), mas nossos olhos percebem um panda in- teiro apesar disso. É preciso algum esforço para su- 62 http://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Gestalt_Principles_Composition.jpg perar e notar as formas e pontos pretos aleatórios que aparecem em cada pedaço de fundo branco que eventualmente conseguimos ver. Nossas mentes tendem lacunas e preencher formulários inacabados Figura 25: Panda da WordWildlife Fund (WWF) Fonte: Flickr. Esse princípio acontece porque as pessoas tendem a procurar um padrão único e reconhecível quan- do visualizam um grupo complicado de elementos individuais. Em outras palavras, os seres humanos adoram a sim- plicidade, e a mente humana também. Talvez o logotipo mais famoso no mundo da tecno- logia que usa o fechamento seja a IBM, figura 12. Pare um momento para ver o logotipo da empresa. Este é um excelente exemplo de fechamento… você pode dizer exatamente por quê? O logotipo da IBM é, na verdade, apenas um grupo de linhas horizontais organizadas em uma formação complicada. Nossos cérebros querem entender isso, portanto, interpretamos de maneira natural e lógica 63 https://c2.staticflickr.com/8/7059/ 6904527267_30ac77f910_b.jpg como IBM, em vez de um grupo aleatório de linhas horizontais. É um ótimo exemplo do que um designer altamente qualificado pode criar. Com o uso desse princípio de Gestalt, os designers da empresa con- seguiram criar um logotipo atemporal que agora é instantaneamente reconhecível como uma marca global. Figura 26: Logotipo da IBM. Fonte: Wikipedia. O fechamento talvez seja mais fácil de entender do que outros princípios da Gestalt apenas porque é um conceito muito direto, tanto intelectual como visual- mente. Se você vir uma figura complicada ou pare- cida com algo semelhante, sua mente preencherá as lacunas para torná-la muito mais reconhecível para você. Isso, como você acabou de ver, levou a alguns exemplos de design realmente memoráveis e atemporais ao longo dos anos. 64 https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/ thumb/5/51/IBM_logo.svg/1024px-IBM_logo.svg.png FIGURA E FUNDO OU SEGREGAÇÃO No princípio da segregação também conhecido como figura e fundo, o olho tende a construir uma relação entre os elementos, preenche as lacunas e identifica o movimento oculto no design. Ele examina como o olho pode separar formas em um desenho do pla- no de fundo desse desenho. Nesse modo de ver as coisas, a figura é realmente um ponto focal que é separado do solo, que é o fundo ou a paisagem em que a figura se baseia. É também o mais crucial de todos os outros princípios da Gestalt. Pense assim: você não consegue entender álgebra ou até mesmo a multiplicação básica se não enten- der como adicionar ou subtrair. Omesmo acontece com a relação figura-fundo na Gestalt. Como seres humanos, nossos cérebros funcionam da seguinte maneira: quando novos objetos entram em nosso campo de visão, precisamos ter uma base sobre a qual entenderemos esses estímulos. As relações entre figura e fundo podem ser classifi- cadas em três categorias: Estável - No caso de uma figura estável, a figura será claramente identificável a partir do fundo, e um ele- mento claramente domina o layout geral. Como podemos analisar na pintura de Ticiano Vecellio, O sacrifício de Isaac (figura 27). A pintura 65 é caracterizada pela diferenciação clara entre a figura e o fundo que segrega e dá destaque aos elementos pictóricos. Figura 27: Ticiano Vecellio. O Sacrifício de Isaac. 1543. Óleo sobre tela. 328 x 285 cm. Fonte: Wikipedia. Reversível - Neste caso, a figura e o fundo têm densi- dade quase igual. Isso permite que o olho gire a figura com o fundo (portanto, “reversível”). Isso pode ser usado para criar ilusões visuais no design e na arte. Como exemplo podemos analisar a imagem abaixo (figura 28) conhecida como o vaso de Rubin, onde ora vemos um vaso, ora duas pessoas prestes a se beijar. Qualquer umas das imagens está correta, o fato é que temos a tendência a escolher uma imagem como figura e outra como fundo separadamente. O vaso simétrico tem um grande topo de trompete-funil que ocupa quase toda a largura do topo do plano de 66 https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Titian_-_Sacrifice_of_Isaac_-_WGA22780.jpg fundo e se afunila em um meio estreito. No meio, ele tem cinco contornos e quatro projeções antes de se abrir novamente para cobrir a maior parte da largura do fundo. O vaso “fez” dois rostos brancos encarando um ao outro, não através dele, mas contra o que nossos olhos agora percebem como sendo um espaço negro atrás deles. Figura 28: Vaso de Rubin Fonte: Wikipedia. Ambíguo - Em um design ambíguo, há pouca dis- tinção entre o fundo e a figura. A qualquer mo- mento, um único elemento pode ser figura e fundo ao mesmo tempo. Você pode tornar seu design ambíguo ao borrar os limites entre o seu terreno e a sua figura. Parece difícil, mas é um território fascinan- te para explorar, e há muitos exemplos famosos de design ambíguo. M.C. Escher era um mestre na utilização desse princípio, seus desenhos usaram a ambiguidade ao máximo e, graças a isso, temos fotos maravilhosas de pessoas subindo degraus em prédios: algumas estão subindo; alguns estão caindo, mas em ângulos impossíveis. Escher usou a ambiguidade para fazer os edifícios de uma maneira impossível – Desenhos ambíguos são seus para 67 http://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Gestalt_Principles_Composition.jpg tirar sua inspiração, quer você queira inserir escrita oculta, faces em perfil que também são uma face única e diferente. Figura 29: Escher, C. Côncavo e Convexo, 1955. Fonte: Wikipedia. REFLITA Ser capaz de decidir o que é uma figura e o fundo é vital para a detecção bem-sucedida de amea- ças. Por exemplo, você gostaria de saber imedia- tamente se você está pisando ou prestes a pisar em é inofensivo (apenas um monte de folhas) ou perigoso (uma cascavel que está prestes a atacar). É claro que a relação figura-fundo também oferece benefícios mais práticos: ela nos permite navegar por onde andamos para evitar colidir com as coi- sas. Você pode olhar para isso como nos capaci- tando a perceber o que precisamos notar e o que podemos descartar com segurança. 68 https://he.wikipedia.org/ wiki/%D7%A7%D7%95%D7%91%-D7%A5:Convex_and_Concave.JPG CONTINUIDADE O princípio da continuidade afirma que o olho huma- no segue linhas, curvas ou uma sequência de formas para determinar uma relação entre elementos de design. A continuidade pode realizar espaços positivos e negativos em projetos. O espaço positivo é o espaço em um design que é composto do sujeito - a ima- gem que inserimos. O espaço negativo é o restante do espaço ao redor e entre as bordas desse objeto. Quando vemos um layout de design, nossos olhos tendem a desenhar uma linha que conecta diferentes elementos. Lembre-se de que o olho humano está acostumado a traçar caminhos e segui-los. Padrões aplicados com a continuidade podem sugerir à pes- soa que está olhando para ela, que o padrão “conti- nua” mesmo após o fim do padrão físico em si, ou seja, nosso cérebro pode traçar as linhas de conexão entre vários elementos do desenho se não houver nenhum. Esta função cerebral nos permite ver al- guns elementos um pouco diferentes do que eles são na realidade, preenchemos a imagem com alguns elementos, permitindo-nos ver a imagem no todo, mas não em partes separadas, conforme podemos analisar na figura 28. 69 Figura 30: Continuidade Fonte: Wikipedia. O princípio da Continuidade explica como o nosso cérebro experimenta a linha visual de elementos agru- pados. Há uma tendência a perceber uma linha con- tinuando sua direção estabelecida. Este princípio é considerado um dos mais importantes, pois possui a mais ampla aplicação em design. Ele é aplicado não apenas em web design, mas também em design de interiores, design de roupas, paisagismo, arquitetura etc. Na arquitetura este princípio pode ser facilmente observado em todos os estilos, começando do grego antigo até o pós-moderno. Podemos analisar este princípio presente na entrada do metrô parisiense Metropolitain (figura 29), pro- jetada pelo francês Hector Guimard, um dos mais representativos arquitetos e designers da Art Deco. As linhas e padrões curvilíneos tem como referência as flores e videiras. As linhas da parte superior da entrada dirigem nosso olhar para o interior do metrô, pelo princípio da continuidade. 70 http://commons.wikimedia.org/ wiki/File:Gestalt_Principles_Composition.jpg Figura 31: Hector Guimard. Entrada do metrô de Paris. Porta Delphini. 1910. Fonte: Wikipedia. Outro fator interessante é que o princípio da con- tinuidade diz respeito aos itens que colocados em uma determinada linha ou direção são vistos como um grupo. Um exemplo de como este princípio está presente é no logo das Olimpíadas 2016 (figura 19), criado pela agência Tátil Design de Ideias, enquanto a fonte foi construída pela Dalton Maag, uma empresa britânica que tem um escritório no Brasil. Todas as curvas das formas do logotipo vêm das montanhas do Rio de Janeiro - não apenas a prin- cipal do Pão de Açúcar, mas todas as montanhas. Você pode encontrar este símbolo em cavernas há 71 https://commons.wikimedia.org/ wiki/File:La_station_art_nouveau_de_la_ porte_Dauphine_(Hector_Guimard).jpg um milhão de anos e nas escolas infantis de hoje. Isso torna o logotipo tão forte porque tem um bom significado em todas as culturas - com união e for- ça. As pessoas veem muitos significados diferentes que não foram intencionalmente colocados lá. As cores estão ligadas à nossa natureza brasileira. O verde está ligado à Floresta da Tijuca. Azul repre- senta nosso oceano e o amarelo / laranja vem da temperatura quente. Todas estas cores evidenciam três figuras únicas que leva nosso olhar a continui- dade das formas. Figura 32: Logotipo Olimpíadas Rio 2016. Ano: 2010. Fonte: Pixabay. FIQUE ATENTO Para assistir o making off da criação do logo das olimpíadas 2016 e saber um pouco mais sobre o processo de criação. http://tatil.com.br/pb/projetos/rio-2016/ 72 https://cdn.pixabay.com/photo/2016/08/ 15/01/23/river-2016-1594386_960_720.png http://tatil.com.br/pb/projetos/rio-2016/ PREGNÂNCIA (BOA FORMA) Pregnância é uma palavra de origem alemã que signi- fica “boa forma”. O olho humano gosta de encontrar simplicidade e ordem em formas complexas, isso impede-nos de ser sobrecarregados pela diversidade de informação que recebemos através dos estímulos. Quando vemos formas contorcidas em um design, o olho as simplifica transformando-as em uma úni- ca forma unificada (removendo detalhes estranhos dessas formas). Nós, seres humanos, gostamos de entender rapida- mente coisas que
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