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das A Gabarito utoatividades PED | 2012/2 | Módulo IV FUNDAMENTOS DA LINGUÍSTICA Editora Centro Universitário Leonardo da Vinci Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040 Bairro Benedito - CEP 89130-000 Indaial - Santa Catarina - 47 3281-9000 Elaboração: Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI Prof. Elias José Mengarda 3UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES F U N D A M E N T O S D A L I N G U Í S T I C A GABARITO DAS AUTOATIVIDADES DE FUNDAMENTOS DA LINGUÍSTICA Editora Centro Universitário Leonardo da Vinci Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040 Bairro Benedito - CEP 89130-000 Indaial - Santa Catarina - 47 3281-9000 Elaboração: Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI UNIDADE 1 TÓPICO 1 Agora que você descobriu a importância de Saussure na sistematização da Linguística Moderna, convido você para aprofundar as seguintes questões: 1 Pesquise a definição de Linguística e comente de modo pormenorizado seu campo de investigação. R.: A Linguística é o estudo científico da língua entendida como sistema que permite a comunicação entre os seres humanos. Esse sistema linguístico que possibilita a comunicação entre as pessoas pode ser estudado em seus variados níveis, tais como: fonologia, fonética, morfologia, sintaxe, semântica e pragmática, com metodologias específicas para cada um desses níveis. Note que esses níveis que formam o sistema linguístico são estudados separadamente por questões metodológicas. Na verdade, a língua é processada globalmente, embora o processo aquisitivo da linguagem mostre que os componentes fonológicos e morfológicos, mesmo os mais iniciais, são revestidos de significação e permitem a compreensão da mensagem entre emissor e receptor. É só verificar como os bebês se comunicam com seus pais. 2 O que significa estudar a língua do ponto de vista da Linguística e da Gramática Normativa? Quais são as diferenças que existem entre essas duas áreas, na análise da língua? R.: Essa questão procura esclarecer os critérios que regem as funções ou o papel do linguista e do gramático que atuam como profissionais ou cientistas da língua. O linguista tenta explicar determinados usos linguísticos e as causas que provocam, por exemplo, determinadas mudanças na língua, independente de o gramático “querer ou não querer”. O linguista está interessado em verificar como determinados usos linguísticos passam a fazer parte do cotidiano das pessoas, mesmo que não sejam aqueles usados pela elite. Por sua vez, o gramático formula os padrões de correção dos usos gramaticais e concebe a língua como normas prescritas aos falantes, normas rígidas de uso dessa língua. Desse modo, a língua é vista como o conjunto 4 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD F U N D A M E N T O S D A L I N G U Í S T I C A de regras do seu funcionamento e que devem ser observadas pelo falante. Como podemos ver, os gramáticos apresentam o funcionamento de uma determinada língua, formalizando ou descrevendo suas regras nos tradicionais manuais de Gramática de Língua Portuguesa. Já a Linguística é descritiva e não prescritiva, pois o que os linguistas procuram fazer é interpretar os dados da experiência linguística dos falantes e dos fatos linguísticos das comunidades de fala. 3 Como a Linguística avalia a questão do “certo” e do “errado” em relação aos usos linguísticos orais (a fala das pessoas)? R.: O linguista procura, a partir dos fatos linguísticos gerados pelos falantes, apresentar explicações que esclareçam sua origem e pertinência. Não cabe ao linguista julgar se os usos linguísticos recorrentes nas comunidades de fala são corretos ou errados. Os usos linguísticos estabelecem-se no nosso cotidiano por critérios que fogem da alçada do professor de Língua Portuguesa ou do linguista. A língua reflete aspectos psicológicos e socioculturais de seus falantes, inseridos num determinado contexto social, histórico e econômico. A língua não é estática, mas dinâmica, e está em constante pressão que é exercida pelos usuários, em nível externo ou interno. TÓPICO 2 1 Pesquise o conceito de signo linguístico e formule uma definição. R.: O signo linguístico é uma entidade psíquica formada por duas faces: o conceito e a imagem acústica. A imagem acústica é a impressão psíquica desse som, ou, em outros termos, é o significante. O conceito é o significado. Desse modo, o signo une um conceito a uma imagem acústica (significante), que é a parte física ou material do signo. 2 Conceitue o que é signo cultural e natural e exemplifique. R.: O signo natural é produzido por indícios físicos como a fumaça, a trovoada, as nuvens escuras, os rastros, o som, o cheiro, a luz etc. Também podemos ter signos em forma de sintomas fisiológicos, como a pulsação, a contração, a dor, a febre, a fome, o suor etc. Os signos culturais ou convencionais envolvem a existência de uma cultura já estabelecida, da qual eles são o resultado e a expressão, o produto e o instrumento a um só tempo. Esses signos podem apresentar-se em forma de ícone, símbolo ou signo. É importante notar que o signo cultural é criado para alguma finalidade de comunicação ou de 5UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES F U N D A M E N T O S D A L I N G U Í S T I C A significação. Os signos naturais são gerados pela própria natureza, sem a intervenção criadora do homem. 3 Descreva de que modo Saussure (1916) explica a arbitrariedade do signo. Por que dizemos que o signo linguístico é arbitrário? R.: O signo é considerado arbitrário por resultar da associação de um significante a um significado. Assim, a ideia de “pé” não está ligada por nenhuma relação à cadeia de sons [p] + [e] que lhe serve de significante; podia ser representada por qualquer outra. Podemos verificar isso ao observarmos as diferenças entre as línguas e a própria existência de línguas diferentes: o significado “rua” tem como significante os fonemas [‘Rua] de um lado da fronteira e [‘kalʎe] do outro. Saussure nos dá o exemplo da palavra francesa “boeuf” (boi) que tem por significante “b-õ-f” de um lado da fronteira franco-germânica e “o-k-s” (ochs) do outro. No entanto, ambas as palavras apresentam a mesma significação que nós temos do animal representado que é “boi”. 4 Interprete a seguinte afirmação: “Os signos linguísticos funcionam por meio de um sistema de oposições mútuas”. R.: O significado das palavras “caça” e “taça” deve-se à diferença dos fonemas /c/ e /t/. Essa diferença é suficiente para gerar uma oposição que permite que se distingam dois significados. Esse processo fica mais claro quando verificamos como funcionam as relações sintagmáticas e paradigmáticas. Em “mar”, por exemplo, podemos gerar a partir da substituição do primeiro fonema “m” que forma a palavra “mar”, outras palavras, tais como: “par”, “lar”, “bar”. TÓPICO 3 1 Leia atentamente os textos do Tópico 3 e conceitue os seguintes termos: a) Multidisciplinaridade: na multidisciplinaridade (ou pluridisciplinaridade), várias disciplinas analisam um dado objeto, sem que haja ligação necessária entre essas abordagens disciplinares. b) Interdisciplinaridade: a interdisciplinaridade pressupõe uma convergência, uma complementaridade, o que significa, de um lado, a transferência de conceitos teóricos e de metodologias e, de outro, a combinação de áreas. Com frequência, a interdisciplinaridade dá origem a novos campos do saber, que tendem a disciplinarizar-se. A bioquímica, unindo biologia e química, estuda os processos químicos que ocorrem nos organismos vivos. A sociobiologia é a 6 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD F U N D A M E N T O S D A L I N G U Í S T I C A tentativa de explicar biologicamente os comportamentos sociais. Em resumo, a interdisciplinaridade visa criar um “objeto novo” que não pertença a ninguém. c) Transdisciplinaridade: o prefixo “trans” diz respeito àquilo que está ao mesmo tempo entreas disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo, para o qual uma das condições fundamentais é a unidade do conhecimento. d) Pluridisciplinaridade: tem o mesmo significado de multidisciplinaridade. São várias disciplinas que analisam um dado objeto, sem que haja ligação necessária entre essas abordagens disciplinares. A pluridisciplinaridade diz respeito ao estudo de um objeto de uma mesma e única disciplina por várias disciplinas ao mesmo tempo. Por exemplo, um quadro de Giotto pode ser estudado pela ótica da história da arte, em conjunto com a da física, da química, da história das religiões, da história da Europa e da Geometria. TÓPICO 4 1 A partir da leitura do tópico, formule um conceito de Psicolinguística. R.: A Psicolinguística nasce do encontro de dois campos científicos: a Psicologia e a Linguística. Sendo assim, ela reúne os fundamentos empíricos da Psicologia e da Linguística para estudar os processos mentais que subjazem à aquisição e ao uso da língua(gem). 2 Explique/comente qual é a relação da Psicolinguística com a Aquisição da Linguagem. R.: Como a Linguística abarca o estudo da língua e esta é desenvolvida no cérebro, era necessário desenvolver metodologias que explicassem o modo como era processada a língua. Dentre muitos temas que podem ser objeto de estudo da Psicolinguística, uma dessas áreas que ganhou fortíssimo interesse foi a aquisição da língua. As justificativas devem-se a uma série de fatores, tais como: a aquisição da língua materna, a aprendizagem de línguas estrangeiras, a necessidade de elaboração de métodos que proporcionassem a aprendizagem de línguas. É por isso que a Psicolinguística fez com que a área da aquisição da linguagem se desenvolvesse tanto, a tal ponto de constituir uma área praticamente autônoma de estudos nos dias atuais. 3 Explique/comente o tipo de contribuição que a Psicolinguística proporciona para o pedagogo. R.: A Psicolinguística contribui para as explicações sobre o processamento da linguagem, ao investigar a predisposição biopsicológica do ser humano 7UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES F U N D A M E N T O S D A L I N G U Í S T I C A à cognição e ao aprendizado de uma língua. Quanto às contribuições para o trabalho do pedagogo, estas são múltiplas. Destacamos algumas dessas contribuições: - estudos aprofundados sobre o desenvolvimento da linguagem e de metodologias desde a idade precoce para desenvolver a alfabetização; - a compreensão do funcionamento do cérebro para entender os processos aquisitivos da leitura e da escrita; -conhecer os mecanismos que desencadeiam a disfunção da leitura (dislexia). 4 Leia/reflita/pesquise e formule uma interpretação para o parágrafo que segue: “A Psicolinguística entrou numa fase cognitivista porque passou a considerar também os fatores semânticos e pragmático- discursivos, antes deixados à margem”. R.: A abordagem cognitivista rejeitou a centralidade e a independência da gramática, sustentando não somente que a capacidade cognitiva descrita pelos estudos da gramática sobre a competência é apenas uma das manifestações da linguagem humana, mas também que não é mais importante que outros sistemas cognitivos ou comportamentais envolvidos na aquisição e uso da linguagem. Da fase comportamentalista, baseada na tese “estímulo- resposta-reforço” formulada por Skinner, passando pelo modelo de Chomsky que propõe a existência de um “falante-ouvinte nativo ideal”, defendendo a tese inatista dos universais linguísticos e, mais recentemente, considerando as teorias que levam em conta os processos mentais mediados pela linguagem verbal, as pesquisas experimentais têm contribuído com conhecimentos que permitem novas concepções metodológicas, sobretudo no que diz respeito à orientação de procedimentos para desenvolver de forma mais eficaz aquelas habilidades imprescindíveis à inserção dos indivíduos na cultura letrada. UNIDADE 2 TÓPICO 1 1 Explique/comente as diversas concepções de aquisição da linguagem. R.: As principais concepções epistemológicas acerca da aquisição da linguagem são basicamente três: A primeira é chamada de empirista e teve no behaviorismo a explicação de como ocorrem os processos de aprendizagem. Segundo essa corrente, a 8 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD F U N D A M E N T O S D A L I N G U Í S T I C A aprendizagem é resultado do estímulo fornecido pelo meio ambiente, traduzido em determinadas respostas. A segunda corrente é inspirada no racionalismo e apresenta a tese de que a linguagem é inata. O inatismo permeia os trabalhos de Chomsky, conseguindo enorme repercussão quanto à explicação de como a criança adquire efetivamente a linguagem. A terceira corrente baseia-se no cognitivismo, traduzido pelos diversos interacionismos inspirados em Piaget e/ou Vygotsky. A abordagem conexionista inspira-se em modelos matemáticos e serve-se das redes neurais como suporte para a implementação de programas de aprendizagem. A simulação da aprendizagem leva em conta a exposição a insumos ou dados do sujeito que aprende. A aprendizagem é resultado do treino para equilibrar os pesos até que as redes respondam adequadamente aos resultados esperados. 2 Sintetize os principais fatores propostos por Scliar-Cabral (1991) quanto ao desenvolvimento da linguagem. R.: Há consenso entre os defensores das diversas correntes psicolinguísticas de que a aquisição da linguagem leva em conta três fatores fundamentais, a saber: o inatismo, a maturação e o ambiente. Esses três fatores devem ocorrer de modo concomitante e de forma equilibrada para proporcionar o desenvolvimento da linguagem. Um dos fatores que contribui para o desenvolvimento da linguagem refere-se ao ambiente ou meio social. A criança inserida em um determinado contexto social será portadora daquela variedade linguística que poderá não ser aquela que a sociedade mais valoriza. É nesse momento que a escola deve saber propor alternativas que contribuam para o pleno desenvolvimento da criança, independente de sua procedência social. 3 O que é período crítico? R.: O período crítico ou sensível é o tempo no qual é possível estabelecer uma relação entre um estado de desenvolvimento do organismo e os efeitos vinculados à presença ou à ausência de um determinado tipo de experiência. O córtex cerebral a partir do nascimento do bebê apresenta um número reduzido de conexões entre neurônios, mas multiplicam-se exponencialmente a partir da experiência, formando complexos circuitos neurais, cuja plasticidade atinge um ponto alto, em momento definido maturacionalmente, após o qual é abrupta ou gradativamente reduzida, impedindo ou dificultando o desenvolvimento de determinadas habilidades viabilizadas no programa biológico. 4 Que concepção de período crítico cada abordagem apresenta? 9UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES F U N D A M E N T O S D A L I N G U Í S T I C A R.: A concepção de linguagem defendida pelos behavioristas é inconsistente com a postulação de um período crítico para a aprendizagem da linguagem na infância. A disparidade entre a natureza do processo de aprendizagem da linguagem na infância em comparação com o que ocorre na vida adulta não era uma questão colocada quando o behaviorismo dominava os campos de estudo da Psicologia e da Linguística. Para os gerativistas, o período crítico ou sensível é o tempo no qual é possível estabelecer uma relação entre um estado de desenvolvimento do organismo e os efeitos vinculados à presença ou à ausência de um determinado tipo de experiência. O córtex cerebral a partir do nascimento do bebê apresenta um número reduzido de conexões entre neurônios. Contudo, essas conexões multiplicam-se exponencialmente a partir da experiência, formando complexos circuitos neurais, cuja plasticidade atinge um ponto alto, em momento definido maturacionalmente, após o qual é abrupta ou gradativamentereduzida, impedindo ou dificultando o desenvolvimento de determinadas habilidades viabilizadas no programa biológico. Para os construtivistas piagetianos, depois da idade em média ideal (até os três, quatro anos), a aquisição da linguagem torna-se cada vez mais difícil, sobretudo pelos problemas emocionais que a vida social determina. A ausência da linguagem ainda é confundida com a ausência de inteligência, embora Piaget tenha mostrado várias vezes que isso não é verdade. Depois do período de especificação dos neurônios, por volta de doze anos, então, a dificuldade aumenta muitíssimo. Vygotsky critica os modelos apresentados, referindo-se à separação que é feita quando se estuda a origem e desenvolvimento da fala do estudo da origem do pensamento prático na criança. Vygotsky acredita que os signos não podem ser estudados isoladamente do uso dos instrumentos. Para ele, a fala e o pensamento prático devem ser estudados conjuntamente e atribui à atividade simbólica, viabilizada pela fala, uma função organizadora do pensamento. O autor assim resume sua posição: com a ajuda da fala, a criança aprende a controlar o ambiente e o próprio comportamento. Para os conexionistas, os neurônios se especializam à medida que o ser humano se desenvolve para aquelas determinadas necessidades a que o seu cérebro é submetido. Caso esses neurônios não sejam submetidos a essas exigências impostas pelo instinto de sobrevivência e de comunicação, vão enfraquecendo ou vão sendo desativados. Se esses neurônios não são expostos a um certo input regular, não há possibilidade de gerarem respostas num grau de significação. 5 Comente de que modo a escola e os professores podem contribuir para a formação de uma política pedagógica que valorize as manifestações linguísticas e culturais dos alunos. 10 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD F U N D A M E N T O S D A L I N G U Í S T I C A R.: (Socialização de ideias) TÓPICO 2 1 Por que os linguistas criaram o alfabeto fonético internacional IPA? R.: Os linguistas criaram o IPA como um instrumento convencionalizado que pode ser usado em todo o mundo para descrever as línguas em termos fonéticos. 2 Por que é importante compreender o funcionamento do sistema fonético? R.: A criação do sistema fonético proporcionou condições de descrever as características particulares de fala dos usuários. O sistema fonético demonstrou que os falantes não falam do mesmo jeito, mesmo que sejam membros de uma mesma família. 3 Qual é a diferença entre sistema fonológico e sistema fonético? R.: Troubetzkoy estabeleceu a distinção entre fonética, ciência que estuda os sons da fala sem se preocupar com seu papel na língua à qual pertence, e fonologia, ciência que estuda os sons em função de seu conjunto em uma determinada língua. A forma sistemática como cada língua organiza os sons é o objeto de estudo da fonologia. Cabe à fonologia dedicar-se ao estudo dos sistemas de sons, de sua descrição, estrutura e funcionamento. Cabe à fonologia analisar a forma das sílabas, morfemas, palavras e frases, como se estabelece a relação “mente e língua” de modo que a comunicação se processe. Portanto, o sistema fonológico apresenta o conjunto dos fonemas que fazem parte da estrutura de determinada língua, enquanto o sistema fonético foi criado para descrever de modo minucioso a fala das pessoas. 4 O que é fonética e como essa área se subdivide? Resuma brevemente cada área da fonética. R.: A fonética é a ciência que apresenta os métodos para a descrição, classificação e transcrição dos sons da fala, principalmente aqueles sons utilizados na linguagem humana. A fonética pode subdividir-se em diversas áreas, tais como: a) Fonética articulatória: área que estuda a produção da fala do ponto de vista fisiológico e articulatório. Procura concentrar-se mais no estudo dos 11UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES F U N D A M E N T O S D A L I N G U Í S T I C A mecanismos da fonação (emissão) e da audição (recepção) e apoia-se na anatomia e na neurologia. b) Fonética perceptiva: interessa-se pela recepção e integração dos sons da linguagem. Refere-se a teorias acústicas de audição, bem como à psicologia sensorial e experimental e à psicologia física. Em resumo, a fonética perceptiva estuda a percepção da fala. c) Fonética acústica: o termo acústico provém do grego “akoustikos” e concerne à audição. Seu objeto de estudo é a base física da transmissão dos sons, ou seja, estuda as propriedades físicas dos sons da fala a partir de sua transmissão do falante ao ouvinte. Teve grande impulso com o desenvolvimento da eletrônica. d) Fonética instrumental: estuda as propriedades físicas da fala a partir de instrumentos laboratoriais. TÓPICO 3 1 Explique/descreva quais são os processos psicolinguísticos implicados na aprendizagem da leitura. R.: Os principais processos que implicam a leitura são descritos por Scliar- Cabral e consistem em: a) Motivação: ao decidirmos o que ler, leva-se em conta o tipo de assunto que nos interessa: notícias esportivas, políticas, literatura, propagandas. b) Pré-leitura: trata-se da seleção do esquema mental a fim de atribuirmos o sentido adequado às palavras do texto. Por exemplo, a palavra “ponte”; para sabermos exatamente de que se trata é preciso verificar o contexto em que esta palavra se insere. c) Movimento de fixação e sacada para fatiar a frase: quando o indivíduo já está alfabetizado não se fixa em letras isoladas apenas, mas processa frases completas, delimitadas por marcadores tais como parágrafo, maiúsculas, sinais de pontuação e/ou conectivos (conjunções, pronome relativo e preposições que separam orações). d) Reconhecimento das letras, atribuição dos valores aos grafemas e identificação do vocábulo (descodificação): a função dos grafemas é distinguir significados e são formados por uma ou mais letras, como o grafema “p”, ou “nh”. Reconhecemos as letras porque é possível percebermos a combinação de traços verticais, horizontais ou inclinados com metades de círculos, em relação a uma linha real ou imaginária: a rotação destas combinações permite, ainda, outra grande economia no reconhecimento e identificação das letras. e) Atribuição do sentido às palavras, às frases e ao texto: chega- se à compreensão do texto, articulando as palavras nos diversos níveis 12 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD F U N D A M E N T O S D A L I N G U Í S T I C A (morfossintático, semântico e pragmático) no devido contexto discursivo. f) Interpretação do texto: a interpretação do texto depende do cruzamento de vários conhecimentos anteriores com o que se apreendeu do texto lido. g) Retenção: os conhecimentos adquiridos a partir da leitura de um texto passam a ser estruturados nas diversas memórias que constituem a cognição humana. O entendimento de um texto depende, fundamentalmente, de termos algum tipo de conhecimento prévio sobre os assuntos e é medido pela rede estruturada de sentidos que a ele se referem. 2 Explique o que é ler pela via fonológica e/ou lexical. R.: Na leitura pela via fonológica, a pronúncia da palavra é construída segmento a segmento por meio da aplicação de regras de correspondência grafofonêmica. O acesso ao significado é alcançado mais tarde, quando a pronúncia da palavra (sua forma fonológica) ativa o sistema semântico. Contudo, pode haver leitura sem que haja acesso ao significado. Assim, na via fonológica, a pronúncia é construída por meio da conversão de segmentos ortográficos em fonológicos, e o acesso ao significado, caso ocorra, é alcançado mais tarde, pela mediação da forma fonológica da palavra. À medida que o leitor se torna mais competente, o processo de conversão de segmentos ortográficos em fonológicos torna-se progressivamente mais automático e usa maiores sequências de letras como unidades de processamento. A leitura pela via lexical faz o processamento ideovisual direto, isto é, leitura não mediada pela faltaou imagem auditiva das palavras, e funciona melhor com palavras muito comuns, não importando se são regulares ou não do ponto de vista grafofonêmico. A via fonológica faz a decodificação grafofonêmica, isto é, leitura mediada pela fala, e funciona melhor com itens grafofonicamente regulares, não importando se são palavras grofofonicamente irregulares. O objetivo das duas vias é fazer acesso ao léxico, uma espécie de dicionário mental ilustrado que permite compreender o que está escrito. TÓPICO 4 1 Visite uma escola de sua comunidade e entreviste a(s) professora(s) alfabetizadora(s) sobre o seu jeito de ensinar. A partir da entrevista, elabore um texto de duas páginas, sobre os princípios fundamentais que são necessários para que a criança aprenda a ler e escrever de maneira eficaz. Depois de terminada a tarefa, socialize os resultados do seu trabalho com seus colegas. 13UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES F U N D A M E N T O S D A L I N G U Í S T I C A R.: Resposta pessoal. 2 Ao ler o Tópico 4, elabore um texto enfatizando quais aspectos são fundamentais para que ocorra a aprendizagem da leitura e quais são essenciais para que ocorra a aprendizagem da escrita. R.: Sabe-se que a aprendizagem da leitura e da escrita ocorre, normalmente, mediante a instrução explícita do código alfabético, durante o processo de alfabetização. Para os construtivistas, essa é a abordagem que vigora oficialmente no Brasil. A aprendizagem da leitura dá-se pela via lexical. Isso significa dizer que o método implicado é o global, isto é, leva-se em conta a palavra. Para aqueles que defendem a metodologia fônica, a aprendizagem da leitura dá-se pela ênfase na relação grafema (letra) e fonema (som). Os defensores da metodologia fônica insistem que a leitura ocorre, de fato, quando o aprendiz descobre o princípio fonético-alfabético. Ou seja, a metodologia centra-se no ensino das relações entre grafema (letra) e fonema (som). Na verdade, as metodologias de alfabetização são muito difusas, e se o profissional é bem preparado, sabe tirar proveitos de ambas as abordagens. Agora, o fato é que, no Brasil, os resultados em relação à alfabetização das crianças são críticos, pois temos crianças que atingem a quarta série e não sabem ler. Frith defende que há três estratégias básicas para se lidar com a palavra escrita, que evoluem à medida que a criança passa por três etapas da aquisição da leitura e escrita. A primeira estratégia é a logográfica, que se desenvolve na fase “logográfica”, por meio de pistas não alfabéticas (cores, formato da palavra). A segunda estratégia é a fonológica, que se desenvolve na fase alfabética. Esta estratégia implica analisar a palavra em seus componentes mínimos (grafemas e fonemas) e utilizar para a codificação e decodificação regras de correspondência entre grafemas e fonemas. Finalmente, a criança utiliza a estratégia lexical, que se desenvolve na fase ortográfica e implica a construção de unidades de reconhecimento nos níveis lexical e morfêmico. Scliar-Cabral enumera os principais princípios psicolinguísticos da escrita. a) marcas diacríticas: são os diversos acentos (agudo, circunflexo, cedilha) que utilizamos para grafar a palavra; b) lugares segmentais: são os lugares que correspondem aos sons (fonemas). Na palavra “nascer”, o grafema “sc” corresponde ao fonema / s /; c) regras grafotáticas: são as regras que determinam as combinações possíveis dos grafemas (letras) no sistema alfabético e os valores decorrentes dos contextos que os cercam e as posições possíveis e vedadas que podem ocupar. A sequência “t” e “r” numa palavra é possível, já o contrário não é possível; 14 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD F U N D A M E N T O S D A L I N G U Í S T I C A d) pré-leitura: trata-se do processo por meio do qual acionamos esquemas ou roteiros cognitivos para atribuir com adequação o sentido possível às palavras utilizadas num dado texto. Por exemplo, a palavra “rede” pode ativar sentidos diferentes se, ao lermos um texto, tivermos acionado os esquemas “Taça Davis”, “A pesca na ilha”, “Corrupção nos bancos privados” ou “Sesta na varanda”. UNIDADE 3 TÓPICO 1 1 Grave dez ou quinze minutos de uma entrevista veiculada em rádio ou televisão em que interagem dois ou mais interlocutores e verifique que usos pronominais predominam durante a conversação: a) Tu ou você. b) Nós ou a gente. Observação: transcreva as palavras exatamente como são pronunciadas pelos locutores. Não altere ou corrija, pois, se assim proceder, o trabalho não terá sentido. Depois de feito o inventário, veja que pronomes predominaram durante a conversação. Segundo os estudos realizados por linguistas, apenas na capital, Porto Alegre, predomina o uso do pronome “tu”, enquanto nas outras capitais brasileiras predomina o pronome você. Depois de realizado o trabalho de transcrição e levantamento das ocorrências, compartilhe os resultados com seus colegas. Analise o paradigma verbal tradicional e verifique quais pessoas verbais estão em competição com as formas verbais novas. Exemplo: O pronome nós compete com o pronome a gente. R.: (socialização de ideias) 2 Quais são os tipos de variantes linguísticas (fonológica, morfológica ou lexical) que você observa na sua comunidade? Faça uma lista de palavras (variantes) e coloque ao lado a sua significação. NOTA: Veja alguns exemplos para você entender o que é variante. 15UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES F U N D A M E N T O S D A L I N G U Í S T I C A a) Tábua (forma padrão) e “tauba” (forma não padrão). b) Bambu (forma padrão) e “mambu” (forma não padrão). c) Menos (forma padrão) e “menas” (forma não padrão). Agora, continue você: d)____________________________________________________________ e)____________________________________________________________ f)____________________________________________________________ g)____________________________________________________________ h) ____________________________________________________________ R.: (a orientação do procedimento já está descrita na atividade). TÓPICO 2 1 Por que a gramática normativa ou tradicional sofre tantas críticas, sobretudo daqueles professores que têm boa base em Linguística? R.: O desenvolvimento de práticas de ensino em língua exige que os professores estejam conscientes de que os falantes praticam as mais diferentes variedades, sejam geográficas ou socioculturais, além de considerar que o Brasil, em determinadas regiões, tem forte presença de descendentes italianos e alemães. A Gramática Normativa é bastante criticada por enfatizar demasiadamente um conceito de língua uniforme ou homogênea. A Gramática Normativa ou Tradicional concebe a língua não como um conjunto de variedades, mas como um conjunto de regras ou normas fixas que devem ser seguidas pelos falantes. Por isso, os gramáticos normativos avaliam que os usuários da língua que não seguirem as normas prescritas cometem “erros”. Os professores que apresentam boa base linguística trabalham com conceitos mais flexíveis e entendem a língua como um conjunto de variedades. Entendem que os falantes levam em conta os contextos de comunicação e que, de acordo com cada contexto, o falante vai adequar um tipo de expressão verbal. Se estiver em casa, por exemplo, usará um nível coloquial; se estiver numa conferência, o nível se aproximará do uso padrão ou culto. 2 Quais são as características da modalidade oral e da modalidade escrita? R.: A modalidade oral é a expressão verbal aprendida de modo espontâneo, ao natural, a partir do nascimento. Se observarmos atentamente, o discurso 16 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD F U N D A M E N T O S D A L I N G U Í S T I C A oral é bastante repetitivo. Quando a criança inicia a aprendizagem da escrita é comum que produza construções gráficas que violam a ortografia padrão. Isso se deve ao fato de que a fala é percebida como um continuum, ouseja, os espaços entre as palavras não são percebidos, dando a impressão de que a produção da fala forma um todo indivisível. A modalidade escrita é mais estruturada e quando resolvemos escrever qualquer tipo de texto, evitamos as repetições (né, daí, tipo, então). É por isso que redigimos o texto diversas vezes, até considerá-lo razoável. A modalidade oral tem uma característica que é fundamental na comunicação, que é a prosódia (entonação) durante as interações comunicativas. 3 Elabore uma definição de norma padrão. R.: A variedade padrão escrita do português do Brasil é um conjunto sistemático de formas e construções da língua portuguesa, empregadas em comum por escritores e jornalistas. Existe uma linguagem padrão que é utilizada em textos jornalísticos e técnicos (como revistas semanais, jornais, livros didáticos e científicos), linguagem essa que apresenta uma grande uniformidade gramatical, e mesmo estilística, em todo o Brasil. Para resumir, a norma culta diz respeito à variedade utilizada pelas pessoas que têm mais proximidade com a modalidade escrita e, portanto, possuem uma fala mais próxima das regras de tal modalidade. 4 Em que contextos de comunicação observamos o uso da norma culta? R.: Os contextos que demonstram o uso da norma culta são restritos, mas são percebidos, por exemplo, durante um júri em que os advogados de defesa e de acusação usam um discurso técnico e especializado; durante entrevistas com cientistas que respondem a perguntas de entrevistadores; a leitura de um discurso por autoridades etc. Os contextos são diversos e podem ser informais ou formais. Uma cerimônia de posse pode ser bastante formal. Os fatores que caracterizam a formalidade ou a informalidade são diversos: a natureza do evento (aniversário, celebração litúrgica, inauguração, formatura), tipo de pessoas envolvidas (mais ou menos escolarizadas, crianças ou jovens, jovens ou velhos etc.). Observe a programação da televisão: você vai deparar-se com programas formais (telejornalismo ou entrevistas em estúdios que são bem formais) ou informais (shows, entrevistas espontâneas na rua). 5 Por que é importante que a escola ensine aos alunos a norma padrão e também a norma culta? 17UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES F U N D A M E N T O S D A L I N G U Í S T I C A R.: A escola é uma instância de formação especializada e precisa saber trabalhar os níveis linguísticos de forma adequada. Para isso, é necessário que o próprio professor preste atenção à sua expressão linguística que deve ser adequada. Professores que se expressam mal em nível linguístico prestam um desserviço à aprendizagem da Língua Portuguesa. A escola deve ensinar ao educando, independentemente da série que ele esteja frequentando, o uso da língua formal (padrão e culto), pois isso possibilitará a sua inserção no mundo competitivo do trabalho. Há empresas que, quando contratam pessoas, precisam capacitá-las porque na escola ou na universidade não foi feito o que se devia fazer. A escola é o lugar privilegiado para as aprendizagens de alto padrão técnico, científico e linguístico. TÓPICO 3 1 Descreva quais são as principais categorias de erros que o aprendiz pode produzir durante o processo de aprendizagem da escrita. R.: A palavra “erro” vem entre aspas para mostrar que a criança, ao aprender a ler e escrever, produz construções que “violam” o sistema ortográfico oficial por algum tempo. A alfabetização é um processo lento e progressivo, mas, ao final da primeira série, a grande maioria das crianças já domina a leitura. A escrita é um trabalho contínuo e durante as séries iniciais será consolidada. Os educadores que atuam com crianças nas séries iniciais vão deparar- se com construções gráficas que podem ser assim categorizadas: erros ortográficos, erros fonéticos, erros de segmentação, erros de regularização, erros de discriminação visual-auditiva ou ocorrência em que a variação está implicada. Note bem: alguns autores, quando se trata de aprendizagem da língua, preferem usar no lugar de “erro” a palavra “desvio” ou “inadequação”. 2 Há um determinado tipo de erro que pode ser sintoma de disfunção de leitura ou de dislexia. Verifique com cuidado quais são essas ocorrências e responda às seguintes questões: a) Qual é essa categoria de erros? R.: A categoria desses desvios é chamada de “discriminação visual-auditiva”. Esses erros ou desvios acontecem em situações em que ocorre a troca de certas letras, tais como o “t” (tente) pelo “d” (dente), ou “v” (voi) pelo “f” (foi). São desvios de ordem visual-auditiva e que podem ser indícios de disfunção de leitura (dislexia). 18 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD F U N D A M E N T O S D A L I N G U Í S T I C A b) Que tipos de erros são esses e como podem ser remediados? R.: Como já frisamos na primeira resposta, esses erros conotam indícios de desvios em nível de “discriminação visual-auditiva”. Esses erros precisam ser analisados com cuidado e critério. Deve-se levar em conta se a criança já está alfabetizada para então, sim, verificar se esses desvios podem ser enquadrados numa situação de disfunção de leitura. Caso haja essa recorrência, o educador deve adotar medidas de remediação que podem ser tomadas em conjunto com profissionais como o orientador educacional, o fonoaudiólogo ou o psicopedagogo. Existem programas de “remediação”, conforme descrito no texto, que contribuem imensamente para a sua recuperação.
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