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Parasitologia NEMATELMINTOS Do grego, nemato = fio + helmins = verme; Dentro deste grupo são encontrados representantes com os mais diversos tipos de vida e habitat, desde espécies de vida livre, aquáticas ou terrestres, até parasitos de vegetais e todos os invertebrados e vertebrados. São vermes com simetria bilateral, três folhetos germinativos, cilíndricos, alongados, cavidade geral sem revestimento epitelial, tamanho variável, de poucos milímetros a dezenas de centímetros, tubo digestivo completo; sexos, em geral, separados (dióicos), sendo o macho menor que a fêmea. São alguns deles: Ascaris lumbricoides, Trichuris trichura, Família Ancylotomatidae, Agentes da Larva Migrans, Strongyloides, Wuchereria bancrofti e Enterobius vermiculares. ASCARIS LUMBRICOIDES Filo: Nemathelminthes Classe: Nematoda Superfamília: Ascaroidea Família: Ascarididae Gênero: Ascaris Espécie: Ascaris lumbricoides Nome popular: lombriga, bicha. Doença causada: Ascaridíase, Ascaridose ou Ascariose. É o maior nematódeo desenvolvido no homem, é o mais cosmopolita e a mais frequente das helmintíases, ocupando o 17º lugar como causa infecciosa de morte. Morfologia do verme: Popularmente conhecidos como lombriga ou bicha, são vermes adultos, longos, robustos, cilíndricos, apresentam extremidades afiladas e cor leitosa. Os machos têm de 20 a 30 cm de comprimento. A boca está localizada na extremidade anterior, e é contornado por 3 fortes lábios com serrilha de dentículos e sem interlábios (trilobada). À boca, segue-se o esôfago musculoso e, logo após o intestino retilíneo. O reto é encontrado próximo a extremidade posterior. A extremidade posterior fortemente recurvada para face ventral, com 2 espículos, é o caráter sexual externo que o diferencia facilmente da fêmea. As fêmeas têm de 30 a 40 cm de comprimento, e quando adulta, são mais robustas que os machos. A cor, a boca e o aparelho digestivo são semelhantes aos do macho. A extremidade posterior da fêmea é retilínea. Morfologia do ovo: Originalmente são brancos e adquirem cor castanha devido ao contato com as fezes. São grandes, com cerca de 50 µm de diâmetro, ovais e com cápsula espessa. Ele é formado por 3 camadas: a membrana externa mamilonada (composta de mucopolissacarídeo), seguida por uma membrana média (composta de proteína e quitina) e uma membrana interna, delgada e impermeável à água (composta de proteína - 25% e lipídios - 75%). Internamente, os ovos apresentam uma massa de células germinativas. Frequentemente podemos encontrar ovos inférteis nas fezes. Eles são mais alongados, com membrana mamilonada mais delgada e citoplasma granuloso. Parasitologia Habitat: Parasitam o intestino delgado de humanos e de suínos. Em infecções moderadas, os vermes adultos encontram-se no intestino delgado jejuno e íleo, mas em infecções intensas, podem ocupar toda a extensão do intestino delgado. Podem ficar presos à mucosa, com auxílio dos lábios ou migrarem pela luz intestinal. Ciclo de vida: Monoxênico - possuem um único hospedeiro. Estenoxênico – só parasita humanos, ou seja, seu hospedeiro definitivo é o Homem. Cada fêmea fecundada é capaz de colocar, por dia, cerca de 250.000 ovos não-embrionados, que chegam ao ambiente juntamente com as fezes. Em temperatura adequada (25ºC e 30ºC), umidade mínima (70%) e oxigênio em abundância, esses ovos tornam-se embrionados em 15 dias. Ao ingerir algum alimento contaminado, o homem se infectará. O ovo passará pelo esôfago, chegando ao estômago, onde a sua acidez irá quebrar a casca desse ovo (o revestimento proteico), liberando a larva, que vai atingir o intestino delgado. Essa larva depois de liberada, atravessa a parede do intestino delgado, caindo na circulação (linfática e sanguínea) e invadindo o fígado entre 18 e 24 horas após a infecção. Em 2 a 3 dias, chegam ao coração direito, através da veia cava inferior ou superior, e 4 a 5 dias após são encontradas nos pulmões (Ciclo de LOSS). Cerca de 8 dias da infecção, as larvas rompem os capilares e caem nos alvéolos, sobem pela árvore brônquica e traqueia, chegando até a faringe. Podem ser expelidas ou deglutidas novamente, atravessando o estômago e fixando-se no intestino delgado. Transformam-se em adultos jovens 20 a 30 dias após a infecção e em 60 dias alcançam a maturidade sexual, fazem a cópula, ovipostura e já são encontrados ovos nas fezes do hospedeiro. Os vermes adultos têm uma longevidade de 1 a 2 anos. Elas vão fazer esse ciclo pois precisam de uma quantidade de oxigênio (do pulmão) e de alguns nutrientes (da circulação). Transmissão: Oro fecal - através da ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos. Patologia - quando ainda larva: No fígado, quando são encontradas numerosas formas larvares migrando, podem ser vistos pequenos focos hemorrágicos. Nos pulmões ocorrem vários pontos hemorrágicos na passagem das larvas pelos alvéolos. Essa migração pulmonar pode causar: pneumonia eosinofílica e pneumonia bacteriana secundária (pode se contaminar no intestino e levar ao pulmão). Patogenia - quando verme adulto: Em infecções de baixa intensidade, de 3 a 4 vermes, o hospedeiro não apresenta manifestações clínicas. Mas nas infecções médias de 30 a 40 vermes, ou maciças, de 100 ou mais vermes, pode-se encontrar as seguintes alterações: Os vermes roubam grandes quantidades de nutrientes do hospedeiro, levando-o à subnutrição (ação espoliadora); Causam reações alérgicas, irritabilidade, edema, convulsões etc. (ação tóxica); Causam irritação na parede, levando a obstrução da parede intestinal (ação mecânica). É comum em crianças o aparecimento de alguma alteração cutânea (manchas circulares, disseminadas pelo rosto, tronco e braços); Sintomas: Causa dor abdominal, diarreia e constipação (não conseguir defecar), irritabilidade, reações alérgicas, anemia e emagrecimento e Síndrome de Löeffler (causada pela passagem do verme pelo pulmão). Diagnóstico: Exames de imagem, fazendo a pesquisa de ovos nas fezes. Parasitologia Tratamento: A OMS recomenda 4 drogas - Albendazol, Mebendazol, Levamisol e Pamoato. Epidemiologia: É encontrado em quase todos os países do mundo e ocorre com frequência variada em virtude das condições climáticas ambientais e, principalmente, do grau de desenvolvimento socioeconômico da população. Sendo mais frequente em áreas tropicais com clima quente e úmido. A falta de saneamento em áreas de alta densidade populacional contribuem para o aumento da carga da doença. O fato de as brincadeiras de crianças serem relacionadas com o solo e o hábito de levarem a mão suja a boca, são os fatores que fazem com que a faixa etária de 1 a 12 anos seja a mais prevalente. Os adultos muitas vezes não apresentam a doença, e isto, provavelmente, é devido a mudança de hábitos higiênicos e, ainda, porque se infectaram quando crianças, desenvolvendo imunidade. A dispersão dos ovos pela chuva, vento e insetos também é um problema. Distribuição geográfica: Pode ser encontrado em todo o mundo, principalmente nas áreas tropicais. Profilaxia: Educação sanitária, hábitos de higiene, proteção dos alimentos, programas de assistência sanitária, uso de água tratada, fervida ou filtrada, construção de fossas sépticas e o tratamento de pessoas parasitadas. ATUALMENTE, APESAR DAS CAMPANHAS REALIZADAS NAS ESCOLAS, SABE-SE QUE OS NÍVEIS DE PARASITISMO CONTINUAM ELEVADOS, ESPECIALMENTE EM CRIANÇAS COM IDADE INFERIOR A 12 ANOS EM VÁRIAS REGIÕES BRASILEIRAS, QUER SEJA NA CIDADE OU EM ZONAS RURAIS. ASCARIS ERRÁTICO: Acontece quando o verme localiza-se em habitat anormal, como no apêndice cecal (causa apendicite aguda), canal colédoco (sintomas hepatobiliares), canal de Wirsung (pancreatiteaguda), boca e narinas, trompa de Eustáquio (otite média), intra-hepático (abcesso hepático), rim e uretra (pielonefrite e hidronefrose), e cérebro (abcesso cerebral). Pode acontecer do verme sair pelo nariz ou pela boca.
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