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1) ASSOCIAÇÕES ENTRE A ÁFRICA MEDIEVAL E O REINO MALI:
A África Medieval, isto é, o continente africano dentyro da temporalidade do século IV ao XV, foi por muito tempo velada dentro dos campos de estudos que priorizaram apenas a Europa. Dentre os pontos cruciais dentro desse recorte, está a formação dos Reinos de Mali e Gali, que ao mesmo tempo, se aproximam e se distanciam daqueles feudos europeus, principalmente, devido a perspectiva ética e moral serem menos ocidental.Contudo, a compreensão da realidade do espaço que foi berço da humanidade é dificultada pela carência de fontes claras, o que já foi suprida por outros recursos, e por poucas pesquisas sobre o campo medieval na África. Logo, a seguir serão traçados perspectivas complementares sobre o Reino de Mali, Relatos de viajantes que passaram pelo lugar que se preza esse estudo e as relações evidentes entre conhecimentos afros e seus semelhantes e com estrangeiros.
Primeiramente, sabe-se que o conhecimento que se tem sobre o continente africano medieval e os reinos que ali existiam só foram possíveis por estudos posteriores à época, por meio dos griôs “ biblioteca viva” e por viajantes que passavam pelo Norte da África. Os griôs que lidavam com os escritos, transmissão de saberes,além de, preservação e conservação de documentos. Por outro lado, os viajantes, um dos exemplos mais famosos é o do IBN Battuta, que era da Ásia e relatou sobre outros povos além dos africanos e asiáticos. Um dos principais ponto de suas narrativas é que neles é possível revelar sobre o escritor da obra, graças a surpresa, deslumbramento, esstranhamento que desperta diante da convivência dos povos estrangeiro de sua terra. Consequentemente, a coleta de dados de recursos não tão perfeitos para a compreensão aprofundado do assunto, foi-se construindo estudos mais avançados sobre o campo africano o que permitiu um entendimento sem tantas lacunas sobre o assunto.
Nesse contexto, dentre muitas etnias dentro do território negro, o Reino do Mali conseguiu formar um império com um conjunto de povos que viviam no norte da áfrica ocidental. Os sudaneses conseguiram conquistar mais territórios em comparação a outras organizações que havia naquele lugar, isso porque, era organizado, possui uma liderança, exército, religião, política, economia e etc. Sobre este tema, o viajante que percorria o mundo até chegar em Meca, IBN Battuta, se surpriendeu com os hipopótamos e pela forma como tais animais convivia com os residentes; além disso, dissertou sobre a quantidade exorbitante de ouro no lugar e a riqueza da população; sem contar, com os hábitos culturais africano que ficavam em constante conflito com a cultura dos árabes, isto é, nacionalidade do peregrino.
Por conseguinte, o Estado Mali foi crescente com a ajuda do seu exército e riquezas minerais e comercias. Nesse processo, conseguiu subjugar Songhai e Gana, dois impérios solidificados naquela época. Um dos fundamentais imperadores, está Sundiata Keita, que em seu governo tornou o inslamismo a principal religião do reino, invertendo o seu título de Imperador para Mansa ( termo utilizado em países árabes para se referir ao líder de Estado do governo). Porém, a Islamização de Mali significou a confluência desta com a espiritualidade já presente na capital.
A religião Islã junto com a influência dos países árabes e asiáticos estão agindo nessa temporalidade, mas nos anos seguintes esse quadro se potencializará, sobretudo, no século XIX, tomando grande parte da religiosidade afro ou ocupando de ser afro-inslâmica. Outro paralelo que se pode perceber na contemporaneadade, é a presença das artes, esculturas, máscaras e pinturas ocupando espaços no mundo europeu. Por exemplo, tem-se o artista Pablo Picasso, na obra Les Demoiselles d'Avignon.
Outra dado interessante para os dias de hoje, em relação a sociedade sudanesa, era o papel da mulher na sucessão. Diz-se que no Império Mali, a geração herdeira poderia ser tanto pela linhagem materna, quanto paterna. Além disso, poderia ser por meio dos irmãos/irmãs da matriarca, o que é chamado de sucessão avuncular. Dessa forma, pode-se entender que as relações éticas e morais presentes no continente reconheciam o papel como influente na família, o contrário de famílias patriarcais comuns no Ocidente.
Portanto, percebe-se por meio dessas interferências que o cosmo africano inclui particularidade que não podem ser depreendidas por quem analisa esse espaço como um lugar homogêneo e vazio de significados e culturas. Havia nessas sociedades entidades responsáveis por guardar e valorizar os conhecimentos históricos e socias sobre o espaço em que viviam. Ademais, foi possível por intermédio dos viajantes que, aparentemente, pode ser visto como uma metáfora para representar o olhar feito por quem não conhece, possui ou vive uma dada realidade, o que pode ser comum entre os mais leigos e os mais estudados em proporções diferentes. A Idade Média africana coincidente com a da Europa apresenta ponto semelhantes, como, os pilares da maioria das sociedades, política, exército, cultura; embora, tenha pontos simples como a papel das mulheres o que no ocidente está sendo cada vez mais comum a partir de debates do século XX. Enfim, a compreensão sobre a África na Idade Média é fundamental para um olhar mais orgãnico sobre tal plano e o olhar do viajante sobre a sociedade de outrem é mais ampla com a diversidade negra.
REFERÊNCIAS:
BOULOS JÚNIOR, Alfrredo. História sociedade & cidadania, 1 ano / Alfredo Boulos Júnior. – 2. ed. – São Paulo : FTD, 2016,- ( Coleção história sociedade & cidadania).
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.
MACEDO, José Rivair; MARQUES, Roberta Pôrto. Uma viagem ao império do Mali no século XIV: o testemunho da Rihla de Ibn Battuta (1352-1353). V. Ciências e Letras, Porto Alegre, n. 44, p. 17-34, jun./dez. 2008.
AUGUSTO, PEDRO. Império Mali. InfoEscola: Navegando e Aprendendo, 2006. Disponível em: < https://www.infoescola.com/africa/imperio-mali/ >. Acesso em: 08 de set, 2021.

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