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EXPRESSÃO PLASTICA 1 UNIDADE

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1 UNIDADE
Forma, espaço e ordem
1 Elementos primários
Esta unidade apresentará os elementos primários da Forma, explicando o conceito de cada um deles e contextualizando-os dentro do contexto arquitetônico, visando contribuir para o enriquecimento da formação do profissional da área de arquitetura.
O entendimento desta disciplina se faz necessário para que o estudante disponha de ferramentas e saiba utilizá-las em sua vida profissional da melhor maneira possível. O estudante aprenderá sobre as formas, cores, texturas e os materiais com os quais é possível trabalhar no âmbito profissional para além do básico. De acordo com Paul Klee (1961 apud CHING, 2002, p.1):
Toda forma pictórica começa com o ponto que se desloca em movimento [...]. O ponto se move [...] e a reta nasce – a primeira dimensão. Se a reta se desloca para a forma um plano, obtemos um elemento bidimensional. No movimento do plano para espaços, o encontro de planos do surgimento ao corpo (tridimensional) [...]. Uma síntese de energias cinéticas que movem o ponto convertendo-o em reta, a reta convertendo-o em plano e o plano convertendo-o em uma dimensão espacial. 
Figura 1 - CroquiFonte: Svjatoslav Andreichyn, shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: na imagem aparece um croqui de uma edificação em plano elevado, com linhas predominantemente retas e fachada de vidro.
1.1 Ponto
Indica uma posição no espaço, é estático, sem comprimento, largura ou profundidade, é centralizado e sem direção. Teoricamente, não possui uma forma ou um formato até que seja inserido em um campo visual central – organizando os elementos ao seu entorno, ou deslocado – criando uma tensão visual com seu campo.
Como um ponto não tem dimensão para marcar uma posição no espaço, é preciso projetá-lo na vertical, onde sua vista em plano é um ponto. Sendo assim, ele conserva a sua característica visual. Torres, obeliscos e colunas são exemplos dentro da arquitetura. 
1.2 Reta
Transladando um ponto se tem uma reta que não possui largura nem profundidade, porém tem comprimento. A reta visualmente exprime movimento, direção e desenvolvimento, sendo de suma importância na formação de uma estrutura visual. Sendo que esta pode ser afeta pela direção da reta, onde na vertical traz equilíbrio e na horizontal estabilidade.
Na arquitetura nem sempre será um elemento visível, a reta pode ser representa por exemplo por um eixo entre dois pontos, onde os elementos são simetricamente colocados ao longo de seu percurso, sendo a reta uma “linha” imaginaria ligando dois pontos.
1.3 Plano
Ao transladar uma reta que não seja em torno de seu próprio eixo, cria-se um plano dotado comprimento, largura, formato, orientação, posição e superfície, não contendo profundidade. O plano, portanto, é muito importante na arquitetura, pois define os limites de um volume. Esse elemento é dividido genericamente em três tipo: plano de base, plano das paredes e plano superior.
· Plano de base
Este se subdivide em plano de solo – que é a superfície em que a construção se apoia, podendo ser assentado ou elevado em relação a ela – e plano de piso – que é a superfície inferior por onde caminhamos, podendo ter terraços ou degraus caso se faça necessário, assim como possuir diversas paginações, cores e texturas a fim de compor o espaço.
· Plano das Paredes
É o plano que molda e delimita o espaço arquitetônico, seja ele externo ou interno. O externo protege a construção dos fenômenos climáticos, trazendo privacidade ao seu interior. Já o interno modela o formato dos espaços e, enquanto elemento arquitetônico, pode se juntar ao plano teto ou ao plano piso, criando uma unidade dentro do ambiente.
· Plano superior
Subdivide-se em plano cobertura – como próprio nome já diz é a cobertura exterior da edificação que a protegerá das intempéries climáticas. Esse plano ajuda a moldar a construção, pois pode ser alinhado à edificação ou ter as laterais sobressalentes. Todas as possibilidades dependem da intenção de sensação que se pretende causar com determinada edificação. O plano teto, que é o lado de baixo de um piso superior, fica situado no lado interno da construção, podendo ser rebaixado ou ressaltado, bem como servir de complemento ao contexto do ambiente quando sobre ele se utilizar, por exemplo, cores, texturas e pinturas.
FIQUE DE OLHO: O estudo dos elementos primários é de grande valia dentro da Expressão Plástica, pois é a partir deles que se começa a criar os traços que irão gerar mais para frente a arquitetura. Sendo assim, recomendamos a leitura do livro Ponto e linha sobre plano, de Wassily Kandinsky.
1.4 Volume 
Quando um plano translada em uma direção que não seja a sua direção intrínseca temos um volume, com comprimento, largura, profundidade, forma, espaço, superfície, orientação e posição. Esse elemento é tridimensional e pode tanto ocupar uma massa no espaço, sendo assim um volume sólido (como os edifícios, por exemplo), quanto estar delimitado por dois planos: base, teto ou parede, assim seria um volume vazio entre os planos.
2 Forma
Forma é um termo muito abrangente; dentro da arquitetura, é fundamental para a concepção de um projeto. Não existe arquitetura sem forma. Forma é luz, cor, textura, por isso é extremamente importante o seu estudo: saber como usar, como compor, como tornar um sólido primário uma construção arquitetônica que imprima sua identidade e que perdure através do tempo, sendo lembrada, estudada e admirada.
Para isso, trataremos aqui do conceito de forma, suas propriedades e seus tipos, apresentando também a sua importância e como ela é aplicada dentro da arquitetura.
2.1 Conceito de forma
Dentro de um projeto, é usado na estrutura formal de um trabalho, na maneira como são dispostos e coordenados os elementos e as partes de uma composição para que se tenha uma imagem coerente, definiu Ching (2002). Por se tratar de um elemento tridimensional, a forma possui propriedades visuais, como o formato, a textura, a cor e o tamanho. Também abrange propriedades que regem a composição de elementos e padrões, sendo elas: posição, orientação e inércia visual da forma. Segundo Gomes Filho (2004, p.39): “a forma pode ser definida como a figura ou a imagem visível do conteúdo. De um modo mais prático, ela nos informa sobre a natureza da aparência externa de alguma coisa. Tudo que se vê possui forma.”
2.2 Propriedades visuais
Dentro das propriedades visuais da forma, o formato é um dos principais aspectos para se identificar e classificá-la já que se trata do contorno característico da forma. Dentro da arquitetura, ele se volta para os formatos de plano de teto, parede e solo responsáveis por delimitar o espaço, para as aberturas das portas e janelas de espaços delimitados e o perfil das formas arquitetônicas.
O tamanho se refere às suas dimensões – comprimento, largura e profundidade.
A cor nada mais é do que o fenômeno de luz e percepção visual que auxilia na distinção da forma em relação ao ambiente.
A textura agrega qualidade tátil à forma e também influencia na questão da absorção e reflexão da luz em relação a ela.
As propriedades visuais trazem também propriedades que regem a composição de seus elementos, assim como seus padrões, sendo elas:
· A posição da forma: que é o posicionamento que ela ocupa em relação ao seu campo visual e ou entorno.
· A orientação: que é a direção da forma em relação ao seu plano de solo, ao observador ou outras formas.
· A inércia visual: que depende da geometria da forma, como ela estará orientada em relação ao seu plano de solo e estabilidade visual.
Todas essas propriedades da forma dependem das condições em que são observadas a questão do ângulo, a incidência ou não de luz, a distância, o entorno, dentre outros fatores que influenciam na maneira como a forma é vista.
Sendo assim, o estudo e a concepção da forma na arquitetura é de alta importância para se criar monumentos, grandes edificações com uma forma impactante... A forma deste elemento construtivo com toda certeza faz a diferença.
2.3 Figuras primárias 
De acordo com a Escola Gestalt, a mente humanatende a simplificar o meio visual para facilitar a sua compreensão. Ching (2002) nos diz ainda que seguimos a tendência de reduzir o tema a formatos mais simples e regulares, novamente com a intenção de tornar mais fácil a sua compreensão e percepção.
Na geometria, figuras regulares são círculos e uma série infinita de polígonos, onde os mais relevantes são os círculos, os triângulos e os quadrados.
O círculo é uma curva plana limitada por uma circunferência, sendo a união desta com todas as partes internas a ela. É também uma figura centralizada, introvertida e estável.
O triângulo é uma figura plana formada por três lados e três ângulos internos, e pode ser considerado estável se apoiado sobre um de seus lados ou instável caso esteja apoiado sobre um de seus vértices.
O quadrado é uma figura plana formada por quatro lados e quatro ângulos retos. Não possui direção dominante, é neutro e estático e representa o puro e racional. Derivando dele, temos os retângulos, obtidos através da modificação da altura ou da largura de um quadrado. Quando está em repouso sobre um de seus lados, é considerado estável, caso o repouso seja sobre um de seus vértices, passa a ser considerado instável.
2.4 Sólidos primários
As figuras primárias, se colocadas em rotação, criam os chamados sólidos primários: do círculo se criam as esferas e cilindros; do triângulo, os cones e as pirâmides; e do quadrado, os cubos.
As esferas são obtidas através da rotação de um semicírculo em torno de um eixo, sendo equidistante do centro em todos os pontos. É concentrada e centralizada, mantendo o seu formato circular preservado de qualquer ponto que se olhar para ela.
Os cilindros são obtidos pela rotação de um retângulo sobre um de seus lados. Podendo ser estável quando sobre uma de suas bases circulares ou instável se sobre um de seus lados.
Através da rotação de um triângulo retângulo sobre um de seus catetos temos o cone, este é estável sobre a sua base ou instável se inclinado ou virado de cabeça para baixo.
Quando há o encontro das faces de um triângulo em um ponto ou vértice temos a pirâmide. Figura dura e angular.
Já o cubo é o resultado da igualdade de dimensões, com seis faces quadradas e doze arestas iguais.
As formas podem ser regulares, que como o próprio nome já diz são formas que estão relacionadas de maneira consistente e organizada. As formas irregulares se relacionam de maneira incoerente. 
2.5 Transformação da forma
Todas as outras formas que não são os sólidos primários podem ser obtidas através da transformação deles, podendo ser por subtração, quando se tira uma parte do sólido para se ter outro de maneira dimensional, onde se altera comprimento ou largura da forma; ou por adição, onde se agrega outro elemento à forma já existente.
A transformação da forma por adição tem algumas vertentes, sendo elas: a tensão espacial, contato aresta com aresta, contato face a face e volumes interseccionados. Tendo sua relação com a natureza através da forma centralizada, linear, radial, aglomerada ou em malha.
Nem sempre é necessário que as formas sejam idênticas, quadrado com quadrado por exemplo, podemos colidir formas geométricas diferentes para obtermos novas formas. Sendo assim, podemos usar um triângulo com um quadrado, onde elas podem se desenvolver subvertendo-se uma forma a outra, fundindo as suas diferenças e criando uma nova forma, uma das formas pode receber a outra em seu interior, as formas podem conversar uma com a outra preservando suas características originas, ou ainda se ligarem através de um terceiro elemento.
2.6 Articulação da forma
De acordo com Ching (2002), a articulação se refere à maneira como as superfícies de uma forma se juntam com o propósito de definir seu formato e volume, podendo se articular diferenciando seus planos contínuos através da mudança de cor, material ou textura; por exemplo, desenvolver cantos lineares distintos ou remover estes para separar fisicamente os planos ou através da iluminação de cantos e arestas, criando contrates de tons.
A arquitetura é entendida, dentre outras definições, como a arte de articular espaços, isso porque ela é a responsável por adequar os espaços ao seu uso correto, tanto em função quanto em proporção e tamanho, pois de nada adianta ter um amplo espaço se a sua função não o exige, ou ter um espaço muito reduzido em relação ao seu uso.
2.7 Arestas e cantos
Como a articulação de uma forma em grande parte depende da maneira como suas superfícies se encontram nos cantos, esse encontro é crucial para a definição de clareza da forma, sua percepção pode ser afetada pela questão da luz, assim como pelo ponto de vista.
Quando dois cantos apenas se tocam, como nas esquinas, sua volumetria é ressaltada. Se houver uma abertura em um dos cantos, parecerá que eles estão desviando um do outro. Quando nenhum dos cantos se prolonga até seu encontro, é criado um espaço entre eles para o substituir, o que degrada a forma, já que permite que os limites sejam ultrapassados.
Arredondar os cantos traz a continuidade e suaviza a forma, sempre levando em consideração o seu raio para que não seja nem insignificante nem deteriore a forma.
2.8 Superfícies articuladas
A percepção do ser humano em relação a um plano é diretamente influenciada pelas propriedades de sua superfície, onde a cor pode destacar ou não o seu formato em relação ao campo visual. A cor também afeta a questão de escala e absorção de luz de um plano, assim como as texturas.
Para se ter uma vista real do formato do plano, é necessário observá-lo de frente, pois vistas oblíquas distorcem seu real formato.
Na questão da escala, ter um objeto de tamanho conhecido inserido no plano auxilia na relação com o real. De acordo com Ching (2002, p.87): “a cor, a textura e o padrão das superfícies articulam a existência dos planos e influenciam o peso visual da forma.”
Quando falamos em peso visual de uma forma, estamos nos referindo ao impacto visual que essa forma causa, como ela se enquadra em relação ao seu entorno, quanto maior o peso visual, mais impactante será a edificação, mais ela estará em destaque em relação ao seu entorno. A escala exerce grande influência nesta composição. Portanto, é muito importante e ater a essa questão, pois nem sempre é a intenção pretendida.
Figura 2 - Congresso Nacional – BrasiliaFonte: Diego Grandi, shutterstock, 2020
#PraCegoVer: Na imagem temos o Congresso Nacional em Brasília. Um lago à frente, com duas edificações verticais ao centro e em cada um dos lados uma meia esfera. Do lado direto da imagem, a meia esfera está voltada para cima, e do lado esquerdo está voltada para baixo.
 
2.9 Forma aplicada à arquitetura
Na arquitetura, até se chegar à concepção final de um projeto é um longo processo. Saber entender e interpretar a questão da forma e a função entre outros elementos é muito importante, pois traz confiança, conhecimento e forma um profissional de alto gabarito.
A forma não se define somente por figuras geométricas, porém entender de geometria é primordial, pois na arquitetura ela é muito mais que isso, é o que confere a impressão que a edificação irá passar, a intenção do arquiteto ao projetar de determinada maneira. O profissional pode utilizar diversas técnicas, formas regulares, irregulares, transformado uma forma em outra por subtração, por exemplo, ou por adição. Assim se conferem elementos diferentes ao espaço arquitetônico.
Ao fazer as transformações da forma, o arquiteto cria novas formas que vão construindo o contexto de seu entorno. Sendo assim, cabe ao arquiteto, através de seu conhecimento e de sua criatividade, buscar formas que resolvam e atendam às necessidades de um povo, uma época ou um estilo. Para isso, o profissional precisa saber interpretar para criar.
Por que é importante sabermos essas definições de forma? Se são regulares ou não, sólidos primários, entre outros conceitos citados... Isso é relevante dentro da arquitetura partindo do princípio de que sem forma não se faz arquitetura. O arquiteto deve usar todo conhecimento possível para seguiar na hora de projetar, para que a forma não limite à sua criatividade, e sim some a ela, conseguindo definir com maior clareza os seus projetos.
Importa saber exatamente a sensação que se quer passar com a obra, pois arquitetura não é somente a construção de uma edificação, ela vai muito além disso. Arquitetura é um estado de espirito, envolve sensações ligadas ao emocional que podem remeter tanto a coisas boas quanto ruins. Quando entramos em um edifício no qual o plano teto é muito alto, temos a sensação de inferioridade diante mesmo. Por outro lado, se o teto é muito baixo, a sensação é de achatamento. Assim como as calçadas podem indicar uma direção, também podem trazer a sensação de movimento. Tudo depende do que se quer transmitir com essa construção, seja um cômodo interno de uma residência ou um ambiente comercial.
Figura 3 - Taj Mahal – ÍndiaFonte: Yury Taranik, shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: Na imagem temos um espelho d’água com vegetação horizontal em suas laterais criando um caminho até o monumento Taj Mahal.
3 Conceito de Espaço
Espaço é o volume da forma ou o vazio existente entre as formas. É a realidade onde se concretiza a arquitetura, caracterizando-se como o principal meio para a arquitetura. Sem compreendê-lo em sua essência, não se faz arquitetura. É importante conhecer os elementos que definem e delimitam os espaços, implicando na qualidade do trabalho.
3.1 Elementos que definem o espaço
Estes elementos são planos que podem ser horizontais ou verticais, isto referente a forma, onde a variação em sua configuração altera o campo visual, gerando tipos específicos de espaço.
Elementos horizontais
 Os planos horizontais se compreendem em plano de base (rebaixada ou elevada) e plano superior. Sendo o plano de base um plano horizontal que se situa como uma figura sobre um fundo contrastante definindo um campo de espaço simples, segundo Ching (2002) esse campo pode ser reforçado das seguintes maneiras:
· PLANO DE BASE ELEVADO: é um plano horizontal elevado acima do plano de solo com superfícies verticais que reforçam a separação entre o seu campo e o do solo circundante. Implica mudanças de nível que definem os limites de seu campo e interrompem o fluxo de espaço pela sua superfície. Dependendo da escala dessa mudança de nível, pode ter continuidade visual e espacial mantida; continuidade visual mantida e espacial interrompida; ou, ainda, ter ambas interrompidas. O plano elevado pode ser natural, quando o terreno em si já o possui, ou ser construído – utilizado comumente em edificações de templos a fim de enaltecer a construção.
· PLANO DE BASE REBAIXADO: é um plano horizontal onde o solo circundante representa uma depressão utilizando as superfícies verticais rebaixadas para a definição do volume do espaço. Assim como no plano de base elevado, a escala dessa mudança de nível interfere na continuidade visual do espaço ao seu redor.
· PLANO SUPERIOR: é um plano horizontal situado acima do nível da cabeça, determinando um volume de espaço entre ele e o plano de solo. De acordo com seu tamanho, formato e altura que está em relação ao plano de solo, será determinada sua qualidade formal no espaço. Quando apoiado sobre pilares ou colunas, ajudam a organizar visualmente as divisas do espaço sem impedimento do fluxo.
Podendo permanecer como parte integrante do mesmo, caso haja uma interrupção no plano de solo ou caso a escavação tenha sua profundidade aumentada, o plano rebaixado terá sua relação visual diminuída, o que o torna um volume distinto no espaço que traz privacidade, intimidade. Isso ocorre, por exemplo, em ambientes internos amplos que têm uma porção de seu espaço rebaixado. Outros exemplos na arquitetura são as praças, os anfiteatros e as arenas.
Subdividido em plano de cobertura e plano de teto (conceituados anteriormente). O primeiro complementa e protege a construção, além de ser responsável por moldar os espaços de uma edificação, tendo a sua forma determinada pelo material, pela geometria ou pela sua carga estrutural. Já o plano de teto pode refletir a forma do sistema estrutural pelo qual está apoiado, do piso superior ou do plano de cobertura. Visualmente ativo no espaço quando separado dos demais planos, visto que não possui as funções de proteção ou de suportar e transferir grandes cargas como o plano de cobertura.
Arquitetonicamente falando, o plano de teto pode separar ambientes dentro de espaços internos, sendo elevado ou rebaixado afim de mudar a escala do local, abranger abertura que permite a entrada de luz ou iluminação zenital. Dependendo da maneira que um material é aplicado em sua superfície, o plano de teto pode criar movimento que induz à circulação.
Figura 4 - Representação de um plano elevado na arquiteturaFonte: Fotohunter, shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: Na imagem temos uma longa escadaria e no topo uma edificação. Trata-se do Salão da Harmonia Suprema em Pequim, na China.
Elementos verticais
Os elementos verticais são mais eficientes quando falamos em definição de um volume isolado no espaço, isso porque a sua presença nele é maior em comparação aos planos horizontais. Essa colocação é facilmente percebida quando, por exemplo, comparamos uma cobertura com uma coluna, onde visualmente a segunda é notada com maior facilidade. Têm como função, por exemplo, separar um espaço do outro estabelecendo limites comuns entro o interno e o externo. Podem ser formados por um plano único, um plano em L, um pano paralelo, plano em U ou plano fechado.
1. Plano único se configura por um único plano vertical que se articula para frente no espaço, logo, possui características frontais, como as fachadas dos edifícios, os pórticos de passagem ou articulando espaços dentro de um maior que ele.
2. Planos em L são aqueles criados quando há o encontro de dois cantos ao longo de um eixo diagonal. Por serem abertos, conseguem ser utilizados de diversas formas e em diferentes configurações dentro do espaço. Remetem, arquitetonicamente falando a abrigos e delimitações de espaço
3. Planos paralelos são formados por dois planos verticais em paralelo, definindo um campo entre si. O espaço entre eles é naturalmente expansivo, visto que não há encontro entre os planos. Na arquitetura, estão ligados a espaços que remetam a movimento, direção e circulação, como por exemplo as ruas, avenidas, alamedas e bulevares. Dentro das edificações, compreendem os corredores e as galerias.
4. Plano em U existe quando há encontro de três planos unidos por suas arestas, possuindo uma extremidade aberta que lhe permite visão do campo exterior a ele. Dentro da arquitetura, pode formar uma entrada recuada de um edifício ou servir de receptáculo para um elemento que possua maior importância na construção. Sua escala sofre diferentes variações, podendo se tratar desde um nicho na parede, passando por cômodos de uma residência até um complexo de edificações.
5. Plano fechado (plano de fechamento ou quatro planos) acontece quando se juntam quatro planos verticais que delimitam o espaço que, devido à sua configuração, é de natureza reservada. Com certeza é o plano mais utilizado na arquitetura, desde seu uso histórico para formar o campo visual e espacial de edificações sagrada, como os monastérios e santuários, até as grandes praças presentes em centros urbanos de todas as épocas. Também é extremamente comum em ambientes internos, principalmente em recintos reservados, como quartos, banheiros e na organização dos prédios no ambiente urbano.
3.2 Aberturas
Após entendermos os elementos que definem o espaço e como se apresentam na natureza, é importante aprender sobre as aberturas que podem existir nesses elementos, sendo elas as portas e as janelas, responsáveis por permitir o acesso aos recintos, assim como o fluxo dentro deles, visto que uma sequência interminável de portas atrapalha o fluxo de passagem em corredor, por exemplo. As aberturas permitem a entrada de luz e a ventilação natural através das janelas, além de permitir uma vista do lado de fora do recinto, criando umelo de ligação no campo visual.
As aberturas podem estar dentro dos planos, em seus cantos ou entre eles, sendo cada uma delas aplicada a fim de se obter um resultado, uma sensação.
· Aberturas dentro dos planos: totalmente inseridas dentro de outro plano, podendo possuir o mesmo formato que ele, criando uma unidade, um padrão; ou ser diferente, destacando a sua individualidade. Pode se tratar apenas de uma abertura ou uma reunião de aberturas dispostas de maneira organizada ou de modo aleatório, criando movimento.
· Aberturas em cantos: localizam-se em um canto do espaço e serve para iluminá-lo de maneira perpendicular.
· Abertura entre planos: são aquelas que se estendem do piso ao teto no sentido vertical através de um plano de parede no sentido horizontal, ou ainda como claraboias que permitem a entrada de luz através do teto.
3.3 Aplicação na arquitetura
Espaço é o vazio entre as formas. De uma maneira mais compreensível dentro da arquitetura, seria o que tem sido modificado pelo homem ao longo da história, com significados próprios ligados à cultura, à psicologia e aos sentimentos dos povos que o ocupam. Conforme Ching (2002, p.92): “à medida que o espaço começa a ser capturado, encerrado, moldado e organizado pelos elementos da massa, a arquitetura começa a existir.”
Esse conceito confere propósito a uma edificação, que acomoda dentro dela diversas funções que cabem ao arquiteto atribuir respeitando o programa de necessidades. Algumas variáveis são manipuláveis pelos arquitetos, podendo facilitar este processo, como por exemplo a questão do tamanho, que pode ser alterado tanto para mais quanto para menos; sua organização, delimitando os acessos, podendo ser comuns ou restritos dependendo do uso; e a utilização de materiais, iluminação e temperatura, determinando a maneira como será percebido no campo visual em que estiver inserido.
As colunas, os pilares e os pilotis, elementos verticais, dependendo da forma como são dispostos podem, por exemplo, oferecer ao espaço uma continuidade tanto visual quanto espacial, criando ritmo e dando movimento à fachada de um edifício.
A obra arquitetônica primeiramente ocupa o âmbito do intelecto. O arquiteto vai imaginar e criar mentalmente o espaço para somente depois passar essa ideia para o papel. Nem sempre sua ideia será executada, e quando for pode ter sido alterada milhares de vezes por diversos motivos, como adequação ao clima, região, topografia, questões ambientais de custo etc. Por isso tamanha importância em conhecer o conceito e as variantes de espaço.
Sendo assim, compreender todos os conceitos que envolvem o espaço é primordial, assim como os elementos que o compõem para que, a partir daí, o arquiteto possa partir para a parte prática de concepção do projeto.
Figura 5 - Representação de elementos verticais organizados de maneira linearFonte: Luciano Mortula, shutterstock, 2020.
4 Qualidade do espaço na arquitetura 
A qualidade do espaço na arquitetura vai muito além do que os diagramas são capazes de retratar, onde o tamanho, o formato e a localização das aberturas influenciam diretamente as qualidades como delimitação do espaço, luz, e vista dentro de um ambiente. Saber manipular essas qualidades dentro do espaço é essencial para oferecer harmonia, equilíbrio de cores, texturas e matérias de luz e sombra dentro dos ambientes. Cada uma guia o arquiteto para a concepção do seu projeto.
No grau de delimitação do espaço, as aberturas podem estar situadas totalmente dentro do plano delimitado do espaço, mantendo a forma deste inalterada; podem estar ao longo das arestas do plano de delimitação, deixando a forma do espaço mais escura, mas mantendo a continuidade visual; ou podem estar situadas entre os planos, fazendo com que ele se isole e proporcione individualidade.
Temos na natureza a maior fonte de luz natural que é o sol. Sua irradiação determina e, portanto, está diretamente ligada às horas do dia, às estações do ano e à localização no globo terrestre. Sabendo disso, é possível optar pelo uso de janelas e claraboias para mediar a quantidade de luz solar que se deseja dentro de um ambiente, levando em consideração o tamanho da abertura e a sua orientação. Enquanto as aberturas são responsáveis pela quantidade de luz que adentra no recinto, a cor e a textura das superfícies afetam a reflexão.
Outro ponto importante dentro da qualidade do espaço é a vista, a paisagem que será enxergada pelo usuário através da abertura. Pequenas aberturas permitem ver a paisagem como se tivesse moldura; por outro lado, quando são maiores temos a sensação de amplitude para fora, como se o ambiente se estendesse para além de suas paredes.
4.1 Organização dos espaços
Raramente uma forma cria um espaço isolado. Na arquitetura, os mais comuns e aplicados são os espaços compostos por um determinado número de edificações organizadas de maneira coerente entre forma e espaço. Os principais esquemas de combinação desses elementos são os espaços dentro dos espaços, os intersecionais, os adjacentes e os ligados por um espaço em comum.
· Espaço dentro de espaço é quando um maior contém um menor em seu interior. É importante ter uma diferença de tamanho, pois caso o espaço menor cresça muito em relação ao maior, este perde a sua forma de espaço envolvente. A forma que abrangem esses espaços pode ser igual com orientação diferente, a fim de chamar mais atenção; ou eles podem possuir formas divergentes para enfatizar um volume livre que pode ter funções diferentes de espaço.
· Espaços interseccionados acontecem quando se faz a superposição de dois espaços e há o surgimento de uma área em comum. Podem esses espaços se fundirem um ao outro ou criar um novo espaço que sirva de ligação entre os espaços originais.
· Nos espaços adjacentes, cada espaço é bem definido, tendo sua própria função e simbologia, sua própria continuidade visual diretamente ligada ao plano que pode tanto uni-los quanto separá-los.
· Espaços ligados por um espaço em comum são aqueles conectados por um terceiro elemento que os une. Podem ser de igual tamanho e formato, criando um espaço linear por exemplo, ou ter o elemento de ligação com formato e tamanho diferentes a fim de criar sequências diferentes.
A maneira como os espaços são organizados na arquitetura revela a sua importância dentro das edificações. Para saber ao certo qual a melhor forma de organizá-los, é importante levar em consideração as exigências de cada espaço: se o mais importante é a função ou a forma; se serão flexíveis; sua exposição ao lado externo para ventilação, iluminação e vista; privacidade; acessibilidade; significado etc. Para isso, são divididos em organizações centralizadas, lineares, radiais, aglomeradas ou em malhas, onde cada uma traz ao edifício um significado ligado à maneira como está organizado no espaço.
Uma organização centralizada está diretamente relacionada ao centro, este tipo de edificação é dominante em relação ao seu entorno. As lineares são uma sequência repetida de espaços em linha que possuem tamanho, forma e função parecidas. A radial é em raio, a partir de um centro do qual partem organizações lineares. As aglomeradas são espaços que se agrupam pela função ou proximidade e trazem flexibilidade. Por fim, a organização em malha que é aquela em que os espaços são organizados a partir de uma malha estrutural, como por exemplo as vigas e as colunas.
5 Ordem
Os princípios de ordem dentro da arquitetura não são somente as formas geométricas; são, para além disso, os recursos visuais que possibilitam, de forma organizada, única e harmoniosa, a percepção de formas e espaços. De acordo com Ching (2002, p.320): “ordem sem diversidade pode resultar em monotonia e enfado; diversidade sem ordem pode produzir caos. Um sentido de unidade com variedade é o ideal.”
As palavras de Ching (2002) nos induzem à conclusão de que a ordem em que o espaço conduz as formas é de grande importância, pois de nada adianta ter a forma perfeita no espaço ideal se não souber ordená-lo. Assim, pode-se perder toda a intenção pretendidapelo simples fato de não fazer valer o princípio correto de ordem para determinada edificação.
5.1. Princípios
Os princípios de ordem que auxiliam na organização espacial das formas são o eixo, a simetria, o ritmo, o dado, a hierarquia e, por fim, porém não menos importante, a transformação. A partir de seu estudo e aplicação, o arquiteto consegue imprimir ao espaço o que desejou em projeto.
· O eixo é primordial na organização de formas e espaços. É um recurso poderoso, dominante e regulador, mesmo que exista somente em nossas mentes. Para que mentalmente exista, é necessária uma forma ou um espaço em ambos os lados da linha imaginária traçada entre dois pontos, ladeada por formas regulares.
· A simetria está diretamente ligada à existência de um eixo. Chamamos de simétrico um espaço quando temos elementos semelhantes dos dois lados da linha imaginária traçada em seu eixo, podendo ser bilateral ou radial.
· A hierarquia reflete o grau de importância das formas e dos espaços a partir de um tamanho extremamente maior, um formato único ou uma localização privilegiada.
· O dado é um referencial para outros elementos, podendo ser um plano ou um volume. É através dele que plano e volume se reúnem afim de organizar os espaços.
· O ritmo pode ser o movimento de nossos olhos ou corpos através de espaços que trazem a repetição padronizada de elementos, seja esse padrão encontrado em sua forma, tamanho ou características em comum.
· A transformação é o princípio de que elementos podem ser alterados sem prejuízo de sua identidade, e sim para agregar. Pode-se transformar uma forma em outra a partir de um protótipo para que atenda às necessidades especificas de um projeto.
Conforme exposto, a ordem dentro da arquitetura é complexa e de grande valia. A partir da ordem podemos transformar elementos agregando valor à sua forma original, impor ritmo a uma edificação, usar elementos idênticos ao longo de um eixo, entre outras situações.
O estudo da ordem nos mostra que esta, junto com a forma e o espaço, complementa e faz a arquitetura existir. Alguns exemplos de princípios da ordem na arquitetura são os eixos monumentais em grandes cidades, onde uma forma é ligada a outra de menor ou igual importância no espaço através de uma linha imaginária, o eixo, podendo em sua extensão ter elementos simétricos ou não.
Ao colocarmos lado a lado uma série de colunas de forma ordenada, criamos o ritmo, dando a sensação de movimento ao se percorrer um caminho ladeado por elementos verticais definidores de espaço. Como exemplo, temos a entrada da Igreja de Notre Dame, na França.
A simetria nos traz uma unidade visual quando traçamos uma linha imaginária em seu eixo e, de ambos os lados, temos as mesmas formas e tamanhos; recurso bastante utilizado na arquitetura de interiores, mais especificamente em designer de mobiliário.
Todos esses princípios auxiliam na composição arquitetônica de um espaço tanto externo quanto interno, propiciando uma arquitetura de qualidade não somente pela aplicação de conceitos, mas também oferecendo à construção um viés subjetivo com a oportunidade de desfrutar outras sensações. 
FIQUE DE OLHO: Como vimos, a arquitetura vai além de meras formas geométricas dispostas no espaço visual; ela compreende também o lado subjetivo do ser humano, transmitindo sensações e sentimentos através de suas formas. Para entender melhor a subjetividade das formas, recomendamos a leitura do livro Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma, de João Gomes Filho.

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