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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS INSTITUTO DE GEOGRAFIA, DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE CURSO DE GEOGRAFIA Disciplina: Geografia da População Profa. Marta Luedemann Nome: Turma: ( ) Tarde (x ) Noite Curso: ( ) Bacharelado ( x ) Licenciatura Currículo: ( ) 60 horas ( x ) 54 horas Resumo nº: 2 Autor(es): Max Sorre Título: A Noção de Gênero de Vida e Sua Evolução Capítulos: (Enviar resumo para: martageoufal@gmail.com;) Os elementos dos gêneros de vida Max Sorre inicia contando que os gêneros de vida, conceituado por La Blache, se referem a complexos de atividades habituais de grupos humanos, que sua autonomia é o que os torna ideias para exemplificar. A partir de então a técnica será referida ao modo como se organizam e mostrará “como ela se altera e se transforma no mundo moderno”. A riqueza da noção a respeito de gêneros de vida dá conta de quase a totalidade das atividades do grupo humano. Os elementos culturais que libertam os indivíduos da “tirania do costume” são técnicas transmitidas pela tradição e que vão garantir o domínio do homem sobre a natureza. Várias técnicas que intermediam a relação do homem com a natureza para benefício dos grupos humanos, assim como instituições que promovem sua coesão e garantem sua perpetuação. A capacidade criadora original ou adquirida nos permitir usar as possibilidades do meio. Em seguida Sorre descreve inicialmente os gêneros de vida como “combinações de técnicas” e que as técnicas materiais refletem no surgimento de técnicas religiosas se referindo a exemplos de criadores e agricultores que no desenrolar de suas atividades acabam por introduzir ações que não são explicadas simplesmente em termos tecnicamente materiais e sim sobrenaturais. São ações igualmente validadas num gênero de vida. Os elementos materiais possuem o mesmo valor que os elementos espirituais. E também são válidos os elementos sociais pois não é possível pensar sobre gêneros de vida “fora da atmosfera de uma sociedade organizada”. Papel dos elementos do gênero de vida e sua adaptação O autor pondera que a observação dos gêneros de vida complexos sugere que haja distinções de traços entre eles quanto ao papel e a idade. Uns são criadores ou organizadores (a base) e outros são fixadores (“função de conservação”). É preciso moderação na compreensão. Eles não são definitivos, mas explicam como funciona o gênero de vida. Os criados ou organizadores são traços mais antigos. O modo como lidam com todo o processo de plantio das culturas, são vistos como “técnicas fundamentais em torno das quais se organiza o gênero de vida”. Se associam de tal forma a permitir o melhor provei dessas técnicas em relação ao clima da área plantada. O papel fixador é desempenhando pelas estruturas sociais e a organização do trabalho. Analisando a natureza e a ação de formas mais evoluídas, como gêneros de vida baseados numa combinação de agricultura de grãos com criação sedentária, numa aldeia com regras estabelecidas, vemos sua estrutura e distribuição de terras, a forma como a exploram, materializam o funcionamento do gênero de vida. A distribuição de terras fixa o grupo humano em seus hábitos. O que é considerado pelo autor um fator que dificulta a mudança de um tipo de exploração antigo por um moderno. Gêneros de vida e meios geográficos Sorre então vai descrever os gêneros de vida como o conjunto de técnicas que são formas ativas de adaptação do grupo humano ao meio geográfico. Em seguida descreve exemplos da capacidade adaptativa dos gêneros de vida de acordo com o “meio especializado” as sazonalidades de hábitos de acordo com cada tipo climático. Cita o exemplo dos esquimós como um modo de vida que é símbolo de uma cultura de grande especialização e extensão. Marcas do gênero de vida sobre os homens O autor conta que as marcas que os gêneros de vida imprimem sobre os homens é outro fator de sua conservação. Possuem a capacidade de transformar o indivíduo física e mentalmente. O meio físico age sobre o gênero de vida, que por sua vez, age sobre os homens. Então os gêneros de vida possuem elementos que modificam como o homem se alimenta e como será sua ação física. Transformam-se hereditariamente de características individuais para características étnicas. A partir daí então é possível classificá-las partindo de um modo de atividade dominante. A evolução dos gêneros de vida. O exemplo do esquimó. Para o autor a definição de gêneros de vida até este ponto do texto encontra-se incompleta e fragmentada. Defende que é preciso considerar que as transformações e adaptações destes gêneros ao longo do tempo conferem a eles uma maturidade. Através deste grau de maturidade é possível observar a evolução como aspecto complementar, não contraditório. Sorre vai analisar 3 culturas esquimós através de aspectos arqueológicos e cronológicos, na sucessão de uma civilização para a outra, conseguindo apreender temas que se cruzam com as discussões arqueológicas a medida em que constatam a influência das mudanças do meio, legado dos instrumentos, movimentos da cultura, interferência em cultura vizinha, grande capacidade adaptação. Evolução de origem interna O autor nesse ponto reflete sobre a possibilidade de uma evolução que não seja provocada por fatores externos como a condições climáticas ou mudanças de área geográfica. Uma melhoria interna nos insumos agrícolas, ferramentas mais modernas. Mudanças que ao longo do tempo implicaram em mudanças de ordem sociológica, da vida no campo, a possibilidade vender os excedentes da produção, implica em condições para mudanças sociais, assim como o processo de industrialização. Fenômenos que ocorreram dentro de um mesmo gênero de vida, sem necessariamente haver uma segregação geográfica. Algumas consequências dessa evolução Agora vamos ter um modo de vida industrial que origina novos gêneros de vida, diferenciados agora pela caracterização profissional. Isso implica na perda de autonomia no coletivo visto que um dia vivemos para atender necessidades básicas do grupo onde todos eram capazes de realizar todas as atividades e agora passam a depender um do complemento profissional do outro. O que já modifica a noção de gênero de vida. Evolução por adaptação a um novo meio Sorre vai discutir a provável situação de que alguns gêneros de vida puderam se conservar mesmo com a mudança de localização geográfica, ainda que precisassem se adaptar a novas realidades bioclimáticas. Um indicativo que pode constatar essa conclusão é que semelhanças materiais entre civilizações primitiva e povos atuais sobreviveram ao longo do tempo. Introdução de elementos novos Considera-se neste ponto a intervenção de fatores externos nos gêneros de vida que não estão ligados a uma questão do meio físico. Por exemplo, uma invasão de território por outros povos em grande número, impondo sua lei, sem esconder seu traço cultural, ou a introdução de animais como novo meio de transporte para outro povo. Origem única ou múltipla dos gêneros de vida Aqui Max Sorre pondera se técnicas parecidas teriam sido inventadas ao mesmo tempo em locais distintos ou se haveria o transporte e compartilhamento dessas técnicas de um local distante para o outro. Como por exemplo o princípio da irrigação descoberto na América pré-colombiana sem a necessidade de ter sido imitada. Ainda permanecendo aberta a possibilidade de migração de técnicas em outros momentos conhecidos. Problemas de limitação Nesta sequência o autor expõe que alguns gêneros de vida não mudaram ou evoluíram com atos de intervenção externa, ou pelo menos suas adaptações estagnaram em tal ponto que não foi possível testemunhar qualquer mudança, como o exemplo citado dos agricultores sudaneses. Característica que foi denominada de ausência de plasticidade. Constatou-se uma especialização e estreita coesão de um gênero de vida adaptado ao meio como fator dominante que marca o modode existência pela sua incapacidade de libertação de seu instrumento. A circulação e a expansão do ecúmeno Sorre vai mostrar como a circulação, os fenômenos de migração influenciaram diretamente nos gêneros de vida, gerando novos gêneros em detrimento do desaparecimento dos antigos, ainda que os novos hábitos do novo gênero de vida ocorram dentro de um mesmo povo. A circulação, condição de existência dos gêneros de vida Aqui um ponto importante e diferente abordado pelo autor. A circulação não se trata apenas de um aspecto que acarreta no transporte de elementos de transformação dos gêneros de vida, mas também pode conferi-lo certa estabilidade. Em seguida cita o exemplo dos gêneros de vida que alternam a vivência nas planícies e nas montanhas, combinando a transumância com o pastoreio nas montanhas, e em alguma medida mantendo a frágil economia. Esse conjunto de processos garante, pela circulação, um certo equilíbrio e perpetuação de um movimento de homens e de animais. A vida de trocas, agente de destruição e de diferenciação Então Sorre vai demonstrar a complexidade dos efeitos da circulação sobre os gêneros de vida. Eles agora serão diferentes do que vimos até aqui. Se efeitos são vistos na aceleração e modificação das formas de vivência. Como o exemplo da ferrovia, que não foi a causa do êxodo rural, porém contribuiu para sua aceleração. Contribuiu também para a circulação dos excedentes de produção dos gêneros de vida rurais, e a produção industrial que também impactou na vivência do campo. Novas dinâmicas e hábitos nos ofícios. A segregação geográfica é outro estágio de causas complexas. As áreas industriais agora usufruem de toda uma rede que foi criada para circulação de sua produção. Os benefícios da modernização, da melhoria das condições de vida agora refletem em melhores condições de manutenção de seu gênero de vida. Adiante, o autor vai abordar os transportes como uma nova ferramenta criadora de gêneros de vida pela própria circulação. Então Sorre coloca que a concepção de gêneros de vida para os geógrafos só pode existir quando nos referimos a grupos humanos. Não há como pensar em gênero de vida de apenas um indivíduo. E por sua vez, o gênero de vida só pode ser entendido em relação a um meio físico. Apresenta certa estabilidade e essa característica permitiu a sua perpetua. Essas características em um nível mundial o conferem atributos essenciais a sua noção clássica. A noção de gênero de vida foi alterada ao longo do tempo por mudanças nas formas de especialização e de mudanças dos modos de existência mistos. Além da noção de gênero de vida rural o autor considera ser necessária a análise dos gêneros de vida urbano e sua coexistência com os rurais. São vistos mais modernamente em análise que os diferencia em classes sociais e necessitam de estudo do habitat para compreender modernamente suas implicações.