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PATOLOGIA MÉDICA 1 @MedicEstudos Patologia Médica Úlcera Péptica ÚLCERA PÉPTICA (ÚLCERA GÁSTRICA – ÚLCERA DUODENAL – DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA) A DOENÇA Afecção crônica caracterizada pela perda circunscrita de tecido em regiões do trato digestivo que entram em contato com a secreção cloridropéptica do estômago ou em sítios ectópicos de mucosa gástrica (divertículo de Meckel), com surtos de ativação e períodos de acalmia. É decorrente de um desequilíbrio entre os mecanismos de defesa da mucosa gastroduodenal (barreira mucosa, fluxo sanguíneo, regeneração epitelial, bicarbonato, prostaglandinas) e as forças lesivas (HCI, pepsina, Helicobacter pylori, AINEs, aspirina, tabagismo, bebidas alcoólicas, sais biliares). • Diametro > ou igual a 0,5 cm (lesões < 0,5 cm são chamadas de erosões) • As úlceras duodenais são mais frequentes que as gástricas. • Ulceras duodenais predominam em pacientes com idade entre 20 e 50 anos. • Ulceras gástricas são raras antes dos 40 anos. • 2/3 dos pacientes com úlcera são do sexo masculino e os principais fatores de risco são infecção por H. pylori e o uso AINEs. • Maior incidência em fumantes ACHADOS HISTOPATOLÓGICOS • Ulceração, que se estende através da muscular da mucosa à submucosa ou mais profundamente, podendo deixar cicatriz. • Presença de Helicobacter pylori. CAUSAS E FATORES DE RISCO • Pacientes com grandes hérnias de hiato podem desenvolver um tipo clássico de ulcera gástrica (na mucosa porção herniada do estomafo) – úlcera de Cameron • Helicobacterr pylori (85% dos pacientes com úlcera gástrica e 95% dos pacientes com úlcera duodenal). • AINEs • Ácido acetilsalicílico • Esteróides em doses elevadas • Tabagismo • Síndromes que cursam com hipergastrinemia (zollingerellison, hiperfunção das células G do antro). • Síndromes que cursam com hiper-histaminemia (mastocitose sistêmica, leucemia mieloide com basófila). • Isquemia (estenose ou oclusão do tronco celíaco ou da artéria mesentérica superior). • Úlcera de estresse (pacientes em cuidados intensivos, sepse, grandes traumas, falência de múltiplos órgãos, ventilação mecânica, coagulopatia, hipotensão, insuficiência hepática e renal). • Úlcera de Cushing (TCE) • Úlcera de Curling (grande queimado) • Úlcera de Cameron (grande hérnia hiatal) • Úlcera marginal ou anastomótica (pós-gastrectomia parcial, síndrome do antro retido). • Colonização por outros microrganismos (Helicobacter heilmannii, Treponema pallidum, infecção micobacteriana, citomegalovírus, herpesvírus tipo 1). • Outras substâncias (bifosfonados, anfetaminas, cocaína) • Quimioterapia (infusão intra-arterial no tronco celíaco) • Radioterapia do abdômen superior PATOGENIA Relembrando... ESTÔMAGO • Epitélio colunar • Fossetas gástricas • Glândulas gástricas • Corpo e fundo gástrico – células que secretam muco (foveolares) e bicarbonato • Células parietais (celulas oxínticas) – secretam HCL e fator intrínseco • Células principais secretam pepsinogênio que sob efeito de HCL é convertido em Pepsina no lúmen gástrico • Glândulas no fundo gástrico também são chamadas de oxínticas • Substâncias endógenas que estimulam a secreção de ácido pelo estomago Acetilcolina Histamina Gastrina PATOLOGIA MÉDICA 2 @MedicEstudos Patologia Médica Úlcera Péptica PATOGENIA... • Desiquilíbrio entre agressão péptica de conteúdo gástrico e barreiras de defesa da mucosa • SOMATOSTATINA é sintetizada pelas CÉLULAS D, encontradas em glândulas principalmente do antro gástrico. Sua liberação se da em resposta ao HCL Sua função é inibir a secreção acida H. pylori – Destrói as células D levando a hipergastrinemia e a hipercloridria. • MUCO é constantemente produzido pelas células faveolares e retirada por fatores mecânicos e pelas pepsina que o degrada. AINEs e N-acetilcisteína reduzem a produção de muco. • FUMO Reduz a produção de bicarbonato pela mucosa gatroduodenal • PROSTAGLANDINAS estimula Formação de muco Síntese de bicarbonato Fluxo sanguíneo Regeneração da mucosa SINAIS E SINTOMAS • Pode evoluir de forma silenciosa, tendo como primeira manifestação uma de suas complicações (hemorragia digestiva ou perfuração) • Dor epigástrica pouco intensa em queimação, sensação de fome ou vacuidade gástrica, com ritmo e periodicidade que se mantêm por semanas (manifestação sugestiva de úlcera péptica, mas com pequena sensibilidade e especificidade) • Ritmicidade é a relação íntima da dor com a alimentação. Ritmo de três tempos para a úlcera duodenal (dói-come-passa) e de quatro tempos para a úlcera gástrica (dói-come-dói-passa). • Periodicidade caracteriza-se por períodos de acalmia (desaparecimento da dor por meses ou mesmo anos) intercalados com períodos de atividade. • Dor noturna que desperta o paciente (clocking, mais frequente na úlcera duodenal). • Pirose (sugere associação com refluxo gastroesofágico). • Sinais e sintomas de hemorragia digestiva, perfuração e obstrução pilórica fazem parte do quadro clínico da úlcera péptica complicada. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Dispepsia funcional • Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) • Câncer gástrico (adenocarcinoma e linfoma MALT) • Doença de Crohn • Desordens inflamatórias sistêmicas (púrpura de Henoch- Schonlein, arterite de Takayasu, vasculites e sarcoidose) • Colecistopatia litiásica • Gastrite • Gastroduodenite linfocítica associada a doença celíaca • Policitemia vera • Amiloidose sistêmica • Pâncreas anular • Bandas congênitas obstruindo o duodeno DIAGNOSTICO • Endoscopia digestiva alta - Exame de escolha Exame radiológico contrastado (menor acurácia em relação à endoscopia). • Gastrinemia e perfil secretório gástrico (suspeita de gastrinoma - síndrome de Zollinger-Ellison, nos casos de úlceras em locais não habituais, úlceras gigantes, úlceras resistentes ao tratamento clinico). • Testes para diagnosticar Helicobacter pylori (invasivos/ endoscópicos: histologia, cultura e urease, não invasivos/não endoscópicos: teste respiratório com uréia marcada, pesquisa do antígeno fecal, sorologia). • Nível sérico dos salicilatos ou atividade da cicloxigenase das plaquetas (quando uma úlcera gástrica for resistente ao tratamento instituído e existir grande suspeita de ingestão de AINF.s não confessada). COMPROVAÇÃO DIAGNÓSTICA • Dados clínicos + Exame de imagens Endoscopia digestiva alta Exames contrastados (alternativa pior) Utrassom endoscópico (casos selecionados) Tomografia computadorizada (casos selecionados) • Diagnóstico etiológico Testes para diagnosticar Helicobacter pylori PATOLOGIA MÉDICA 3 @MedicEstudos Patologia Médica Úlcera Péptica Ulceras associadas a AINEs (dados clínicos, diminuição da aderência plaquetária, identificação molecular). Síndromes de hipersecreção ácida (elevação do nível sérico de gastrina, teste da secretina). TRATAMENTO • Cuidados gerais: Dieta: evitar os alimentos que causam sintomas, não fumar e evitar os AINEs. • Tratamento médico: Úlcera péptica positiva p/ H. Pylori. Tripla terapia. Úlcera péptica negativa p/ H. Pylori. Administrar a antisecretores. Os AINEs são mais eficazes do que os antagonistas de H2. Duração de 6 a 8 semanas ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES DE H2 DA HISTAMINA • Estas são substâncias obtidas através de modificações da molécula histamina. Os mais utilizados são cimetidina, ranitidina (não protege de úlceras gástricas), famotidina, nizatidina e roxatidina. • A ranitidina (150 mg, duas vezes por dia) é eficaz na prevenção de úlceras duodenais associadas ao tratamento com AINEs, mas não oferece proteção contra úlceras gástricas. INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS• A inibição da bomba de prótons produz uma potente inibição da secreção ácida. O grupo IBP é composto por omeprazol, lansoprazol, pantoprazol, rabeprazol e, mais recentemente, esomeprazol. BIBLIOGRAFIA 1. Farreras Valenti P, Domarus A, Rozman C, Cardellach F. Medicina interna. 18th ed. Barcelona: Elsevier; 2016. 2. Robbins., Cotran., Kumar V, Abbas A, Aster J. Patología estructural y funcional. 9th ed. Amsterdam: Elsevier; 2015. 3. Porto C, Porto A. Vademecum de clínica médica (3a. ed.). Grupo Gen - Guanabara Koogan; 2010. 4. Apostilas MEDCURSO
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