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Bárbara Mourelhe | Odonto - UFPE HISTAMINA A histamina é uma amina biológica derivada da histidina (aa). A enzima Histidina-descarboxilase age retirando o radical carboxila da molécula de Histidina. Alguns autores descrevem a histamina como autacoide, que é uma substância produzida no próprio organismo, ou seja, remédio próprio. FUNÇÕES REGULAÇÃO DA SECREÇÃO GÁSTRICA A histamina quando interage com os receptores H2 aumenta a secreção de ácido clorídrico. Deviso a isso, os anti-histamínicos H2, apesar de não ser a primeira escolha, podem ser usados para o tratamento da úlcera gástrica. NEUROTRANSMISSÃO NO SNC CONTROLE LOCAL DA MICROCIRCULAÇÃO Quando liberada no ambiente, a histamina promove vasodilatação, principalmente em arteríolas e vênulas. Esse mecanismo influencia na pressão arterial: PA = DC x RVP DC = FC x VE *PA – Pressão Arterial/*DC – Débito Cardíaco/ *RVP – Resistência Vascular Periférica / *FC – Frequência Cardíaca/*VE – Volume de Ejeção Quando a vasodilatação da microcirculação é promovida, ocorre uma intensa queda da RVP e, consequentemente, uma diminuição da pressão arterial. MEDIAÇÃO DAS RESPOSTAS ALÉRGICAS IMEDIATAS E INFLAMATÓRIAS A histamina está envolvida na Resposta Alérgica Imediata, principalmente nas que envolvem a imunoglobulina do tipo E, sendo o principal mediador de uma doença chamada de Rinite Alérgica, que é uma doença mediada pela imunoglobulina do tipo E. Na Rinite Alérgica, o aumento da permeabilidade do seio nasal é o responsável pela corisa característica da doença. METABOLISMO A metabolização da histamina é realizada através de 2 vias: VER NA AULA 1ª via: A enzima tioaminaoxidase (DAO) origina o Ácido Imizadol Acético que é conjugado com ribosídeos e excretado na urina. 2ª via: Através da Histamina N-metil transferase há a formação de N-metil-histamina que sofre ação da Monoamina-oxidase (MAO) formando o Ac. Metilimidazolacético pra ser excretado. OBSERVAÇÃO Exames que dosam altas concentrações de Ác. Metilimidazolacético constatam que o indivíduo está doente pois está produzindo grandes quantidades de histamina. DISTRIBUIÇÃO A histamina é distribuída no nosso organismo de forma irregular (circulação, pele, estômago, pulmões, cérebro). Ela está presente em basicamente quase todos os tecidos do nosso organismo, mas sua presença se destaca na pele e mucosa, tanto do trato gastrointestinal como da árvore respiratória. Bárbara Mourelhe | Odonto - UFPE A histamina é encontrada em vários lugares no corpo, sendo o mais encontrado a pele, nas células: 1. Mastócitos: tecidos 2. Basófilos: sangue 3. Histaminócitos: células presentes no estômago que armazenam a histamina. ESTÍMULOS PARA A LIBERAÇÃO 1. Estímulos Físicos: alta ou baixa temperatura, calor e raios-X; 2. Estímulos Químicos: substâncias como antibióticos, toxinas de abelhas ou maribondos, bloqueadores neuromusculares como a succinilcolina, analgésicos como a morfina; 3. Estímulo Mecânico: trauma mecânico; 4. Estímulo Imunológico: principal mecanismo de liberação. TIPOS DE LIBERAÇÃO Citotóxica: Destruição da célula e liberação do seu conteúdo. Houve perda da funcionalidade da célula. Não citotóxica: Chegada do estímulo agressor e liberação da histamina. Mas, não há perda da funcionalidade da célula. OBSERVAÇÃO O mecanismo Imunológico é o mecanismo mais importante! MECANISMO IMUNOLÓGICO PRIMEIRO CONTATO COM O ANTÍGENO Inicialmente temos o mastócito não sensibilizado que ao entrar em contato com o antígeno, os linfócitos E serão estimulados a produzir a imunoglobulina E (a IgE atua nas respostas imediatas). O anticorpos são produzidos e se fixam na membrana do mastócito na porção FC do mastócito sensibilizado. OBSERVAÇÃO Com o primeiro contato com o antígeno haverá a produção de TH2 e produção da imunoglobulina E que se fixa (ancora) na porção FC do mastócito, o que caracteriza o mastócito sensibilizado. SEGUNDO CONTATO COM O ANTÍGENO Quando temos o 2 contato com o antígeno ocorrerá a interação antígeno-anticorpo (que é muito semelhante ao que ocorre entre fármacos-receptores) desencadeando o sistema de transdução (reações secundárias- segundos mensageiros) até que ocorra liberação da histamina, citocinas, fatores de liberação plaquetária, leucotrienos e prostaglandinas, que são responsáveis pela sintomatologia da resposta alérgica. OBSERVAÇÃO Com essa interação, há o desencadeamento de 3 vias celulares que irão aumentar a entrada de cálcio e a liberação de substâncias mediadoras da inflamação que promovem os sintomas da resposta alérgica: 1. Desgranulação (mediadores primários): aumento de cálcio intracelular e desgranulação dos mastócitos com liberação de histamina, algumas enzimas, proteases e fatores quimiotáxicos de eosinófilos e neutrófilos (substâncias que atraem para região neutrófilos e eosinófilos). 2. Mediadores Secundários: ativação da enzima Fosfolipase A2 – quebra fosfolipídeos de membrana que vão dar origem ao Fator de Ativação Plaquetária e o Ácido Araquidônico que origina uma família de compostos, prostaglandinas e leucotrienos. 3. Mediadores Secundários: ativação do Gene Fator Nuclear Capa Beta que vai realizar a transcrição e tradução de proteínas que começam a secretar citocinas, interleucinas, fator de necrose tumoral e outras substâncias. Bárbara Mourelhe | Odonto - UFPE MECANISMO NÃO IMUNOLÓGICO São substancias químicas que podem liberar a histamina: Tubocurarina: bloqueador neuromuscular/ relaxante Succinilcolina: agonista colinérgico Morfina: analgésico Constrastes radiológicos: durante procedimentos de ressonância, por exemplo, o indivíduo pode desencadear uma crise alérgica aos elementos do contraste, ter uma queda repentina de pressão e necessitar de substâncias vasoativas. Em procedimentos cirúrgicos, pode ser indicado um anti-histamínico. Polimixina B: antibiótico Vancomicina: antibiótico responsável pela síndrome do rosto vermelho. OBSERVAÇÃO Essas substâncias são de importância clínica, pois, se houver liberação de histamina devido a essas substâncias é importante se ter um fármaco vasodilatador para controlar a resposta inflamatória. SINTOMAS DA RINITE ALÉRGICA Prurido: principalmente, no couro cabeludo e órbita. Surgimento de placas urticariformes Broncoconstricção: queda da resitência arterial periférica que leva a queda da pressão arterial, aumento da permeabilidade vascular que leva a formação de edema, dificuldade para repirar (principalmente após exercício físico). Queda da pressão arterial Aumento da permeabilidade vascular: a histamina contrai as células endoteliais e expõe a membrana basal facilitando a passagem de proteínas que atraem “água”- edema Formação de edema OBSERVAÇÃO Um ou mais sintomas são mediados pela IgE. RECEPTORES DA HISTAMINA H1: Esse receptor está associado a uma proteína Gq que vai produzir o aumento de IP3 e Diacilglicerol que vai ativar uma série de proteínas quinases. É esse receptor que está ligado a ativação do Fator Nuclear Capa Beta que vai produzir o aumento da produção de citocinas. H2- principal ação fisiológica é aumentar a secreção de HCL. Os receptores H3 e H4 foram descobertos mais recentemente e as informações sobre eles ainda são pequenas. Eles ainda não possuem substâncias agonistas ou antagonistas. RECEPTORES ACOPLADOS A PROTEÍNA G (GPCRS) AÇÕES FARMACOLÓGICAS DA HISTAMINA ÓRGÃO AÇÃO RECEPTOR Arteríolas e vênulas Vasodilatação (ruborização da pele + diminuição da RVP e PA) H1 e H2 Arteríolas e vênulas Aumento da permeabilidade vascular + Edema H1 Coração Aumento da frequência cardíaca e H2 BárbaraMourelhe | Odonto - UFPE força de contração (baixa magnitude) Musculatura lisa Contração útero, TGI e pulmão. H1 Estômago Aumento secreção HCl H2 Terminações nervosas livres Diminui o limiar da dor H1 SNC Controle da vígilia e apetite; Controle da sede, temperatura corpórea, Percepção de dor e da PA; Regulação da liberação de neurotransmissores H1 H1 e H2 H3 A vasodilatação provocada pela histamina pode ser mediada tanto pelo receptor H1 como pelo receptor H2, mas eles tem cinética de vasodilatação diferente. A vasodilatação mediada pelo receptor H1 é rápida e transitória, enquanto a mediada pelo H2 é de início mais lento e duradoura. Isso é explicado pelo sistema de transdução que é envolvido. No receptor H2 quem media essa vasodilatação é a ptn quinase A, e no receptor H1 é o óxido nítrico- tem vida curta. A principal ação da histamina no SNC é o controle da vigília. Por isso, quando bloqueamos esses receptores com anti-histamínicos de primeira geração eles atravessam a barreira hematoencefálica e causam sonolência. Essa sonolência é potencializada através da associação do anti-histamínico com ________ OBSERVAÇÃO Por isso os anti-histaminicos de primeira geração dão sonolência Ação no SNC: Contole da sede, temperatura corporal, percepção da dor e da PA (H1 e H2) Ação no SNC: Regulação da liberação de neurotransmissores (H3) TRÍPLICE DE LEWIS Pontos vermelhos que indicam vasodilatação, eritema ou prurido= vasodilatação + sensibilização, e Pápula que é o aumento da permeabilidade ANTI-HISTAMÍNICOS São substâncias que irão evitar o efeito da histamina através de antagonistas fisiológicos. A droga atua em receptores diferentes produzindo efeitos opostos. Ex. Pacientes com dificuldade para respirar por conta da broncoconstrição recebem substâncias broncodilatadoras. As são drogas que inibem a liberação da histamina= cromonas vão impedir a interação antígeno-anticorpo para que não haja liberação da histamina. São fármacos de uso exclusivamente inalatório e só impedem a liberação, mas uma vez liberadas as histaminas elas não agem mais. Ou seja, deve ser usada de forma preventiva. ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS CONTRA A HISTAMINA: Antagonismo fisiológico Drogas que inibem a liberação da histamina: são usados para prevenção Anti-histamínicos: agonistas inversos/antagonistas farmacológico competitivos reversíveis da histamina OBSERVAÇÃO Bárbara Mourelhe | Odonto - UFPE O agonista inverso é aquele que diminui a atividade dos receptores ativos (atividade constitutiva). Já o antagonista competitivo liga tanto no estado ativo quanto no inativo do receptor. ANTI-HISTAMINICOS H1 Anti-histaminicos de primeira geração: Baixa seletividade: bloqueavam o receptor H1 e também o muscarínico, adrenérgico...; Efeitos centrais: essas substâncias atravessavam a barreira hematoencefálica e bloqueava o h1, tornando o individuo sonolento. Efeitos colaterais mais pronunciados. Todos esses apresentam afinidade pelo receptor anti-histamínico H1, alguns pelo receptor colinérgico, anti-serotoninérgico, ou seja, apresentam efeitos colaterais. Os que se ligam também no receptor muscarínico: boca seca/ adrenérgico: taquicardia reversa e hipotensão/ serotonina: aumenta o apetite/ canais de potássio: arritmia. EFEITOS ADVERSOS DOS ANTI- HISTAMÍNICOS H! DE PRIMEIRA GERAÇÃO RECEPTOR EFEITOS H1 Diminuição da neurotransissão no SNC, sedação, diminuição do rendimento cognitivo e neuropsicomotor, aumento do apetite. Receptor Muscarínico Xerostomia, retenção urinária, taquicardia sinusal. Receptor Adrenérgico Hipotensão, tontura, taquicardia reflexa. Receptor Serotoninérgico Aumento no apetite 1Kr e outros canais cardíacos Prolongamento intervalo Q-T, arritimias ventriculares. ANTI-HISTAMÍNICOS DE SEGUNDA GERAÇÃO Elevada seletividade; Ausência de efeitos centrais; Exemplos: 1. TERFENADINA e ASTEMIZOL (retirados do mercado por causar arritmia ventricular grave- morte súbita), 2. Olopatadina 3. Dibenzoxepinas 4. Acrivastina 5. Loratadina 6. Desloratadina (+ usada | não atravessa a barreira hematoencefálica) 7. Ebastina 8. Mizolastina 9. Levocabastina 10. Fexofenadina (+ usada | liberada para pilotos de avião) 11. Azelastina 12. Cetirizina 13. Levocetirizina. ** é importante aprender essas drogas! FARMACOCINÉTICA Os anti-histamínicos H2 apresentam boa absorção por via oral, distribuição ampla, metabolismo hepático (pró-fármaco = loratadina e desloratadin, levocabastina e azelastina, levocetirizina e cetirizina, fexofenadina e terfenadina. Apresentam excreção renal. Bárbara Mourelhe | Odonto - UFPE OBSERVAÇÃO A Terfenadina após o metabolismo produzia a fexofenadina. Mas o cetoconazol inibia a enzima que fazia essa conversão e tinha-se os efeitos graves da terfenadina. O tecido cardíaco não repolarizava. AÇÕES FARMACOLÓGICAS Inibição da vasodilatação imediata e da permeabilidade vascular (edema/rubor) Inibem a estimulação das terminações sensitivas (dor/ prurido) Evita a broncoconstricção in vivo e in vitro. Exceto em seres humanos porque há outros mecanismos envolvidos. Inibição da formação de edema e prurido Atividade depressora: sonolência Atividade estimulante: nervosismo, convulsões, etc. Combate o enjoo e a vertigem. NÃO ALTERA A AÇÃO DO ESTÔMAGO pois o receptor é H2. USO TERAPÊUTICO Usados em reações alérgicas agudas do trato respiratório superior e dermatológicas (rinite, urticária, dermatite de contato e conjuntivite). Não são utilizados na ASMA e broncoespasmo anafilático. Mastócitos sensibilizados são mais sensíveis às reações alérgicas. São usados na prevenção da cinetose (dimenidrinato e prometazina) e vertigem (meciclizina e dimenidrinato). As Cromonas apresentam atuação por via inalatória/solução para uso nasal ou oftalmológico (local). Exemplos: cromoglicato sódico, nedocromil sódico;
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