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Aspectos Processuais Penais | 
Princípios Fundamentais do Processo Penal 
www.cenes.com.br | 1 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
ASPECTOS PROCESSUAIS PENAIS 
 
CONTEÚDO 
Princípios aplicados ao processo 
penal 
Aspectos Processuais Penais | 
Princípios Fundamentais do Processo Penal 
www.cenes.com.br | 2 
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Aspectos Processuais Penais | 
Princípios Fundamentais do Processo Penal 
www.cenes.com.br | 3 
Sumário 
Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
1 Princípios Fundamentais do Processo Penal ------------------------------------------------------- 4 
1.1 Princípio da Presunção de Inocência ------------------------------------------------------------------------------- 4 
1.1.1 Da Regra Probatória (in dubio pro reo) ---------------------------------------------------------------------------------------- 6 
1.1.2 Da Regra de Tratamento ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 7 
1.1.3 Execução Provisória da Pena, Após Decisão em 2ª Instância ------------------------------------------------------------ 9 
1.2 Princípio do Contraditório ------------------------------------------------------------------------------------------- 10 
1.2.1 Princípio do Contraditório no Inquérito Policial --------------------------------------------------------------------------- 15 
1.3 Contraditório Real e Contraditório Diferido/ Postergado -------------------------------------------------- 15 
1.4 Princípio da Ampla Defesa ------------------------------------------------------------------------------------------ 16 
1.4.1 Defesa Técnica (processual ou específica) ---------------------------------------------------------------------------------- 17 
1.4.2 Autodefesa (material ou genérica) ------------------------------------------------------------------------------------------- 20 
1.5 Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere (Não Autoincriminação) --------------------------------------- 24 
1.5.1 Titular Do Direito de Não Produzir Prova Contra Si Mesmo ----------------------------------------------------------- 25 
1.5.2 Advertência Quanto ao Direito de Não Produzir Prova Contra Si Mesmo ----------------------------------------- 25 
1.5.3 Desdobramentos do Direito de Não Produzir Prova Contra Si Mesmo --------------------------------------------- 26 
1.6 Princípio do Juiz Natural --------------------------------------------------------------------------------------------- 31 
1.7 Modificação da Competência e Processos em Andamento ------------------------------------------------ 32 
2 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 33 
 
 
Aspectos Processuais Penais | 
Princípios Fundamentais do Processo Penal 
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1 Princípios Fundamentais do Processo Penal 
O vocábulo princípio possui uma variedade de significados, contudo, nesta aula 
trabalharemos com a noção de princípios como mandamentos nucleares de um 
sistema. 
 
 
ATENÇÃO! Neste material não vamos distinguir Princípios e Regras, pois a Doutrina 
Processual Penal cita como princípio, portanto adotaremos como tal cita a Doutrina, 
todavia, costuma-se dizer que os princípios são mais abstratos que as regras. 
 
• Caso queira saber mais a respeito desta distinção, sugerimos a leitura da obra 
de Robert Alexy: Teoria dos direitos fundamentais de 2008. 
 
1.1 Princípio da Presunção de Inocência 
O Princípio da Presunção de Inocência ou da Não-culpabilidade é um dos princípios 
basilares do Direito e é consagrado por diversos diplomas internacionais, sendo 
responsável por tutelar a liberdade dos sujeitos. Basicamente é o direito de não ser 
declarado culpado, enquanto houver dúvidas se o indivíduo é inocente ou culpado. 
 
A primeira inscrição legal do princípio da presunção de inocência ocorre na Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, a qual é originária da Revolução 
Francesa. Segundo Lopes Jr (2020) a presunção de inocência remonta ao Direito 
romano (escritos de Trajano), a qual foi atacada e invertida na inquisição da Idade 
Média, pois na inquisição a dúvida gerada pela insuficiência de provas assemelha-se 
a uma semiprova, que comportava um juízo de semicondenação e semiculpabilidade 
a uma pena leve, sendo na verdade uma presunção de culpabilidade. 
 
Aspectos Processuais Penais | 
Princípios Fundamentais do Processo Penal 
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Este princípio possui previsão na Constituição Federal em seu art. 5º, inciso LVII dispõe 
que: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória”. 
 
 
O Princípio da Presunção de Inocência ou da Não-culpabilidade recebe estes dois 
nomes, pois a Constituição Federal em seu Art. 5º utiliza a palavra culpado. Já o nome 
de presunção de inocência, surge a partir dos Tratados Internacionais de Direitos 
Humanos, do julgamento do RE 466.343, mais conhecida como o Pacto de San José 
da Costa Rica, previsto em seu Art. 8º, 2, compreende que: “Toda pessoa acusada de 
delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove 
legalmente sua culpa”. 
 
O princípio também é aplicável aos condenados a medidas de segurança, como por 
exemplo a internação em hospital psiquiátrico. Embora a Constituição Federal se refira 
a culpado, compreende-se culpado todo que declarado por sentença, em razão de 
alguma prática de infração penal punível (contravenção ou crime). 
 
Há uma previsão constitucional do princípio pela Constituição Federal a qual cita que 
não será culpado até o trânsito em julgado. Já na Constituição Internacional de 
Direitos Humanos há uma previsão convencional do princípio, a qual cita que é até 
que seja comprovada a culpa. Observe que a norma da constituição federal é mais 
protetiva, portanto, é a que será aplicada, pois há a prevalência. Lembre-se que todo 
o sistema processual penal é pensado no inocente, portanto, aplica-seum processo 
para tratar de um indivíduo que pode não ser culpado. 
 
A presunção de inocência impõe que o réu seja tratado como inocente fora e dentro 
do processo, há um dever de tratamento. Isto é, exige-se um tratamento interno e 
externo ao processo. Desta maneira, divide-se em presunção de inocência de aspecto 
Aspectos Processuais Penais | 
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interno, tratada na máxima do in dubio pro reo, e da presunção de inocência de 
aspecto externo, abordada na regra de tratamento. 
 
O princípio de presunção de inocência traz duas derivações, sendo regras 
fundamentais, são elas: 
• A regra probatória (também conhecida como regra de juízo); e 
• A regra de tratamento. 
 
1.1.1 Da Regra Probatória (in dubio pro reo) 
A regra probatória decorre do princípio de inocência, o ônus da prova é uma 
atribuição do órgão acusatório, é através dele que se comprova a culpa do acusado, 
caso não seja provado, o indivíduo será considerado inocente. O autor Badaró (2003), 
compreende que para ocorrer a imposição de uma sentença condenatória, é preciso 
provar, eliminando qualquer dúvida, o contrário do que é garantido pela presunção 
de inocência. 
 
Lopes Jr (2020) postula uma breve definição e de fácil compreensão, o autor cita que: 
O in dubio pro reo é uma manifestação da presunção de inocência enquanto regra probatória 
e também como regra para o juiz, no sentido de que não só não incumbe ao réu nenhuma 
carga probatória, mas também no sentido de que para condená-lo é preciso prova robusta e 
que supere a dúvida razoável. Na dúvida, a absolvição se impõe. E essa opção também é fruto 
de determinada escolha no tema da gestão do erro judiciário: na dúvida, preferimos absolver 
o responsável do que condenar um inocente. (LOPES JR, 2020, p.576) 
 
Segundo Lima (2020), na dimensão interna determina-se que o ônus da prova fique 
com o acusador, pois é ele que tem que provar a ocorrência do fato alegado, por meio 
da comprovação dos elementos do tipo penal, tendo o dever de desconstruir o estado 
de inocência do acusado. O autor entende que o in dubio pro reo deve ser utilizado 
no momento da valoração das provas, caso haja dúvida, a decisão deve favorecer o 
imputado, pois ele não possui a obrigação de provar que não praticou o delito. 
 
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1.1.2 Da Regra de Tratamento 
Na regra de tratamento é explicito que o indiciado/suspeito/réu necessariamente 
deve ser tido e tratado como se inocente fosse. Portanto, Lima (2020) compreende 
que o Poder Público está impedido por força da regra de tratamento oriunda do 
princípio constitucional da não culpabilidade, de agir e se comportar em relação ao 
suspeito, como se já houvesse sido condenado, definitivamente, enquanto não ocorrer 
o fim do processo. 
 
 
A privação de liberdade, é justificada em eventualidades, isto é, a regra é o acusado 
responder ao processo penal em liberdade, sendo a exceção estar preso. 
 
Segundo Lopes Jr (2020), a dimensão externa é utilizada para o combate da 
estigmatização do réu e a publicidade abusiva. Portanto, a presunção de inocência 
preserva a dignidade e a imagem do acusado, limitando a exploração midiática em 
torno do fato criminoso e evitando a espetacularização do processo. 
• Lembre-se, não se pode chamar de réu quem está sendo julgado, pois isto cria 
um estigma! 
 
Em regra, o indivíduo é inocente até o trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória, ou seja, até que ocorra a efetiva condenação do acusado, este não 
poderá ser preso. Assim, o que se presume no Código de Processo Penal é a máxima 
da não culpabilidade do sujeito. Entretanto, em determinadas situações é necessário 
restringir a liberdade de alguém, ainda que presumidamente inocente, são as formas 
de prisão cautelar: 
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Prisão em flagrante: Esta modalidade de prisão é utilizada para fazer cessar a 
atividade criminosa, nos termos do art. 302 do Código de Processo Penal, quando o 
agente: 
• está cometendo a infração penal; 
• acaba de cometê-la; 
• é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer 
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; 
• é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que 
façam presumir ser ele autor da infração. 
 
Prisão Temporária: Possui a finalidade de garantir o sucesso das investigações. 
 
Prisão Preventiva: poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem 
econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da 
lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria 
e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado nos termos do art. 312 do 
Código de Processo Penal. Isto é, a garantia da ordem pública, econômica, aplicação 
da lei penal e a garantia da instrução processual adequada. 
 
 
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1.1.3 Execução Provisória da Pena, Após Decisão em 2ª Instância 
Neste momento em diante temos como objetivo compreendermos a execução 
provisória da pena, pois está intimamente correlacionada com o princípio da 
presunção de inocência. 
 
A execução da pena antes do trânsito em julgado é um assunto discrepante no Direito, 
pois existem defensores da prisão em segunda instância e os que se opõem e presam 
pelo princípio constitucional da presunção de inocência. É importante compreender 
que diversas alterações ocorreram ao longo do tempo e podem sobrevir a respeito 
do tema. 
 
Nos termos da Súmula 267/STJ: 
A interposição de recurso, sem efeito suspensivo, contra decisão condenatória não obsta a 
expedição de mandado de prisão. 
 
Este é um entendimento que se encontrava superado, pois com o julgamento do STF 
HC 84.078/MG 2009, o STF havia concluído a impossibilidade de execução da pena 
privativa de liberdade antes do trânsito em julgado. 
STF, HC 84.078, fevereiro de 2009. “A prisão antes do trânsito em julgado da condenação 
somente pode ser decretada a título cautelar.” 
 
Anteriormente a decisão do STF de 2009, a prisão se dava antes do trânsito em 
julgado, contudo, no julgamento do HC 126.292 o Plenário voltou atrás, mudando de 
entendimento, permitindo o cumprimento provisório da pena, depois do duplo grau 
de jurisdição. 
STF, HC 126.292, 17/02/2016. “A execução provisória de acórdão penal condenatório 
proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não 
compromete o princípio constitucional da presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º, 
inciso LVII da Constituição Federal.” 
 
O Plenário do STF confirmou ao indeferir a medida cautelar em duas ações 
declaratórias de constitucionalidade (ADC’s 43 e 44), permitindo-se a execução 
‘provisória’ da pena após decisão condenatória de segundo grau. Entretanto, no dia 
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07/11/2019, O STF ao julgar três ADCs (43, 44 e 54) decidiu que é constitucional a 
regra do Código de Processo Penal, a qual prevê o esgotamento de todas as 
possibilidades de recurso, para que se dê o início do cumprimento da pena. 
 
STF, ADCs 43, 44 e 54. “julgou procedente a ação para assentar a constitucionalidade do art. 
283 do Código de Processo Penal, na redação dada pela Lei nº 12.403, de 4 de maio de 2011” 
 
O objeto dessas ações foi o art. 283 do CPP, o qual prevê que: 
Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada 
da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de 
condenação criminal transitada em julgado. 
 
O art. 492 dado pelo popularmente conhecidopacote anticrime 13.964 de 24 de 
dezembro de 2019 traz uma nova hipótese de prisão preventiva no tribunal do júri, 
citando que: 
Em seguida, o presidente proferirá sentença que: 
I – no caso de condenação: 
a) fixará a pena-base; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
[...] 
e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se 
presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou 
superior a 15 (quinze) anos de reclusão, determinará a execução provisória das penas, com 
expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos 
que vierem a ser interpostos; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) 
 
Sendo assim, com o pacote anticrime, no procedimento do júri criou-se uma espécie 
de “prisão automática” decorrente da condenação e aplicação da pena superior a 15 
anos de reclusão. 
 
1.2 Princípio do Contraditório 
Este é um princípio jurídico essencial do processo judicial moderno, o qual garante 
que ninguém sofra os efeitos de uma sentença sem ter tido a oportunidade de uma 
efetiva participação na formação da decisão judicial, ou seja, o direito de defesa. 
 
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De acordo com Lopes Jr (2020) este princípio deriva da frase latina Audi alteram 
partem, que significa "ouvir o outro lado". O tribunal encarregado deve instruir o caso 
e proferir sentença, não assumindo posição no litígio, julgando imparcialmente 
segundo as alegações e pretensões das partes. 
 
Desta maneira, o acusado terá o direito de resposta contra a imputação que lhe foi 
feita, podendo utilizar todos os meios de defesa admitidos em direito. 
 
Lopes Jr (2020) cita que o direito ao contraditório: 
[...] pode ser inicialmente tratado como um método de confrontação da prova e comprovação 
da verdade, fundando-se não mais sobre um juízo potestativo, mas sobre o conflito, 
disciplinado e ritualizado, entre partes contrapostas: a acusação (expressão do interesse 
punitivo do Estado) e a defesa (expressão do interesse do acusado [e da sociedade] em ficar 
livre de acusações infundadas e imune a penas arbitrárias e desproporcionadas). É 
imprescindível para a própria existência da estrutura dialética do processo (LOPES JR, 
2020,p.145). 
 
 
O princípio do contraditório está previsto na Constituição Federal, que, em seu art. 5º, 
inciso LV e dispõe que: 
Art. 5º, inciso LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em 
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes; 
 
Este princípio possui duas formas principais de manifestação, isto é, dois elementos, 
sendo: 
 
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Lopes Jr diferencia e cita que “o direito à informação (conhecimento); no segundo, é 
a efetiva e igualitária participação das partes. É a igualdade de armas, de 
oportunidades” (LOPES JR, 2020, p.147). 
 
• Direito à informação 
É a obrigatoriedade dentro de um processo de dar ciência ao réu que há uma 
demanda judicial em seu nome, permitindo que as partes sejam ouvidas, ou 
seja, há o dever de promover a cientificação do acusado/defensor dos atos 
praticados no processo. 
 
• Direito de Participação 
O processo de participação precisa ser efetivo por parte da defesa técnica, as 
mesmas oportunidades devem ser ofertadas para o acusado/defensor. Deve ser 
permitido que se manifestem, se oponham à pretensão e apresentem suas 
razões. 
 
O princípio do contraditório garante que às partes se manifestem em relação ao que 
está sendo produzido no processo. Contudo, o art. 5º atrela o contraditório e a ampla 
defesa, mas é essencial destacar que ambos não possuem o mesmo significado. 
 
Pellegrini Grinover (1992) explica que: 
[...] defesa e contraditório estão indissoluvelmente ligados, porquanto é do contraditório (visto 
em seu primeiro momento, da informação) que brota o exercício da defesa; mas é esta – como 
poder correlato ao de ação – que garante o contraditório. A defesa, assim, garante o 
contraditório, mas também por este se manifesta e é garantida. Eis a íntima relação e interação 
da defesa e do contraditório” (GRINOVER et al,1992, p. 63). 
 
O contraditório é um princípio essencial que é exigido em todo processo 
administrativo ou judicial, apesar disso ele se manifesta de maneiras diferentes em 
cada classe processual. No Direito Processual Penal a liberdade dos sujeitos é o que é 
argumentada, desta maneira, o contraditório deve ser efetivo e real. Caso o réu se 
mantenha inerte ou negue por sua defesa, é necessário que o Juiz nomeie um 
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defensor público para promover a intervenção e garantir ao indivíduo o direito de 
contraditório, o art. 261 e art. 263 do Código de Processo Penal dispõem a respeito. 
 
Referido no Código De Processo Penal em seu art. 261, dispõe que: 
Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. 
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será 
sempre exercida através de manifestação fundamentada. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 
1º.12.2003) 
 
Já em seu art. 263, cita também que: 
Art. 263. - Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo Juiz, ressalvado o seu 
direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso 
tenha habilitação. 
(...) 
 
Ou seja, mesmo que o acusado não possua interesse em oferecer reação à pretensão 
acusatória, o ordenamento jurídico impõe a obrigatoriedade de assistência, surgindo 
o art. 261 do CPP (LIMA, 2020). 
 
O Supremo Tribunal Federal traz a súmula 523, compreendendo que no processo 
penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará 
se houver prova de prejuízo para o réu. Isto é, a ausência de defesa técnica anula o 
processo, uma deficiência de defesa poderá anular se houver o prejuízo para o réu. 
 
SOBRE O DEFENSOR, o art. 265 do Código de Processo Penal prevê que o defensor 
não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, comunicado 
previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários-mínimos, sem 
prejuízo das demais sanções cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). (ADI 
4398 julgou constitucional, portanto, a multa ocorre) 
 
O Supremo Tribunal Federal em sua súmula 705 cita que a renúncia do réu ao direito 
de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento 
da apelação por este interposta. Isto é, no processo penal, em relação a sentença 
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proferida em 1 instancia, há a possibilidade de interposição de recursos através do 
advogado defensor e pelo próprio sentenciado (réu). 
 
 
ATENÇÃO! Mesmo que o réu renuncie o recurso ele ainda terá o direito da apelação! 
 
Lima (2020) entende que: 
[...] o direito à informação funciona como consectário lógico do contraditório. Não se pode 
cogitar da existência de um processo penal eficaz e justo sem que a parte adversa seja 
cientificada da existência da demanda ou dos argumentos da parte contrária. Daí a importância 
dos meios de comunicação dos atos processuais: citação, intimação e notificação. Não por 
outro motivo [...] (LIMA, 2020, p.56). 
 
De acordo com a Súmula 707, do Supremo Tribunal Federal constitui nulidade a falta 
de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da 
rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo. 
 
Por exemplo, se o Ministério Público oferece uma denúncia e o juiz a rejeita, não 
ocorre a participação efetiva do acusadono processo, pois o indivíduo não foi citado 
(não sabe da existência da ação). Com a rejeição do juiz o Ministério Público pode 
interpor o Recurso Em Sentido Estrito (RESE), no RESE o acusado será intimado e 
deverá apresentar contrarrazões, se não ocorrer apresentação no prazo fixado será 
nomeado um advogado dativo ou defensoria pública para apresentar as contrarrazões 
ao recurso, que serão direcionadas ao TJ/TRF. 
 
A Súmula 708, do Supremo Tribunal Federal prevê que é nulo o julgamento da 
apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não 
foi previamente intimado para constituir outro. 
 
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1.2.1 Princípio do Contraditório no Inquérito Policial 
Na doutrina e jurisprudência prevalece a compreensão de que a observância do 
contraditório é obrigatória apenas no processo penal, em sua fase processual e não 
na fase investigatória. Devido ao art. 5º, LV, da Constituição Federal que menciona à 
observância do contraditório em processo administrativo ou judicial. 
 
Lima (2020) considera que o inquérito policial é disposto como um procedimento 
administrativo atribuído à coleta de informações, à existência do crime e quanto à 
autoria/participação, não se fala em observância do contraditório na fase de 
investigação preliminar. 
 
O mesmo autor cita que (2020, p. 57), “[...] com a inserção do princípio da identidade 
física do juiz no processo penal, o juiz que presidir a instrução deverá proferir a 
sentença [...]”. Nesse sentido, a Lei nº 11.690/08, ao dar nova redação ao art. 155 do 
CPP foi bastante incisiva compreendendo que: 
art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e 
antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 
1.3 Contraditório Real e Contraditório Diferido/ Postergado 
Existem duas formas de exercer o contraditório, sendo: 
O Contraditório Real 
• Segundo Lima (2020, p.57), “[...] demanda que as partes atuem na própria 
formação do elemento de prova, sendo indispensável que sua produção se dê 
na presença do órgão julgador e das partes”. Isto é o que ocorre com a prova 
testemunhal colhida em juízo, a qual não há razão cautelar para justificar a não 
intervenção das partes, sendo obrigatória a observância do contraditório. Ou 
seja, é realizado com acompanhamento do juiz, Ministério Público e defesa 
onde há a oportunidade do contraditório sobre determinada prova. 
 
 
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Contraditório Diferido/postergado 
• No contraditório postergado há o reconhecimento da atuação do contraditório 
após a formação da prova, isto é, a observância é realizada posteriormente 
dando a oportunidade ao defensor e ao acusado de, no processo, contestar a 
providência cautelar. 
 
Ex: Interceptação telefônica e perícia em celular. 
 
O STJ compreende que: “As provas inicialmente produzidas na esfera inquisitorial e, 
depois, reexaminadas na instrução criminal, com observância do contraditório e da 
ampla defesa, não ensejam a ofensa ao art. 155 do Código de Processo Penal.” (AgRg 
no HC 547.442/MT, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 
05/05/2020, DJe 15/05/2020). 
 
1.4 Princípio da Ampla Defesa 
O princípio da ampla defesa possui previsão na Constituição Federal, que, em seu art. 
5º, inciso LV, dispõe: 
Art. 5º, inciso LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em 
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes; 
 
O art. 5º atrela o contraditório e a ampla defesa, mas é essencial destacar que ambos 
não possuem o mesmo significado. Pellegrini Grinover (1992) explica que: 
[...] defesa e contraditório estão indissoluvelmente ligados, porquanto é do contraditório (visto 
em seu primeiro momento, da informação) que brota o exercício da defesa; mas é esta – como 
poder correlato ao de ação – que garante o contraditório. A defesa, assim, garante o 
contraditório, mas também por este se manifesta e é garantida. Eis a íntima relação e interação 
da defesa e do contraditório” (GRINOVER et al,1992, p. 63). 
 
Desta maneira, o direito a defesa está relacionado diretamente ao contraditório, a 
defesa garante o contraditório e se manifesta por ele, pois o exercício da ampla defesa 
só é possível em virtude de um dos elementos que compõem o contraditório, sendo 
o direito à informação (LIMA, 2020). 
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De maneira resumida, a ampla defesa condiz ao direito do indivíduo de utilizar todos 
os meios dispostos para obter seu direito, seja através de recursos ou de provas. 
 
A ampla defesa possui duas nuanças: a defesa técnica, a qual é desenvolvida por um 
profissional habilitado (habilitação na OAB) e à possibilidade do próprio acusado se 
defender, sendo a autodefesa. 
 
 
 
1.4.1 Defesa Técnica (processual ou específica) 
A defesa técnica é desenvolvida por um profissional habilitado, ou seja, supõe-se a 
assistência de um sujeito com conhecimentos teóricos do Direito. É exercida pelo 
profissional da advocacia que possui a capacidade postulatória, seja defensor público, 
advogado constituído ou nomeado. 
 
A defesa técnica se apresenta no processo, segundo Lima (2020) como defesa 
indeclinável, necessária, plena e efetiva, não sendo possível que alguém seja 
processado sem que tenha defensor. 
 
Isto decorre devido a própria especificidade do órgão acusador, Ministério Público, o 
qual possui profissionais preparados para “acusar”. Fica claro, portanto, que um 
acusado que não possua formação jurídica e nem detenha de conhecimentos 
específicos, sozinho, não conseguirá se defender de maneira igualitária com o 
promotor de justiça. 
 
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Assim, a ampla defesa traz o pressuposto de acompanhamento do réu por sujeito 
formalmente habilitado e conhecedor do ordenamento jurídico. Se o réu possuir 
capacidade de se defender, poderá exercer a própria defesa técnica. 
 
 
ATENÇÃO! Não se admite que um indivíduo seja processado sem a presença do 
defensor, previsto no Art. 261 do CPP “Nenhum acusado, ainda que ausente ou 
foragido, será processado ou julgado sem defensor”. Isto é, a defesa técnica é 
irrenunciável, indeclinável e é indisponível, pois mesmo que o acusado esteja ausente 
ou foragido, mesmo que se mostre contrário e não queira, necessariamente, em um 
processo penal, deverá ter um advogado que o represente. 
 
 
TOME NOTA! Um promotor de justiça ou um juiz que está sendo acusado em um 
processo penal, poderá desenvolver diretamente sua defesa técnica? Não poderá 
desempenhar diretamente sua defesa, pois o promotor e o juiz não possuem a 
habilitação ativa na ordem dos advogados do Brasil (OAB), desta maneira, terá que 
contratar um advogado habilitado. 
 
A defesa técnica nos Juizados Especiais Cíveis ocorre de forma diferente, o indivíduo 
pode ingressar com uma demanda sem um advogado, este é um meio de acesso à 
justiça importante, pois permite que cidadãos encontrem soluções de forma eficiente, 
rápida e gratuita. 
 
Entretanto, são apenas para as demandas de pequeno valor, pois se o valor da causa 
for até 20 salários-mínimos, não há necessidade de representação por advogado. 
Contudo, se o valor da causa for entre 20 a 40 salários-mínimos, a representação por 
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advogado é obrigatória. Já no Juizado Especial Criminal o acusado nãopoderá se 
defender sozinho, pois no processo penal possui o valor da causa elevado em 
comparação as pequenas causas Cíveis. O autor Lima (2020, p.59) também traz mais 
informações a respeito da obrigatoriedade da presença do defensor técnico e 
compreende que: 
[...] a fim de se assegurar a paridade de armas, a presença de defensor técnico é obrigatória no 
processo penal, especial atenção deve ser dispensada à Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos. Isso porque, de acordo com o Pacto de São José da Costa Rica, toda pessoa acusada 
de delito tem direito de se defender pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de sua 
escolha (CADH, art. 8, nº 2, “d”). 
 
1.4.1.1 Direito De Escolha Do Defensor 
Um ponto importante para ser elencado é o de que o acusado possui o direito de 
escolher o defensor de sua preferência, em virtude da relação de confiança entre o 
acusado e quem o defende. O juiz não poderá ignorar a vontade do acusado, devendo 
ser uma defesa efetiva. 
 
1.4.1.2 Defesa Técnica Plena e Efetiva 
Em sua Súmula 523, o Supremo Tribunal Federal, traz a respeito da efetividade da 
defesa a qual cita que: 
“No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua 
deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.” 
 
Visto que, do que adiantaria a presença física de um defensor que não faz reperguntas, 
arrola testemunhas e que apresenta sucintamente, sem a análise da prova? Segundo 
Lima (2020) em tal hipótese, seria como se o acusado fosse processado sem a defesa 
técnica, pois sua atuação seria precária. Esses casos recaem sobre o Ministério Público 
e o juiz, os quais devem fiscalizar o advogado e sua atuação defensiva, evitando a 
possível nulidade absoluta do feito. 
 
Outro ponto de suma importância que deve ser observado são as defesas 
conflitantes. 
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Por exemplo: O Ministério Público oferece denúncia contra Armando e 
Bernardo, alegando que cometeram o homicídio de Carla, Armando diz que foi 
Bernardo e Bernardo acusa Armando. Ambos aparecem com o mesmo 
advogado no processo, há uma defesa conflitante, pois há teses colidentes. 
 
Se houver teses antagônicas a defesa técnica não pode ser exercida por um mesmo 
advogado, pois se um dos acusados nega a participação no crime e o outro o 
incrimina, a defesa de ambos não será promovida pelo mesmo advogado, sob pena 
de nulidade. 
 
1.4.2 Autodefesa (material ou genérica) 
A autodefesa é a possibilidade em que a defesa é exercida pelo próprio acusado, 
sendo o interrogatório o ato de defesa do acusado por excelência. Durante muito 
tempo se defendeu o interrogatório como meio de prova, porém, na atualidade, é 
considerado como um meio de defesa. 
 
Na atualidade o acusado não é obrigado a responder qualquer indagação em virtude 
do direito ao silêncio, portanto o acusado não poderá sofrer qualquer restrição em 
virtude do exercício dessa prerrogativa, assim, compreende-se que o interrogatório se 
qualifica como meio de defesa. 
 
E para assegurar o seu exercício, o indivíduo que for acusado deverá ser citado 
pessoalmente, é a regra, mas caso o acusado não seja encontrado em seu endereço e 
esgotadas todas as diligências no sentido de o localizar, será possível a citação por 
edital, com o prazo de quinze dias. 
 
Diante disto, o Supremo Tribunal Federal traz a Súmula 351, a qual compreende que 
“É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que o 
juiz exerce a sua jurisdição”. Isto é, se o acusado estiver preso, é dever do Estado saber 
sua localização para citá-lo pessoalmente, caso tenha sido realizada por edital deve 
ser considerada nula. 
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1.4.2.1 Direito De Audiência 
Este é um direito que o acusado possui para apresentar ao juiz a sua defesa, 
pessoalmente. Este é o momento em que o sujeito passivo terá a chance de atuar de 
forma efetiva, expondo as justificativas e os motivos ou negativas de 
autoria/materialidade do fato que se lhe imputa, ou seja, o interrogatório (LIMA, 2020). 
 
Lopes Jr compreende que “O interrogatório deve ser um ato espontâneo, livre de 
pressões ou torturas (físicas ou mentais). É necessário estabelecer um limite máximo 
para a busca da verdade e para isso estão os direitos fundamentais” (LOPES JR, 2020, 
p. 151). 
Palavras-chave: Direito de ser ouvido; e interrogatório. 
 
1.4.2.2 Direito De Presença 
É através do direito de presença que é assegurado ao acusado a chance de, ao lado 
de seu defensor, observar os atos de instrução, contribuindo na realização da defesa. 
Assim surge a importância da intimação do defensor e do acusado obrigatório para 
os atos processuais, pois durante a instrução criminal, declarações falsas ou 
incorreções podem ser prestadas e somente o acusado pode conseguir detectar. 
 
À vista disso, o acusado deve relatar imediatamente tais incorreções ou falsidades ao 
seu defensor técnico, para que o defensor tenha tempo de explorá-las. 
 
 
ATENÇÃO! Se o acusado não comparece à audiência, a presença do defensor será 
indispensável, sendo obrigatória, seja o defensor constituído, público, dativo ou 
nomeado para o ato. 
 
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Um assunto muito discutido é a respeito da obrigatoriedade da presença do acusado 
perante o juízo deprecado, ou seja, quando se trata do indivíduo acusado solto, fica a 
critério dele comparecer (ou não). Já o acusado preso, o Supremo Tribunal Federal 
compreende que, desde ocorrendo o prévio requerimento do acusado, o direito de 
presença deve ser assegurado. 
 
De maneira oposta, alguns julgados mais recentes compreendem que alegar a 
presença do réu, estando ele preso gera nulidade relativa, sendo necessário 
comprovar a oportuna requisição e o prejuízo à defesa. Entretanto, o Código de 
Processo Penal traz a possível utilização de videoconferência. 
 
1.4.2.2.1 Interrogatório Por Videoconferência 
Com a atípica situação pandêmica de Covid-19, o processo judicial também passou a 
ocorrer por videoconferência, mas anteriormente a pandemia a videoconferência já 
era utilizada. A utilização da videoconferência, está disciplinada no § 2º do art. 185, 
que tem a seguinte redação: 
§ 2º Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das 
partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro 
recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida 
seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: (Redação dada pela Lei nº 11.900, 
de 2009) 
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre 
organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; 
(Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
Exemplo: Dificuldade de locomoção do réu, pois há um plano para o tirar da prisão. 
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante 
dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância 
pessoal; (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja 
possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste 
Código; (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
Comentário: Em certas situações existem testemunhas que se sentem coagidas pela presença 
do réu. É um direito da testemunha e das vítimas à vida, à intimidade, à segurança e à liberdade 
de declarar, sendo a proteção é um indiscutível dever do Estado. Desta forma, na hipótese de 
prática de atos intimidatórios, o acusado pode ter a renúncia tácita do direito de presença. Oart. 217 do CPP traz que se o juiz verificar que a presença do réu pode causar temor, 
humilhação ou sério constrangimento ao ofendido ou à testemunha, de modo que prejudique 
a verdade do depoimento, deverá este fazer a inquirição por videoconferência, entretanto o 
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acusado também pode ser retirado da sala de videoconferência, portanto o juiz deve assegurar 
a presença do defensor técnico do acusado na audiência. 
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
Exemplo: Covid-19 
§ 3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconferência, as partes 
serão intimadas com 10 (dez) dias de antecedência. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
 
1.4.2.3 Capacidade Postulatória Autônoma 
A capacidade postulatória Autônoma é a capacidade de peticionar em juízo que é 
atribuído aos profissionais da advocacia, a Lei, entretanto, estabelece algumas 
hipóteses em que o acusado poderá atuar como “se fosse um advogado”. 
 
Segundo Lima (2020, p.65): 
É por isso que, no processo penal, o acusado pode interpor recursos (CPP, art. 577, caput), 
impetrar habeas corpus (CPP, art. 654, caput), ajuizar revisão criminal (CPP, art. 623), assim 
como formular pedidos relativos à execução da pena (LEP, art. 195, caput). Em tais situações, 
mesmo não sendo profissional da advocacia, a Constituição Federal e a legislação ordinária 
conferem ao acusado capacidade postulatória autônoma, possibilitando que ele dê o impulso 
inicial ao recurso, às ações autônomas de impugnação ou aos procedimentos incidentais 
relativos à execução. 
 
 
 
Uma vez que ocorre o impulso inicial pelo acusado, em seguida, e de maneira a lhe 
assegurar a mais ampla defesa, será garantida a assistência de defensor técnico, 
possibilitando, por exemplo, a apresentação de respectivas razões recursais, e entre 
outros. 
 
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1.5 Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere (Não Autoincriminação) 
Este é um princípio de extrema importância, sendo o direito de não fazer prova contra 
si mesmo (nemo tenetur se detegere). Segundo Nucci (2020) este princípio protege os 
suspeitos ou acusados de possíveis violências morais e físicas empregadas pelo 
agente estatal na coação em cooperar com a investigação criminal. 
 
Disposto na Constituição Federal o art 5º em seu inciso LXIII prevê que: 
“O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 
assegurada a assistência da família e de advogado” 
 
O princípio nemo tenetur se detegere decorre da conjugação dos princípios 
constitucionais da presunção de inocência (art. 5.º, LVII) e ampla defesa (art. 5.º, LV) 
juntamente com o direito fundamental que permite ao réu manter-se calado (art. 5.º, 
LXIII). Isto é, ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. 
 
Presume-se que o indivíduo é inocente e até que seja provada a culpa, o sujeito possui 
o direito de produzir prova em seu favor, como também pode permanecer em silêncio 
sem qualquer prejuízo à sua situação processual. 
 
Segundo Lopes Jr (2020) o sujeito passivo não sofrerá nenhum prejuízo jurídico por 
exercer seu direito de silêncio ou omitir-se de colaborar em uma atividade probatória 
da acusação. 
 
Maria Elizabeth Queijo cita que: 
O nemo tenetur se detegere foi acolhido, expressamente, no direito brasileiro, com a 
incorporação ao direito interno do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e da 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Por força de tal incorporação, em consonância 
com o disposto no art. 5.º, § 2.º, da Constituição Federal, como direito fundamental, a norma 
que prevê o nemo tenetur se detegere possui hierarquia constitucional, o que foi corroborado 
pelo art. 52, § 3-, da Magna Charta, acrescentado pela Emenda Constitucional n. 45, de 2004. 
Trata-se de um princípio garantia” (QUEIJO, 2013, p. 104). 
 
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1.5.1 Titular Do Direito de Não Produzir Prova Contra Si Mesmo 
O art 5º em seu inciso LXIII traz a respeito da ciência do direito de silêncio, citando 
o preso, em um primeiro momento se observa o destinatário é o que se encontra na 
condição processual de preso. Entretanto a Doutrina traz que este dispositivo 
constitucional se presta para proteger não apenas quem está recluso, mas também 
aquele que está solto, da mesma maneira qualquer indivíduo a quem seja imputada a 
prática de um ilícito criminal (imputado). 
 
Lima (2020, p. 72) observa que “Pouco importa se o cidadão é suspeito, indiciado, 
acusado ou condenado, e se está preso ou em liberdade. Ele não pode ser obrigado 
a confessar o crime”. 
 
 
ATENÇÃO! O inciso cita como preso, contudo, o titular do direito não será apenas ele, 
mas sim o imputado (pessoa a qual recai alguma acusação) (exemplo: suspeito; 
investigado; indiciado; acusado; réu; executado e apenado. 
 
1.5.2 Advertência Quanto ao Direito de Não Produzir Prova Contra Si Mesmo 
Para evitar a autoincriminação involuntária por força do desconhecimento da lei, o 
acusado deve tomar ciência de seus direitos, ocorrendo a prévia e formal advertência 
quanto ao direito ao silêncio. 
 
 
A autoridade é obrigada a advertir o acusado de seu direito de permanecer em 
silêncio? Parte da Doutrina compreende que não há uma obrigatoriedade, pois se 
está na lei, se pressupõe que a pessoa sabe de seus direitos, contudo, a Doutrina que 
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prevalece é que a autoridade deve informar o direito do imputado, pois o art 5º em 
seu inciso LXIII da CF traz “será informado de seus direitos”, portanto há a 
obrigatoriedade de cientificar que o sujeito possui direitos. 
 
O art. 5º inciso LXIII é semelhante ao “Aviso de Miranda” do direito norte-americano, 
o dever de advertência norte-americano funciona de maneira diferente. 
 
Lima (2020, p. 73) traz sobre o aviso de Miranda e cita que: 
[...] o policial, no momento da prisão, tem de ler para o preso os seus direitos, sob pena de 
não ter validade o que por ele for dito. Os Miranda rights ou Miranda warnings têm origem no 
famoso julgamento Miranda V. Arizona, verificado em 1966, em que a Suprema Corte 
americana, por cinco votos contra quatro, firmou o entendimento de que nenhuma validade 
pode ser conferida às declarações feitas pela pessoa à polícia, a não ser que antes ela tenha 
sido claramente informada de: 1) que tem o direito de não responder; 2) que tudo o que disser 
pode vir a ser utilizado contra ele; 3) que tem o direito à assistência de defensor escolhido ou 
nomeado. 
 
Desta maneira, foi a partir disso que se consolidou o dever dos agentes policiais de 
comunicar ao acusado no ato da prisão, sobre o direito de não responder e de ser 
assistido por um defensor e a famosa frase de o que disser poderá ser usado contra 
si. 
 
Imprensa acaba ouvindo o acusado antes mesmo do delegado, sem saber da 
advertência ao silencio, o cidadão confessa o crime, e o delegado requisita essa 
matéria, poderá ser utilizado como elemento ainda que não haja a advertência. 
 
1.5.3 Desdobramentos do Direito de Não Produzir Prova Contra Si Mesmo 
Existe uma predisposição equivocada de equiparar o princípio de não produzir prova 
contra si mesmo ao direito ao silêncio. O direito ao silêncio não deve ser confundido 
com o princípio do nemo tenetur se detegere. 
 
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Ao prever o direito de permanecer calado não é conferido apenas a garantia de que 
o sujeito não pode ser obrigado a falar, mas também se presume a garantia de que a 
pessoa não pode ser obrigadaa se incriminar. Assim, é possível realizar 
desdobramentos do princípio, a qual possui lugar no curso da instrução processual e 
na fase investigatória, deste modo o princípio de não autoincriminação se desdobra, 
observe: 
 
 
 
1.5.3.1 Direito Ao Silêncio 
Este direito equivale a não responder às perguntas realizadas pela autoridade, é 
um direito que funciona como um tipo de manifestação passiva da defesa. Lima (2020) 
compreende que o exercício do direito ao silêncio não se assemelha a falta de defesa 
ou confissão ficta, se cuida do direito do acusado, podendo ser utilizado como 
estratégia defensiva no exercício da autodefesa (CF, art. 5º, LXIII). 
 
 
O direito ao silencio se aplica a testemunha? A testemunha não possui o direito ao 
silencio, entretanto, se ela está na condição de testemunha e passa para a condição 
de acusada, ela deverá ser advertida de seu direito ao silencio. 
 
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Caso a testemunha faça alguma afirmação falsa, responderá, o art. 342 do Código 
Penal traz a respeito da testemunha e cita que: 
Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor 
ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
1.5.3.2 Direito de Mentir (Inexigibilidade de Dizer a Verdade) 
O acusado não é obrigado a falar a verdade, porém, isso não significa que possui o 
“direito de mentir”. Alguns doutrinadores compreendem que o acusado possui este 
direito por não existir o crime de perjúrio, apesar disso na doutrina o que prevalece é 
que o acusado não é obrigado a falar a verdade. Lima (2020, p. 75) cita que “Em um 
Estado democrático de Direito, não se pode afirmar que o próprio Estado assegure 
aos cidadãos direito a um comportamento antiético e imoral, consubstanciado pela 
mentira”. 
 
Um exemplo que pode ocorrer é quando o acusado inventa um álibi que não condiz 
com a verdade, o dever de dizer a verdade não traz coercibilidade, pois não existe 
sanção contra a mentira no Brasil. Desta forma, se o acusado cria um álibi para gerar 
dúvida na convicção do órgão julgador, conclui-se que deve ser tolerada por razão do 
nemo tenetur se detegere. 
 
Outro exemplo é a denominada mentira agressiva que ocorre quando o acusado 
culpabiliza falsamente a um terceiro inocente de praticar o delito. O Supremo Tribunal 
Federal compreende que no direito ao silêncio, o acusado pode negar, ainda que 
falsamente, contudo, nas mentiras agressivas se acusa alguém inocente, assim 
responderá por denunciação caluniosa, pois o direito de não produzir prova contra si 
não é um suporte para que se cometa outros delitos. 
 
A conduta de se auto acusar também é um crime, previsto no CP, art. 341. 
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: 
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. 
 
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A Súmula 522 do STJ cita que “A conduta de se atribuir falsa identidade perante 
autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa”. Para o 
Supremo, segundo Lima (2020) tipifica o crime de falsa identidade o fato de o agente, 
ao ser preso, se identificar com um nome falso, com o intuito de esconder os maus 
antecedentes. 
 
1.5.3.3 Direito de Não Praticar Comportamento Ativo que Possa Incriminar 
Devido ao direito de não produzir prova contra si, a jurisprudência e a doutrina 
adotam a compreensão de não poder exigir um comportamento ativo do acusado, 
caso este comportamento resulte em autoincriminação (LIMA,2020). Desta forma, 
sempre que a produção da prova possuir como pressuposto a ação por parte do 
acusado será necessário o seu consentimento. 
Exemplos: acareação; reconstituição do crime; bafômetro de sopro; exame 
grafotécnico; gravação de voz etc. 
 
 
ATENÇÃO! A ação deve ser ativa, desta forma, o bafômetro passivo não se encaixa, 
pois não é preciso assoprar (não se tem um comportamento ativo). Existem outros 
comportamentos passivos como o reconhecimento de pessoas (coisas) e qualquer 
comportamento que não pressuponha uma ação. 
 
Caso o acusado se recuse a se submeter a tais provas, não é configurado desacato ou 
crime de desobediência, contudo, no caso de recusa de fornecimento de material de 
seu punho subscrito a autoridade judiciária poderá apreender papéis e documentos 
que possam suprir o fornecimento do referido material, pois o indivíduo não terá um 
comportamento ativo. 
 
Previsto no art. 174, II e III, do Código De Processo Penal dispõe que: 
Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-
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se-á o seguinte: 
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for 
encontrada; 
II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer 
ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade 
não houver dúvida; 
 
Por conseguinte, Lima (2020) conclui o fato de o acusado recusar não afasta a 
possibilidade de obter os documentos subscritos; 
 
1.5.3.4 Direito De Não Produzir Nenhuma Prova Incriminadora Invasiva 
O acusado possui o direito de não se submeter a prova incriminadora invasiva, Lima 
(2020, p.78) descreve intervenções corporais as quais são: 
[...] medidas de investigação que se realizam sobre o corpo das pessoas, sem a necessidade do 
consentimento destas, e por meio da coação direta se for preciso, com a finalidade de 
descobrir circunstâncias fáticas que sejam importantes para o processo, em relação às 
condições físicas ou psíquicas do sujeito que sofre as intervenções, ou objetos escondidos com 
ele. São exemplos de intervenções corporais: exame de sangue, ginecológico, identificação 
dentária, endoscopia, exame do reto, entre outras tantas perícias como o exame de matérias 
fecais, de urina, de saliva, exames de DNA usando fios de cabelo, identificações datiloscópicas 
de impressões dos pés, unhas e palmar e também a radiografia. 
 
Saiba diferencias provas invasivas das não invasivas, em uma prova invasiva se 
pressupõe penetração no organismo humano, já as provas não invasivas consistem 
em uma verificação corporal, sem penetração ou extração corporal. 
 
 
ATENÇÃO! Se atente a forma de coleta, pois é ela que determina se a prova é invasiva 
ou não, por exemplo: Retirar um fio de cabelo de um indivíduo é algo invasivo, mas 
se este for pego de uma escova de cabelo se torna uma prova não invasiva. 
 
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• Outra forma de conseguir provas não invasivas são através de materiais 
dispensados, como coisas jogadas fora e resíduos em utensílios. 
 
A respeito da coleta de material genético há uma discussão atual sobre a 
obrigatoriedade da coleta a Lei nº 12.654, de 2012 citava que: 
Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave 
contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho 
de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante 
extração de DNA – ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. (Incluído pela 
Lei nº 12.654, de 2012) 
 
Uma Repercussão ocorreu no Supremo Tribunal Federal RE 973.837 e o art. 9º foi 
alterado: 
Art. 9º-A. O condenado por crime doloso praticado com violência grave contra a pessoa, bem 
como por crime contra a vida, contra a liberdade sexual ou por crime sexual contra vulnerável, 
será submetido, obrigatoriamente, à identificação do perfilgenético, mediante extração de 
DNA (ácido desoxirribonucleico), por técnica adequada e indolor, por ocasião do ingresso no 
estabelecimento prisional. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) 
 
O art. 7º da Lei nº 12.037/09, com redação dada pela Lei nº 13.964/19, estabelece as 
hipóteses em que será excluído os perfis genéticos do banco de dados: 
I – no caso de absolvição do acusado; ou 
II – no caso de condenação do acusado, mediante requerimento, após 
decorridos 20 anos do cumprimento da pena. 
 
1.6 Princípio do Juiz Natural 
Este princípio traz o direito do indivíduo de saber de forma previa qual será a 
autoridade que irá o processar e o julgar caso pratique alguma conduta classificada 
como infração penal pelo ordenamento jurídico. Conhecido como Juiz natural ou juiz 
legal, é constituído antes do fato delituoso a ser julgado, mediante regras dispostas 
pela lei. 
 
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O art. 8.1 do Pacto de São José da Costa Rica, traz a respeito do acusado ter o direito 
de ser julgado por um juiz imparcial e independente. 
 
 
OBSERVE QUE O nascimento do juiz natural surge na prática do delito e não no início 
do processo. 
 
Lopes compreende que o juiz natural “Consiste no direito que cada cidadão tem de 
saber, de antemão, a autoridade que irá processá-lo e qual o juiz ou tribunal que irá 
julgá-lo, caso pratique uma conduta definida como crime no ordenamento jurídico-
penal” (LOPES JR, 2020, p. 413). 
 
Este princípio decorre da Constituição Federal dada pelo texto do art. 5º, XXXVII e LIII, 
não consta expressamente, mas surge dos incisos. 
XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; 
 
 
 
1.7 Modificação da Competência e Processos em Andamento 
Um exemplo de modificação da competência é o da a Lei Federal n. 9.299 mais 
conhecida como “Lei Rambo”, a qual promove a alteração no CPM e no Código de 
Processo Penal Militar (CPPM), ou seja, tirou a competência dos militares (Justiça 
Castrense) e passou a ser julgado pela justiça comum, sendo uma lei que entrou em 
vigor em 1996. 
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Referências Bibliográficas 
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• A modificação da competência e processos em andamento é aplicável somente 
aos processos que não foram sentenciados em 1ª instância. 
 
2 Referências Bibliográficas 
BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Ônus da prova no processo penal. São 
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003. 
LIMA, R. B. de. Manual de processo penal: volume único / Renato Brasileiro de Lima 
– 8. ed. rev., ampl. e atual. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2020. 
LOPES. JR, A. Direito processual penal / Aury Lopes Junior. – 17. ed. – São Paulo: 
Saraiva Educação, 2020. 
PELLEGRINI GRINOVER, Ada; SCARANCE FERNANDES, Antônio; GOMES FILHO, 
Antônio Magalhães. As Nulidades no Processo Penal. 2. ed. São Paulo, Malheiros, 
1992. 
 
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Referências Bibliográficas 
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	Sumário
	1 Princípios Fundamentais do Processo Penal
	1.1 Princípio da Presunção de Inocência
	1.1.1 Da Regra Probatória (in dubio pro reo)
	1.1.2 Da Regra de Tratamento
	1.1.3 Execução Provisória da Pena, Após Decisão em 2ª Instância
	1.2 Princípio do Contraditório
	1.2.1 Princípio do Contraditório no Inquérito Policial
	1.3 Contraditório Real e Contraditório Diferido/ Postergado
	1.4 Princípio da Ampla Defesa
	1.4.1 Defesa Técnica (processual ou específica)
	1.4.1.1 Direito De Escolha Do Defensor
	1.4.1.2 Defesa Técnica Plena e Efetiva
	1.4.2 Autodefesa (material ou genérica)
	1.4.2.1 Direito De Audiência
	1.4.2.2 Direito De Presença
	1.4.2.2.1 Interrogatório Por Videoconferência
	1.4.2.3 Capacidade Postulatória Autônoma
	1.5 Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere (Não Autoincriminação)
	1.5.1 Titular Do Direito de Não Produzir Prova Contra Si Mesmo
	1.5.2 Advertência Quanto ao Direito de Não Produzir Prova Contra Si Mesmo
	1.5.3 Desdobramentos do Direito de Não Produzir Prova Contra Si Mesmo
	1.5.3.1 Direito Ao Silêncio
	1.5.3.2 Direito de Mentir (Inexigibilidade de Dizer a Verdade)
	1.5.3.3 Direito de Não Praticar Comportamento Ativo que Possa Incriminar
	1.5.3.4 Direito De Não Produzir Nenhuma Prova Incriminadora Invasiva
	1.6 Princípio do Juiz Natural
	1.7 Modificação da Competência e Processos em Andamento
	2 Referências Bibliográficas

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