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Glenda Domingos – Biomedicina, UFRJ Estruturalmente, o sistema respiratório é compreendido pela zona de transporte gasoso, que compreende as vias respiratórias superiores e pela árvore traqueobrônquica; pela zona respiratória, onde ocorre de fato o processo de troca gasosa; e também por uma zona de transição, onde as trocas começam a ocorrer, mas não de maneira relevante – está inseria entre as duas zonas anteriores. Nosso sistema respiratório tem como função básica a hematose, ou seja, suprir todo o organismo de oxigênio, à medida que libera gás carbônico. Entretanto, não é apenas essa a função dos órgãos respiratórios. O sistema respiratório também atua na regulação do equilíbrio térmico, na manutenção do equilíbrio ácido- base – mantém o pH plasmática entro da faixa fisiológica. Ademais, a circulação pulmonar evita a obstrução arterial nos órgãos vitais pela filtração de êmbolos; seu endotélio promove o metabolismo e modificação de substâncias – conversão de angiotensina I em angiotensina II. Por fim, o sistema respiratório também auxilia na fonação, além de ser fundamental na defesa contra agentes infecciosos. Morfologia • O sistema respiratório é subdividido em duas regiões: as vias aéreas superiores e as vias aéreas inferiores. A primeira compreende a boca, cavidade nasal, faringe e laringe, enquanto a segunda – também chamada de porção torácica – é composta pela traqueia, pelos dois brônquios principais, suas ramificações e pelos pulmões. • O tórax é delimitado pelos ossos da coluna vertebral, costelas e seus músculos, que formam a caixa torácica. As costelas e a coluna formam as laterais e a parte superior da caixa torácica, enquanto que a camada de músculo esquelético em forma de cúpula, o diafragma, forma a base. O tórax é preenchido com 3 bolsas: o pericárdio, que contém o coração e dois sacos pleurais, um para cada pulmão. O esôfago, os nervos e os vasos sanguíneos torácicos passam entre os sacos pleurais. • Os pulmões são formados por um tecido esponjoso, cujo volume é preenchido por ar. Esses órgãos são irregulares e apresentam formato de cone, compreendendo quase toda caixa torácica e se situando acima do diafragma. Cada pulmão é envolto por um saco pleural de camada dupla, cujas membranas – pleura – forram o interiormente o tórax e cobrem a superfície externa dos pulmões. Cada pleura é formada por uma extensa camada de tecido conectivo elástico e inúmeros capilares. • As camadas opostas da pleura são unidas por uma camada de líquido. Esse líquido pleural cria uma superfície úmida e escorregadia para que as membranas opostas possam deslizar uma sobre a outra, à medida que os pulmões têm seu volume aumentado ou reduzido e mantém os pulmões associados à caixa torácica. • Como dito anteriormente, o sistema respiratório é subdividido em 3 regiões: zona de transporte, zona de transição e zona respiratória. Organização morfofuncional do Glenda Domingos – Biomedicina, UFRJ • Basicamente, a inervação do sistema respiratório é autônoma, tendo a presença de inervação sensorial e dolorosa apenas na pleura. • O sistema nervoso autônomo compreende 4 componentes: sistemas parassimpático, simpático, não adrenérgico e não colinérgico (NANC) inibitório e NANC excitatório. • Sistema parassimpático parece controlar a funcionalidade básica do sistema, sendo responsável pelo tônus broncomotor, que está mais presente nas regiões centrais, quase não integrando a periferia. • Sistema simpático apresenta atividades mais generalizadas. Os nervos adrenérgicos inervam diretamente glândulas mucosas, vasos sanguíneos e gânglios nervosos das vias respiratórias. • O sistema NANC inibitório é responsável pelo relaxamento dos músculos lisos das vias respiratórias, sendo o óxido nítrico o neurotransmissor responsável por esse efeito. • O sistema NANC excitatório tem como mediadores, pelo menos, a neurocinina A, a substância P e o peptídio relacionado com o gene da calcitonina, que acarretam broncoconstrição. zona de transporte • Na respiração, o ar inspirado percorre um caminho até chegar na orofaringe, passando pelo nariz ou pela boca. • A respiração nasal é mais frequente e apresenta vantagens em relação a respiração bucal, uma vez que permite a filtração e umidificação do ar inspirado. • Apesar disso, algumas situações de obstrução ou congestão nasal, torna a respiração feita pela boca preferida nesses casos. Ademais, há ainda situações em que ambas as respirações são utilizadas, como por exemplo durante exercício físico. • O ar passa, então, pelas vias aéreas superiores, onde é filtrado – filtração também de grandes partículas suspensas no ar, umidificado e aquecido pelo contato com a mucosa úmida que reveste fossas nasais, faringe e laringe. Assim, elas atuam protegendo as regiões mais internas do sistema do ressecamento, desequilíbrio térmico e da agressão por partículas poluentes de grande tamanho. sistema. • A árvore traqueobrônquica se estende traqueia até os bronquíolos terminais. • A traqueia é um tubo que sofreu bifurcação assimétrica, dando origem ao brônquio-fonte direito e esquerdo. • Vale ressaltar, que o brônquio-fonte direito é mais inclinado e apresenta diâmetro ligeiramente maior que o esquerdo. Dessa forma, ao inalarmos um objeto, ele segue preferencialmente para o lado direito. • Os brônquios-fonte são considerados a primeira subdivisão da árvore traqueobrônquica, a segunda divisão gera os brônquios lobares e assim sucessivamente, até os bronquíolos terminais. • Outras regiões também estão envolvidas na remoção de poluentes. À medida que o sistema de condução sofre ramificações, há aumento na área de secção transversal total do sistema tubular, o que promove redução na velocidade do ar que é conduzido. Essa redução favorece, então, a impactação de partículas em suspensão pela falta de sustentação aerodinâmica. Assim, as partículas caem sobre a camada de muco que recobre o sistema e são levadas com muco em direção à glote através dos batimentos ciliares das células, para a remoção dessas partículas. zona de transicao e respiratoria • O início da zona de transição compreende os bronquíolos respiratórios, que já não apresentam mais células ciliadas de epitélio bronquiolar, mas, sim, sacos alveolares espaçados e pequenos poros em suas paredes – canais de Lambert – por onde se comunicam com os alvéolos. • Do último ramo de um bronquíolo respiratório, surgem os ductos alveolares, que terminam nos sacos alveolares, ç ~ ´ Glenda Domingos – Biomedicina, UFRJ onde estão os alvéolos. Essas estruturas formam a zona respiratória. • É a unidade alveolocapilar, composta pelos alvéolos pulmonares, septo alveolar e rede capilar, que ocorre as trocas gasosas no pulmão que permite a troca de gases – hematose. • Os alvéolos são dilatações formados por células, em maioria, pavimentosas – pneumócitos do tipo I. Também chamados de células alveolares escamosas, recobrem quase toda superfície alveolar, não possuem atividade mitótica e apresentam poucas organelas citoplasmáticas. Os alvéolos são, ainda, formados por pneumócitos do tipo II – célula alveolar granular – que é esférica e com microvilos em sua superfície. Os pneumócitos do tipo II têm a capacidade se transformar em tipo I ao sofrerem lesão e apresentam muitas organelas compostas por corpúsculos lamelares – grânulos osmofílicos – que armazenam e secretam surfactante, que é responsável por reduzir a tensão superficial. Outro grupo celular que também participa da estrutura dos alvéolos são os macrófagos alveolares, que têm função de fagocitar corpos estranhos, partículas poluentes e bactérias. • O septo alveolar compreende a parede alveolar, que é formada por vasos sanguíneos, fibras colágenas e elásticas, além de terminações nervosas. Além disso, apresentam poros – poros de Kohn – por onde passa ar, líquidos e macrófagos entre os alvéolos.A matriz extracelular – composta por proteínas estruturais, GAGs e proteoglicanos – serve como arcabouço pulmonar e interconecta as estruturas durante a respiração. • Fibras colágenas (tipo I e III): promovem tração e estão relacionadas a mecanismos de reparo. Na fibrose idiopática (sem causa conhecida) há um aumento da deposição de colágeno, tornando os pulmões enrijecido. • Fibras elásticas: promovem resistência a tensão e são alvo do enfisema – partículas de cigarro estimulam os macrófagos, que tentam destruir essas partículas, sem sucesso. Isso leva a produção de muitas enzimas, o que acarreta em um aumento dos números de proteases que degradam as fibras elásticas e, consequentemente, os septos alveolares – perda de troca gasosa. Movimentos respiratórios • São os movimentos torácicos que garantem a constante troca de ar. A contração da musculatura respiratória é dependente dos impulsos nervosos originados no tronco cerebral – mais especificamente, nos centros respiratórios – mas também das áreas corticais superiores e da medula em resposta aos estímulos reflexos dos fusos musculares. Através desse sistema é mantido o automatismo do centro respiratório que mantém a respiração em um ritmo normal. Todavia, esse ritmo pode ser alterado tanto por alterações químicas ocorridas no sangue e/no líquido cefalorraquidiano, quanto por estímulos de outras regiões do sistema nervoso. Assim, de certa forma os movimentos respiratórios podem ser controlados conscientemente, acelerando, desacelerando ou até mesmo privando a respiração. Entretanto, essas modificações feitas de forma consciente não se mantêm por muito tempo já que provocam distúrbios no processo de trocas gasosa, o que faz com que o centro respiratório suplante os estímulos corticais pelo controle de respostas compensatórias. • A inspiração é um processo ativo, no qual, há uma expansão do volume da cavidade torácica e redução da pressão intratorácica de tal maneira que o ar atmosférico é sugado para dentro dos pulmões. • A expiração ocorre subsequentemente e consiste em um processo passivo durante o repouso. Esta é caracterizada pelo relaxamento da musculatura inspiratória, de tal forma que a caixa torácica retorna ao tamanho normal e a pressão interna é maior que a pressão atmosférica, o que leva a saída do ar. diafragma • O diafragma é um septo musculofibroso, cujo formato se assemelha a uma cúpula voltada cranialmente. Este é o principal músculo inspiratório e é ele quem divide as cavidades torácica e abdominal. • Durante a respiração basal, a inspiração depende, em suma, da contração do diafragma. Quando o ele se contrai, o Glenda Domingos – Biomedicina, UFRJ conteúdo abdominal é forçado para baixo e para a frente, aumentando o diâmetro cefalocaudal do tórax. Ademais, as margens das costelas são levantadas para cima e para fora, ocasionando o incremento dos diâmetros anteroposterior e laterolateral torácicos. • Além do diafragma, outros componentes musculares auxiliam no processo da respiração. Os músculos intercostais externos fazem o tracionamento das costelas e, caso seja necessária maior pressão de entrada, músculos acessórios como o esternocleidomastóideo podem ser ativados. circulação pulmonar • O pulmão é suprido por 2 sistemas arteriais: o pulmonar e o brônquico. • A artéria sofre ramificações até atingir um tamanho propício para trafegar entre os brônquios pela zona de transporte até atingir a zona respiratória, onde os capilares formam densas redes ao redor dos alvéolos – unidade alveolocapilar. Assim, a função da circulação pulmonar é promover a troca entre o gás carbônico e oxigênio com a atmosfera. A circulação pulmonar apresenta baixa pressão sistêmica, quando comparada à circulação sistêmica. • Além disso, existem dois tipos de capilares: os capilares interalveolares, ficam dentro da parede do septo alveolar; já os extralveolares, entre um alveolo e outro. Assim, quando inspiramos, o alvéolo se abre, a parede alveolar é tensionada e o calibre dos capilares intralveolares é reduzido e os extralveolares abertos. Já durante a expiração, os as paredes estão menos tensionadas e os capilares intralveolares são abertos, enquanto os extralveolares ficam menos abertos. Esse mecanismo ocorre por interdependência. • A circulação brônquica, por outro lado, embora componha uma pequena fração do fluxo sanguíneo total, é responsável por fornecer o suprimento de sangue para as vias condutoras aéreas. sistema de defesa • O sistema respiratório é entra em contato constante com agentes tóxicos e infecciosos. Por isso, é necessário que haja nesse sistema mecanismos de defesa que mobilizem por meio de condicionamento, filtração e limpeza do ar inspirado. • Os mecanismos de filtração são importantes uma vez que remove partículas estranhas, como a sílica ou poeira. Além disso, também permite a remoção de bactérias, vírus e vapores tóxicos. • Outro mecanismo de defesa importante é o sistema mucociliar. O muco é formado a partir das glândulas submucosas, das células caliciformes - mais frequentes na traqueia e nas vias respiratórias de maior diâmetro - e das células de Clara – mais frequente nas vias alveolares. • A 1° linha de defesa o sistema é pela impactação das partículas por pêlos – vibrissas. • Além desse, a própria estrutura nasal pode ser considerada um mecanismo defensivo, visto que apresenta diversas irregularidades dificulta a entrada de patógenos. • Ademais, outros mecanismos também ocorrem. Um deles se dá pela sedimentação de partículas. No entanto, partículas menores podem ir se depositando ao longo da via e alcançar os espaços alveolares. E os outros pelo sistema reflexo de espirro e ação de surfactantes. OBS: Na síndrome de Kartagener, ocorre um defeito no processo ciliar, de tal maneira que a deposição do muco o que pode facilitar o desenvolvimento de patologias, visto que os cílios não serão capazes de levar o muco até a boca. Na fibrose cística há um comprometimento da função de CFTR, o que faz com que o muco se torna muito espesso, favorecendo o desenvolvimento de infecções de repetição
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