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Diferenças, Deficiências e implicações no ato educativo

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Prévia do material em texto

Larissa Maciel Gonçalves Silva
Diferenças, deficiências: 
implicações no ato educativo
Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central Uniube
 Silva, Larissa Maciel Gonçalves.
S38d	 Diferenças,	deficiências:	implicações	no	ato	educativo	/	Larissa	
	 Maciel	Gonçalves	Silva.	–	Uberaba:	Universidade	de	Uberaba,	2020.
	 	 260	p.	:	il.
	 Programa	de	Educação	a	Distância	–	Universidade	de	Uberaba.
	 Inclui	bibliografia.
 ISBN
	1.	Educação	especial.	2.	Educação	inclusiva.	I.	Universidade	de
	 Uberaba.	Programa	de	Educação	a	Distância.	II.	Título.
 CDD 371.9
©	2020	by	Universidade	de	Uberaba
Todos	os	direitos	reservados.	Nenhuma	parte	desta	publicação	poderá	ser	
reproduzida	ou	transmitida	de	qualquer	modo	ou	por	qualquer	outro	meio,	eletrônico	
ou	mecânico,	incluindo	fotocópia,	gravação	ou	qualquer	outro	tipo	de	sistema	de	
armazenamento	e	transmissão	de	informação,	sem	prévia	autorização,	por	escrito,	
da Universidade de Uberaba.
Universidade de Uberaba
Reitor
Marcelo	Palmério
Pró-Reitor de Educação a Distância
Fernando	César	Marra	e	Silva
Coordenação de Graduação a Distância
Sílvia	Denise	dos	Santos	Bisinotto
Editoração e Arte
Produção	de	Materiais	Didáticos-Uniube
Editoração
Márcia	Regina	Pires
Raul	Sérgio	Reis	Rezende
Revisão textual
Erika	Fabiana	Mendes	Salvador
Diagramação
Andrezza	de	Cássia	Santos
Ilustrações
Getty	Images
Projeto da capa
Agência	Experimental	Portfólio
Edição
Universidade de Uberaba
Av.	Nenê	Sabino,	1801	–	Bairro	Universitário
Larissa Maciel Gonçalves Silva
Mestre	em	Educação,	com	ênfase	em	Educação	Especial	e	Deficiência	
Intelectual,	pela	Universidade	Federal	de	Uberlândia	(UFU).	Graduada	
em	Pedagogia	por	essa	instituição.	Docente	na	Universidade	de	Uberaba.	
Docente	 na	Rede	Municipal	 de	 Ensino	 de	Uberlândia;	 professora	
formadora	e	compõe	membro	da	equipe	de	Educação	Especial	nessa	
Rede	Municipal	de	Ensino.
Sobre a autora
Sumário
Apresentação ......................................................................................VII
Capítulo 1	Educação	Inclusiva	e	Educação	Especial:	saberes 
																			necessários .......................................................................... 1
1.1	Marcos	históricos	do	movimento	mundial	pela	Inclusão	Escolar	e	sua	
						repercussão	no	Brasil	 ..............................................................................................3
1.2	Educação	Especial:	aspectos	conceituais	e	práticos	 ............................................10
1.3	Educação	Especial:	seus	serviços	e	seus	recursos ..............................................18
1.3.1	Atendimento	Educacional	Especializado	–	AEE	 ..........................................19
1.3.2	Demais	serviços ............................................................................................23
1.4	Considerações	finais...............................................................................................27
Capítulo 2	Educação	em	tempos	de	inclusão:	processo	formativo	e 
																			avaliativo	para	os	estudantes	público	da	Educação	 
																			Especial .............................................................................. 33
2.1	Educação	Inclusiva:	compromisso	de	todos	e	de	cada	um ...................................35
2.2	Adequações	e	flexibilizações:	uma	perspectiva	inclusiva ......................................44
2.3	Acessibilidade	e	eliminação	de	barreiras ...............................................................50
2.4	Processo	formativo	e	avaliativo	do	público	da	Educação	Especial .......................57
2.5	Considerações	finais...............................................................................................63
Capítulo 3	Inclusão	Escolar	dos	estudantes	com	Deficiências 
																			Sensoriais:	Surdez	 ............................................................ 69
3.1	Saberes	essenciais	sobre	a	Deficiência	Auditiva ...................................................70
3.2	Movimento	Pedagógico	para	inclusão	escolar	dos	estudantes	com	surdez	(Pessoa 
						com	surdez)	–	PS .....................................................................................................73
3.3	Serviços	e	recursos	da	Educação	Especial	para	inclusão	escolar	dos	 
						estudantes	com	surdez	–	Pessoa	com	Surdez	(PS) .........................................80
3.4	Considerações	finais...............................................................................................86
Capítulo 4 Inclusão	Escolar	dos	estudantes	com	Deficiências 
																		Sensoriais:	Deficiência	Visual	e	Surdocegueira	 ................ 89
4.1	Saberes	essenciais	sobre	a	Deficiência	Visual	(cegueira	e	baixa	visão)	–	DV .....90
4.2	Movimento	pedagógico	para	inclusão	escolar	dos	estudantes	com	Deficiência	Visual: 
						cegueira	e	baixa	visão ......................................................................................................97
4.3	Serviços	e	recursos	da	Educação	Especial	para	inclusão	escolar	dos	 
						estudantes	com	Deficiência	Visual:	cegueira	e	baixa	visão .................................107
4.4	Saberes	essenciais	sobre	a	Surdocegueira .........................................................114
4.5	Movimento	pedagógico	para	inclusão	escolar	dos	estudantes	com	 
					Surdocegueira ..........................................................................................................................116
4.6	Serviços	e	recursos	da	Educação	Especial	para	inclusão	escolar	dos	 
						estudantes	com	surdocegueira.............................................................................119
4.7	Considerações	finais.............................................................................................127
Capítulo 5	Inclusão	Escolar	dos	estudantes	com	Deficiência	Física 
																			e	Deficiência	Múltipla ....................................................... 133
5.1	Saberes	essenciais	sobre	a	Deficiência	Física	–	DF ...........................................134
5.2	Movimento	pedagógico	para	inclusão	escolar	dos	estudantes	com	 
						Deficiência	Física	–	DF .........................................................................................137
5.3	Serviços	e	recursos	da	Educação	Especial	para	inclusão	escolar	dos	 
						estudantes	com	Deficiência	Física:	estimulação,	orientação	e	mobilidade .........143
5.4	Saberes	essenciais	sobre	a	Deficiência	Múltipla	–	DMu .....................................148
5.5	Movimento	pedagógico	para	inclusão	escolar	dos	estudantes	com	 
						Deficiência	Múltipla ...............................................................................................150
5.6	Serviços	e	recursos	da	Educação	Especial	para	inclusão	escolar,	dos	 
						estudantes	com	Deficiência	Múltipla:	estimulação,	orientação	e	mobilidade ......154
5.7	Considerações	finais.............................................................................................158
Capítulo 6	Inclusão	Escolar	dos	estudantes	com	Deficiência	 
																			Intelectual	–	DI ................................................................. 161
6.1	Saberes	essenciais	sobre	a	Deficiência	Intelectual	–	DI .....................................163
6.2	Movimento	pedagógico	para	inclusão	escolar	dos	estudantes	com	 
						Deficiência	Intelectual	–	DI ...................................................................................171
6.3	Serviços	e	recursos	da	Educação	Especial	para	inclusão	escolar	dos	 
						estudantes	com	Deficiência	Intelectual	–	DI.........................................................181
6.4	Considerações	finais.............................................................................................186
Capítulo 7	Inclusão	Escolar	dos	estudantes	com	Altas	Habilidades	 
																			e/ou	Superdotação	 .......................................................... 191
7.1	Saberes	essenciais	sobre	Altas	Habilidades/Superdotação	–	AH/SD ....................192
7.2	Movimento	Pedagógico	para	inclusão	escolar	dos	estudantescom	Altas	 
						Habilidades/Superdotação	–	AH/SD .....................................................................198
7.3	Serviços	e	recursos	da	Educação	Especial	para	inclusão	escolar	dos	 
						estudantes	com	Altas	Habilidades/Superdotação	–	AH/SD .................................205
7.4	Considerações	finais.............................................................................................213
Capítulo 8 Inclusão	Escolar	dos	estudantes	com	Transtorno	do 
																			Espectro	Autista	–	TEA ..................................................... 217
8.1	Saberes	essenciais	sobre	Transtornos	do	Espectro	Autista	–	TEA	 ....................219
8.2	Movimento	pedagógico	para	inclusão	escolar	dos	estudantes	com	TEA	 ..........228
8.3	Serviços	e	recursos	da	Educação	Especial	para	inclusão	escolar	dos	 
						estudantes	com	TEA .............................................................................................238
8.4	Considerações	finais.............................................................................................245
Prezado(a)	aluno(a),	é	um	prazer	tê-lo(a)	conosco.
Atender	às	diferentes	necessidades	dos	estudantes	matriculados	na	
escola	regular,	garantindo	seu	desenvolvimento	e	contribuindo	de	forma	
significativa	para	seu	aprendizado,	é,	certamente,	um	dos	maiores	
desafios	enfrentados	pela	escola	e	por	seus	profissionais.
O	paradigma	da	Educação	Inclusiva	se	apresenta	no	cenário	da	educação	
mundial,	 na	 defesa	 dos	 direitos	 humanos,	 pela	 democratização	 e	
universalização	da	educação.	Nesse	contexto,	o	presente	livro	aborda	temas	
como	Educação	Inclusiva,	Educação	Especial	e	diferenças	humanas	de	
forma	contextualizada,	promovendo	reflexões	e	conhecimentos	necessários	
para	ressignificar	as	formas	de	se	conceber	a	diferença,	os	espaços	e	os	
saberes	escolares,	na	defesa	de	uma	escola	para	todos	e	cada	um.
No	capítulo	1,	 “Educação	 Inclusiva	e	Educação	Especial:	 saberes	
necessários”,	contextualizamos	o	paradigma	da	Educação	Inclusiva,	com	
seus	princípios	orientadores,	bem	como	apresentamos	os	fundamentos	
legais	e	sociais	na	defesa	do	direito	de	todos	à	educação.	Aprofundamos,	
ainda,	 nossos	 conhecimentos	 a	 respeito	 da	 Educação	 Especial,	
como	modalidade	transversal	na	perspectiva	da	Educação	Inclusiva.	
Oportunizamos	conhecimentos	que	poderão	auxiliar	você	a	ultrapassar	
práticas	educacionais	hegemônicas	e	a	compreender	os	conceitos	
interligados	à	concepção	de	diferença	para	além	de	práticas	rotuladoras,	
classificatórias	da	aprendizagem	e	de	preconceitos	historicamente	
construídos	em	relação	à	pessoa	com	deficiência.
No	capítulo	2,	“Educação	em	tempos	de	inclusão:	processo	formativo	e	
avaliativo	para	os	estudantes	público	da	Educação	Especial”,	esclarecemos	
quem	é	o	público	da	Educação	Especial,	segundo	documentos	oficiais.	A	
Apresentação
VIII UNIUBE
partir	do	reconhecimento	do	público,	apresentamos	alguns	conhecimentos	
e	reflexões	sobre	o	processo	formativo	e	avaliativo	desses	estudantes.	O	
capítulo	demonstra	a	necessidade	de	se	repensar	a	função	da	escola,	as	
concepções	de	conhecimento,	de	ensino	e	de	aprendizagem,	uma	vez	
que	a	Educação	Especial,	quando	presente	no	ensino	regular,	demanda	
ressignificação	da	escola	comum	em	seus	fundamentos	e	práticas.
No	capítulo	3,	denominado	 “Inclusão	Escolar	dos	estudantes	com	
Deficiências	Sensoriais:	Surdez	–	PS	(Pessoa	com	Surdez)”,	esclarecemos	
que	as	deficiências	sensoriais	estão	relacionadas	à	surdez	(Pessoa	
com	Surdez),	 à	Deficiência	Visual	 (cegueira	 ou	 baixa	 visão)	 ou	 à	
Surdocegueira	(Pessoa	com	Surdez	e	alguma	Deficiência	Visual:	baixa	
visão	 ou	 cegueira).	 Nesse	 capítulo,	 tratamos	 das	 especificidades,	
singularidades	e	necessidades	dos	estudantes	com	surdez,	no	contexto	
da	 escola	 regular.	 Abordamos	 temáticas	 que	 contribuem	 para	 a	
identificação	e	caracterização	dos	estudantes	com	surdez,	apresentamos	
ainda	os	serviços	da	Educação	Especial,	que	precisam	estar	presentes	
na	escola	regular.	O	capítulo	apresenta	ainda	alguns	apontamentos	sobre	
como	a	escola	precisa	organizar	o	movimento	pedagógico	para	garantir	
que	esses	estudantes	tenham	acesso	ao	conhecimento.
No	 capítulo	 4,	 “Inclusão	Escolar	 dos	estudantes	 com	Deficiências	
Sensoriais:	Deficiência	Visual	–	DV	e	Surdocegueira”,	você	continuará	
estudando	 sobre	 as	 deficiências	 sensoriais,	mas,	 especificamente	
nesse	capítulo,	o	foco	é	a	deficiência	visual	(cegueira	e	baixa	visão)	e	
a	surdocegueira.	Nesse	sentido,	apresentaremos	conhecimentos	que	
irão	auxiliá-lo(a)	na	conceituação	e	caracterização	desses	estudantes.		
Apresentamos,	ainda,	os	serviços	e	recursos	da	Educação	Especial	a	
serem	ofertados	pela	escola,	para	garantir	o	acesso	ao	conhecimento	e	
aprendizado	desse	público.	Estudaremos	sobre	a	estimulação	precoce,	base	
fundamental	para	o	desenvolvimento	e	a	ampliação	da	funcionalidade	
dos	sentidos	remanescentes	desses	estudantes.	Trataremos	ainda	dos	
conceitos	e	ações	relacionadas	à	orientação	e	mobilidade	para	a	inclusão	
escolar	destes	estudantes.		
 UNIUBE IX
No	capítulo	5,	“Inclusão	Escolar	dos	estudantes	com	Deficiência	Física	
–	DF	e	Deficiência	Múltipla	–	DMu”,	iremos	estudar	sobre	os	saberes	
necessários	para	inclusão	escolar	dos	estudantes	com	deficiências	
físicas	e	daqueles	com	deficiência	múltipla.	Apresentaremos	temas	
que	auxiliarão	você	a	conhecer	sobre	esses	quadros	de	deficiência,	a	
reconhecer	suas	especificidades,	suas	possibilidades	de	funcionalidade	
individual.	O	capítulo	apresenta	ainda	saberes	necessários	à	identificação	
e	eliminação	das	barreiras	do	contexto,	conhecimentos	sobre	estratégias	
e	adequações	necessárias	para	garantir	acesso	ao	conhecimento	e	aos	
espaços	escolares.
No	capítulo	6,	estudaremos	sobre	a	“Inclusão	Escolar	dos	estudantes	com	
Deficiência	Intelectual	–	DI”,	demonstrando	as	relações	históricas	e	sociais	
entre	terminologia,	discriminação,	preconceito	e	violação	dos	direitos.	O	
capítulo	propõe	reflexões	a	respeito	de	como	a	crença,	na	incapacidade	
desses	estudantes	aprenderem	e	se	desenvolverem,	produz	atitudes	
discriminatórias	em	que	eles	mesmos	são	considerados	dementes,	idiotas	e	
loucos	etc.	Estudaremos	sobre	a	necessidade	de	desconstruir	estereótipos	
e	concepções	equivocadas	e	apresentaremos	conhecimentos	que	auxiliarão	
você	na	 identificação,	 conceituação	e	 caracterização	desse	público.	
Abordaremos	saberes	importantes	para	a	proposição	e	organização	de	
um	movimento	pedagógico	necessário	para	garantir	o	acesso	do	estudante	
ao	espaço	escolar	e	ao	conhecimento	e	o	reconhecimento	e	utilização	dos	
serviços	e	recursos	da	Educação	Especial	para	inclusão	escolar	desse	
público,	com	desenvolvimento	e	aprendizado.	
No	capítulo	7,	“Inclusão	Escolar	dos	estudantes	com	Altas	Habilidades	
e/ou	Superdotação”,	abordaremos	os	conceitos	referentes	às	Altas	
Habilidades	e/ou	Superdotação	para	auxiliá-lo(a)	na	identificação	e	
no	reconhecimento	desse	quadro.	Nesse	capítulo,	estudaremos	suas	
especificidades	e	reais	necessidades	no	contexto	educacional.	E,	ainda,	
fatores	que	precisam	ser	considerados	na	organização	e	proposição	
do	movimento	pedagógico	inclusivo	no	contexto	escolar.	Estudaremos,	
inclusive,	sobre	os	serviços	e	recursos	da	Educação	Especial	destinados	
a	esses	estudantes.		
X UNIUBE
No	capítulo	8,	a	“Inclusão	Escolar	dos	estudantes	com	Transtorno	do	
Espectro	Autista	–	TEA”,	apresentamos	uma	revisão	nos	documentos	
oficiais	que	tratam	das	definições,	conceituações	e	caracterizações	desse	
público,	até	o	reconhecimento	do	Transtorno	do	Espectro	Autista	como	
termo	“guarda-chuva”,	que	dá	sustentação	científica	e	conceitual	para	
identificação,	caracterização	e	conceituação	destas	pessoas	(a	partir	
do	ano	de	2019).	Estudaremos	os	aspectos	relacionados	ao	movimento	
pedagógico	necessário	na	organização	do	processo	de	inclusão	escolar	
desse	público	e	no	reconhecimento	e	organização	dos	recursos	e	serviços	
da	Educação	Especial	para	esse	público.	
Ao	compreender	o	processo	de	inclusão	escolar,reconhecer	o	direito	
de	todos	e	de	cada	um	à	escolarização;	ao	identificar	quem	são	os	
estudantes	que	necessitarão	de	recursos	e	serviços	específicos	da	
Educação	Especial	e	mais,	ao	se	instrumentalizar	para	identificação	
das	características	e	especificidades	de	seu	aluno,	o	professor	se	torna	
partícipe	no	processo	de	inclusão	escolar	e	na	defesa	dos	direitos	de	
todos	à	educação.	
Esperamos	que	você	possa	articular	os	temas	abordados	neste	material	
de	estudos	e	aprofundar-se	nos	saberes	necessários	à	sua	realidade	
profissional	para	assim	contribuir	efetivamente	para	uma	educação	
que	valorize	a	diversidade	e	considere	as	diferenças.	Ao	identificar,	
organizar	e	implementar	práticas	educacionais	inclusivas,	você	estará	
reconhecendo	e	garantindo	o	direito	de	todos	à	educação	em	um	mesmo	
espaço	escolar,	sem	discriminação	de	qualquer	natureza.	E	além	de	estar	
promovendo	o	aprendizado	e	o	desenvolvimento	de	todos	e	de	cada	um,	
estará	contribuindo	sobremaneira	para	sua	autonomia	e	independência	
no	contexto	educacional,	familiar,	social	e	cultural.
Bons	estudos!
Introdução
Educação Inclusiva e 
Educação Especial: 
saberes necessários
Capítulo
1
A	necessidade	de	estudar,	conhecer,	refletir	e	aprofundar	sobre	
o	tema	inclusão	é	fundamental	uma	vez	que	a	exclusão	existe	
e	os	excluídos	estão	entre	nós	e,	em	alguns	casos,	somos	nós	
os	excluídos	ou	os	excludentes.	Neste	capítulo	em	específico,	
abordaremos	questões	e	saberes	relacionados	aos	processos	
inclusivos	dentro	do	contexto	educacional,	a	fim	de	contribuir	para	
o	desenvolvimento	de	sistemas	educativos	acessíveis,	inclusivos	
e	personalizados	que	considerem	as	diferenças,	reconheçam	as	
limitações	e	promovam	a	equidade	no	atendimento	educacional	
a	todos	e	a	cada	um.	
A	Educação	Inclusiva	representa,	portanto,	
um	movimento	mundial	que	presume	ações	
políticas,	culturais,	sociais	e	pedagógicas,	
fundamentadas	na	concepção	de	direitos	
humanos.	Isto	é,	um	paradigma	em	que	
a	democratização	e	a	universalização	do	
acesso	e	a	flexibilização	são	princípios	
orientadores	no	compromisso	com	a	garantia	
de	direitos,	equidade	e	acessibilidade.
Paradigma
É	um	conjunto	de	
regras,	princípios,	
valores, crenças, 
que	norteiam	nosso	
comportamento,	
em	um	dado	
período	histórico.	
Uma	mudança	de	
paradigma	ocorre	
quando	os	conceitos	
ou	o	modo	de	vida	
de	uma	sociedade	
não	nos	satisfaz	
mais.
2 UNIUBE
Alinhado	a	esse	paradigma,	o	Brasil,	desde	a	promulgação	da	
Constituição	Federal	de	1988,	define	em	seu	artigo	205	que	a	
educação	é	um	direito	de	todos,	devendo	contribuir	para	o	pleno	
desenvolvimento	da	pessoa	e	garantir	a	igualdade	de	condições	
de	acesso	e	permanência	na	escola	como	um	princípio.	
Nesse	sentido,	estudaremos	neste	capítulo	sobre	o	movimento	
histórico	e	legal	que	culminou	mundialmente	no	paradigma	da	
Inclusão	Escolar.	Aprofundaremos	um	pouco	sobre	os	impactos,	
os	avanços	e	desafios	em	nosso	país,	bem	como	a	importância	da	
Educação	Especial	e	seus	serviços	na	garantia	da	acessibilidade	
ao	conhecimento.
Ao	final	deste	estudo,	esperamos	que	você	seja	capaz	de:
• compreender	o	paradigma	da	Inclusão	Escolar	e	sua	repercussão	
no	Brasil;
• empregar	os	conceitos	relacionados	à	Inclusão	Escolar;
• ressignificar	práticas	pedagógicas	consoantes	com	o	paradigma	
da	Inclusão	Escolar;
• atuar	com	os	serviços	juntamente	aos	serviços	da	Educação	
Especial	e	contribuir	para	a	proposição	dos	recursos	necessários	
para	acessibilidade	deste	público;		
1.1	Marcos	históricos	do	movimento	mundial	pela	inclusão	escolar	
e	sua	repercussão	no	Brasil
1.2	Educação	Especial:	aspectos	conceituais	e	práticos		
1.3	Educação	Especial:	seus	serviços	e	recursos
1.4	Considerações	finais
Objetivos
Esquema
 UNIUBE 3
1.1 Marcos históricos do movimento mundial pela Inclusão 
e sua repercussão no Brasil 
As	diferenças	humanas	são	constitutivas	de	cada	ser	humano,	portanto	
sempre	existiram.	Porém,	muitas	destas	diferenças	foram	excluídas	da	
sociedade	conforme	a	literatura	apresenta,	segundo	concepções	próprias	
de	cada	época,	contexto	histórico	e	social.	Historicamente	desde	os	
primeiros	registros	sobre	a	educação	é	possível	verificar	a	negação	de	
direitos	primordiais	ao	ser	humano.	Exemplos	encontrados	em	textos	
da	literatura	que	tratam	do	tema	dão	conta	de	que	no	século	XVII	os	
mendigos,	prisioneiros,	prostitutas	e	deficientes	recebiam	o	mesmo	
tratamento:	reclusão	e	isolamento.	
Segundo	Kirk	e	Gallagher	(1996),	na	era	pré-cristã,	tendia-se	a	negligenciar	
e	a	maltratar	os	deficientes.	Na	Antiguidade,	por	não	corresponderem	aos	
padrões	estéticos,	muitos	foram	abandonados	ou	eliminados;	já	com	a	
difusão	do	Cristianismo,	na	Idade	Média,	a	deficiência	viveu	momentos	em	
que	os	deficientes	eram	considerados	criaturas	divinas	que	não	poderiam	ser	
desprezadas	ou	abandonadas	por	possuírem	alma	e em	outros	momentos	
representavam	forças	malignas,	por	isso	deveriam	ser	eliminados.	Esta	época	
foi	marcada	por	atitudes	extremas	da	sociedade	que	variava	entre	a	proteção	
e	a	eliminação,	sobressaindo	uma	visão	do	aspecto	sobrenatural.	Segundo	
Ferreira	e	Guimarães	(2003,	p.	65),	“os	indivíduos	epiléticos	e	psicóticos,	por	
exemplo,	eram	considerados	portadores	de	possessões	demoníacas.	Já	os	
cegos	eram	muitas	vezes	tidos	como	profetas	ou	videntes”.	
Com	a	difusão	do	Cristianismo,	passou-se	a	proteger	os	deficientes	e	
a	compadecer-se	deles;	e	entre	os	séculos	XVIII	e	XX,	foram	fundadas	
instituições	para	oferecer-lhes	uma	educação	à	parte.	Nascem	as	primeiras	
escolas	e	classes	especiais,	sob	a	premissa	da	necessidade	científica	de	
separar	os	alunos	normais	dos	anormais.	Nesse	sentido,	no	início	do	século	
XX	ganham	importância	os	testes	de	QI	(Quociente	de	Inteligência)	como	
parâmetros	para	determinar	o	melhor	local	de	escolarização.	
4 UNIUBE
O	caso	mundialmente	conhecido	do	“Selvagem	de	Aveyron”	representou	um	
importante	registro	e	uma	primeira	iniciativa,	apresentada	em	literatura,	de	
tentativa	de	uma	educação	voltada	para	o	deficiente,	quando	da	elaboração,	
pelo	médico	 francês	Jean	 Itard	 (1774	–	1838),	do	primeiro	programa	
sistemático	de	educação	especial.	
Para	saber	mais,	acesse:		https://pt.wikipedia.org/wiki/Victor_de_Aveyron
PESQUISANDO	NA	WEB
Nesse	mesmo	período,	no	Brasil,	de	acordo	com	Mazzotta	(2001),	
institucionaliza	 a	 Educação	 Especial	 com	 a	 criação,	 por	 parte	 de	
D.	Pedro	II,	do	Imperial	Instituto	dos	Meninos	Cegos	(atual	Instituto	
Benjamin	Constant),	em	1854,	e	do	Imperial	Instituto	de	surdos-mudos,	
atual	Instituto	Nacional	de	Educação	de	Surdos	(INES),	em	1857,	que	
funcionam	até	hoje	no	Rio	de	Janeiro.	
O	início	do	século	XX	também	foi	marcado	por	movimentos	de	pais	e	
parentes	das	pessoas	com	deficiência,	reivindicando	melhores	condições	
de	vida	para	aqueles	que	apresentavam	alguma	“anormalidade”.	Porém,	
a	defesa	de	sua	participação	na	sociedade	e	a	defesa	do	respeito	à	
sua	cidadania	não	foram	suficientes	na	época	para	provocar	mudanças	
efetivas	na	sociedade.	
1854 Imperial	Instituto	dos	Meninos Cegos
Atual	Instituto	
Benjamin	Constant
1857 Imperial	Instituto	dos	Surdos-mudos
Atual	Instituto	Nacional	
de	Educação	de	Surdos
 UNIUBE 5
As	pessoas	com	deficiência	 somente	passaram	a	 fazer	parte	das	
preocupações	 dos	 governos	 após	 a	Segunda	Guerra.	Na	 década	
de	1950,	ocorreu	uma	considerável	expansão	das	classes	e	escolas	
especiais,	assim	como	a	criação	de	instituições	filantrópicas,	como	a	
Associação	de	Pais	e	Amigos	do	Excepcional	–	APAE	(1954).	A	partir	daí,	
com	o	surgimento	das	escolas	e	classes	especiais,	houve	uma	divisão	
no	sistema	educacional	brasileiro	em	dois	subsistemas	que	funcionavam	
paralelamente:	ensino	regular	e	ensino	especial.	(SILVA,	2009).
O	crescimento	das	instituições	especiais	fortaleceu	a	segregação	dos	
alunos	(Figura	1),	assim	como	aumentou	a	resistência	da	sociedade	em	
promover	práticas	inclusivas,	uma	vez	que	a	inserção	destes	alunos	em	
escolas	ou	classes	especiais	pouco	exigia	da	sociedade	em	termos	de	
mudanças	em	suas	atitudese	valores,	cabendo	exclusivamente	à	pessoa	
com	deficiência	adequar-se	às	exigências	do	meio	social	(PESSOTTI,	
1984;	MAZZOTTA,	2001;	JANNUZZI,	2004).	As	classes	especiais	se	
constituíam	solução	que	excluía	das	escolas	comuns	os	alunos	que	
fracassassem	em	seus	estudos.	(SILVA,	2009).	
Fonte:	Getty	Images.	Acervo	Uniube.
Figura 1	–	Representação	da	segregação	de	alunos	com	deficiência.
6 UNIUBE
Somente	a	partir	da	década	de	1970,	alguns	estudiosos,	baseados	na	
ideia	da	modificabilidade	cognitiva,	passaram	a	acreditar	no	potencial	
de	aprendizagem	da	pessoa	com	deficiência,	apontando	para	o	início	
de	uma	mudança	de	paradigma,	não	mais	baseado	na	segregação	do	
aluno	em	instituição	especializada,	mas,	sim,	na	ideia	de	uma	educação	
fundamentada	na	possibilidade	de	que	as	escolas	regulares	inserissem	
todos	os	alunos,	esses	foram	os	primeiros	passos	rumo	à	inclusão	
(PESSOTTI,	1984).	
A	década	de	1980	é	marcada	por	políticas	públicas	norteadas	pelos	
princípios	da	normalização	e	da	integração.	Há	um	movimento	pela	
inserção	das	pessoas	 com	deficiência	 nos	 sistemas	 sociais	 como	
educação,	trabalho,	família	e	lazer,	inserção	fundamentada	no	princípio	
da	 normalização,	 ou	 seja,	 uma	 inserção	 condicionada,	 em	 que	 a	
pessoa	com	deficiência	deveria	se	adequar	às	condições	sociais,	mais	
especificamente	ao	contexto.
Um	marco	para	as	pessoas	com	deficiência	de	todo	o	mundo	acontece	em	
1981,	proclamado	pela	Organização	das	Nações	Unidas	o	Ano	Internacional	
das	Pessoas	Deficientes,	tendo	como	lema	“Participação	Plena	e	Igualdade”.
IMPORTANTE!
Ainda	nessa	década,	são	promovidos	muitos	encontros	internacionais	em	
defesa	dos	direitos	desse	público	e	o	Brasil	passa	a	incorporar	em	seus	
dispositivos	legais	garantias	para	essas	pessoas	e/ou	qualquer	outra	
minoria	em	situação	de	desvantagem	ou	vulnerabilidade.	Um	marco	no	
Brasil	é	a	promulgação	da	Constituição	de	1988	(Figura	2),	que	garante	
a	democracia	e	os	direitos	dos	cidadãos,	inclusive	o	direito	à	educação,	
estabelecendo	como	um	dos	princípios	para	o	ensino	a	igualdade	de	
condições	de	acesso	e	permanência	de	todos	na	escola	sem	qualquer	
discriminação	e	garantindo	o	atendimento	educacional	às	pessoas	com 
 UNIUBE 7
deficiência,	preferencialmente,	na	rede	regular	de	ensino.	Assim,	a	partir	
da	Constituição	Federal	de	1988,	toda	escola	deve	atender	aos	princípios	
constitucionais,	não	podendo,	portanto,	excluir	nenhuma	pessoa	em	
razão	de	sua	raça,	cor,	sexo,	origem	ou	deficiência	(BRASIL,	1988).	
Fonte:	Getty	Images.	Acervo	Uniube.
Nessa	perspectiva	de	que	a	escola	atenda	todos	e	cada	um,	em	1990	foi	
divulgada	a	Declaração	Mundial	sobre	Educação	para	Todos,	resultado	
da	Conferência	Mundial	de	Educação	para	Todos,	que	aconteceu	na	
Tailândia,	no	mesmo	ano.	O	documento	que	estabeleceu	princípios,	
diretrizes	e	normas	que	direcionaram	as	reformas	educacionais	em	
vários	países,	o	documento	defende	entre	outras	coisas:	a	satisfação	
das	necessidades	básicas	de	aprendizagem;	a	expansão	do	enfoque	da	
educação	para	todos;	a	universalização	do	acesso	à	educação;	a	oferta	
de	um	ambiente	adequado	para	a	aprendizagem	(BRASIL,	1990a).	
A	partir	de	então,	iniciaram-se	no	Brasil	as	primeiras	discussões	em	torno	
de	um	paradigma	escolar	denominado	inclusão	escolar,	em	uma	reação	
contrária	ao	processo	de	integração.	De	acordo	com	Silva	(2009),	o	conceito	
de	inclusão	refere-se	a	uma	inserção	total	e	incondicional,	reconhece	e	
valoriza	as	diferenças	individuais	e	preconiza	a	adequação	da	escola	e	da	
sociedade	para	atender	às	necessidades	educacionais	de	seus	alunos.
IMPORTANTE!
Figura 2 – Constituição	de	1988.
8 UNIUBE
O	movimento	pela	 inclusão	escolar	no	Brasil	 foi	 intensificado	pela	
Conferência	Mundial	de	Educação	Especial,	ocorrido	em	Salamanca,	
na	Espanha,	no	ano	de	1994	em	que	as	discussões	
impactaram	 a	 formulação	 da	Declaração de 
Salamanca,	que	reforça	os	propósitos	da	oferta	
educacional	destinada	a	 todos	os	grupos	de	
pessoas,	buscando	assim	“o	compromisso	de	
viabilização	 de	 uma	 educação	 de	 qualidade,	
como	direito	da	população,	e	impõe	aos	sistemas	
escolares	a	organização	de	uma	diversidade	de	
recursos	educacionais”	(SOUSA;	PRIETO,	2002,	
p.124-125).	 Propõe	 ainda	 a	 ressignificação	
da	escola	com	a	modificação	de	seus	padrões	
homogêneos,	para	oportunizar	a	todas	as	pessoas	
as	devidas	condições	de	 inserção	no	sistema	
Declaração de 
Salamanca
Essa	declaração	
não	tem	poder	legal	
em	si	mesmo,	mas	
oferece	diretrizes	
para	os	Estados-
membros	das	
Nações	Unidas	que	
podem,	ou	não,	
incorporar	em	suas	
políticas	públicas	
as	orientações	ali	
apresentadas.	O	
Brasil	é	signatário	
e	incorporou	esse	
documento	em	suas	
legislações	inclusive	
na	LDB	9394/96.
A	Declaração	de	Salamanca	é	considerada	“magna	carta”	da	mudança	
de	paradigma	para	uma	educação	inclusiva	(Rodrigues,	2001),	que	deve	
abranger	todos	os	estratos	sociais.
Por	meio	dela,	é	assegurado	que	todas	as	crianças	tenham	acesso	à	escola	
regular,	em	uma	pedagogia	centrada	na	criança.	O	documento	reforça	o	
direito	a	uma	educação	de	qualidade	que	considere	as	características	e	os	
interesses	únicos	de	cada	educando,	evitando-se,	assim,	discriminações	e	
a	exclusão	escolar.	
Na	Declaração	de	Salamanca	as	orientações	e	sugestões	para	ações	em	
nível	nacional	são	organizadas	nos	seguintes	subitens:	
• Política	e	Organização.	
• Fatores	Relativos	à	Escola.	
IMPORTANTE!
 UNIUBE 9
• Recrutamento	e	Treinamento	de	Educadores
• Serviços	Externos	de	Apoio.	
• Áreas	Prioritárias.	
• Perspectivas	Comunitárias	e	Requerimentos	Relativos	a	Recursos.
A	partir	de	então,	no	Brasil,	por	parte	de	muitas	escolas	e	de	políticas	
públicas,	iniciam-se	ações	em	prol	de	uma	sociedade	mais	inclusiva,	
em	 um	movimento	 de	 ressignificação	 progressiva	 de	 paradigmas	
pedagógicos	dentro	dos	sistemas	de	ensino.	Há	um	fortalecimento	
de	parcerias	com	organizações	não	governamentais,	com	setores	de	
defesa	dos	direitos	da	criança,	instituições	de	saúde	e	de	assistência	
social.	Outro	aspecto	a	ser	destacado	nesse	contexto	é	a	importância	
que	 adquire	 as	 tecnologias	 da	 informação	 e	 comunicação	 (TICs),	
como	ferramentas	de	acessibilidade	para	crianças	com	deficiências	ou	
dificuldades	escolares.	
Em	se	tratando	de	deficiência,	a	terminologia	adequada	para	se	referir	
a	esse	público	é	PESSOA	com	DEFICIÊNCIA	(PcD),	de	acordo	com	a	
Portaria nº 2344,	de	03	de	novembro	de	2010,	da	Secretaria	dos	Direitos	
Humanos	da	Presidência	da	República,	publicada	no	Diário	Oficial	da	União	
em	05/11/2010	(nº	212,	Seção	1,	pág.	4).
IMPORTANTE!
Apesar	de	o	paradigma	da	inclusão	escolar	ter	surgido	no	centro	dos	
debates	pelos	direitos	das	pessoas	com	deficiência,	seu	conceito	é	
bem	mais	amplo,	esse	paradigma	defende	a inclusão de todos,	e	não	
somente	das	pessoas	com	deficiência	–	PcD.	Não	obstante	os	avanços	
legais,	as	escolas	ainda	enfrentam	desafios	importantes	para	incluir	
TODAS	as	crianças	sendo	para	tanto	imperiosa	uma	ressignificação	
dos	conceitos	e	práticas	educacionais,	das	concepções	de	aprendizagem	
e	de	ensino,	uma	sensibilização	da	sociedade,	enfim,	a	eliminação	de	
todas	as	barreiras.	
10 UNIUBE
Os	 princípios	 basilares	 da	 inclusão:	 a	 democratização	 do	 ensino,	
universalização	da	escolarização	e	flexibilização	de	seus	princípios,	
métodos	e	técnicas	visam	assegurar	que	todas	as	crianças	e	jovens	
tenham	direito	ao	pleno	desenvolvimento	humano	por	meio	da	educação	
e	possam	usufruir	com	equidade	das	oportunidades	de	acesso	aos	bens	
disponíveis	na	sociedade.	A	inclusão	assume	compromisso	central	com	
os	direitos	humanos,	principalmente	daqueles	grupos	e/ou	pessoas	que,	
por	razões	distintas,	se	encontram	em	situação	de	desvantagem	e/ou	
vulnerabilidade	em	relação	a	seus	direitos	e	garantias	fundamentais.	
Educação Especial: aspectos conceituais e práticos 1.2
Como	é	possível	observar	no	tópico	anterior,	a	última	década	do	século	
XX	foi	marcada	pelo	reconhecimento	público	e	oficial	das	pessoas	em	
situação	de	desvantageme/ou	vulnerabilidade,	o	que	provocou	um	
movimento	político	e	social	por	mudanças.	
A	 partir	 da	 compreensão	 do	 que	 foi	 o	mundo	 passado	 e	 do	 que	
significaram	todos	os	movimentos	sociais	e	políticos	que	nos	trouxeram	
ao	movimento	da	Educação Para Todos,	é	inevitável	perceber	que	
se	trata	de	uma	crise	de	paradigmas,	de	uma	ruptura	com	uma	escola	
tradicional	que	adota	métodos	inflexíveis	de	ensino	e	aprendizagem	
para	uma	escola	que	deve	aprender	a	receber	e	a	ensinar	de	diferentes	
formas,	para	sujeitos	diferentes	e	com	diferentes	especificidades.
A	inclusão	escolar	demanda	um	sistema	de	ensino	que	considera	todos	e	cada	
um,	reconhece	as	diferenças	e	se	organiza	para	atender	às	especificidades	de	
cada	um,	sejam	estas	diferenças	relacionadas	à	cognição,	ao	comportamento,	
às	crenças,	aos	aspectos	emocionais,	sociais,	culturais,	étnicos,	físicos	etc.	
IMPORTANTE!
 UNIUBE 11
Uma	escola	para	todos,	sem	discriminação,	assim	o	novo	milênio	começa	
com	palavras	fortes	como	justiça	social,	igualdade	de	direitos,	combate	
à	pobreza,	equidade	entre	gêneros,	educação	para	todos,	educação	
inclusiva,	educação	digital,	diversidade	humana	e	respeito	às	diferenças,	
inter-relacionando	campos	de	conhecimento	e	políticas	públicas	e	se	
materializando	na	defesa	da	educação	como	um	direito	incondicional	de	
todos	(BRASIL,	1988;	BRASIL,	1990a;	BRASIL,	1990b;	UNESCO,	1994;	
BRASIL,	1996;	BRASIL,	2006b)	e	na	promoção	de	uma	escola	como	
espaço	de	aprendizagens	e	convivência	com	as	diferenças	(UNESCO,	
1994;	BRASIL,	1996)	e	reconhecimento	da	educação	como	fundamental	
à	formação	humana.	
Portanto,	o	Brasil	como	signatário	da	Declaração	de	Salamanca	assumiu	
o	compromisso	de	incluir	todas	as	crianças,	independentemente	de	
suas	dificuldades.	No	Brasil,	a	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	
Nacional	9394/96,	publicada	logo	após	a	promulgação	da	Declaração	de	
Salamanca,	trouxe	muitos	avanços,	entre	eles	destacamos	uma	nova	
compreensão	da	Educação	Especial	que	deixa	de	ser	compreendida	
como	sistema	de	ensino,		sendo	assim,	a	partir	da	LDB	9394/96,	o	Brasil	
passa	a	ter	somente	o	sistema	de	ensino	regular.	
Nessa	nova	concepção,	a	Educação	Especial	passa	a	se	configurar	
modalidade transversal de ensino,	transversalizando	todos	os	níveis	de	
ensino,	desde	a	Educação	Básica	até	o	Ensino	Superior.	A	Educação	
Especial	 torna-se	 responsável	 pela	 oferta	 de	 serviços	 e	 recursos	
necessários	para	inclusão	escolar	de	um	público	específico,	definido	pela	
Política	Nacional	de	Educação	Especial	–	PNEE	(2008)	como	os	alunos 
com deficiências, transtornos do espectro autista e altas habilidades/
superdotação.	Nesse	cenário,	a	Educação	Especial	passa	ainda	a	se	
configurar	como	campo de conhecimento	sobre	as	especificidades	
de	seu	público	e	sobre	os	recursos	e	adequações	específicos	para	
cada	caso	e	tem	seus	conhecimentos	incorporados	em	disciplinas	e/ou	
módulos	específicos	nos	cursos	de	formação	inicial	e	continuada.	
12 UNIUBE
A	LDB	9394/96	preconiza	ainda	que:
• os	sistemas	de	ensino	deverão	assegurar	currículos,	métodos,	
técnicas,	recursos	educativos	e	organização	específica	para	atender	
às	necessidades	dos	alunos;
• a	possibilidade	de	avanço	dos	alunos	nos	cursos	e	nas	séries	
mediante	verificação	do	aprendizado,	como	responsabilidade	da	
escola;
• orienta	para	a	necessidade	da	preparação	dos	professores	e	da	
organização	e	disponibilização	de	recursos	adequados	para	atender	
à	diversidade	dos	alunos.	
Em	termos	legais	a	Educação	Especial	no	Brasil	encontra-se	de	certa	
forma	bem	amparada,	no	entanto	a	efetivação	das	garantias	legais	
ainda	representa	importante	desafio	uma	vez	que	são	poucos	os	alunos	
com	deficiência	que	têm	acesso	à	escola,	e	os	poucos	que	nela	estão	
encontram	ainda	grandes	dificuldades	para	alcançar	o	sucesso	escolar.	
O	insucesso	se	deve	a	vários	fatores	sejam	barreiras	do	contexto,	
falta	de	acessibilidade	ao	ambiente	educacional	ou	ao	currículo,	o	que	
ainda	é	agravado	por	atitudes	e	posicionamentos	contraditórios	em	
que	a	deficiência	muitas	vezes	é	compreendida	como	incapacidade	
de	aprendizagem	e	desenvolvimento	ou	como	culpada	pelo	insucesso	
escolar.	Isso	impacta	o	fato	de	esse	público	engrossar	a	fila	dos	que	
não	se	sobressaem	na	escola,	situação	que	passa	a	ser	rotineira	e	
normal	para	a	escola,	que	assim	deixa	de	se	questionar	sobre	seus	
procedimentos	e	métodos	didático-pedagógicos,	bem	como	sobre	a	
atuação	docente	no	processo	de	ensino	e	aprendizagem.
Em	contrapartida,	as	Diretrizes	Nacionais	para	a	Educação	Especial	na	
Educação	Básica,	Resolução	CNE/CEB	nº.	2/2001,	determinam	no	art.	
2º	que:
 UNIUBE 13
Os	 sistemas	 de	 ensino	 devem	 matricular	 todos	
os	alunos,	cabendo	às	escolas	organizar-se	para	o	
atendimento	 aos	 educandos	 com	 necessidades	
educativas	 especiais,	 assegurando	 as	 condições	
necessárias	para	uma	educação	de	qualidade	para	
todos	(BRASIL,	2001b).
Essa	Resolução	compreende	a	Educação	Especial	como	processo	
educacional	definido	por	uma	proposta	pedagógica	que	assegura	um	
conjunto	de	recursos	e	serviços	educacionais	especiais	para	garantir	
a	inclusão	escolar	e	promover	o	desenvolvimento	das	potencialidades	
dos	alunos,	caracterizados	como	seu	público.	Acrescenta	ainda	que	
os	sistemas	de	ensino	são	responsáveis	por	garantir	a	modalidade	de	
Educação	Especial	em	seus	espaços	escolares	com	a	oferta	de	recursos	
humanos,	materiais	e	financeiros	para	viabilizar	e	sustentar	o	processo	
de	construção	da	educação	inclusiva	para	esse	público.	
Nesse	sentido,	a	Convenção	da	Guatemala	(BRASIL,	2001a),	promulgada	
no	Brasil	pelo	Decreto	nº.	3.956/2001,	reafirma	que	as	pessoas	com	
deficiência	têm	os	mesmos	direitos	humanos	e	liberdades	fundamentais	
que	as	demais	pessoas	e	define	discriminação	como:
[...]1	 toda	 diferenciação,	 exclusão	 ou	 restrição	
baseada	em	deficiência,	antecedente	de	deficiência,	
consequência	de	deficiência	anterior	ou	percepção	de	
deficiência	presente	ou	passada,	que	tenha	o	efeito	ou	
o	propósito	de	impedir	ou	anular	o	reconhecimento,	o	
gozo	ou	exercício	por	parte	das	pessoas	portadoras	de	
deficiência	de	seus	direitos	humanos	e	suas	liberdades	
fundamentais	(BRASIL,	2001a,p.	3).
Vale	mencionar	a	repercussão,	na	educação,	desse	decreto	ao	reinterpretar	
a	Educação	Especial,	compreendida	como	campo	de	conhecimentos	e	
oferta	de	serviços	e	recursos	para	eliminação	das	barreiras	que	impeçam	
o	acesso	à	escolarização.	Ainda	de	acordo	 com	este	 documento,	
qualquer	impedimento	do	direito	à	sua	escolarização	nas	turmas	comuns	
do	ensino	regular	se	configura	discriminação	com	base	na	deficiência	
(BRASIL,	2001a).	Observe	a	Figura	3:
14 UNIUBE
Em	2006,	a	ONU	aprova	a	Convenção	sobre	os	Direitos	das	Pessoas	
com	Deficiência,	da	qual	o	Brasil	é	signatário.	Essa	Convenção	desloca	
a	ideia	da	limitação	até	então	presente	na	pessoa	para	a	sua	interação	
com	o	ambiente,	ou	seja,	desloca	a	atenção	para	a	relação/interação	
com	a	pessoa	com	deficiência,	para	atitudes	e	ambientes,	os	quais,	ao	
produzirem	barreiras,	podem	impedir	sua	plena	participação	cidadã.
A	Convenção	define	assim	no	artigo	1º	que:
Pessoas	 com	 deficiências	 são	 aquelas	 que	 têm	
impedimento	de	natureza	física,	intelectual	ou	sensorial,	
os	quais	em	interação	com	diversas	barreiras	podem	
obstruir	sua	participação	plena	e	efetiva	na	sociedade	
com	as	demais	pessoas	(p.	3).
Fonte:	Getty	Images.	Acervo	Uniube.
Figura 3 – Inclusão	escolar:	direito	de	todos	à	escola	regular.
Limitação	presente	
na	PESSOA
Limitação	presente	
no	AMBIENTE
 UNIUBE 15
Retomando	os	conceitos	básicos:	a	Educação	Especial	perde	sua	
condição	de	substitutiva	do	ensino	comum	e	deve	ser	compreendida	
como	campo	de	conhecimento	e	modalidade	transversal	de	ensino	que	
perpassa	todos	os	níveis	educacionais	desde	a	Educação	Infantil	ao	
Ensino	Superior	com	a	oferta	serviços,	recursos	e	conhecimentos	para	
assegurar	aos	estudantes	com	deficiência,	TEA	e	altas	habilidades	a	
acessibilidade	aos	espaços	educacionais	e	ao	currículo	escolar,	comaprendizado	e	desenvolvimento.	
A	Educação	Especial	deve,	portanto,	para	garantir	sua	transversalidade	
no	ensino,	estar	presente	em	todas	as	etapas	do	ensino	básico	e	superior,	
com	objetivo	complementar	e/ou	suplementar	na	formação	do	seu	público,	
desde	a	educação	infantil	até	a	educação	superior.	É	imprescindível	que	
a	Educação	Especial	esteja	assegurada	no	Projeto	Político	Pedagógico	
de	todas	as	escolas,	por	meio	de	seus	serviços	e	recursos,	o	PPP	precisa	
ainda	asseverar	salas	de	recursos	multifuncionais	(SRM)	para	viabilizar	
o	atendimento	educacional	especializado	–	AEE	aos	alunos.	
Desenvolvimento
Inclusão	escolar	
de	estudantes	com	
deficiência,	TEA	e	altas	
habilidades
Acessibilidade ao 
currículo	escolar
Acessibilidade aos 
espaços	escolaresAprendizagem
16 UNIUBE
As	salas	de	recursos	multifuncionais	(SRM)	são	espaços	que	precisam	ser	
organizados	e	disponibilizados	em	todas	as	instituições	educacionais,	com	
mobiliário,	materiais	didáticos	e	pedagógicos,	recursos	de	acessibilidade	
e	equipamentos	específicos	para	o	atendimento	dos	estudantes,	público	
da	 Educação	 Especial	 e	 que	 necessita	 do	Atendimento	 Educacional	
Especializado	–	AEE	no	contraturno	escolar.	A	organização	e	a	administração	
deste	espaço	são	de	responsabilidade	da	gestão	escolar,	conforme	as	
legislações	oficiais	como	as	Diretrizes	Nacionais	da	Educação	Especial	na	
Educação	Básica	(MEC,	2001b),	PNEE	(2008),	entre	outras.	
EXEMPLIFICANDO!
A	PNEE	(2008)	orienta	aos	sistemas	de	ensino	a	necessidade	de,	além	
de	ofertar	os	serviços	da	Educação	Especial,	esses	sistemas	de	ensino	
precisam	ainda	assegurar	a	continuidade	dos	estudos	para	o	público	da	
Educação	Especial,	garantir	o	acesso	a	níveis	mais	elevados	de	ensino,	
e	promover	a	articulação	intersetorial	(saúde,	assistência	social,	etc)	na	
implementação	das	políticas	públicas	inclusivas	conforme	a	especificidade	
desses	estudantes.	O	documento	propõe	também	um	currículo	flexível	
e	dinâmico,	e	não	uma	adaptação	curricular	como	nas	leis	anteriores.
Reafirmando	 a	 luta	 por	 uma	 sociedade	 cada	 vez	 mais	 inclusiva	
com	a	garantia	dos	direitos	humanos	fundamentais,	foi	promulgada	
recentemente	a	Lei	13.146/2015	–	Lei	Brasileira	de	Inclusão,	conhecida	
também	como	Estatuto	da	Pessoa	com	Deficiência,	que	reafirma	o	
compromisso	brasileiro	com	a	defesa	da	inclusão,	do	direito	à	cidadania,	
da	eliminação	das	barreiras	e	do	acesso	de	todos	aos	direitos	sociais.	
Essa	lei	reconhece	em	seu	art.	2o	a	pessoa	com	deficiência	como	aquela	
que	tem	impedimento	de	longo	prazo	de	natureza	física,	intelectual	ou	
sensorial,	o	qual,	em	interação	com	uma	ou	mais	barreiras,	pode	obstruir	
sua	participação	plena	e	efetiva	na	sociedade	em	igualdade	de	condições	
com	as	demais	pessoas.		(BRASIL,	2015).
 UNIUBE 17
Nesse	contexto	é	necessário	depreender	que	quando	o	direito	do	cidadão	
não	está	assegurado	na	cultura	da	sociedade	deve	estar	garantido	
em	lei,	para	ser	efetivamente	consolidado.	Em	termos	legais	muito	
se	avançou.	No	Brasil,	desde	a	promulgação	da	Constituição	Federal	
muito	se	caminhou	no	sentido	de	promover	a	inclusão	das	pessoas	e	
na	defesa	dos	direitos	humanos	e	das	liberdades	fundamentais.	Mas	
ainda	é	preciso	repensarmos	nossas	ações	e	concepções.	Analisarmos	
a	necessidade	de	se	elaborar	e	decretar	leis	que	garantam	direitos	de	
pessoas	e	deveres	de	outras,	leis	que	propagam	a	convivência	com	a	
diferença	–	diferença	esta	que	é	própria	dos	seres	humanos	–	e	com	a	
qual	se	deveria	aprender	a	lidar	desde	sempre,	sem	necessariamente	
precisarmos	de	uma	lei	para	assegurar	esta	convivência.
Assim,	é	preciso	rever	concepções	e	atitudes	diante	da	diferença,	do	
aluno	real,	da	complexidade	humana.	A	inclusão	perpassa	por	mudança	
de	perspectiva	e	de	olhar,	mudança	 interna,	 ressignificação	do	eu	
e	do	outro.	Pelo	respeito,	pela	cooperação,	pela	consideração,	pela	
democracia,	enfim,	carece	nos	tornarmos	mais	humanos!		
A	partir	das	leituras	realizadas	até	aqui,	você	compreendeu	os	conceitos	de	
Educação	Inclusiva	e	de	Educação	Especial?
AGORA	É	A	SUA	VEZ
A	 inclusão	é	um	paradigma	que	defende	a	garantia	dos	direitos	e	
liberdades	fundamentais	de	todos	e	de	cada	um,	fundamentada	na	
garantia	dos	direitos	humanos.	A	inclusão	escolar	tem	como	princípios	
orientadores	a	universalização	e	a	democratização	da	escolarização,	a	
garantia	ao	acesso	de	todos	e	de	cada	um	à	escola	regular.	A	inclusão	
escolar	é	para	todos.	
18 UNIUBE
Educação Especial: seus serviços e recursos1.3
Primeiramente,	é	imperioso	compreender	que	Educação	Especial	não	é	o	
Atendimento	Educacional	Especializado	–	AEE.	Como	já	estudamos	nos	
tópicos	anteriores,	a	Educação	Especial	é	um	conjunto	de	conhecimentos,	
recursos	e	serviços	que	tem	por	objetivo	viabilizar,	auxiliar	e	promover	a	
inclusão	educacional	do	seu	público.	E	nesse	sentido,	o	AEE	representa	
um	dos	vários	serviços	oferecidos	por	esta	modalidade;	estudaremos	
sobre	cada	um	logo	adiante.	
Para	a	efetivação	e	aplicação	da	Política	Nacional	de	Educação	Especial	
na	Perspectiva	da	Educação	Inclusiva	de	2008,	os	sistemas	de	ensino	de	
todo	o	país	precisam	organizar	“as	condições	de	acesso	aos	espaços,	
aos	recursos	pedagógicos	e	à	comunicação	que	favoreçam	a	promoção	
da	aprendizagem	e	à	valorização	das	diferenças,	de	forma	a	atender	às	
necessidades	educacionais	de	todos	os	alunos”	(BRASIL,	2008,	p.12).	
Assim,	a	Educação	Especial	oferta	os	seguintes	serviços	no	contexto	
da	escola	regular:
A	oferta,	a	organização	e	a	garantia	destes	serviços	precisam	ser	apresentadas	
e	 descritas	 tanto	 no	 Regimento	 Escolar	 como	 no	 Projeto	 Político	
Pedagógico	das	escolas	de	ensino	regular.	Portanto,	estes	documentos	
devem	prever	em	sua	estrutura	e	organização	os	serviços	da	Educação	
Especial,	sendo	de	responsabilidade	dos	gestores	o	acompanhamento	
sistemático	no	que	se	refere	a	funcionamento,	profissionais,	estudantes,	
pais	e	comunidade	escolar	etc.
Atendimento	
Educacional	
Especializado
Tradução	e	
interpretação	
em	Libras
Profissional	de	
apoio	escolar Guia-intérprete
 UNIUBE 19
Deve	ainda	estar	assegurada	nestes	documentos	a	sala	de	recursos	
multifuncionais	com	espaço	físico,	mobiliário,	materiais	didáticos,	recursos	
pedagógicos	e	de	acessibilidade	e	equipamentos	específicos;	conforme	
assevera	a	Política	Nacional	de	Educação	Especial	na	Perspectiva	da	
Educação	Inclusiva	(2008)	e	as	Diretrizes	Operacionais	da	Educação	
Especial	na	Educação	Básica	(2009).
1.3.1 Atendimento Educacional Especializado – AEE 
O	AEE	é	um dos serviços da Educação Especial	e	acontece	nas	
Salas	de	Recursos	Multifuncionais	(SRMs)	e	nos	demais	ambientes	
escolares.	Tem	por	objetivo	complementar	e/ou	suplementar	a	formação	
dos	alunos	de	modo	a	desenvolver	suas	potencialidades,	sua	autonomia	
e	independência	dentro	e	fora	da	escola	e	ainda	é	responsável	por	
“identificar,	elaborar	e	organizar	recursos	pedagógicos	e	de	acessibilidade	
que	eliminem	as	barreiras	para	a	plena	participação	dos	estudantes,	
considerando	suas	necessidades	específicas”	(BRASIL,	2009,	p.10).	
Este	atendimento	não	apresenta	caráter	substitutivo	à	escolarização	e,	
portanto,	é	organizado	e	estruturado	de	forma	diferente	da	sala	de	aula,	
com	atividades	diferentes	em	seu	objetivo	e	estrutura	daquelas	ofertadas	
na	classe	comum.	As	atividades	desenvolvidas	pelo	AEE	diferenciam-se	
daquelas	oferecidas	e	organizadas	para	sala	de	aula	comum	por	priorizar	
o	desenvolvimento	das	funções	cognitivas,	das	funções	executivas,	da	
acessibilidade,	da	autonomia	e	da	eliminação	de	barreiras	ao	espaço	e	
ao	conhecimento.	Assim:
Dentre	as	atividades	de	atendimento	educacional	
especializado	 são	 disponibilizados	 programas	 de	
enriquecimento	curricular,	o	ensino	de	linguagens	e	
códigos	específicos	de	comunicação	e	sinalização	e	
tecnologia	assistiva.	(BRASIL,	2008,	p.10).
O	Atendimento	Educacional	Especializado	–	AEE	é	responsável	ainda	
por	oferecer	os	recursos	necessários	para	que	o	estudante	tenha	acesso	
aos	conteúdos	ministrados	em	sala	de	aula.	De	acordocom	o	Decreto	nº	
7611	de	2011,	entre	os	objetivos	do	AEE	estão:
20 UNIUBE
• prover	condições	de	acesso,	participação	e	aprendizagem	no	ensino	
regular	e	garantir	serviços	de	apoio	especializados	de	acordo	com	
as	necessidades	individuais	dos	estudantes;
• fomentar	o	desenvolvimento	de	recursos	didáticos	e	pedagógicos	
que	eliminem	as	barreiras	no	processo	de	ensino	e	aprendizagem	e
• assegurar	condições	para	a	continuidade	de	estudos	nos	demais	
níveis,	etapas	e	modalidades	de	ensino.	(BRASIL,	2011,	p.	1).
O	AEE,	como	já	vimos,	é	um	dos	serviços	da	Educação	Especial	de	
caráter	complementar	e/ou	suplementar,	organizado	e	estruturado	da	
seguinte	maneira:
Quanto	ao	espaço:	as	Salas de Recursos Multifuncionais – SRMs são	
ambientes	organizados,	de	acordo	com	Ropoli	(2010),	com	equipamentos,	
mobiliários	e	recursos	pedagógicos	e	didáticos	específicos	ao	atendimento	
dos	estudantes	público	da	Educação	Especial.		
No	que	diz	respeito	ao	quadro	de	profissionais	que	realizam	Atendimento	
Pedagógico	do	AEE	esse	quadro	é	composto	por	professor	de	AEE	e	
por	instrutor/professor	de	Língua	Brasileira	de	Sinais	–	LIBRAS	no	caso	
de	alunos	com	surdez.	Sobre	o	atendimento,	esse	pode	ser	realizado	
individualmente	ou	em	pequenos	grupos,	em	turno	inverso	àquele	que	o	
aluno	frequenta	a	classe	comum.
As atividades e/ou conteúdos	precisam	ser	organizados	e	desenvolvidos	
de	acordo	com	as	necessidades	específicas	de	cada	aluno,	abrangendo:	
Língua	Brasileira	de	Sinais	–	LIBRAS,	Língua	Portuguesa	como	segunda	
língua	para	estudantes	com	surdez,	 informática	acessível,	sistema	
Braille,	 uso	 do	 Soroban,	 técnicas	 para	 a	 orientação	 e	mobilidade	
(OM),	Comunicação	Aumentativa	e	Alternativa	–	CAA,	Atividades	de	
Vida	Autônoma	(AVA),	alternativas	de	comunicação	para	estudantes	
surdocegos,	orientação	para	o	uso	de	recursos	ópticos	e	não	ópticos,		uso	
dos	recursos	de	Tecnologia	Assistiva	–	TA,	atividades	de	enriquecimento	 
 UNIUBE 21
curricular	para	as	altas	habilidades/superdotação	e	atividades	para	o	
desenvolvimento	da	tríade	funcional	da	aprendizagem	humana:	funções	
cognitivas,	funções	executivas	e	conativas.
Orientação e Mobilidade (OM):	referem-se	a	um	conjunto	de	técnicas	
e	estratégias	que	auxiliam	a	pessoa	na	sua	orientação	e	locomoção	nos	
espaços	de	forma	orientada	e	segura	para	conhecer	o	seu	entorno	e	dele	
usufruir	e	com	ele	familiarizar-se	e	interagir	(BRASIL,	2010).	Definidas	pelo	
MEC	como:
Orientação	–	Habilidade	do	indivíduo	para	perceber	o	
ambiente	 que	 o	 cerca,	 estabelecendo	 as	 relações	
corporais,	espaciais	e	temporais	com	esse	espaço,	
através	dos	sentidos	remanescentes.
Mobilidade	–	capacidade	do	indivíduo	de	se	mover,	
reagindo	a	estímulos	internos	ou	externos,	em	equilíbrio	
estático	ou	dinâmico.	(BRASIL,	2006c,	p.	98	e	99).
Tecnologia Assistiva (TA):	termo	utilizado	para	identificar	uma	variedade	
de	equipamentos,	estratégias,	recursos	e	serviços	que	contribuem	para	
proporcionar	ou	ampliar	habilidades	funcionais	de	pessoas	com	deficiência.	
Definido	pelo	Comitê	de	Ajudas	Técnicas	(CAT,	2007)	como:	
Área	do	conhecimento,	de	característica	interdisciplinar,	que	
engloba	produtos,	recursos,	metodologias,	estratégias,	práticas	
e	serviços	que	objetivam	promover	a	 funcionalidade,	
relacionada	à	atividade	e	participação	de	pessoas	com	
deficiência,	incapacidades	ou	mobilidade	reduzida,	visando	
sua	 autonomia,	 independência,	 qualidade	 de	 vida	 e	
inclusão	social	(BRASIL,	2007,	p.3).
Os	recursos	podem	ser	desde	uma	bengala	até	um	sistema	computadorizado	
complexo,	ou	seja,	recursos	se	referem	a	todo	e	qualquer	item	utilizado	
para	aumentar,	manter	ou	melhorar	as	capacidades	funcionais	de	pessoas	
com	deficiência.	E	serviços	são	prestados	profissionalmente,	auxiliando	
diretamente	a	pessoa	com	deficiência.
AMPLIANDO	O	CONHECIMENTO
22 UNIUBE
Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA):	área	da	Tecnologia	
Assistiva,	constituída	por	vários	métodos	que	se	destinam	à	ampliação	de	
habilidade	de	comunicação	destinada	a	pessoas	sem	fala	ou	sem	escrita	
funcional	 ou	 em	defasagem	nas	 habilidades	 comunicacionais.	Utiliza	
outros	canais	de	comunicação	diferentes	da	fala:	gestos,	sons,	expressões	
faciais	e	corporais	etc.		Envolve	habilidades	de	expressão	e	compreensão	
organizadas	e	construídas	com	auxílio	externo:	cartões	e/ou	pranchas	de	
comunicação,	pranchas	alfabéticas	e	de	palavras,	vocalizadores	ou	o	próprio	
computador	que	contribui	por	meio	de	software	específico,	construído	de	
forma	personalizada	considerando	as	especificidades	da	pessoa.
Atividades de Vida Autônoma (AVA): nomenclatura	alterada	e	utilizada	
desde	2008	pela	Política	Nacional	de	Educação	Especial	na	Perspectiva	da	
Educação	Inclusiva.	Refere-se	ao	conjunto	de	habilidades	desempenhadas	
rotineiramente	visando	à	independência,	segurança,	autonomia	e	convivência	
social	da	pessoa	com	deficiência	em	todos	os	ambientes	relacionais,	de	
maneira	individual	e	coletiva.
Para	atender	aos	seus	objetivos	e	efetivar	sua	função	de	complementaridade	
e/ou	suplementaridade,	 o	AEE	ainda	deve	acontecer	por	meio	do	
assessoramento	do	AEE	à	classe	comum.	Trata-se	de	um	movimento	do	
professor	do	AEE,	realizado	para	o	estudante	e	o	professor,	para/com	o	
professor,	referendado	pelo	Decreto	nº	7.611/2011.	Acontece	por	meio	da	
articulação	entre	o	professor	do	AEE	com	os	gestores	e	professores	da	
classe	comum,	contempla	a	organização	e	disponibilização	de	serviços,	
recursos	pedagógicos	e	de	acessibilidade	e	estratégias	de	flexibilização	
e	adequação	para	participação	dos	estudantes	nas	atividades	escolares.	
Para	tanto,	o	professor	do	AEE	precisa	observar,	orientar	e	acompanhar	
a	funcionalidade	e	a	aplicabilidade	dos	recursos	pedagógicos	e	de	
acessibilidade	na	sala	de	aula	comum	do	ensino	regular,	bem	como	em	
outros	ambientes	da	escola,	em	parceria	com	os	professores	da	sala	
regular	e	gestores.
 UNIUBE 23
1.3.2 Demais serviços:
– Tradução e Interpretação de LIBRAS
Nos	capítulos	adiante,	ao	estudarmos	o	tema	referente	à	inclusão	escolar	
do	estudante	com	surdez,	iremos	aprofundar	um	pouco	mais	sobre	este	
serviço	de	tradução	e	interpretação	de	LIBRAS,	serviço	que	de	acordo	
com	as	legislações	brasileiras	(PNEE	2008,	Decreto	nº	5.626/2005,	LBI	
13.146/2015,	entre	outras)	deve	ser	disponibilizado	a	todos	os	alunos	
com	surdez	na	rede	regular	de	ensino.
A	Educação	Especial	prevê	a	oferta	de	03	momentos	didático-pedagógicos	
para	o	estudante	com	surdez,	como	parte	integrante	dos	serviços	do	AEE	
e	que,	portanto,	devem	acontecer	no	contraturno	do	ensino	regular,	na	
sala	de	recursos	multifuncionais	(SRMs)	quais	sejam:	AEE em LIBRAS, 
AEE de LIBRAS e AEE de Língua Portuguesa.	Para	conhecimento,	
o	AEE	em	Língua	Portuguesa	e	o	AEE	em	LIBRAS	são	ofertados	pelo	
professor	do	AEE	com	objetivo	de	ensinar	ao	aluno	com	surdez	a	Língua	
Portuguesa	a	partir	da	LIBRAS.	Para	oferta	do	AEE	de	LIBRAS	há	
necessidade	de	um	instrutor	ou	professor	de	LIBRAS,	preferencialmente	
uma	pessoa	com	surdez,	com	o	objetivo	de	ensinar	ao	aluno	essa	língua.		
Além	dos	três	movimentos	pedagógicos	que	precisam	ser	ofertados	pelo	
AEE,	a	Educação	Especial	oferta	ainda	outro	serviço	para	os	alunos	com	
surdez,	que	é	o	Intérprete	Educacional/Intérprete	de	LIBRAS.	Trata-se	
de	um	profissional	ouvinte	que	atua	como	intérprete	do	estudante	com	
surdez	em	sala	de	aula	e	em	todos	os	momentos	no	contexto	escolar	
que	demandem	a	interlocução	entre	ouvintes	e	a	pessoa	com	surdez,	de	
forma	a	promover	e	ampliar	as	habilidades	comunicacionais	funcionais	
dos	alunos	com	surdez,	no	próprio	turno	de	escolarização	do	aluno.	
24 UNIUBE
– Profissional de apoio escolar:
Para	 contribuir	 para	 o	 apoio	 necessário	 ao	 estudante	 público	 da	
Educação	Especial,	a	LBI	assegura	o	profissional	de	apoio	escolar,	para	
exercer	atividades	de	alimentação,	higiene	e	locomoção	do	estudante	
com	deficiência,	bem	como	mediação	durante	a	realização	das	atividades	
escolares,	tanto	em	instituições	públicas	quanto	privadas,	em	todos	os	
níveis	emodalidades	de	ensino,	sempre	que	comprovada	a	necessidade,	
conforme	Lei	12.764,	de	27	de	dezembro	de	2012.	
A	análise	e	comprovação	da	necessidade	ou	não	do	acompanhamento	
do	profissional	de	apoio	escolar	ao	estudantes	é	de	caráter	pedagógico	
e	não	clínico,	ou	seja,	os	profissionais	do	AEE,	juntamente	com	a	equipe	
de	profissionais	da	escola,	 irão	analisar	cada	caso	para	verificar	a	
necessidade	e	a	intensidade	do	apoio,	conforme	veremos	nos	capítulos	
a	seguir	quando	tratarmos	do	público	da	Educação	Especial.	Esse	apoio	
ocorrerá	sempre	em	conformidade	com	as	necessidades	apresentadas	
pelo	estudante	e	relacionadas	à	condição	de	funcionalidade	e	não	à	
condição	de	deficiência.	O	mesmo	profissional	pode	disponibilizar	o	apoio	
necessário	a	mais	de	um	estudante	segundo	a	estrutura	e	necessidades	
apresentadas	pelos	alunos	no	contexto	educacional.		
– Guia-intérprete
Profissional	 que	 atua	 na	 mediação	 da	 comunicação	 de	 pessoas	
surdocegas,	interpretando	de	acordo	com	as	modalidades	de	comunicação	
específicas	utilizadas	pela	pessoa	surdocega	(Língua	Oral	Amplificada,	
Escrita	na	Palma	da	Mão,	Alfabeto	Manual	Tátil,	Língua	de	Sinais	Tátil,	
Sistema	Braile	Tátil	ou	Manual,	Língua	de	Sinais	em	Campo	Reduzido,	
entre	 outras),	 facilitando	 sua	mobilidade	 e	 promovendo	 o	 acesso	
nas	situações	de	comunicação	em	que	está	atuando.	O	trabalho	do	
guia-intérprete	possibilita	junto	à	pessoa	surdocega	interação,	acesso	ao	
lazer,	trabalho,	educação,	conhecimento	de	objetos,	pessoas,	favorecendo	
suas	tomadas	de	decisões	de	maneira	autônoma	e	efetivando	seu	direito	
de	cidadão	pleno.	Essa	profissão	foi	recentemente	reconhecida	pela	Lei	
12.319	de	2010.	
 UNIUBE 25
A	Federação	Brasileira	das	Associações	dos	Profissionais	Tradutores	
e	 Intérpretes	e	Guia-intérpretes	de	Língua	de	Sinais	–	FEBRAPILS	e	
Federação	Nacional	de	Educação	e	Integração	dos	Surdos	–	FENEIS	
esclarecem	que	esse	profissional	atua	nos	processos	de	mediação	e	
interação	do	surdocego	com	o	meio,	permitindo-lhe	o	acesso	à	informação,	
locomoção	e	comunicação,	por	meio	de	um	sistema	linguístico	de	acordo	
com	as	modalidades	de	comunicação	específicas	utilizadas	pela	pessoa	
surdocega	(Língua	Oral	Amplificada,	Escrita	na	Palma	da	Mão,	Alfabeto	
Manual	Tátil,	Língua	de	Sinais	Tátil,	Sistema	Braile	Tátil	ou	Manual,	Língua	de	
Sinais	em	Campo	Reduzido,	entre	outras).	Nesse	sentido,	o	guia-intérprete	
representa	um	elemento	de	mediação	com	o	mundo	e	deve	passar	pelo	
processo	de	formação	e	de	prática	a	fim	de	desenvolver	o	domínio	das	
Técnicas	de	Interpretação	e	da	função	de	Guia-Interpretação,	para	que	o	
objetivo	da	sua	atuação	seja	alcançado	de	forma	efetiva.
IMPORTANTE!
Seguem,	a	seguir,	alguns	dos	principais	documentos	oficiais	que	tratam	
do	direito	de	todos	à	educação	e	que,	ao	longo	do	tempo,	consolidam	a	
inclusão	escolar	como	paradigma	mundial	em	defesa	dos	direitos	de	todos	
e	de	cada	um.		
CONVENÇÕES	E	DECLARAÇÕES	DA	ONU	SOBRE	A	PESSOA	COM	
DEFICIÊNCIAS.	Disponíveis	em:	http://www.ampid.org.br/ampid/Docs_PD/
Convencoes_ONU_PD.php.	Acesso	em:	29	jan.	2020.
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PESQUISANDO	NA	WEB
26 UNIUBE
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em:	29	jan.	2020.
POLÍTICA	NACIONAL	DA	EDUCAÇÃO	ESPECIAL	NA	PERSPECTIVA	DA	
EDUCAÇÃO	INCLUSIVA,	disponível	em	http://portal.mec.gov.br/arquivos/
pdf/politicaeducespecial.pdf.	Acesso	em:	29	jan.	2020.
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PORTARIA	SEDH	Nº	2.344,	DE	3	DE	NOVEMBRO	DE	2010.	Disponível	em:
https://www.udop.com.br/download/legislacao/trabalhista/pcd/port_2344_
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PORTARIA	nº	3.284,	de	7	de	novembro	de	2003.	Disponível	em:	http://portal.
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RESOLUÇÃO	CNE/CEB	Nº	2,	DE	11	DE	SETEMBRO	DE	2001.	Disponível	
em:	http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf	Acesso	em:	29	
jan.	2020.
RESOLUÇÃO	CNE/CEB	nº	4/2009.	Disponível	em:	http://portal.mec.gov.br/
dmdocuments/rceb004_09.pdf	Acesso	em:	29	jan.	2020.
Conhecer	as	políticas	públicas	educacionais	é	fundamental	para	o	profissional	
da	educação,	afinal,	são	elas	que	regulam,	asseguram,	consolidam	e	intervêm	
de	maneira	conceitual	e	prática	na	ação	docente	e	na	organização	do	trabalho	
no	contexto	das	escolas.
Considerações finais1.4
A	inclusão	representa	um	paradigma	que	considera	a	inclusão	total	e	
incondicional	das	diferenças	na	escola,	apontando	para	a	necessidade	de	
adequação	da	escola	e	da	sociedade.	Atentando	para	a	grande	conquista	
que	a	 inclusão	 representa	e	os	 inúmeros	desafios	que	dela	surgem,	
discutimos	neste	estudo	os	marcos	históricos	e	legais	da	inclusão	escolar	
e	da	Educação	Especial.	Consideramos	a	Educação	Especial	enquanto	
modalidade	transversal	de	educação	que,	por	meio	da	oferta	de	seus	
recursos	e	serviços,	visa	à	complementaridade	e	suplementaridade	para	
contribuir	para	com	o	desenvolvimento	e	aprendizado	dos	estudantes	com	
deficiências,	transtornos	do	espectro	autista	e	daqueles	superdotados/altas	
habilidades,	objetivando	tornar	os	espaços	escolares	e	o	currículo	acessíveis.
28 UNIUBE
A	inclusão	escolar	prevê	a	ressignificação	da	escola,	de	tal	modo	que	se	
conceba	como	prioridade	a	modificação	de	padrões	considerados	até	
então	homogêneos,	para	atender	à	prerrogativa	da	educação	para	todos,	
oportunizando	às	pessoas	com	diferentes	necessidades	as	devidas	
condições	de	inserção	no	sistema	educacional.
O	que	está	em	questão	é	o	processo	de	transformação	da	escola	regular,	
o	que	supõe	confronto	com	valores	há	muito	arraigados	na	organização	
do	trabalho	escolar.	Uma	transformação	que	necessita	ultrapassar	a	
lógica	classificatória	e	seletiva	como	condição	para	a	concretização	do	
direito	de	todos	à	educação.	A	universalização	do	acesso	à	educação	
básica	 e	 a	 viabilização	de	uma	 trajetória	 escolar	 que	possibilite	 o	
desenvolvimento	de	todos	os	alunos	supõem	uma	escola	capaz	de	
acolher	as	diferenças,	o	que	implica	ressignificação	de	concepções	e	
práticas	usualmente	dominantes	na	escola	e	nos	sistemas	de	ensino	
(PRIETO;	SOUSA,	2006).	Sendo	assim,	desejamos	que	esses	estudos	
sejam	significativos	à	sua	prática	profissional.
Resumo
A	Inclusão	é	um	paradigma	mundial	em	prol	da	garantia	dos	direitos	e	
liberdades	fundamentais	de	todos	os	seres	humanos	e	de	condições	
de	acesso	incondicional.	No	Brasil,	a	Constituição	Federal	de	1988	já	
apresentava	seus	princípios	muito	antes	do	tema	se	tornar	o	centro	de	
debates	em	nosso	país.	O	princípio	da	inclusão	é	a	defesa	dos	direitos	
humanos	e	o	compromisso	com	grupos	e/ou	pessoasque,	por	razões	
distintas,	encontram-se	em	situação	de	vulnerabilidade	em	relação	a	seus	
direitos	e	liberdades	fundamentais.	
Já	a	inclusão	escolar	ganhou	legitimidade	no	Brasil	a	partir	da	promulgação	
da	LDB	9394/96,	que	consolida	os	preceitos	de	uma	educação	para	
TODOS	em	um	único	sistema	de	ensino.	Além	disso,	ela	avança	ao	
considerar	a	Educação	Especial	como	modalidade	responsável	pela	 
 UNIUBE 29
oferta	de	serviços,	conhecimentos	e	recursos	necessários	à	inclusão	escolar	
de	estudantes	com	deficiência,	TEA	e	Altas	Habilidades/Superdotação.	A	
Educação	Especial	se	configura	importante	iniciativa	na	promoção	da	
inclusão	desses	estudantes,	por	contribuir	para	com	seu	desenvolvimento,	
aprendizado,	acesso	e	permanência	por	meio	de	recursos,	conhecimentos	
e	serviços	e	por	auxiliar	a	escola	a	romper	com	as	barreiras	do	contexto.
São	princípios	fundamentais	da	inclusão	escolar	a	democratização	
do	ensino,	a	universalização	da	escolarização	e	a	flexibilização	de	
seus	princípios,	métodos	e	técnicas,	com	vias	a	assegurar	a	todas as 
crianças	e	jovens	o	direito	ao	pleno	desenvolvimento	humano	por	meio	
da	educação	e	a	equidade	nas	oportunidades	e	no	acesso	aos	bens	
disponíveis	na	sociedade	A	Educação	Inclusiva	representa,	portanto,	
um	movimento	mundial	que	presume	ações	políticas,	culturais,	sociais	e	
pedagógicas	para	a	garantia	dos	direitos	humanos	e	da	democratização	
e	a	universalização	do	ensino	para	TODOS,	sem	distinção.
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as	pessoas	portadoras	de	deficiência.	Brasília:	DF,	2001a.
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Introdução
Educação em tempos 
de inclusão: processo 
formativo e avaliativo para 
os estudantes público 
da Educação Especial
Capítulo
2
A	perspectiva	da	inclusão	escolar	é	assegurar	a	todos	o	direito	
à	educação	com	pleno	desenvolvimento	e	com	equidade	das	
oportunidades	 de	 acesso	 ao	 conhecimento.	 A	 inclusão	 se	
fundamenta	na	defesa	dos	direitos	humanos,	de	todos	os	grupos	
e/ou	pessoas	que,	por	razões	distintas,	se	encontrem	em	situação	
de	desvantagem	e/ou	vulnerabilidade	em	relação	a	seus	direitos	
e	garantias	fundamentais.	Seus	princípios	são	a	democratização,	
a	 universalização	 e	 a	 flexibilização	 dos	 princípios,	 métodos	
e	técnicas,	o	que	é	desafiador	para	as	escolas,	uma	vez	que	
desconstrói	antigas	e	tradicionais	práticas	excludentes	e	rompe	
com	paradigmas	educacionais	que	marcaram	a	sociedade	no	
passado.	
Nessa	perspectiva,	estudaremos	sobre	o	processo	de	inclusão	
escolar	dos	estudantes,	público	da	Educação	Especial	considerados	
na	Política	Nacional	de	Educação	Especial	(BRASIL,	2008),	as	
pessoas	com	deficiências,	Transtornos	do	Espectro	Autista,	Altas	
Habilidades	e/ou	Superdotação.	Partimos	da	premissa	que	o	direito	
à	educação	se	refere	não	somente	ao	acesso	e	a	permanência	dos	
alunos	no	contexto	das	escolas,	mas	na	promoção	do	aprendizado	
em	um	espaço	que	considere	as	diferenças	individuais	em	suas	
práticas	pedagógicas	e	que	promova	o	desenvolvimento	pleno	 
34 UNIUBE
da	 pessoa,	 na	 defesa	 da	 garantia	 dos	 direitos	 assegurados	
na	Constituição	Federal	de	1988	(BRASIL,	1988)	e	na	Lei	de	
Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional	9394/1996	(LDBN).		
Neste	capítulo	estudaremos	alguns	aspectos	a	serem	considerados,	
repensados,	ressignificados	e/ou	reorganizados	para	que	a	escola	
não	deixe	ninguém	de	fora,	para	que	todas	as	crianças	aprendam,	
independentemente	de	quaisquerdiferenças	que	possam	ter.	
Estudaremos	ainda	adequações	e	flexibilizações	necessárias	na	
estrutura,	na	organização,	nas	metodologias,	nas	estratégias	de	
ensino	e	nas	práticas	avaliativas	para	que	todos	participem	e	se	
desenvolvam	a	partir	de	uma	escola	real,	de	um	aluno	real	e	de	
especificidades	que	são	reais	e	complexas,	tanto	como	complexo	
é	o	ser	humano.
Esperamos	que,	ao	final	deste	estudo,	você	seja	capaz	de:
• analisar	e	conhecer	alguns	aspectos	relevantes	do	processo	de	
escolarização	que	precisam	ser	repensados,	ressignificados	
e/ou	reorganizados,	substituindo	práticas	segregativas	por	
práticas	inclusivas;
• fomentar	a	reflexão,	a	pesquisa	e	os	saberes	em	prol	de	uma	
educação	inclusiva,	com	equidade	no	acesso	na	permanência	
e	no	aprendizado.
2.1	Educação	Inclusiva:	Compromisso	de	todos	e	de	cada	um
2.2	Adequações	e	flexibilizações:	uma	perspectiva	inclusiva
2.3	Acessibilidade	e	eliminação	de	barreiras	
2.4	Processo	formativo	e	avaliativo	do	público	da	Educação	Especial
2.5	Considerações	finais
Objetivos
Esquema
 UNIUBE 35
Educação Inclusiva: compromisso de todos e de cada um2.1
O	paradigma	da	inclusão	pressupõe	que	a	escola	atenda	a	todos	os	
estudantes,	sem	discriminação	ou	segregação,	organize	seus	espaços	
e	tempos	educacionais	para	todos	e	cada	um,	flexibilize	e	disponha	
de	metodologias	e	práticas	inclusivas,	considerando	ante	o	processo	
educacional	as	diferenças	individuais.	O	que	representa	importante	
desafio	educacional,	por	demandar	ressignificação	dos	conceitos	e	
práticas	educacionais,	reflexão	sobre	os	princípios	e	práticas	educativas	e	
repensar	os	objetivos	educacionais.	A	inclusão	é	exatamente	a	mudança	
de	paradigma	da	escola.
A	escola	se	entupiu	do	formalismo	da	racionalidade	e	
cindiu-se	em	modalidades	de	ensino,	tipos	de	serviço,	
grades	curriculares,	burocracia.	Uma	ruptura	de	base	
em	 sua	 estrutura	 organizacional,	 como	 propõe	 a	
inclusão,	é	uma	saída	para	que	a	escola	possa	fluir,	
novamente,	espalhando	sua	ação	formadora	por	todos	
os	que	dela	participam.	(MANTOAN,	2003	p.	12).
Tais	mudanças	perpassam	pelo	desafio	pessoal,	profissional,	institucional,	
político	e	pedagógico	e	envolvem	desde	a	reformulação	do	currículo	
escolar	da	educação	básica	até	cursos	de	formação	de	professores,	para	
que	a	educação	seja	capaz	de	atender	às	demandas	e	necessidades	de	
todos.	Para	Mantoan	(2003):
Essa	reviravolta	exige,	em	nível	institucional,	a	extinção	
das	 categorizações	 e	 das	 oposições	 excludentes	
(iguais	X	diferentes,	normais	X	deficientes)	e,	em	nível	
pessoal,	que	busquemos	articulação,	flexibilidade,	
interdependência	entre	as	partes	que	se	conflitavam	
nos	nossos	pensamentos,	ações	e	sentimentos.	Essas	
atitudes	diferem	muito	das	que	são	típicas	das	escolas	
tradicionais	em	que	ainda	atuamos	e	em	que	fomos	
formados	para	ensinar.	Se	o	que	pretendemos	é	que	
a	escola	seja	inclusiva,	é	urgente	que	seus	planos	se	
redefinam	para	uma	educação	voltada	para	a	cidadania	
global,	plena,	livre	de	preconceitos	e	que	reconhece	e	
valoriza	as	diferenças.		(MANTOAN,	2003,	p.	14).
36 UNIUBE
São	necessárias	transformações	subjetivas	dos	conceitos,	das	atitudes,	
das	concepções,	que	se	caracterizam	como	a	principal	barreira	para	
a	inclusão,	barreiras	atitudinais.	Em	uma	filosofia	transformadora,	que	
considera	as	diferenças	em	um	espaço	real,	organizado	para	um	aluno	
real,	com	características,	estilos	e	ritmos	próprios	de	aprendizagem.	
Para	tanto	é	necessário	corrigir	desigualdades	próprias	das	sociedades	
de	classe,	aproximar	grupos	ou	categorias	marginalizadas,	organizar	a	
oferta	dos	serviços	educacionais	a	todos.	Nessa	perspectiva,	em	nosso	
país,	além	da	Constituição	Federal,	há	muitos	outros	documentos	legais	
com	dispositivos	relevantes	a	respeito	do	direito	à	educação:	Decreto	
Legislativo	n.	592/	1992;	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional	
(Lei	n.	9.394/96),	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente	(Lei	n.	8.069/90),	
Plano	Nacional	de	Educação	(Lei	n.	10.172/2001),	Lei	13.146/2015	–	Lei	
Brasileira	de	Inclusão,	entre	outros,	que	juntamente	com	a	Constituição	
Federal	preveem	uma	sociedade	com	escolas	abertas	a	todos,	em	
qualquer	etapa	ou	modalidade,	bem	como	o	acesso	a	níveis	mais	
elevados de ensino.
Quem	é	o	público	da	Educação	Especial,	conforme	PNEE	(2008)?
AGORA	É	A	SUA	VEZ
Conforme	estudamos	no	capítulo	1,	a	partir	da	promulgação	da	LDB	
(9.394/96),	a	Educação	Especial	deixa	de	ser	reconhecida	como	sistema	
de	ensino	paralelo.	Seguindo	os	preceitos	da	Declaração	de	Salamanca	
(1994),	a	Educação	Especial	passa	a	ser	compreendida	como	campo	
de	conhecimento	e	modalidade	transversal	de	ensino	para	oferta	de	
serviços	e	recursos	de	apoio	à	inclusão	escolar	para	aqueles	estudantes	
considerados	público	da	Educação	Especial	conforme	a	Política	Nacional	
de	Educação	Especial	na	Perspectiva	da	Educação	Inclusiva	(PNEE,	
2008),	 quais	 sejam:	 estudantes	 com	 deficiências,	 Transtornos	 do	
Espectro	Autista	e	aqueles	com	Altas	Habilidades	e/ou	Superdotação.
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Nessa	vertente,	a	Política	Nacional	de	Educação	Especial	na	Perspectiva	
da	 Educação	 Inclusiva	 (BRASIL,	 2008)	 foi	 elaborada	 segundo	 os	
preceitos	de	uma	escola	em	que	cada	estudante	tenha	possibilidade	
de	aprender,	a	partir	de	suas	aptidões	e	capacidades,	por	meio	de	
práticas	educacionais	organizadas,	considerando	todos	e	cada	um.	
Esse	documento	compreende	a	necessidade	de	uma	ressignificação	
da	dinâmica	pedagógica,	dos	processos	de	ensino	e	aprendizado,	dos	
currículos,	das	expectativas	de	aprendizagem,	enfim,	das	dimensões	que	
interferem	direta	ou	indiretamente	nos	resultados	educativos.
Organizar	a	inclusão	escolar	para	esse	público	requer	a	oferta	de	recursos	
e	estratégias	que	garantam	o	acesso	ao	conhecimento	(adequações	
de	 atividades,	 flexibilização	 de	 tempo,	 flexibilização	 curricular);	 a	
acessibilidade	ao	ambiente	e	às	comunicações	e	o	comprometimento	
e	colaboração	de	todos	os	envolvidos	para	com	o	processo	de	ensino,	
aprendizagem	e	desenvolvimento	do	estudante.	Garantindo	os	princípios	
da	igualdade,	equidade,	autonomia,	independência,	equiparação	de	
oportunidades,	com	o	comprometimento	de	todos	em	atitude	de	parceria	
e	colaboração	em	prol	de	garantir	os	direitos	fundamentais	de	todos	
e	de	cada	um.	Autores	como	Werneck,	Omote,	Sassaki	e	Mantoan	
defendem	a	conscientização	sobre	a	diferença	humana,	para	atender	
às	necessidades	básicas	de	cada	um,	das	maiorias	às	minorias,	dos	
privilegiados	aos	marginalizados.	
Na	sociedade	inclusiva	não	há	lugar	para	atitudes	
como	“abrir	espaço	para	deficientes”	ou	“aceitá-los”,	
num	gesto	de	solidariedade,	e	depois	bater	no	peito	
ou	mesmo	ir	dormir	com	a	sensação	de	ter	sido	muito	
bonzinho.	(WERNECK,	1998,	p.22).
Sassaki	(1997;	2006;	2007;	2009)	fala	em	adequação	da	sociedade	
para	que	o	processo	de	inclusão	se	realize,	Mantoan	(1989;	1997;	
2003)	destaca	o	conceito	de	autonomia	como	finalidade	da	educação.	
Essa	autonomia	é	definida	por	Sassaki,	como	condição	de	domínio	
no	ambiente	físico	e	social,	preservando	ao	máximo	a	privacidade	e	 
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a	dignidade	da	pessoa	que	a	exerce.	Todos	esses	autores	citados	e	
outros	tantos	convergem	para	o	fato	de	que	a	inclusão	na	vida	escolar	é	
fundamental	para	o	desenvolvimento	e	a	garantia	dos	direitos	de	qualquer	
cidadão	comum.	Parte	do	reconhecimento	de	que	todos	são	diferentes	
uns	dos	outros,	como	são	diferentes	suas	potencialidades,	preferências	
e necessidades.
Essas	diferenças	dependem	e	são	produto	da	interação	
das	características	biológicas	com	que	cada	um	de	nós	
vem	equipado	(genéticas,	hereditárias	e	adquiridas	
após	o	nascimento),	do	nível	de	desenvolvimento	real	
em	que	cada	um	de	nós	se	encontra	e	do	significado	
que	atribuímos	às	situações	que	vivemos	em	nosso	
cotidiano.	(BRASIL,	1986,	p.	30).
Na	perspectiva	da	Educação	Inclusiva	são	considerados	os	ritmos,	
estilos	 e	 tempos	 de	 aprendizagem,	 é	 reconhecida	 a	 importância	
do	desenvolvimento	da	autonomia	dos	estudantes,	a	aquisição	de	
valores,

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