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@andressanogueirac Lei de Dalton Estabelece que a pressão total de uma mistura de gases é a soma das pressões parciais de cada gás. Por exemplo, a PATM (ar seco) é a soma das pressões parciais do N2, O2, CO2 e outros gases, sendo igual a 760 mmHg. Dito isso, sabendo que o percentual de oxigênio, entre os gases que formam a PATM, sempre é 21% (independente se é a PATM abaixo ou acima do nível do mar), é possível calcular a pressão parcial do O2 no ar atmosférico, que é 159 mmHg. Contudo, quando inalamos o ar, ele é aquecido, umedecido e filtrado. Assim, para saber quanto do O2 está presente na atmosfera umedecida, é necessário reescrever a lei de Dalton, subtraindo a pressão do vapor de água da pressão atmosférica para saber o valor da força do oxigênio nesse novo ambiente. É importante ressaltar que, basicamente, inalamos somente oxigênio, já que a quantidade de CO2 na atmosfera é quase desprezível. Além disso, a pressão do gás no ambiente úmido vai ser proporcional a concentração do gás no ambiente dissolvido. Lei de Henry A lei de Henry rege a dissolução gasosa em líquidos. Dito isso, a concentração de O2 dissolvido em água é proporcional a pressão parcial do O2 na fase gasosa. A constante de proporcionalidade é a solubilidade. Assim: [GÁS]DIS = S x PGAS (FASE GASOSA). É importante lembrar que a fase gasosa corresponde à atmosfera umedecida (traqueia, alveolos). sistema respiratório @andressanogueirac Levando em consideração que a solubilidade do CO2 é ~ 23 vezes maior que a do O2, a cada ventilação o indivíduo inala uma quantidade maior de CO2, mesmo que o percentual desse gás na atmosfera seja menor. A pressão parcial de O2 é igual a concentração de O2 livre (somente o O2 que está livre exerce força) Assim, em indivíduos anêmicos, apesar do baixo teor de Hb, a pressão parcial de O2 é normal, tendo em vista que tal parâmetro se dá pela concentração de O2 livre e não pelo que foi absorvido pela hemácia/Hb. Lei de Fick Rege a difusão do gás. Assim, diz que o fluxo do gás é diretamente proporcional à área de troca, à difusibilidade e à diferença de pressão entre o composto de cada lado da barreira alvéolo-capilar. Além disso, o fluxo do gás é inversamente proporcional à espessura da barreira. Consequências disso: 1) Em caso de atelectasia total de um dos pulmões, há uma diminuição da área de troca e, consequentemente, uma redução da difusão do gás. 2) Em caso de fornecimento de oxigenoterapia para o paciente, tem-se um aumento da pressão de O2 alveolar e, consequente, aumento do fluxo desse gás do alvéolo para o capilar. 3) Em caso de edema agudo de pulmão, há um afastamento da barreira alvéolo-pulmonar, ou seja, há um aumento da espessura da barreira e, consequentemente, diminuição do fluxo do gás. Lei de Boyle Rege a ventilação. A pressão exercida por um gás ou por uma mistura de gases em um recipiente fechado é criada pelas colisões das moléculas do gás em movimento com as paredes do recipiente e também umas com as outras. Se o tamanho do recipiente é reduzido, os choques entre as moléculas de gás e as paredes tornam-se mais frequentes, e, assim, a pressão aumenta. Assim, a lei de Boyle diz que, se o volume de gás é reduzido, a pressão aumenta. Se o volume aumenta, a pressão diminui. Logo, na inspiração, o volume do gás nos alvéolos aumenta e a pressão diminui, enquanto que, na expiração, o volume do gás nos alvéolos diminui e a pressão aumenta. Por que ocorre aumento da [CO2] no sangue em casos de embolia pulmonar? Na embolia pulmonar, ocorre o aumento de líquido intersticial e, consequentemente, aumento da espessura da barreira alvéolo-capilar. O CO2, por possuir elevada solubilidade em água em comparação com o O2, tem mais facilidade para chegar no sangue, ocorrendo, assim, aumento de [CO2] sanguíneo. @andressanogueirac Ventilação Não confundir: Ventilação: corresponde ao processo de movimentação do ar para dentro e para fora dos pulmões, o que ocorre devido a diferenças de pressão. Em condições normais, a frequência da ventilação é de 12-18 ciclos/min. Ciclo respiratório: corresponde a uma inspiração seguida de uma expiração Respiração: corresponde à troca gasosa (hematose). Volume corrente: corresponde ao volume de ar que entra e que sai do pulmão a cada ciclo respiratório (normalmente a quantidade de ar que entra é igual a que sai). O volume corrente de um indivíduo hígido é ~ 500mL. Volume global/ por minuto: volume corrente x frequência respiratória. Eupneia (ventilação normal) Apneuse (parada na inspiração) Taquipneia ( FR) Hiperpneia ( VC) Hiperventilação ( VG) Dispneia (ventilação laboriosa) Apneia (parada na expiração) Bradpneia ( FR) Hipopneia ( VC) Hipoventilação ( VG) A inspiração corresponde a um processo ativo que envolve a ação de diversos músculos esqueléticos. Por outro lado, a expiração é um processo passivo à nível basal, mas a nível de esforço é um processo ativo. Músculos da inspiração: diafragma e intercostais externos. Músculos da inspiração forçada: diafragma, intercostais externos, esternocleidomastoideos e escalenos. Músculos da expiração forçada: reto abdominal, obliquos interno e externo e intercostais internos e íntimos. A ventilação é determinada pela distensibilidade do parênquima pulmonar, que está relacionada com a competência dos músculos envolvidos no processo e das propriedades mecânicas das zonas de condução e respiração da árvore traquobrônquica. Condução e respiração A fase inicial da árvore traqueobronquial, ou seja, os brônquios, (da geração 0 até a 10) é rica em cartilagem, o que é importante para evitar o colabamento das vias aéreas. @andressanogueirac Por outro lado, na fase final da porção condutora da árvore traqueobrônquica, ou seja, nos bronquíolos (da geração 10 até a 16), há uma substituição da cartilagem por músculo liso, tornando possível a broncodilatação ou a broncoconstrição. Nos bronquíolos terminais, há somente músculo liso. É aqui que agem os fármacos broncodilatadores. A porção respiratória é o local onde ocorrem as trocas gasosas, ou seja, onde ocorre o processo de respiração. A área de secção transversal total corresponde a soma das áreas de secção transversal individuais de todas as vias paralelas a esse nível de ramificação, isto é, a área que se veria se todos os vasos fossem cortados no mesmo nível de ramificação. Assim, na árvore traqueobronquiolar, a área de secção transversal diminui da traqueia até a quarta geração de bronquios, aumentando a partir desse ponto. Na árvore traqueobrônquica ocorre uma relação inversa entre a área de secção transveral e a velocidade linear. Assim, a velocidade relativa do ar aumenta até a quarta geração, depois diminui gradativamente à medida que ocorre o aumento da área de secção tranversal total. Espaço morto anatômico O espaço morto corresponde a todo ar que não está fazendo parte do processo de troca gasosa (hematose). Possui a função de condução, aquecimento, umidificação, depuração, produção de som (laringe), captação de substâncias odoríferas, etc. Via condutora: traqueia + brônquio + bronquíolos terminais. Via respiratória: bronquíolos respiratórios + ductos alveolares + sacos alveolares Área de secção transversal total x Velocidade linear @andressanogueirac Espaço morto alveolar Corresponde à região alveolar que não é perfundida. Assim, não realiza hematose devido (1) ao colabamento dos espaços arteriais, que só são utilizados para trocas durante exercícios intensos ou outra necessidade maior (espaço morto alveolar anatômico) ou (2) a região não é perfundida devido à formação de um trombo, coágulo, etc, que bloqueia a perfusão alveolar (espaço morto alveolar funcional).Espaço morto fisiológico Espaço morto fisiológico = espaço morto anatômico + espaço morto alveolar. Respiramos todo o ar inalado? @andressanogueirac O espaço morto tem cerca de 150mL em homens e 100mL em mulheres. Ao final da inspiração, 150mL de “ar novo” fica preso no espaço morto. Quando expiramos os 500mL de volume corrente, os 150mL de “ar novo” contido no espaço morto deixa o alvéolo juntamente a 350mL do “ar velho”. No final da expiração, o espaço morto fica preenchido com 150 mL de “ar velho” vindo dos alvéolos. Na próxima inspiração, este “ar velho” preenche os alvéolos junto de 350mL do “ar novo” inspirado, ficando novamente 150 mL de “ar novo” no espaço morto. Assim, durante o ciclo respiratório, o ar que respiramos nunca é totalmente renovado. Volumes 1) Volume corrente: volume de ar que entra e sai dos pulmões durante o ciclo ventilatório (normal 500 mL). 2) Volume de reserva inspiratório: volume que pode ser inalado após a inspiração do volume corrente normal (~3L). 3) Volume de reserva expiratório: volume que pode ser exalado por meio de uma expiração forçada após a expiração do volume corrente normal (~1,1L). 4) Volume residual: volume que permanece nos pulmões após a expiração forçada (~1,2L). É responsável por minimizar o colapso das vias aéreas. Capacidades 1) Capacidade inspiratória: volume corrente + volume de reserva inspiratório. Corresponde a capacidade de ar que uma pessoa pode inspirar partindo de um nível basal e enchendo ao máximo os pulmões (~3,5L). @andressanogueirac 2) Capacidade residual funcional: volume de reserva expiratório + volume residual. Corresponde a quantidade de ar que permanece nos pulmões ao final da expiração normal (~2,3L). 3) Capacidade vital: volume de reserva inspiratório + volume de reserva expiratório + volume corrente. Corresponde a quantidade de ar que uma pessoa pode expelir dos pulmões após tê- los enchido ao máximo e, em seguida, expirado completamente (~4,6L). 4) Capacidade pulmonar total: é a soma de todos os volumes (~5,8L). É o maior volume que os pulmões podem alcançar ao final do maior esforço inspiratório possível. Espirograma A espirometria serve para avaliar a ventilação pulmonar, verificando possíveis anormalidades durante os movimentos de entrada e saída de ar. Assim, o exame mostra o volume de gás expirado em função do tempo. Dessa forma, é um exame usado para confirmar o diagnóstico de possíveis doenças pulmonares restritivas ou obstrutivas. Principais informações observadas nesse exame: 1) Capacidade vital forçada (CVF): volume máximo de ar exalado com esforço máximo, o que se dá a partir do ponto de máxima inspiração (CPT – VR). 2) Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1): volume de ar que é exalado no primeiro segundo durante a manobra de CVF. 3) Relação VEF1 / CVF: funciona como marcador de doença obstrutiva pulmonar. Normal > 72%. Se a proporção for menor que 72% sugere-se dificuldade na expiração. 4) Fluxo expiratório forçado (FEF 25,75): corresponde ao fluxo médio de ar que ocorre no intervalo entre 25% e 75% da CVF. Curva fluxo-volume Revela o fluxo (em L/s) relacionado com o volume pulmonar (em litros) durante a inspiração máxima da exalação completa e durante a expiração máxima da inalação completa. Possui como vantagem principal o fato de mostrar se os fluxos são apropriados para um determinado volume pulmonar. @andressanogueirac Doenças pulmonares obstrutivas Nas doenças pulmonares obstrutivas ocorre aumento da resistência do fluxo aéreo devido à obstrução parcial ou completa em qualquer nível do sistema respiratório. Nesse grupo está o enfisema, a bronquite, a asma e a bronquiectasia. • Volume pulmonar elevado: paciente tem dificuldade de exalar. • Fluxo menor. Doenças pulmonares restritivas Nas dooenças pulmonares restritivas ocorre a redução da expansão do parênquima pulmonar e diminuição da capacidade pulmonar total. Nesse grupo estão os distúrbios da parede torácica, doenças intersticiais e infiltrativas crônicas. • Menor volume mobilizado: paciente tem dificuldade de inalar. • Fluxo maior ou normal. Fonte: Berne Em indivíduos hígidos, a relação entre o volume residual (VR) e a capacidade pulmonar total (CPT) é cerca de 25%. Por outro lado, nas pneumopatias essa relação se encontra alterada: • Quando essa relação aumenta em decorrência do aumento do VR: doença pulmonar obstrutiva. • Quando essa relação aumenta em decorrência da diminuição da CPT: doença pulmonar restritiva. @andressanogueirac O presente resumo foi baseado na aula de fisiologia respiratória da professora Crystiane Calado e nas referências abaixo. BERNE, Robert; LEVY, Matthew. Fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. BORON, W.F; BOULPAEP, E.L. Fisiologia médica. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. SILVERTHORN, D. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada, 7ª Edição, Artmed, 2017. MORSCH, J.A. Como interpretar a espirometria. Telemedicina, 2018. Disponível em: <https://telemedicinamorsch.com.br/blog/como-interpretar-espirometria> . Acesso em: 12 jul. 2021. SANAR. Mecânica ventilatória, 2018. Disponível em: <https://www.sanarmed.com/mecanica-ventilatoria>. Acesso em: 12 jul. 2021. https://youtu.be/tNsTjeQV1x0 https://youtu.be/Z1n2PWKLXJ4 https://youtu.be/cfMnB8GWfqg https://youtu.be/p36G64avyAA
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