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INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

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INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS – IST’s 
 
Definição e conceitos iniciais: 
São aquelas transmitidas por meio de atividade 
sexual desprotegida. 
O rastreamento das IST’s consiste em testar 
pessoas assintomáticas a fim de estabelecer o 
diagnóstico precoce e implementar o tratamento, 
evitando a progressão da doença. 
O rastreamento das IST nunca identifica apenas 
uma pessoa, pois está ligado a uma cadeia de 
transmissão. 
É fundamental tratar as parcerias sexuais para que 
não haja exposição à reinfecção. 
O diagnóstico deve ser precoce e o tratamento 
imediato. 
1. Infecções que causam corrimento 
vaginal e cervicite 
As infecções do trato reprodutivo classificam-se 
em: 
Infecções endógenas: candidíase e vaginose 
bacteriana 
Infecções iatrogênicas: infecções pós-parto e pós-
aborto. 
Infecções sexualmente transmissíveis: 
tricomoníase, gonorreia e infecções por C. 
trachomatis. 
Anamnese 
As infecções vaginais caracterizam-se, no geral, 
por: prurido e/ou corrimento e /ou alteração no 
odor. 
Indagar sobre: 
 Consistência e cor do corrimento, além das 
alterações no odor; 
 Prurido ou irritação local; 
 Comportamentos e práticas sexuais; 
 DUM 
 Higiene vaginal e uso de medicamentos; 
 
 
1.1 Candidíase vulvovaginal 
Agente etiológico: Cândida Albicans na maioria 
dos casos. Uma pequena parcela pode ser causada 
por espécies não Albicans. 
CVV não complicada: quando presentes TODOS 
os critérios a seguir: sintomas leves a moderados, 
frequência esporádica, causada por C. Albicans e 
ausência de comorbidades. 
CVV complicada: quando presente PELO 
MENOS UM dos seguintes critérios: sintomas 
graves, frequência recorrente, causada por espécie 
não Albicans e presença de comorbidades. 
CVV recorrente: 4 ou mais episódios 
sintomáticos ao ano. 
Sinais e sintomas: corrimento branco, grumoso 
sem odor, com placas aderidas à parede vaginal, 
prurido, dispaurenia do introito vaginal e disúria 
externa. 
Fatores predisponentes: obesidade, diabetes 
mellitus descompensado, uso de antibióticos, 
gravidez, uso de corticoides, uso de contraceptivos 
orais, hábitos de higiene e vestuário que aumentem 
a umidade local, infecções pelo HIV. 
1.2 Vaginose bacteriana 
Agente etiológico: associada à perda de 
lactobacilos e ao crescimento de inúmeras 
bactérias: bacilos e cocos gram-negativos 
anaeróbios, com predomínio da Gardnerella 
vaginalis. 
Aumenta o risco de aquisição de IST. 
Principal causa de corrimento de odor fétido. 
Mecanismo: a perda de lactobacilos leva a 
aumento do pH vaginal, que se torna mais alcalino. 
Nesse ambiente, a Gardenerella vaginalis produz 
aminoácidos que são quebrados pelas bactérias da 
VB em aminas voláteis (putrecina e cadaverina), 
responsáveis pelo odor desagradável. 
Diagnóstico: 
Se microscopia disponível: 
Diagnóstico confirmado se houver pelo menos três 
dos critérios de Amsel: 
-Corrimento vaginal homogêneo, perolado 
bolhoso; 
- pH > 4,5 
-presença de clue cells no exame de lâmina a 
fresco; 
- Teste de Wiff positivo (odor fétido das aminas 
com adição do hidróxido de potássio). 
 
1.3 Tricomoníase 
Agente etiológico: Trichomonas vaginalis. 
Sinais e sintomas: corrimento intenso, amarelo-
esverdeado, às vezes acinzentado, bolhoso, 
espumoso, acompanhado de odor fétido 
(semelhante a peixe podre) e prurido. 
Ao exame especular: colo em aspecto de morango, 
que consistem em micro ulcerações no colo 
uterino. 
Na maioria das vezes o pH é maior que 5. 
1.4 Cervicite 
Agente etiológico: os principais são C. trachomatis 
e N. gonorrheae. 
Sinais e sintomas: na maioria das vezes é 
assintomática. Quando há sintomas, os principais 
são: corrimento vaginal, dor à mobilização do colo, 
sangramento intermenstrual ou pós coito, 
dispaurenia, disúria, polaciúria e dor pélvica 
crônica. 
Ao exame físico podem estar presentes: dor à 
mobilização do colo uterino, material 
mucopurulento no orifício externo do útero, edema 
cervical e sangramento ao toque da espátula ou 
swab. 
2. Infecções que causam corrimento 
uretral 
As uretrites se caracterizam por infecção da 
mucosa uretral e corrimento. 
Os principais agentes etiológicos das uretrites são: 
C. trachomatis e N. gonorrhoeae. 
 
2.1 Uretrite gonocócica 
Definição: trata-se de um processo inflamatório e 
infeccioso da mucosa uretral. 
Agente etiológico: Neisseria gonorrhoeae. 
Sinais e sintomas: corrimento purulento ou 
mucopurulento e disúria. 
Nas mulheres, geralmente a infecção é 
assintomática. 
Período de incubação: de dois a cinco dias. 
 
2.2 Uretrite não gonocócica 
Definição: é a uretrite sintomática cuja 
bacterioscopia é negativa para gonococo. 
Agente etiológico: vários agentes estão associados 
a essas infecções, como Chlamydia trachomatis, 
Mycoplasma genitalium, Ureaplasma urealyticum, 
Mycoplasma hominis, Trichomonas vaginalis. 
Sintomas: corrimento mucóide discreto, disúria 
leve e intermitente. 
Período de incubação: no homem, entre 14 e 21 
dias. 
3. Infecções que causam úlcera genital 
Os principais agentes etiológicos envolvidos nas 
úlceras genitais são: 
➢ Treponema Pallidum (sífilis); 
➢ Herpes simplex 1 e 2 (herpes perioral e 
genital, respectivamente); 
➢ Haemophilus ducreyi (cancroide); 
➢ Chlamydia Trachomatis sorotipos L1, L2 e 
L3 (linfogranuloma venéreo); 
➢ Klebsiella granulomatis (donovanose). 
A presença de úlceras genitais está associada a 
elevado risco de transmissão e aquisição do HIV. 
 
3.1 Herpes genital 
Agente etiológico: HSV 1 (herpes perioral) e HSV 
2 (herpes genital), mas ambos podem causar lesões 
em qualquer parte do corpo. 
As manifestações da infecção pelo HSV podem ser 
divididas em primo-infecção herpética e surtos 
recidivantes. 
Primo-infecção: tem um período de incubação 
média de seis dias. É mais severa. 
Caracteriza-se por lesões eritemato-papulosas que 
evoluem para vesículas, sobre base eritematosa e 
muito dolorosas. O conteúdo das vesículas é citrino 
e raramente turvo. 
Esses sintomas podem vir acompanhados de febre, 
mialgia, disúria, com ou sem retenção urinária, e 
mal estar. 
Após a infecção inicial, o HSV ascende pelos 
nervos periféricos, entrando em estado de latência 
no núcleo dos gânglios sensitivos. 
Alguns fatores como quadros infecciosos, 
menstruação, exposição à radiação UV, estresse, 
antibióticoterapia prolongada e/ou 
imunodeficiência podem possibilitar a reativação 
do vírus. 
Recidivas: o quadro clínico das recidivas é menos 
intenso e pode ser precedido de sintomas como 
prurido leve ou sensação de queimação. 
A recorrência tende a ter a mesma localização da 
lesão inicial. 
O maior risco de transmissão da herpes genital 
para o RN é no momento da passagem pelo canal 
de parto. 
Recomendação: parto cesárea sempre que houver 
lesão herpética ativa. 
 
3.2 Cancroide-cancro mole 
Agente etiológico: Haemphillus ducreyi 
(bactéria); 
Período de incubação: de três a cinco dias, 
podendo se estender até duas semanas. 
Caraterísticas da lesão: são lesões dolorosas, 
geralmente múltiplas. Borda irregular, com 
contornos eritemato-edematosos, fundo recoberto 
por exsudato necrótico, amarelado, de odor fétido 
que quando removido revela tecido de granulação. 
3.3 Linfogranuloma venéreo 
Agente etiológico: C. trachomatis sorotipos L1, 
L2 e L3. 
A manifestação clínica mais comum é a 
linfadenopatia inguinal e/ou femoral, pois esses 
sorotipos são altamente invasivos aos tecidos 
linfáticos. 
A evolução da doença ocorre em três fases: 
1º Inoculação: inicia com pápula, pústula ou 
exulcerarão indolor, que desaparece sem deixar 
sequelas. 
2° Disseminação linfática: no homem, a 
linfadenopatia inguinal normalmente é unilateral. 
Na mulher, a localização da adenopatia depende do 
local de inoculação. 
3° Sequelas: evolução do comprometimento 
ganglionar,com supuração e fistulização por 
orifícios múltiplos. 
3.4 Donovanose 
Agente etiológico: Klebsiella Granulomatis; 
Acomete principalmente pele e mucosas da região 
genital, perianal e inguinal; 
Pouco frequente, ocorrendo principalmente em 
regiões de clima tropical e subtropical. 
Quadro clínico: ulceração de borda plana ou 
hipertrófica, bem delimitada, com fundo granuloso 
com aspecto vermelho vivo e de sangramento fácil. 
As lesões geralmente são múltiplas. 
 
4. Infecções entéricas e intestinais 
sexualmente transmissíveis 
Agente etiológico: variados 
Sintomas: 
- Baixos (retais): dor anal, corrimento anal 
mucopurulento, tenesmo e hematoquezia. 
-Altos (colônicos): diarreia, dor abdominal, 
cólicas, náusea e febre. 
 
4.1 Proctite 
É uma infecção limitada à mucosa retal, até 10-12 
cm da borda anal. 
Sintomas: baixos 
Transmissão: inoculação direta no reto durante o 
intercurso anal sem preservativo ou com 
rompimento deste. 
4.2 Proctolite 
Trata-se de infecção da mucosa retal e do cólon, 
acima de 10-12 cm da borda anal. 
Sintomas: sinais e sintomas altos e baixos. 
Transmissão: fecal-oral, estando relacionada à 
prática sexual que envolve boca-ânus. 
 
 
4.3 Enterite 
É a inflamação do duodeno, jejuno e/ou íleo. 
Transmissão: fecal-oral; 
Sintomas: caracteriza-se por sinais e sintomas 
altos, sem sinais e sintomas baixos. 
 
Prevenção das doenças intestinais e entéricas 
sexualmente transmissíveis: 
- Usar preservativo e gel lubrificante; 
- Usar barreiras de látex durante o sexo oral-anal e 
luvas para dedilhado; 
- Lavar as mãos e região anal e genital antes e após 
o ato sexual; 
-Higienizar vibradores, plugs anais e vaginais. 
 
 
5. Vírus zika 
Sinais e sintomas: conjuntivite, cefaleia, mialgia e 
dores articulares. 
Transmissão: picada do mosquito Aedes Aegypti, 
vetor da doença, bem como transmissão por via 
sexual e placentária. 
Deve-se reforçar a importância do uso de 
preservativo, sobretudo após viagens a áreas 
endêmicas ou suspeita e/ou confirmação de 
infecção pela parceria sexual. 
Para casais que desejam a concepção, recomenda-
se: 
Aguardar até seis meses após sinais/sintomas 
relacionados à infecção pelo vírus Zika quando o 
homem foi infectado; 
Aguardar até oito semanas após sinais/sintomas 
relacionados à infecção pelo vírus Zika quando a 
mulher foi infectada. 
 
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
 
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de 
Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de 
Condições Crônicas e Infecções Sexualmente 
Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes 
Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com 
Infecções Sexualmente Transmissíveis 
(IST)/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância 
em Saúde, Departamento de Doenças de Condições 
Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. 
– Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 248 p.: i

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