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NOÇÕES INTRODUTORIAS - RESUMO

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POLIANA BEATRIZ GOUVEIA CASTRO|6ºSEMESTRE|2021.1
1
PROFESSOR ANA LIVIA – D. PROCESSO PENAL I
Nocoes introdutorias
Introdução
Quando o Estado, por intermédio do Poder Legislativo, elabora as leis penais, cominando sanções àqueles que vierem a praticar a conduta delituosa, surge para ele o direito de punir os infratores num plano abstrato, genérico e impessoal, e, para o particular, o dever de se abster de praticar a infração penal. A partir do momento em que alguém pratica a conduta delituosa prevista no tipo penal, este direito de punir desce do plano abstrato e se transforma no ius puniendi in concreto. 
Surge, então, a pretensão punitiva, a ser compreendida como o poder do Estado de exigir de quem comete um delito a submissão à sanção penal. Através da pretensão punitiva, o Estado procura tornar efetivo o ius puniendi, exigindo do autor do delito, que está obrigado a sujeitar-se à sanção penal, o cumprimento dessa obrigação, que consiste em sofrer as consequências do crime e se concretiza no dever de abster-se ele de qualquer resistência contra os órgãos estatais a que cumpre executar a pena. 
Mas o Estado não pode punir de qualquer maneira. Com efeito, considerando-se que, da aplicação do direito penal pode resultar a privação da liberdade de locomoção do agente, entre outras penas, não se pode descurar do necessário e indispensável respeito a direitos e liberdades individuais que tão caro custaram para serem reconhecidos e que, em verdade, condicionam a legitimidade da atuação do próprio aparato estatal em um Estado Democrático de Direito. Na medida em que a liberdade de locomoção do cidadão funciona como um dos dogmas do Estado de Direito, é intuitivo que a própria Constituição Federal estabeleça regras de observância obrigatória em um processo penal. É a boa (ou má) aplicação desses direitos e garantias que permite, assim, avaliar a real observância dos elementos materiais do Estado de Direito e distinguir a civilização da barbárie. 
A consequência principal dessa transformação é que nas relações entre cidadãos e Estado, ou entre cidadãos entre si, o direito de guerra fundado sobre a autotutela e sobre a máxima ‘Tem razão quem vence’ é substituído pelo direito de paz fundado sobre a heterotutela e sobre a máxima ‘Vence quem tem razão’; e o direito público externo, que se rege pela supremacia da força, é substituído pelo direito público interno, inspirado no princípio da ‘supremacia da lei’ (rule of law)” 
É esse, pois, o grande dilema existencial do processo penal: de um lado, o necessário e indispensável respeito aos direitos fundamentais; do outro, o atingimento de um sistema criminal mais operante e eficiente. É dentro dele que se buscará, ao longo da presente obra, um ponto de equilíbrio no estudo do processo penal, pois somente assim serão evitados os extremos do hipergarantismo e de movimentos como o do Direito Penal do Inimigo ou do Direito Penal da Lei e da Ordem. 
• Propósito do Direito Processual Penal: estabelecer direitos e garantias conferidos a todo aquele que sofre persecução penal.
Por exemplo, Tício praticou uma conduta definida como crime, art. 121 do Código Penal (crime de homicídio) que prevê pena de reclusão de 6 a 20 anos. A partir do momento da prática do crime surge para o Estado o seu jus puniendi, o direito do Estado de punir Tício pela conduta praticada – tem que seguir o processo penal para então efetuar a sua prisão, para condená-lo por essa conduta. 
A PERSECUÇÃO PENAL é tudo aquilo que está compreendido a partir do momento em que alguém pratica um fato definido como crime, como uma infração penal até o momento em que há o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
O Direito Processual Penal será utilizado a partir do momento em que alguém pratica um crime até o momento em que esse alguém é condenado em uma sentença irrecorrível, uma sentença sobre a qual não cabe mais recurso, porque após a sentença condenatória transitada em julgado o Estado executará a pena – o réu Tício agora inicia o cumprimento da sua pena e entra em cena um novo Direito, o da Lei de Execução Penal (Lei n. 7.210).
A persecução penal é a “perseguição” para que Tício venha a ser punido pelo crime que ele praticou. Essa persecução penal terá algumas fases, umas distintas das outras: 
• Fase investigatória – inicia-se a investigação desse delito praticado por Tício; 
• Fase do Inquérito Policial (IP) – esta fase se vale da investigação criminal anterior. Muitas vezes e é perfeitamente comum que isso aconteça, uma investigação criminal só tem início a partir da instauração do IP: o delegado de polícia instaura o IP e a partir daí inicia-se a investigação e ambos caminharão juntos. O IP nada mais é do que a formalização, a documentação do que é investigado. Na maioria dos casos, a investigação se inicia e logo depois se inicia o IP – se há IP também há investigação, mas é possível que a investigação comece antes numa investigação preliminar;
• Ação Penal – O delegado de polícia relata o IP, encaminha para o Ministério Público (MP), por exemplo, um relatório, e este formará a sua opinião, opinio delicti, momento em que o MP conclui que, de fato, houve crime, há materialidade e indícios de autoria, e oferece a denúncia. A opinio delicti nada mais é do que a convicção do membro do MP para oferecer a denúncia. A denúncia é como se fosse a petição inicial da ação penal, é uma peça encaminhada ao Poder Judiciário (juiz) para que se dê início a ação penal. O MP também pode optar por determinar o arquivamento do IP. 
O juiz pode receber a denúncia e dar início à ação penal. O juiz pode rejeitar a denúncia, pode concluir que não há indícios de autoria, de materialidade, pode entender que não há fundamento para instaurar uma ação penal, para receber essa denúncia. Se o juiz receber a denúncia é porque reconhece indícios de autoria e de materialidade.
A ação penal pode tramitar na 1ª instância, o juiz sentencia, as partes recorrem, segue para a 2ª instância – o tribunal pode proferir acórdão (sentença colegiada), as partes recorrem, pode chegar ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao Supremo Tribunal Federal (STF). 
Uma vez que a ação penal condenatória transita em julgado, encerra-se a persecução penal. 
No Direito Penal, Tício (referido no exemplo), aquele que praticou o crime, é chamado de autor, de agente, de sujeito ativo. 
No Direito processual Penal esse agente, esse autor, sujeito ativo, vai receber diferentes denominações a depender do momento na persecução penal: durante a fase investigatória e mesmo durante a fase do IP é chamado de INVESTIGADO ou SUSPEITO; avançando no IP, pode ser chamado de INDICIADO, quando o delegado de polícia tiver a convicção de que aquele suspeito, aquele investigado, é quem praticou o delito, o indiciamento só pode ocorrer no âmbito do IP; na fase da Ação Penal, na fase do processo penal propriamente dito, passa a ser chamado de RÉU ou de ACUSADO. 
• Objeto do Direito Processual Penal: busca pela autoria, materialidade e circunstâncias do delito. 
A busca pela autoria é desvendar, é entender quem praticou a conduta delituosa, quem praticou a infração penal. O jus puniendi só pode ser exercido sabendo a autoria. 
A materialidade é a prova da existência de uma infração penal.
Como condenar alguém por homicídio se não se sabe que aquela pessoa morreu? No caso do goleiro Bruno e de Elisa Samudio não havia um corpo, sequer uma filmagem, sequer uma prova de que tenha sido morta, não havia materialidade definida nesse caso e essa foi a grande dificuldade enfrentada pelo MP. Mais tarde provou-se a existência dessa materialidade, que havia sido praticado um homicídio, mas não foi tarefa fácil para o MP. 
A persecução penal tem o propósito de buscar a autoria, a materialidade e as circunstâncias do crime. 
Alguém que pratica um homicídio para ficar com a herança da vítima está numa circunstância X; alguém que pratica um homicídio porque a vítima daquele homicídio havia estuprado a sua própria filha, a circunstância é Y – numa há uma qualificadorado homicídio e, na outra, talvez, um privilégio daquele homicídio, uma diminuição da pena.
Sistemas Processuais Penais
 SISTEMA INQUISITORIAL
No sistema inquisitorial, o acusado é mero objeto do processo, não sendo considerado sujeito de direitos. Na busca da verdade material, admitia-se que o acusado fosse torturado para que uma confissão fosse obtida. O processo inquisitivo era, em regra, escrito e sigiloso, mas essas formas não lhe eram essenciais. Pode se conceber o processo inquisitivo com as formas orais e públicas.
A característica fundamental do processo inquisitório é a concentração de poderes nas mãos do juiz, aí chamado de inquisidor, à semelhança da reunião de poderes de administrar, legislar e julgar nas mãos de uma única pessoa, de acordo com o regime político do absolutismo.
Em síntese, podemos afirmar que o sistema inquisitorial é um sistema rigoroso, secreto, que adota ilimitadamente a tortura como meio de atingir o esclarecimento dos fatos e de concretizar a finalidade do processo penal. Nele, não há falar em contraditório, pois as funções de acusar, defender e julgar estão reunidas nas mãos do juiz inquisidor, sendo o acusado considerado mero objeto do processo, e não sujeito de direitos. O magistrado, chamado de inquisidor, era a figura do acusador e do juiz ao mesmo tempo, possuindo amplos poderes de investigação e de produção de provas, seja no curso da fase investigatória, seja durante a instrução processual.
Por essas características, fica evidente que o processo inquisitório é incompatível com os direitos e garantias individuais, violando os mais elementares princípios processuais penais. Sem a presença de um julgador equidistante das partes, não há falar em imparcialidade, do que resulta evidente violação à Constituição Federal e à própria Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
 SISTEMA ACUSATÓRIO
O sistema acusatório caracteriza-se pela presença de partes distintas, contrapondo-se acusação e defesa em igualdade de condições, e a ambas se sobrepondo um juiz, de maneira equidistante e imparcial. Historicamente, tem como suas características a oralidade e a publicidade, nele se aplicando o princípio da presunção de inocência. Logo, a regra era que o acusado permanecesse solto durante o processo. Não obstante, em várias fases do Direito Romano, o sistema acusatório foi escrito e sigiloso.
Chama-se “acusatório” porque, à luz deste sistema, ninguém poderá ser chamado a juízo sem que haja uma acusação, por meio da qual o fato imputado seja narrado com todas as suas circunstâncias. Daí, aliás, o porquê da existência do próprio Ministério Público como titular da ação penal pública. Ora, se é natural que o acusado tenha uma tendência a negar sua culpa e sustentar sua inocência, se acaso não houvesse a presença de um órgão acusador, restaria ao julgador o papel de confrontar o acusado no processo, fulminando sua imparcialidade. Como corolário, tem-se que o processo penal se constitui de um actum trium personarum, integrado por sujeitos parciais e um imparcial – partes e juiz, respectivamente. Somente assim será possível preservar o juiz na condição de terceiro desinteressado em relação às partes, estando alheio aos interesses processuais.
Quanto à iniciativa probatória, o juiz não pode ser dotado do poder de determinar de ofício a produção de provas, já que estas devem ser fornecidas pelas partes, prevalecendo o exame direto das testemunhas e do acusado. Portanto, sob o ponto de vista probatório, aspira-se uma posição de passividade do juiz quanto à reconstrução dos fatos. A gestão das provas é, portanto, função das partes, cabendo ao juiz um papel de garante das regras do jogo, salvaguardando direitos e liberdades fundamentais. Diversamente do sistema inquisitorial, o sistema acusatório caracteriza-se por gerar um processo de partes, em que autor e réu constroem através do confronto a solução justa do caso penal.
Segundo Ferrajoli, são características do sistema acusatório a separação rígida entre o juiz e acusação, a paridade entre acusação e defesa, e a publicidade e a oralidade do julgamento. Lado outro, são tipicamente próprios do sistema inquisitório a iniciativa do juiz em campo probatório, a disparidade de poderes entre acusação e defesa e o caráter escrito e secreto da instrução.
Que efetivamente diferencia o sistema inquisitorial do acusatório é a posição dos sujeitos processuais e a gestão da prova. O modelo acusatório reflete a posição de igualdade dos sujeitos, cabendo exclusivamente às partes a produção do material probatório e sempre observando os princípios do contraditório, da ampla defesa, da publicidade e do dever de motivação das decisões judiciais. Portanto, além da separação das funções de acusar, defender e julgar, o traço peculiar mais importante do sistema acusatório é que o juiz não é, por excelência, o gestor da prova.
O Brasil adota o sistema acusatório, mas não de maneira pura, de uma maneira MITIGADA. 
O sistema acusatório puro impede que o juiz realize qualquer ato investigatório, venha a propor qualquer ato que incida nessa relação processual. 
O Código de Processo Penal (CPP) vai de encontro, é contrário ao sistema acusatório. O art. 5º do CPP permite que o juiz requisite a instauração de IP – o sistema acusatório puro não admite isso porque o juiz, ao requisitar a instauração de um IP, está se valendo por uma das partes.
O novo Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/2019) traz de maneira expressa no art. 3º-A que o Brasil adota o sistema acusatório e, em alguns artigos, retira algumas funções do juiz, que estavam relacionados ao sistema inquisitório como, por exemplo, a prisão preventiva, que antigamente podia ser decretada de ofício pelo juiz com base na Ação Penal. Hoje, o juiz não pode mais decretar a prisão preventiva em nenhuma fase.
 SISTEMA PROCESSUAL MISTO OU FRANCES 
É chamado de sistema misto porquanto abrange duas fases processuais distintas: a primeira fase é tipicamente inquisitorial, destituída de publicidade e ampla defesa, com instrução escrita e secreta, sem acusação e, por isso, sem contraditório. Sob o comando do juiz, são realizadas uma investigação preliminar e uma instrução preparatória, objetivando-se apurar a materialidade e a autoria do fato delituoso. Na segunda fase, de caráter acusatório, o órgão acusador apresenta a acusação, o réu se defende e o juiz julga, vigorando, em regra, a publicidade, a oralidade, a isonomia processual e o direito de manifestar-se a defesa depois da acusação.
Quando o Código de Processo Penal entrou em vigor, prevalecia o entendimento de que o sistema nele previsto era misto. A fase inicial da persecução penal, caracterizada pelo inquérito policial, era inquisitorial. Porém, uma vez iniciado o processo, tínhamos uma fase acusatória. Porém, com o advento da Constituição Federal, que prevê de maneira expressa a separação das funções de acusar, defender e julgar, estando assegurado o contraditório e a ampla defesa, além do princípio da presunção de não culpabilidade, estamos diante de um sistema acusatório. 
É bem verdade que não se trata de um sistema acusatório puro. De fato, há de se ter em mente que o Código de Processo Penal tem nítida inspiração no modelo fascista italiano. Torna-se imperioso, portanto, que a legislação infraconstitucional seja relida diante da nova ordem constitucional.
Fontes
A fonte é de onde provém determinada coisa, determinado objeto. No Direito Processual Penal, há dois tipos de fontes: 
1) Fonte material (fonte de produção ou de criação) – “Quem” 
A fonte material é quem dá origem ao Direito Processual Penal. As leis processuais penais são criadas por meio de processos legislativos. 
O Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/2019) teve a iniciativa do Ministro da Justiça, mas foi votado nas duas Casas, no Senado e na Câmara dos Deputados. A seguir foi encaminhado para o Presidente da Repúblicapara sancionar, alguns dispositivos foram vetados e outros foram sancionados. Tudo isso acontece no âmbito da União, valendo-se do Poder Legislativo e do Poder Executivo para sancionar, promulgar e publicar a lei. 
Quem vai criar, quem vai produzir as leis processuais penais é a União.
Constituição Federal (CF) Art. 22. I – Compete privativamente à União legislar sobre: direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (...) Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
A fonte material do Direito Processual Penal é a União. Entretanto, por meio de Lei Complementar e somente Lei Complementar, os Estados e o Distrito Federal (DF) podem legislar sobre Direito Processual Penal sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. 
2) Fonte formal (fonte de cognição) – “O que” 
· O Direito Processual Penal tem de se valer do que para que haja a sua aplicação? 
Tem que se valer da lei, a fonte primordial do Direito Processual Penal é a lei, seja complementar ou ordinária.
Dentro das fontes formais, há uma subdivisão: 
a) Imediatas ou diretas: Lei, tratados internacionais e a CF. 
b) Mediatas, indiretas ou supletivas: por analogia, costumes e princípios gerais de direito. 
As fontes formais mediatas, indiretas ou supletivas auxiliam a aplicação da lei. Sozinhas elas não têm vida própria, não têm aplicação própria. 
Alguns consideram que a analogia é uma forma de integração da norma e que não seria uma fonte do Direito Processual Penal. 
Obs.: doutrina e jurisprudência são formas de interpretação da lei processual penal, não são consideradas fontes. 
Todavia, as súmulas vinculantes e decisões vinculantes (controle de constitucionalidade) são, para alguns autores, fontes formais imediatas ou diretas
Princípios Fundamentais do Processo Penal
 DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS E PRINCÍPIOS
Devido Processo Legal (due process of law) 
O devido processo legal é um superprincípio do Direito Processual Penal porque toda a persecução penal, seja na fase investigatória, inquisitorial ou na ação penal, deve seguir os procedimentos e determinações previstos em lei. 
O devido processo legal nada mais é do que o respeito às garantias individuais do cidadão, daquela pessoa que está sendo investigada, aquela pessoa que está respondendo por uma ação penal. 
Todos os demais princípios do Direto Processual Penal vão decorrer do devido processo legal. 
Art. 5º CF 
LIV – Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. 
• Devido processo legal substancial (material). 
• Devido processo legal procedimental (formal). 
Qual é a diferença entre o devido processo legal substancial ou material e o devido processo legal procedimental ou formal? 
O primeiro é a busca pela Justiça. De nada adianta um processo penal que venha a punir um inocente ou que venha a inocentar um culpado. 
De que adianta um devido processo legal se dele não resultou justiça? 
Há devido processo legal substancial ou material quando se alcança a Justiça. 
O mais estudado no dia a dia do Direito Processual Penal é o devido processo legal procedimental ou formal, que vai se referir à obediência, às regras e aos ritos do processo penal, o respeito às garantias individuais e direitos do cidadão.
 
 Presunção de Inocência 
Na jurisprudência brasileira, ora se faz referência ao princípio da presunção de inocência, ora ao princípio da presunção de não culpabilidade.Segundo Badaró, não há diferença entre presunção de inocência e presunção de não culpabilidade, sendo inútil e contraproducente a tentativa de apartar ambas as ideias – se é que isto é possível –, devendo ser reconhecida a equivalência de tais fórmulas.
Do princípio da presunção de inocência (ou presunção de não culpabilidade) derivam duas regras fundamentais: a regra probatória (também conhecida como regra de juízo) e a regra de tratamento.
O princípio da presunção de inocência também é chamado de princípio da não culpabilidade. Muitas vezes esses princípios, essas denominações, serão utilizadas de maneira sinônima. 
As provas utilizam de forma aleatória tanto princípio da presunção de inocência quanto princípio da não culpabilidade. 
Existe uma distinção entre eles e uma prova que venha a cobrar de maneira mais detalhada o princípio da presunção de inocência pode indagar acerca dessa diferença, dessa distinção.
Art. 5º LVII CF – Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Declaração Universal dos Direitos Humanos Art. 11 § 1º Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. Convenção Americana de Direitos Humanos 
(CADH) Art. 8º § 2º Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada a sua culpa.
Os três dispositivos referidos acima são iguais?
Eles podem parecer iguais, mas não são. 
A CF estabelece que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”, enquanto os tratados e convenções internacionais consideram que “toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente(...)”. Isso não é o que está na CF. 
De uma maneira absoluta, utilizando os termos corretos, a CF não adotou o princípio da presunção de inocência, adotou o princípio da não culpabilidade. 
Nos instrumentos normativos de Direito Internacional, o agente, o acusado, o réu, durante toda a ação penal, é considerado inocente – há uma presunção, obviamente relativa, de que ele é inocente e essa presunção de inocência chegará ao fim, terá como marco final a sentença condenatória, uma sentença condenatória que não precisa transitar em julgado requer uma sentença condenatória, em regra, em 2ª instância. 
Os instrumentos de Direito internacional consideram que, com a condenação em 2ª instância confirmando a sentença condenatória de 1ª instância, já se tem a confirmação da culpa do réu. Com essa confirmação da culpa, ele já não pode ser presumidamente considerado inocente. 
A CF afirma que “ninguém será considerado CULPADO (...)”, sem presumir a inocência de ninguém, até o trânsito em julgado da sentença condenatória. 
A diferença primordial será no momento do marco final: o marco final dessa presunção de inocência nesses tratados internacionais é com a sentença condenatória em 2ª instância, quando há a confirmação por parte de um órgão colegiado daquela condenação imposta a uma pessoa. No princípio da não culpabilidade adotado na CF, o marco final será o trânsito em julgado da sentença condenatória. 
No Brasil, alguém só é considerado culpado a partir da sentença condenatória transitada em julgado, quando a sentença condenatória não pode mais ser recorrida. Se a Banca for mais criteriosa, ela pode afirmar que a CF adotou o princípio da não culpabilidade e que as convenções internacionais sobre Direitos Humanos adotaram o princípio da presunção de inocência. 
Em regra, em 99,9% das questões de prova o princípio da presunção da inocência será tratado como SINÔNIMO do princípio da não culpabilidade.
· Da regra probatória (in dubio pro reo)
Por força da regra probatória, a parte acusadora tem o ônus de demonstrar a culpabilidade do acusado além de qualquer dúvida razoável, e não este de provar sua inocência. Como consectários dessa regra, Antônio Magalhães Gomes Filho destaca: 
a) a incumbência do acusador de demonstrar a culpabilidade do acusado (pertence-lhe com exclusividade o ônus dessa prova); 
b) a necessidade de comprovar a existência dos fatos imputados, não de demonstrar a inconsistência das desculpas doacusado; 
c) tal comprovação deve ser feita legalmente (conforme o devido processo legal); 
d) impossibilidade de se obrigar o acusado a colaborar na apuração dos fatos (daí o seu direito ao silêncio).
Essa regra probatória deve ser utilizada sempre que houver dúvida sobre fato relevante para a decisão do processo. 
Presunção de inocência confunde-se com o in dubio pro reo. Não havendo certeza, mas dúvida sobre os fatos em discussão em juízo, inegavelmente é preferível a absolvição de um culpado à condenação de um inocente, pois, em um juízo de ponderação, o primeiro erro acaba sendo menos grave que o segundo.
O in dubio pro reo não é, portanto, uma simples regra de apreciação das provas. Na verdade, deve ser utilizado no momento da valoração das provas: na dúvida, a decisão tem de favorecer o imputado, pois não tem ele a obrigação de provar que não praticou o delito. Enfim, não se justifica, sem base probatória idônea, a formulação possível de qualquer juízo condenatório, que deve sempre assentar-se – para que se qualifique como ato revestido de validade ético-jurídica – em elementos de certeza, os quais, ao dissiparem ambiguidades, ao esclarecerem situações equívocas e ao desfazerem dados eivados de obscuridade, revelam-se capazes de informar, com objetividade, o órgão judiciário competente, afastando, desse modo, dúvidas razoáveis, sérias e fundadas que poderiam conduzir qualquer magistrado ou Tribunal a pronunciar o non liquet.
O in dubio pro reo só incide até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Portanto, na revisão criminal, que pressupõe o trânsito em julgado de sentença penal condenatória ou absolutória imprópria, não há falar em in dubio pro reo, mas sim em in dubio contra reum. O ônus da prova quanto às hipóteses que autorizam a revisão criminal (CPP, art. 621) recai única e exclusivamente sobre o postulante, razão pela qual, no caso de dúvida, deverá o Tribunal julgar improcedente o pedido revisional.
• Favor rei (favor inocentiae, favor libertatis) – decorre do princípio da presunção de inocência e elenca, por sua vez, princípios que buscam garantir ao réu segurança jurídica e predominância do seu direito de liberdade contra o jus puniendi. Esse princípio acaba por mitigar a isonomia processual.
O princípio do Favor rei deixa claro, por meio de outros princípios que estão abaixo, que na relação do direito de punir do Estado (jus puniendi) e do direito de se defender, da presunção de inocência do réu, do acusado, a presunção de inocência é mais relevante: o direito à liberdade, o direito de se defender do réu é mais importante do que o direito de punir do Estado. 
“É melhor inocentar um culpado do que punir um inocente”, é melhor inocentar um criminoso do que condenar um inocente.
O princípio Favor rei segue exatamente essa ideia. Numa ponderação de valores entre o jus puniendi do estado e o direito à liberdade, a presunção de inocência é mais relevante. Neste contexto, o Favor rei traz algumas situações nas quais se demonstra a preponderância de valor em relação à liberdade do réu.
· Espécies: 
• in dubio pro reo – na dúvida, para o réu. Somente pode haver a punição do réu face a um juízo de certeza. O in dubio pro reo vai encontrar alguns limites como, por exemplo, o de somente ser aplicado na sentença, no acórdão, ou seja, na decisão final da ação penal. No recebimento da denúncia, no momento em que o juiz deve decidir se dá início a ação penal, NÃO vigora o in dubio pro reo, vigora o princípio in dubio pro societate.
Outra situação é a da revisão criminal que ocorre após a sentença condenatória transitada em julgado. Na revisão criminal, havendo dúvida, aplica-se o in dubio contra reum porque na revisão criminal o agente, o condenado, já sofreu uma sentença condenatória transitada em julgado e, agora, por surgir uma nova prova que, eventualmente, poderá inocentá-lo, solicita a revisão criminal. Como já houve uma sentença condenatória transitada em julgado anterior, o juiz, na dúvida, deve decidir contra o réu. 
• vedação da reformatio in pejus – se, por um acaso, a defesa recorre da sentença em 1ª instância, o Tribunal de 2ª instância pode decidir contrariamente, prejudicando ainda mais a situação do réu? Não, ainda que o Tribunal perceba que o juiz cometeu algum equívoco. O ex-presidente Lula foi condenado em 1ª instância pelo ex-juiz Sergio Moro a 9 ou 10 anos de reclusão. A defesa recorreu, foi para a 2ª instância no Tribunal Regional Federal da 4ª Região que aumentou essa pena para 12 anos de reclusão. Essa situação não caracteriza a reformatio in pejus porque não foi apenas a defesa do ex-presidente Lula quem recorreu, a acusação, o MP, também recorreu – quando as duas partes recorrem, o jogo está aberto, qualquer coisa pode acontecer, pode haver uma reformatio in pejus em qualquer sentido. 
Essa vedação a reformatio in pejus é somente quando há um recurso exclusivo da defesa.
• non bis in idem – ninguém pode ser processado ou julgado duas vezes pelo mesmo fato. Determinado agente foi processado, julgado e inocentado: sentença absolutória, transitada em julgado. Dali a 5 semanas, surge uma prova até então desconhecida que aquele réu que foi inocentado, na verdade, é culpado, ele praticou o crime. Diante dessa nova prova, ele pode ser novamente processado por aquele mesmo fato pelo qual foi inocentado? Não, ele já foi processado e julgado uma vez por esse fato, não pode ser novamente processado e julgado pelo mesmo fato. Esse princípio tem aplicação na esfera penal, na esfera processual penal e nessa esfera ninguém poderá ser processado, condenado duas vezes pelo mesmo fato, ainda que tenha sido, erroneamente, inocentado.
· Da regra de tratamento
A privação cautelar da liberdade, sempre qualificada pela nota da excepcionalidade, somente se justifica em hipóteses estritas, ou seja, a regra é responder ao processo penal em liberdade, a exceção é estar preso.
Portanto, por força da regra de tratamento oriunda do princípio constitucional da não culpabilidade, o Poder Público está impedido de agir e de se comportar em relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao acusado, como se estes já houvessem sido condenados, definitivamente, enquanto não houver o fim do processo criminal.
O princípio da presunção de inocência não proíbe, todavia, a prisão cautelar ditada por razões excepcionais e tendente a garantir a efetividade do processo, cujo permissivo decorre inclusive da própria Constituição (art. 5º, LXI), sendo possível se conciliar os dois dispositivos constitucionais desde que a medida cautelar não perca seu caráter excepcional, sua qualidade instrumental, e se mostre necessária à luz do caso concreto.
Por força do dever de tratamento, qualquer que seja a modalidade de prisão cautelar, não se pode admitir que a medida seja usada como meio de inconstitucional antecipação executória, da própria sanção penal, pois tal instrumento de tutela cautelar penal somente se legitima se se comprovar, com apoio em base empírica idônea, a real necessidade da adoção, pelo Estado, dessa extraordinária medida de constrição do status libertatis do indiciado ou do acusado.
· (In) constitucionalidade da execução provisória da pena
Acerca da necessidade de se aguardar (ou não) o trânsito em julgado de sentença condenatória para o início da execução da pena.
Esse princípio é importantíssimo e teve decisões jurisprudenciais recentes. 
STF – Ações Declaratórias de Constitucionalidade 43, 44 e 54, julgadas em 07/11/2019 – art. 283 do Código de Processo Penal está de acordo com a Constituição Federal. 
A CF considera que o agente pode ser considerado culpado a partir do momento em que há o trânsito em julgado da sentença condenatória. Ao longo dos últimos anos, houve diversos entendimentos jurisprudenciais, inclusive dentro do Supremo Tribunal Federal (STF), antecedidos por embates de ideias a respeito da possibilidade ou não da execução provisória da pena. 
O que seria essa execução provisória da pena? 
Alguém praticou um crime seguindo-se a investigação, o Inquérito Policial(IP), instauração da Ação Penal e o sujeito foi condenado em 1ª instância. O réu recorreu, a demanda foi para o Tribunal e o Tribunal confirmou a decisão condenatória de 1ª instância e condenou também em 2ª instância. 
Diante dessa condenação em 2ª instância, o réu interpõe um novo recurso que segue para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), para o STF, até que haja o trânsito em julgado, quando não é mais possível o recurso. 
A polêmica que ainda existe, apesar de ter sido decidido em controle abstrato pelo STF – com a mudança de composição dos ministros do STF pode sempre haver uma alteração – o entendimento hoje que prevalece é que somente após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória é que será possível a execução da pena. 
Não mais se admite no Direito Penal brasileiro a execução provisória da pena. A execução provisória da pena previa que tendo havido a condenação em 1ª instância, em 2ª instância, que, diante dessa condenação em 2ª instância, ainda que tenha havido recurso, como existe um acórdão confirmatório da sentença condenatória, já se poderia iniciar a execução da pena durante a ação penal. 
Isso aconteceu com várias pessoas no âmbito da Lava Jato, aconteceu a várias pessoas em muitos processos, mas as mais notórias foram as envolvidas na Lava Jato, quando muitas delas, já condenadas em 2ª instância, tinham interposto recurso para os tribunais superiores, aguardavam julgamento dos tribunais superiores, quando veio uma decisão anterior a 2017 do STF impondo e decidindo que era possível a execução provisória da pena de várias pessoas, dentre elas, o ex-presidente Lula iniciou a execução da sua pena mesmo antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória – Lula tinha sido condenado a 12 anos de pena de reclusão e iniciou o cumprimento dessa pena durante a ação penal que ainda estava em curso, ainda havia recurso a ser julgado.
Em 2019, o STF, mais especificamente em novembro de 2019, confirmou que a execução da pena só pode ocorrer após o trânsito em julgado, quando não for mais cabível qualquer recurso é que será possível a execução da pena. 
Hoje, no Brasil, NÃO É ADMITIDA A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. Essa discussão toda aconteceu em face do disposto no art., 283 do Código de Processo Penal (CPP):
Art. 283 – Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.
A CF estabelece de maneira muito clara que “ninguém será condenado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. 
A CF veda a execução provisória da pena? 
Não. Ainda que o agente não seja considerado culpado, este não é presumidamente inocente. Não sendo presumidamente inocente, pode ser aplicada sobre ele a execução provisória da pena, o agente começa a cumprir a pena antes da sentença condenatória transitada em julgado. 
A CF não determina que só pode haver pena, prisão condenatória após o trânsito em julgado. 
Contudo, o art. 283 do CPP estabelece, de maneira expressa, que somente haverá prisão condenatória em face de uma sentença condenatória transitada em julgado. 
Esse dispositivo é constitucional, ele está de acordo com a CF? Sim, o STF considerou que sim numa votação extremamente apertada de 6 votos a 5. Este dispositivo não contraria o que está na CF e, deixando de lado os aspectos políticos, o STF está certo.
Para mudar a lei, o Legislativo devia fazer esse trabalho de mudar a CF – não pode o Judiciário tentar legislar e fazer o papel, fazer o papel do Poder Legislativo. 
O que está hoje decidido no Brasil é que a PRISÃO CONDENAÓRIA SOMENTE É POSSÍVEL APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. 
· É permitida a prisão no Brasil antes da sentença condenatória transitada em julgado? 
Sim, é possível a prisão processual (cautelar). Não será possível, todavia, a prisão condenatória (prisão pena). 
A prisão condenatória também é chamada de prisão pena e só é possível após o trânsito em julgado da sentença condenatória. Até 2019, o STF considerada que era possível a imposição da prisão condenatória, da prisão pena durante a ação penal na forma da execução provisória desta pena – isso não é mais admitido. Durante a persecução penal, são permitidas as prisões cautelares: prisões em flagrante (nem precisam de ordem judicial), prisões temporárias (Lei n. 7.960) e prisões preventivas. Estas continuam a ser perfeitamente cabíveis e a elas se refere o período final do art. 283 do CPP. 
Vários indiciados da Lava Jato, vários acusados da Lava Jato e de outros processos continuam presos: ainda não sofreram uma condenação, ainda não foram condenados em sentença condenatória transitada em julgado, mas estão presos. Se estão presos, mesmo sem uma sentença condenatória transitada em julgado, estão presos em face de uma prisão temporária, mas, em regra, em face de prisão preventiva.
· Consequências: 
• Estado de inocência. O estado de inocência nada mais é do que o reconhecimento de que alguém que ainda não sofreu uma sentença condenatória transitada em julgado é inocente, tem uma inocência presumida. O estado de inocência é aquele estado em que se encontra o indiciado, o investigado, o acusado, o réu que ainda não sofreu uma sentença condenatória transitada em julgado. 
• Impossibilidade de prisão condenatória (execução provisória da pena) antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
• A acusação (MP) é quem tem o ônus de demonstrar a materialidade e autoria do fato. Não é o acusado quem deve provar sua inocência. 
O ônus de provar que foi praticado em um crime não cabe à defesa. Quem deve provar que houve a prática de um crime é a acusação, o MP – este ônus da prova caber ao MP é exatamente uma decorrência do princípio da presunção de inocência ou da não culpabilidade. 
Para haver um crime, é necessário, na teoria tripartida, que haja um fato típico, a ilicitude e a culpabilidade.
O MP tem o ônus da prova, de demonstrar que houve o fato típico? O MP tem o ônus da prova de demonstrar, de provar que esse fato típico é ilícito? O MP deve provar que o agente é culpável? 
Qual é a extensão desse ônus da prova do MP dentro das provas quanto aos elementos do crime? 
Há uma pequena divergência, mas prepondera o entendimento que deve ser levado para as provas, que o MP tem o ônus de provar SOMENTE o fato típico – ele tem de demonstrar que houve a conduta, que essa conduta gerou um resultado, que há nexo de causalidade entre essa conduta e o resultado e que há tipicidade nessa conduta praticada. 
A ilicitude será presumida diante da tipicidade, ela é relativamente presumida diante da tipicidade – quem tem de provar que agiu acobertado por uma excludente de ilicitude (estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, exercício regular do direito) não é o MP, não cabe ao MP provar que esse fato típico é ilícito porque se o MP provou que houve fato típico, este fato típico, presumidamente, será ilícito. Ao provar o fato típico, o MP já provou a ilicitude. 
Quem igualmente deverá demonstrar que não é um agente culpável é o réu.
PRINCIPIO DO CONTRADITÓRIO
Art. 5º LV CF – Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 
O princípio do contraditório estabelece que a tudo aquilo a que o réu possa vir a ser acusado, ele poderá se defender. Tudo o que lhe é imputado pela acusação, a defesa pode e deve combater. O réu tem o direito de contraditar, o direito de contestar acerca daquilo que está sendo acusado, de ABSOLUTAMENTE TUDO. 
Esse direito do contraditório, esse princípio do contraditório, é amplo. 
· ASPECTOS 
a) Direito à informação. 
O réu tem o direito de ser informado acerca do que está sendo acusado. Deve ser citado, intimado, notificado das decisões judiciais: esse é o direito à informação porque é pormeio dessa informação que ele poderá contraditar daquilo que está sendo acusado. 
b) Direito de participação (reação). 
É a possibilidade de reagir àquilo que foi imputado a ele. As provas, na fase da Ação Penal, devem ser públicas, devem ser do conhecimento do réu para que ele possa contraditar, para que ele possa se defender daquilo que está sendo acusado. Esses direitos à informação e ao contraditório não impedem que algumas atividades investigatórias sejam realizadas sem o conhecimento do réu, como, por exemplo, uma interceptação telefônica, um mandado de busca e apreensão. Avisar o réu ou o indiciado poderia comprometer a diligência investigatória: se o advogado soubesse que o celular do seu cliente está sendo “grampeado”, obviamente avisaria o seu cliente para parar de falar ao telefone e a prova não conseguiria ser produzida. 
Portanto, apenas de existir os direitos à informação e à participação, tudo no contexto do contraditório, não impede que, em determinadas situações, a depender da natureza de uma determinada prova, haja um sigilo com relação à sua produção. 
c) Paridade de armas (par conditio). 
A paridade de armas é uma igualdade de tratamento. No sistema acusatório, há o juiz, a acusação e a defesa: a acusação e a defesa estão em igualdade de condições, devem ter “paridade de armas”. O Ministério Público não pode ter uma proximidade com o juiz enquanto a defesa fica excluída dessa relação. Os instrumentos, as provas que eventualmente podem ser requeridas pelo MP também podem ser requeridas pela defesa. 
Numa interceptação telefônica efetuada sem o conhecimento do réu/indiciado, este terá a oportunidade de se defender dessa prova que foi produzida sem o seu conhecimento. 
Há duas formas de contraditório: o contraditório real exercido no momento em que a prova é produzida e o contraditório diferido, postergado, que é o caso citado da interceptação telefônica.
O valor do contraditório real e do contraditório diferido é o mesmo, a relevância é a mesma. 
· O princípio do contraditório tem aplicação no inquérito policial?
 Não. Isso ocorre porque o inquérito policial não é processo. Trata-se de um procedimento administrativo. O inquérito policial produz elementos de informação, esses elementos de informação se tornam provas no âmbito da Ação Penal quando forem contraditados. 
O inquérito policial propriamente dito, durante a fase inquisitorial, não admite o contraditório, mas haverá um contraditório diferido em relação àquelas provas, àqueles elementos de informação que vierem a ser produzidos durante a fase inquisitorial. 
· A doutrina majoritária considera que o inquérito policial não aceita o contraditório. 
Há uma doutrina que tem crescido em relevância, que considera que o inquérito policial deve ter contraditório. O próprio Pacote Anticrime traz alguns dispositivos dando a ideia da necessidade de contraditório em algumas situações específicas dentro do inquérito policial.
O inquérito policial não impõe sanções a ninguém, o inquérito policial nada mais é do que um procedimento administrativo que vai juntar elementos de informação que serão encaminhados ao MP para que este decida se deve ou não oferecer a denúncia. 
A denúncia sendo oferecida e recebida, na fase da Ação Penal, haverá a possibilidade desse contraditório. 
· Como que o investigado/indiciado vai se defender (exercer o contraditório) dos elementos de informação colhidos na fase do inquérito policial? 
Por meio do contraditório diferido. Ele poderá exercer o contraditório, mas somente quando e se for instaurada a ação penal. 
O contraditório real é realizado no momento da produção da prova (uma testemunha que está sendo inquirida numa audiência judicial) e o contraditório diferido é realizado após a produção da prova (interceptação telefônica que não pode ser do conhecimento do réu/indiciado durante a sua produção).
 PRINCIPIO DA AMPLA DEFESA
O princípio da ampla defesa caminha junto e subsidia o devido processo legal. O princípio da ampla defesa complementa o princípio do contraditório, porque o contraditório estabelece que, ao réu, é dado o direito de se defender, de contraditar, de contestar tudo aquilo que lhe é imputado. 
O princípio da ampla defesa não é simplesmente o direito de se defender, é a determinação legal de que essa defesa deve ser uma defesa bem feita, uma defesa correta, uma defesa utilizando de todos os meios de prova, uma defesa justa que realmente vá defender os interesses daquele réu, daquela pessoa a quem está sendo imputado determinado crime dentro do Direito Processual Penal.
Art. 5º LV CF – Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 
Aspectos: 
• Utilização de todos os meios de prova admitidos em lei: Esse primeiro aspecto da ampla defesa prevê a utilização de todos os meios de prova admitidos em lei. Excepcionalmente, uma prova ilícita poderia ser utilizada para beneficiar o réu? Uma prova ilícita ou uma prova decorrente de outra prova ilícita JAMAIS poderá PREJUDICAR o réu, entretanto, é possível que uma prova ilícita, que tenha sido obtida de maneira ilícita, venha a ser utilizada para beneficiar o réu. 
• Defesa pode ser positiva ou negativa:
Muitas vezes a defesa vai produzir provas, a defesa vai requerer a produção de uma prova, chama uma testemunha para que esta seja ouvida, vai sugerir que se faça uma reprodução simulada dos fatos, vai requerer uma prova pericial, todas hipóteses positivas de defesa no sentido de provar o seu ponto de defesa do réu, do acusado. 
Entretanto, essa defesa pode ser negativa. Caso clássico: interrogatório. No interrogatório, o réu, o acusado, pode usar como meio de defesa o direito de ficar em silêncio. Esse direito de ficar em silêncio pode ser uma tática da defesa, e essa defesa negativa, de nada fazer, de omissão, será um meio de defesa também, um meio de ampla defesa. 
Antigamente não havia esse direito ao silêncio e o sujeito, o acusado, o réu e o indiciado eram torturados até falar o que sabiam. 
Nos dias atuais, em respeito aos direitos e garantias fundamentais, em respeito ao direito de não produzir provas contra si mesmo, pode o réu, o acusado, o indiciado, permanecer em silêncio. 
Esse silêncio não pode ser utilizado contra ele como um fundamento para a sua condenação.
• Defesa deve ser técnica: 
Não há que se falar numa pessoa que não é advogado se defender nos autos do processo ou simplesmente chamar um amigo com alegados conhecimento jurídicos, sem ser advogado, para que o faça. Isso não é permitido. Assim como o contraditório, que somente é obrigatório na Ação Penal, a ampla defesa também somente será obrigatória na Ação Penal, não é obrigatória na fase do Inquérito Policial (IP), não haverá a ampla defesa na fase inquisitorial. 
Da mesma forma como existe polêmica com relação ao contraditório, que há doutrinadores que defendem que deveria haver contraditório na fase inquisitorial, essa mesma corrente considera que deveria haver a ampla defesa na fase inquisitorial.
Isso NÃO é pacífico na doutrina. O que o aluno deve levar para a prova é que NÃO SE ADMITE, NÃO EXISTE, CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA NA FASE INQUSITORIAL. 
É obrigatório o réu/indiciado ter um advogado constituído no IP? Não, não é obrigatório. A pessoa até pode ter um advogado na fase inquisitorial, mas a polícia vai prosseguir normalmente com as suas investigações. Esse é um claro exemplo de que não é requerida a ampla defesa, nem mesmo permitida a ampla defesa no âmbito do IP. 
Estagiário que está cursando o curso de Direito, que possui a carteira OAB de estagiário, pode realizar essa defesa técnica? Não, não pode.
Um advogado com a OAB suspensa pode realizar essa defesa técnica? 
Não, não pode. 
Para a defesa técnica, é necessário um advogado devidamente inscrito nos quadros da OAB, somente assim terá capacidade postulatória. 
Um advogado pode realizar a sua autodefesa? Depende. Se esse advogadotiver capacidade postulatória e, sendo advogado, está sendo acusado de um crime, ele pode realizar a sua autodefesa.
Um juiz, um delegado, um membro do Ministério Público podem fazer as suas autodefesas se estiverem sendo acusados de praticar um crime? Não, isso não é possível, isso não é permitido, independentemente do conhecimento jurídico que a pessoa possa ter. 
Em relação aos Juizados Especiais, nos Juizados Especiais Cíveis até um determinado valor não é necessária a participação de um advogado, qualquer pessoa pode ingressar com uma ação judicial nos Juizados de Pequenas Causas, nos Juizados Especiais Cíveis e prosseguir durante todo o processo sem a defesa técnica. 
Nas ações penais que são da competência do Juizado Especial Criminal, é possível a defesa que não seja técnica? 
Por exemplo, uma pessoa acusada do crime de ameaça, cuja pena máxima de detenção é de 6 meses (crime de menor potencial ofensivo), está sendo julgada no Juizado Especial Criminal – essa pessoa não é advogado, ela pode exercer a sua autodefesa ou pedir a alguém que não é advogado que o defenda? 
Não, em hipótese alguma.
Súmula n. 523, STF No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. 
Essa Súmula traz duas situações distintas: traz a falta da defesa quando não há advogado, quando o advogado não comparece pra defender o cliente, quando ele não apresenta resposta à acusação – essa falta de defesa configura uma nulidade absoluta, o juiz não pode prosseguir a Ação Penal, o juiz não pode condenar alguém numa Ação Penal se não houver defesa.
A deficiência da defesa, um advogado ruim, advogado relapso, advogado que poderia ter solicitado a produção de provas, mas não o fez, a deficiência na defesa vai gerar uma nulidade relativa porque diante da deficiência somente haverá anulação do processo se houver prova de prejuízo efetivo para o réu. 
Súmula Vinculante n. 14, STF É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
Advogados e defensores terão acesso aos autos do IP, aos autos do procedimento investigatório. Não podem ter acesso em relação àquilo que ainda não está documentado e, da mesma forma, com relação às provas produzidas de maneira sigilosa que não são documentadas enquanto não tiverem a sua produção finalizada.
· SV n. 14 trouxe o contraditório e ampla defesa para o inquérito policial? 
Não. No IP, não há ampla defesa. Durante o IP, são produzidos elementos de informação, são produzidos elementos que posteriormente serão considerados provas na fase da Ação Penal e, nada mais justo, de acordo com a Súmula Vinculante n. 14, que o defensor do indiciado que está sendo investigado no IP já tenha conhecimento dos elementos que estão sendo produzidos contra ele. 
Esse direito ao acesso ao IP e a procedimentos investigatórios dentro das polícias judiciárias não é com o propósito de exercer a ampla defesa no IP, é com o propósito de exercer a ampla defesa quando aquele IP se transformar, por meio da denúncia do MP, numa Ação Penal.
PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE
Existem três verdades: a verdade formal, a verdade material, também chamada de verdade real, e a busca da verdade. 
• Verdade formal vs verdade material (verdade real) vs busca da verdade 
No Direito Processual brasileiro, se está diante da verdade formal, material ou da busca da verdade? 
A verdade formal é aquilo que chega ao conhecimento do juiz dentro dos autos do processo. Ela era mais aplicada e continua sendo aplicada, em certa extensão, ao Direito Processo Civil que lida com bens disponíveis, em regra, com bens patrimoniais – o juiz vai processar e julgar determinada contenda de acordo com aquilo que lhe foi apresentado nos autos do processo cível. 
Fulano A tem uma dívida com fulano B, isso não foi documentado e mesmo tendo pago a dívida, o fulano B entrou com uma ação judicial requerendo ao réu, no caso, o fulano A, os 5 mil reais que já tinham sido pagos. O fulano A não tem como provar que pagou os 5 mil reis. O juiz, observando o que está nos autos, determina ao fulano A que pague novamente aqueles 5 mil reais porque o juiz tem de observar o que está nos autos, mesmo que ele pense que tudo indica que o fulano A realmente pagou essa dívida a B. 
No Direito processual brasileiro, vigorou durante muito tempo a verdade material, a verdade real. Ainda hoje, por exemplo, são admitidas provas ilícitas para beneficiar o réu porque, sendo para beneficiar o réu, está adquirida a ciência de um fato, ainda que não de maneira incorreta, já que é por meio de prova ilícita.
O problema da verdade material (verdade real) é quando ela se coloca à frente dos demais princípios e garantias fundamentais. 
A verdade material, que devia ser obtida a qualquer custo, levava a arbitrariedades, torturas para se obterem confissões, torturas para a obtenção de provas da materialidade de um crime – os direitos e garantias fundamentais eram desrespeitados na busca dessa verdade material, dessa verdade real que seria a absoluta certeza de um determinado fato.
Hoje, a doutrina evoluiu e considera que, no Direito processual brasileiro, não pode haver a verdade material, essa verdade real, primeiramente porque NUNCA o juiz terá uma certeza absoluta em julgar e absolver, em julgar e condenar determinada pessoa. 
Essa verdade material não só é utópica como é um risco para os direitos e garantias fundamentais. 
O Direito processual brasileiro tem que se valer da busca da verdade, buscar a verdade, buscar entender o que, efetivamente, aconteceu naquele caso concreto, por que aconteceu determinado resultado, qual foi a conduta praticada, por que essa conduta foi praticada. Buscar a verdade dos fatos, entender o crime – essa busca está limitada a direitos e garantias fundamentais que não podem ser desrespeitados, tais como a violação de domicílios, a violação das comunicações, torturas. 
Hoje, portanto, o Direito processual brasileiro se pauta na busca da verdade, não colocando a verdade material (a verdade real) acima dos direitos e garantias fundamentais.
• Lei n. 9.099/1995 – verdade consensual 
Na Lei n. 9.099/1995, a Lei dos Juizados Especiais, que é dividida entre a parte cível e a parte criminal, existe o princípio da verdade consensual. Nos Juizados Especiais Criminais, não tem muita relevância saber se um dia foi ou não praticado, se o crime foi praticado da maneira X ou Y porque, na verdade, o propósito do Juizado Especial Criminal é o consenso, é o acordo entre as partes por meio, por exemplo, da composição civil dos danos prevista no art. 74, por meio da transação penal prevista no art. 76. 
Se houver acordo entre as partes, extingue-se a punibilidade e a verdade consensual tem uma relevância maior do que a busca da verdade. Obviamente, não havendo essa verdade consensual, não havendo um acordo entre as partes, entra em cena a busca da verdade durante o processamento e o julgamento dos crimes de menor potencial ofensivo.
 PRINCIPIO DA PUBLICIDADE
Art. 93. [...] IX CF – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; 
Art. 5º [...] LX CF – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; 
A própria CF, ao prever o princípio da publicidade, prevê também algumas exceções a esse princípio. 
É importante frisar, no entanto, que a regra é o princípio da publicidade. Uma exceção à regra da publicidade é o segredo de justiça, quelimitará o acesso ao processo às partes e a seus procuradores. O segredo de justiça é determinado em relação a todo o processo, não somente em relação a um ato ou período. Geralmente, determina-se o segredo para preservar a intimidade de determinadas pessoas. 
O Código Penal determina que todos os crimes contra a dignidade sexual, por exemplo, corram em segredo de justiça, uma vez que esses crimes representam uma violação à intimidade da vítima. Além disso, no próprio exame de corpo delito constam fotos da vítima. 
A segunda exceção à regra da publicidade é o sigilo, que se distingue do segredo de justiça pelo fato de que este é determinado em relação a todo o processo, toda a ação penal; enquanto o sigilo se refere a atos específicos, do inquérito policial ou da ação penal. Um exemplo de sigilo é a representação do delegado de polícia pela busca e apreensão domiciliar. Essa representação junto ao Poder Judiciário não pode ser pública, pois poderia prejudicar a finalidade da busca e apreensão. 
Outro exemplo de sigilo é a interceptação telefônica, a qual as partes somente poderão ter acesso após sua finalização, mas não durante sua realização.
Questões
1-(CESPE/2018/ABIN/OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA) Acerca dos princípios gerais, das fontes e da interpretação da lei processual penal, bem como dos sistemas de processo penal, julgue o item que se segue. A publicidade, a imparcialidade, o contraditório e a ampla defesa são características marcantes do sistema processual acusatório. 
COMENTÁRIO: No sistema acusatório os processos são públicos garantidas a imparcialidade, o contraditório e a ampla defesa
2-.(FEMPERJ/2012/TCE-RJ/TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO/TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES) NÃO constitui característica do sistema processual acusatório: 
a. separação de funções de acusar e julgar; b. contraditório na atividade das partes; 
c. publicidade dos atos processuais, como regra; 
d. poderes investigatórios iniciais do juiz; 
e. liberdade probatória. 
COMENTÁRIO: 
a. Separação de funções de acusar e julgar (acusatório).
b. Contraditório na atividade das partes (acusatório). 
c. Publicidade dos atos processuais, como regra (acusatório, com algumas exceções). 
d. No sistema acusatório o juiz é equidistante das partes. Quem investiga é o delegado de polícia na fase inquisitorial e o Ministério Público na fase da Ação Penal. O juiz não pode investigar. 
e. Liberdade probatória, desde que as provas sejam lícitas. 
3. (FUNCAB/2014/PC-RO/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Assinale a alternativa em que se encontra uma característica do sistema acusatório. 
a. O julgador é protagonista na busca pela prova. 
b. As decisões não precisam ser fundamentadas. 
c. A atividade probatória é atribuição natural das partes. 
d. As funções de acusar e de julgar são concentradas em uma pessoa. 
e. As decisões são sempre sigilosas. 
COMENTÁRIO:
a. O julgador é protagonista na busca pela prova (inquisitorial). 
b. As decisões precisam ser fundamentadas.
c. A atividade probatória é atribuição natural das partes (acusatório). 
d. As funções de acusar e de julgar não são concentradas em uma pessoa. e. As decisões são públicas.
4. (VUNESP/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA/2014) Em se tratando de processo penal, assinale a alternativa que apresenta, correta e respectivamente, uma fonte direta e uma fonte indireta. 
a. Costume e lei. 
b. Costume e jurisprudência. c. Doutrina e jurisprudência. 
d. Princípios gerais do direito e doutrina. 
e. Lei e costume. 
COMENTÁRIO 
Fonte direta é fonte formal. A fonte material não tem qualquer subdivisão, a fonte formal é a União. Costume, doutrina, princípios gerais do direito não são fontes diretas. A Lei é fonte direta. Costume é fonte indireta.
5. (CESPE/ABIN/OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA/2018) Acerca dos princípios gerais, das fontes e da interpretação da lei processual penal, bem como dos sistemas de processo penal, julgue o item que se segue. 
O Código de Processo Penal, a jurisprudência e os princípios gerais do direito são considerados fontes formais diretas do direito processual penal. 
COMENTÁRIO 
O Código de Processo Penal (CPP) é uma fonte formal direta do Direito Processual Penal, é a Lei. Há outras leis processuais penais espalhadas no ordenamento jurídico brasileiro, a própria Lei n. 11.343, a Lei de Drogas, tem uma parte processual que traz o processo e julgamento dos crimes relacionados aos crimes do tráfico de drogas. O CPP é apenas uma dessas fontes, a principal. A jurisprudência, em regra, não é uma fonte formal direta, a menos que fosse uma jurisprudência vinculante, uma decisão numa Ação Direta de Inconstitucionalidade, de Ação Declaratória de Constitucionalidade, Súmulas Vinculantes do STF. Os princípios gerais do direito são considerados fontes formais INDIRETA, MEDIATA do Direito Processual Penal.
6-À luz da orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, sobre as disposições constitucionais aplicáveis ao processo penal e ao inquérito policial, analise os quatro itens a seguir.
Ante o princípio constitucional da não culpabilidade, inquéritos e processos criminais em curso são neutros na definição dos antecedentes criminais.
( )Certo
( )Errado
7-Segundo o Supremo Tribunal Federal, não é possível a execução da pena pelo simples exaurimento recursal perante as instâncias ordinárias, o entendimento é de que deve prevalecer a presunção de inocência até o trânsito em julgado da condenação.
( )Certo
( )Errado
8-Considerando o Código Penal e o pensamento doutrinário dominante, bem como o entendimento dos tribunais superiores, marque a alternativa incorreta:
A) Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
B) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando, em virtude dela, a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
C) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, salvo se decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
D) A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinou, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
E) Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, no todo ou em parte, ainda que outro seja o momento do resultado.
9-No que concerne à parte geral do Código Penal, aos princípios processuais penais e à efetiva aplicação da legislação especial, julgue os itens a seguir.
Prevê a Constituição Federal o princípio de que ninguém será considerado culpado senão após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. No processo penal, a aplicação desse princípio é absoluta, pois busca-se a verdade real.
( )Certo
( )Errado
10-Em relação às disposições constitucionais aplicáveis ao processo penal, analise os dois itens a seguir, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
O princípio processual penal do favor rei não ilide a possibilidade de utilização de presunções entregue à livre apreciação do Juiz, diante do fato (hominis/facti) para decidir sobre a procedência do ius puniendi, máxime porque o CPP prevê expressamente a prova indiciária, definindo-a como “a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias”.
( )Certo
( )Errado
11-Segundo o STF, conforme a mais recente decisão à luz da jurisprudência fixada em repercussão geral, apesar da presunção de inocência, é possível executar provisoriamente a pena após a condenação em segundo grau de jurisdição.
( )Certo
( )Errado
12-O artigo 5º, LVII da Constituição Federal de 1988, determina que “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”. 
A referida determinação diz respeito ao Princípio do(a):
( )Contraditório e ampla defesa.
( )Presunção de Inocência.
( )Inadmissibilidade de obtenção de provas por meios ilícitos.
( )Devido Processo Legal.1
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