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Direito Internacional Público - Professora: Gloria Maria de Godoy Moreira AV1 - CASO CONCRETO Trata-se de um julgado da Segunda Turma do Superior Tribunal Federal, de relatoria do Desembargador Edson Fachin, que foi publicado em 25 de setembro de 2020, tendo como mérito a extradição instrutória entre Brasil e Estados Unidos com base no crime de tráfico de drogas. A decisão elenca e aprecia os pressupostos formais de admissibilidade exigidos na Lei 13.445/2017, Lei de Migração, e no Tratado de Extradição Brasil-Estados Unidos, promulgado pelo Decreto n. 55.750, de 11 de fevereiro de 1965, em conformidade com o art. 89 da Lei 13.445/2017 que trata da extradição passiva, conforme art. 266 do Decreto 9.199/17. Em primeira análise, são considerados pelo julgador os documentos formalizadores da extradição, sendo verificado que estes atendem aos requisitos previstos na normativa legal e convencional. Após, passa-se à análise das condicionantes previstas nos dispositivos acima citados. São avaliados os requisitos essenciais, contidos no art. 82 da Lei de Migração que se caso ausentes, obstam o deferimento do pedido. Está configurada no caso a dupla tipicidade e dupla punibilidade, já que trata-se de crime de tráfico de drogas, tipificado tanto na lei brasileira quanto na lei estadunidense, não havendo também causa de extinção de punibilidade. É também apreciada a impossibilidade de julgamento por tribunal de exceção, conforme vedação expressa na norma convencional e na Constituição Federal brasileira. Além disso, o julgado trata da ausência de evidência de julgamento, absolvição e condenação do cidadão reclamado, para que se evite o duplo julgamento acerca do mesmo fato. Analisa-se também que os fatos análogos são punidos com sanção privativa de liberdade máxima superior a 2 anos, não havendo notícia de que o extraditando tenha sido indultado, ou contemplado pela concessão de anistia, graça, refúgio ou asilo territorial no Brasil, conforme art. 82, IX, da Lei n. 13.445/2017, Lei de Migração. Por fim, avalia-se a motivação do pedido da extradição, pondo-se à análise se existe alguma motivação política, militar, decorrente de raça, cor, religião, etc. Tal nível de análise é necessário pelo caráter gravoso que possui a extradição como meio de retirada do estrangeiro do território nacional. Os requisitos exigidos pela Lei de Migração e pelo Decreto n. 55.750 estão em consonância não somente com os tratados internacionais de Direitos Humanos mas também com a Constituição Federal de 1988. Além disso, a extradição é uma medida de cooperação internacional e, por este motivo, deverá ser respeitada a soberania de cada Estado envolvido no processo, não havendo qualquer tipo de hierarquia entre eles. Conforme acima exposto, a decisão observou e apreciou todos os requisitos previstos em lei e na norma convencional, sendo eles preenchidos, o julgador deferiu o pedido de extradição formulado pelo Estado estrangeiro.
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