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Larissa Maciel Gonçalves Silva Diferenças, deficiências: implicações no ato educativo Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central Uniube Silva, Larissa Maciel Gonçalves. S38d Diferenças, deficiências: implicações no ato educativo / Larissa Maciel Gonçalves Silva. – Uberaba: Universidade de Uberaba, 2020. 260 p. : il. Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba. Inclui bibliografia. ISBN 1. Educação especial. 2. Educação inclusiva. I. Universidade de Uberaba. Programa de Educação a Distância. II. Título. CDD 371.9 © 2020 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor Marcelo Palmério Pró-Reitor de Educação a Distância Fernando César Marra e Silva Coordenação de Graduação a Distância Sílvia Denise dos Santos Bisinotto Editoração e Arte Produção de Materiais Didáticos-Uniube Editoração Márcia Regina Pires Raul Sérgio Reis Rezende Revisão textual Erika Fabiana Mendes Salvador Diagramação Andrezza de Cássia Santos Ilustrações Getty Images Projeto da capa Agência Experimental Portfólio Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Larissa Maciel Gonçalves Silva Mestre em Educação, com ênfase em Educação Especial e Deficiência Intelectual, pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Graduada em Pedagogia por essa instituição. Docente na Universidade de Uberaba. Docente na Rede Municipal de Ensino de Uberlândia; professora formadora e compõe membro da equipe de Educação Especial nessa Rede Municipal de Ensino. Sobre a autora Sumário Apresentação ......................................................................................VII Capítulo 1 Educação Inclusiva e Educação Especial: saberes necessários .......................................................................... 1 1.1 Marcos históricos do movimento mundial pela Inclusão Escolar e sua repercussão no Brasil ..............................................................................................3 1.2 Educação Especial: aspectos conceituais e práticos ............................................10 1.3 Educação Especial: seus serviços e seus recursos ..............................................18 1.3.1 Atendimento Educacional Especializado – AEE ..........................................19 1.3.2 Demais serviços ............................................................................................23 1.4 Considerações finais...............................................................................................27 Capítulo 2 Educação em tempos de inclusão: processo formativo e avaliativo para os estudantes público da Educação Especial .............................................................................. 33 2.1 Educação Inclusiva: compromisso de todos e de cada um ...................................35 2.2 Adequações e flexibilizações: uma perspectiva inclusiva ......................................44 2.3 Acessibilidade e eliminação de barreiras ...............................................................50 2.4 Processo formativo e avaliativo do público da Educação Especial .......................57 2.5 Considerações finais...............................................................................................63 Capítulo 3 Inclusão Escolar dos estudantes com Deficiências Sensoriais: Surdez ............................................................ 69 3.1 Saberes essenciais sobre a Deficiência Auditiva ...................................................70 3.2 Movimento Pedagógico para inclusão escolar dos estudantes com surdez (Pessoa com surdez) – PS .....................................................................................................73 3.3 Serviços e recursos da Educação Especial para inclusão escolar dos estudantes com surdez – Pessoa com Surdez (PS) .........................................80 3.4 Considerações finais...............................................................................................86 Capítulo 4 Inclusão Escolar dos estudantes com Deficiências Sensoriais: Deficiência Visual e Surdocegueira ................ 89 4.1 Saberes essenciais sobre a Deficiência Visual (cegueira e baixa visão) – DV .....90 4.2 Movimento pedagógico para inclusão escolar dos estudantes com Deficiência Visual: cegueira e baixa visão ......................................................................................................97 4.3 Serviços e recursos da Educação Especial para inclusão escolar dos estudantes com Deficiência Visual: cegueira e baixa visão .................................107 4.4 Saberes essenciais sobre a Surdocegueira .........................................................114 4.5 Movimento pedagógico para inclusão escolar dos estudantes com Surdocegueira ..........................................................................................................................116 4.6 Serviços e recursos da Educação Especial para inclusão escolar dos estudantes com surdocegueira.............................................................................119 4.7 Considerações finais.............................................................................................127 Capítulo 5 Inclusão Escolar dos estudantes com Deficiência Física e Deficiência Múltipla ....................................................... 133 5.1 Saberes essenciais sobre a Deficiência Física – DF ...........................................134 5.2 Movimento pedagógico para inclusão escolar dos estudantes com Deficiência Física – DF .........................................................................................137 5.3 Serviços e recursos da Educação Especial para inclusão escolar dos estudantes com Deficiência Física: estimulação, orientação e mobilidade .........143 5.4 Saberes essenciais sobre a Deficiência Múltipla – DMu .....................................148 5.5 Movimento pedagógico para inclusão escolar dos estudantes com Deficiência Múltipla ...............................................................................................150 5.6 Serviços e recursos da Educação Especial para inclusão escolar, dos estudantes com Deficiência Múltipla: estimulação, orientação e mobilidade ......154 5.7 Considerações finais.............................................................................................158 Capítulo 6 Inclusão Escolar dos estudantes com Deficiência Intelectual – DI ................................................................. 161 6.1 Saberes essenciais sobre a Deficiência Intelectual – DI .....................................163 6.2 Movimento pedagógico para inclusão escolar dos estudantes com Deficiência Intelectual – DI ...................................................................................171 6.3 Serviços e recursos da Educação Especial para inclusão escolar dos estudantes com Deficiência Intelectual – DI.........................................................181 6.4 Considerações finais.............................................................................................186 Capítulo 7 Inclusão Escolar dos estudantes com Altas Habilidades e/ou Superdotação .......................................................... 191 7.1 Saberes essenciais sobre Altas Habilidades/Superdotação – AH/SD ....................192 7.2 Movimento Pedagógico para inclusão escolar dos estudantescom Altas Habilidades/Superdotação – AH/SD .....................................................................198 7.3 Serviços e recursos da Educação Especial para inclusão escolar dos estudantes com Altas Habilidades/Superdotação – AH/SD .................................205 7.4 Considerações finais.............................................................................................213 Capítulo 8 Inclusão Escolar dos estudantes com Transtorno do Espectro Autista – TEA ..................................................... 217 8.1 Saberes essenciais sobre Transtornos do Espectro Autista – TEA ....................219 8.2 Movimento pedagógico para inclusão escolar dos estudantes com TEA ..........228 8.3 Serviços e recursos da Educação Especial para inclusão escolar dos estudantes com TEA .............................................................................................238 8.4 Considerações finais.............................................................................................245 Prezado(a) aluno(a), é um prazer tê-lo(a) conosco. Atender às diferentes necessidades dos estudantes matriculados na escola regular, garantindo seu desenvolvimento e contribuindo de forma significativa para seu aprendizado, é, certamente, um dos maiores desafios enfrentados pela escola e por seus profissionais. O paradigma da Educação Inclusiva se apresenta no cenário da educação mundial, na defesa dos direitos humanos, pela democratização e universalização da educação. Nesse contexto, o presente livro aborda temas como Educação Inclusiva, Educação Especial e diferenças humanas de forma contextualizada, promovendo reflexões e conhecimentos necessários para ressignificar as formas de se conceber a diferença, os espaços e os saberes escolares, na defesa de uma escola para todos e cada um. No capítulo 1, “Educação Inclusiva e Educação Especial: saberes necessários”, contextualizamos o paradigma da Educação Inclusiva, com seus princípios orientadores, bem como apresentamos os fundamentos legais e sociais na defesa do direito de todos à educação. Aprofundamos, ainda, nossos conhecimentos a respeito da Educação Especial, como modalidade transversal na perspectiva da Educação Inclusiva. Oportunizamos conhecimentos que poderão auxiliar você a ultrapassar práticas educacionais hegemônicas e a compreender os conceitos interligados à concepção de diferença para além de práticas rotuladoras, classificatórias da aprendizagem e de preconceitos historicamente construídos em relação à pessoa com deficiência. No capítulo 2, “Educação em tempos de inclusão: processo formativo e avaliativo para os estudantes público da Educação Especial”, esclarecemos quem é o público da Educação Especial, segundo documentos oficiais. A Apresentação VIII UNIUBE partir do reconhecimento do público, apresentamos alguns conhecimentos e reflexões sobre o processo formativo e avaliativo desses estudantes. O capítulo demonstra a necessidade de se repensar a função da escola, as concepções de conhecimento, de ensino e de aprendizagem, uma vez que a Educação Especial, quando presente no ensino regular, demanda ressignificação da escola comum em seus fundamentos e práticas. No capítulo 3, denominado “Inclusão Escolar dos estudantes com Deficiências Sensoriais: Surdez – PS (Pessoa com Surdez)”, esclarecemos que as deficiências sensoriais estão relacionadas à surdez (Pessoa com Surdez), à Deficiência Visual (cegueira ou baixa visão) ou à Surdocegueira (Pessoa com Surdez e alguma Deficiência Visual: baixa visão ou cegueira). Nesse capítulo, tratamos das especificidades, singularidades e necessidades dos estudantes com surdez, no contexto da escola regular. Abordamos temáticas que contribuem para a identificação e caracterização dos estudantes com surdez, apresentamos ainda os serviços da Educação Especial, que precisam estar presentes na escola regular. O capítulo apresenta ainda alguns apontamentos sobre como a escola precisa organizar o movimento pedagógico para garantir que esses estudantes tenham acesso ao conhecimento. No capítulo 4, “Inclusão Escolar dos estudantes com Deficiências Sensoriais: Deficiência Visual – DV e Surdocegueira”, você continuará estudando sobre as deficiências sensoriais, mas, especificamente nesse capítulo, o foco é a deficiência visual (cegueira e baixa visão) e a surdocegueira. Nesse sentido, apresentaremos conhecimentos que irão auxiliá-lo(a) na conceituação e caracterização desses estudantes. Apresentamos, ainda, os serviços e recursos da Educação Especial a serem ofertados pela escola, para garantir o acesso ao conhecimento e aprendizado desse público. Estudaremos sobre a estimulação precoce, base fundamental para o desenvolvimento e a ampliação da funcionalidade dos sentidos remanescentes desses estudantes. Trataremos ainda dos conceitos e ações relacionadas à orientação e mobilidade para a inclusão escolar destes estudantes. UNIUBE IX No capítulo 5, “Inclusão Escolar dos estudantes com Deficiência Física – DF e Deficiência Múltipla – DMu”, iremos estudar sobre os saberes necessários para inclusão escolar dos estudantes com deficiências físicas e daqueles com deficiência múltipla. Apresentaremos temas que auxiliarão você a conhecer sobre esses quadros de deficiência, a reconhecer suas especificidades, suas possibilidades de funcionalidade individual. O capítulo apresenta ainda saberes necessários à identificação e eliminação das barreiras do contexto, conhecimentos sobre estratégias e adequações necessárias para garantir acesso ao conhecimento e aos espaços escolares. No capítulo 6, estudaremos sobre a “Inclusão Escolar dos estudantes com Deficiência Intelectual – DI”, demonstrando as relações históricas e sociais entre terminologia, discriminação, preconceito e violação dos direitos. O capítulo propõe reflexões a respeito de como a crença, na incapacidade desses estudantes aprenderem e se desenvolverem, produz atitudes discriminatórias em que eles mesmos são considerados dementes, idiotas e loucos etc. Estudaremos sobre a necessidade de desconstruir estereótipos e concepções equivocadas e apresentaremos conhecimentos que auxiliarão você na identificação, conceituação e caracterização desse público. Abordaremos saberes importantes para a proposição e organização de um movimento pedagógico necessário para garantir o acesso do estudante ao espaço escolar e ao conhecimento e o reconhecimento e utilização dos serviços e recursos da Educação Especial para inclusão escolar desse público, com desenvolvimento e aprendizado. No capítulo 7, “Inclusão Escolar dos estudantes com Altas Habilidades e/ou Superdotação”, abordaremos os conceitos referentes às Altas Habilidades e/ou Superdotação para auxiliá-lo(a) na identificação e no reconhecimento desse quadro. Nesse capítulo, estudaremos suas especificidades e reais necessidades no contexto educacional. E, ainda, fatores que precisam ser considerados na organização e proposição do movimento pedagógico inclusivo no contexto escolar. Estudaremos, inclusive, sobre os serviços e recursos da Educação Especial destinados a esses estudantes. X UNIUBE No capítulo 8, a “Inclusão Escolar dos estudantes com Transtorno do Espectro Autista – TEA”, apresentamos uma revisão nos documentos oficiais que tratam das definições, conceituações e caracterizações desse público, até o reconhecimento do Transtorno do Espectro Autista como termo “guarda-chuva”, que dá sustentação científica e conceitual para identificação, caracterização e conceituação destas pessoas (a partir do ano de 2019). Estudaremos os aspectos relacionados ao movimento pedagógico necessário na organização do processo de inclusão escolar desse público e no reconhecimento e organização dos recursos e serviços da Educação Especial para esse público. Ao compreender o processo de inclusão escolar,reconhecer o direito de todos e de cada um à escolarização; ao identificar quem são os estudantes que necessitarão de recursos e serviços específicos da Educação Especial e mais, ao se instrumentalizar para identificação das características e especificidades de seu aluno, o professor se torna partícipe no processo de inclusão escolar e na defesa dos direitos de todos à educação. Esperamos que você possa articular os temas abordados neste material de estudos e aprofundar-se nos saberes necessários à sua realidade profissional para assim contribuir efetivamente para uma educação que valorize a diversidade e considere as diferenças. Ao identificar, organizar e implementar práticas educacionais inclusivas, você estará reconhecendo e garantindo o direito de todos à educação em um mesmo espaço escolar, sem discriminação de qualquer natureza. E além de estar promovendo o aprendizado e o desenvolvimento de todos e de cada um, estará contribuindo sobremaneira para sua autonomia e independência no contexto educacional, familiar, social e cultural. Bons estudos! Introdução Educação Inclusiva e Educação Especial: saberes necessários Capítulo 1 A necessidade de estudar, conhecer, refletir e aprofundar sobre o tema inclusão é fundamental uma vez que a exclusão existe e os excluídos estão entre nós e, em alguns casos, somos nós os excluídos ou os excludentes. Neste capítulo em específico, abordaremos questões e saberes relacionados aos processos inclusivos dentro do contexto educacional, a fim de contribuir para o desenvolvimento de sistemas educativos acessíveis, inclusivos e personalizados que considerem as diferenças, reconheçam as limitações e promovam a equidade no atendimento educacional a todos e a cada um. A Educação Inclusiva representa, portanto, um movimento mundial que presume ações políticas, culturais, sociais e pedagógicas, fundamentadas na concepção de direitos humanos. Isto é, um paradigma em que a democratização e a universalização do acesso e a flexibilização são princípios orientadores no compromisso com a garantia de direitos, equidade e acessibilidade. Paradigma É um conjunto de regras, princípios, valores, crenças, que norteiam nosso comportamento, em um dado período histórico. Uma mudança de paradigma ocorre quando os conceitos ou o modo de vida de uma sociedade não nos satisfaz mais. 2 UNIUBE Alinhado a esse paradigma, o Brasil, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, define em seu artigo 205 que a educação é um direito de todos, devendo contribuir para o pleno desenvolvimento da pessoa e garantir a igualdade de condições de acesso e permanência na escola como um princípio. Nesse sentido, estudaremos neste capítulo sobre o movimento histórico e legal que culminou mundialmente no paradigma da Inclusão Escolar. Aprofundaremos um pouco sobre os impactos, os avanços e desafios em nosso país, bem como a importância da Educação Especial e seus serviços na garantia da acessibilidade ao conhecimento. Ao final deste estudo, esperamos que você seja capaz de: • compreender o paradigma da Inclusão Escolar e sua repercussão no Brasil; • empregar os conceitos relacionados à Inclusão Escolar; • ressignificar práticas pedagógicas consoantes com o paradigma da Inclusão Escolar; • atuar com os serviços juntamente aos serviços da Educação Especial e contribuir para a proposição dos recursos necessários para acessibilidade deste público; 1.1 Marcos históricos do movimento mundial pela inclusão escolar e sua repercussão no Brasil 1.2 Educação Especial: aspectos conceituais e práticos 1.3 Educação Especial: seus serviços e recursos 1.4 Considerações finais Objetivos Esquema UNIUBE 3 1.1 Marcos históricos do movimento mundial pela Inclusão e sua repercussão no Brasil As diferenças humanas são constitutivas de cada ser humano, portanto sempre existiram. Porém, muitas destas diferenças foram excluídas da sociedade conforme a literatura apresenta, segundo concepções próprias de cada época, contexto histórico e social. Historicamente desde os primeiros registros sobre a educação é possível verificar a negação de direitos primordiais ao ser humano. Exemplos encontrados em textos da literatura que tratam do tema dão conta de que no século XVII os mendigos, prisioneiros, prostitutas e deficientes recebiam o mesmo tratamento: reclusão e isolamento. Segundo Kirk e Gallagher (1996), na era pré-cristã, tendia-se a negligenciar e a maltratar os deficientes. Na Antiguidade, por não corresponderem aos padrões estéticos, muitos foram abandonados ou eliminados; já com a difusão do Cristianismo, na Idade Média, a deficiência viveu momentos em que os deficientes eram considerados criaturas divinas que não poderiam ser desprezadas ou abandonadas por possuírem alma e em outros momentos representavam forças malignas, por isso deveriam ser eliminados. Esta época foi marcada por atitudes extremas da sociedade que variava entre a proteção e a eliminação, sobressaindo uma visão do aspecto sobrenatural. Segundo Ferreira e Guimarães (2003, p. 65), “os indivíduos epiléticos e psicóticos, por exemplo, eram considerados portadores de possessões demoníacas. Já os cegos eram muitas vezes tidos como profetas ou videntes”. Com a difusão do Cristianismo, passou-se a proteger os deficientes e a compadecer-se deles; e entre os séculos XVIII e XX, foram fundadas instituições para oferecer-lhes uma educação à parte. Nascem as primeiras escolas e classes especiais, sob a premissa da necessidade científica de separar os alunos normais dos anormais. Nesse sentido, no início do século XX ganham importância os testes de QI (Quociente de Inteligência) como parâmetros para determinar o melhor local de escolarização. 4 UNIUBE O caso mundialmente conhecido do “Selvagem de Aveyron” representou um importante registro e uma primeira iniciativa, apresentada em literatura, de tentativa de uma educação voltada para o deficiente, quando da elaboração, pelo médico francês Jean Itard (1774 – 1838), do primeiro programa sistemático de educação especial. Para saber mais, acesse: https://pt.wikipedia.org/wiki/Victor_de_Aveyron PESQUISANDO NA WEB Nesse mesmo período, no Brasil, de acordo com Mazzotta (2001), institucionaliza a Educação Especial com a criação, por parte de D. Pedro II, do Imperial Instituto dos Meninos Cegos (atual Instituto Benjamin Constant), em 1854, e do Imperial Instituto de surdos-mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), em 1857, que funcionam até hoje no Rio de Janeiro. O início do século XX também foi marcado por movimentos de pais e parentes das pessoas com deficiência, reivindicando melhores condições de vida para aqueles que apresentavam alguma “anormalidade”. Porém, a defesa de sua participação na sociedade e a defesa do respeito à sua cidadania não foram suficientes na época para provocar mudanças efetivas na sociedade. 1854 Imperial Instituto dos Meninos Cegos Atual Instituto Benjamin Constant 1857 Imperial Instituto dos Surdos-mudos Atual Instituto Nacional de Educação de Surdos UNIUBE 5 As pessoas com deficiência somente passaram a fazer parte das preocupações dos governos após a Segunda Guerra. Na década de 1950, ocorreu uma considerável expansão das classes e escolas especiais, assim como a criação de instituições filantrópicas, como a Associação de Pais e Amigos do Excepcional – APAE (1954). A partir daí, com o surgimento das escolas e classes especiais, houve uma divisão no sistema educacional brasileiro em dois subsistemas que funcionavam paralelamente: ensino regular e ensino especial. (SILVA, 2009). O crescimento das instituições especiais fortaleceu a segregação dos alunos (Figura 1), assim como aumentou a resistência da sociedade em promover práticas inclusivas, uma vez que a inserção destes alunos em escolas ou classes especiais pouco exigia da sociedade em termos de mudanças em suas atitudese valores, cabendo exclusivamente à pessoa com deficiência adequar-se às exigências do meio social (PESSOTTI, 1984; MAZZOTTA, 2001; JANNUZZI, 2004). As classes especiais se constituíam solução que excluía das escolas comuns os alunos que fracassassem em seus estudos. (SILVA, 2009). Fonte: Getty Images. Acervo Uniube. Figura 1 – Representação da segregação de alunos com deficiência. 6 UNIUBE Somente a partir da década de 1970, alguns estudiosos, baseados na ideia da modificabilidade cognitiva, passaram a acreditar no potencial de aprendizagem da pessoa com deficiência, apontando para o início de uma mudança de paradigma, não mais baseado na segregação do aluno em instituição especializada, mas, sim, na ideia de uma educação fundamentada na possibilidade de que as escolas regulares inserissem todos os alunos, esses foram os primeiros passos rumo à inclusão (PESSOTTI, 1984). A década de 1980 é marcada por políticas públicas norteadas pelos princípios da normalização e da integração. Há um movimento pela inserção das pessoas com deficiência nos sistemas sociais como educação, trabalho, família e lazer, inserção fundamentada no princípio da normalização, ou seja, uma inserção condicionada, em que a pessoa com deficiência deveria se adequar às condições sociais, mais especificamente ao contexto. Um marco para as pessoas com deficiência de todo o mundo acontece em 1981, proclamado pela Organização das Nações Unidas o Ano Internacional das Pessoas Deficientes, tendo como lema “Participação Plena e Igualdade”. IMPORTANTE! Ainda nessa década, são promovidos muitos encontros internacionais em defesa dos direitos desse público e o Brasil passa a incorporar em seus dispositivos legais garantias para essas pessoas e/ou qualquer outra minoria em situação de desvantagem ou vulnerabilidade. Um marco no Brasil é a promulgação da Constituição de 1988 (Figura 2), que garante a democracia e os direitos dos cidadãos, inclusive o direito à educação, estabelecendo como um dos princípios para o ensino a igualdade de condições de acesso e permanência de todos na escola sem qualquer discriminação e garantindo o atendimento educacional às pessoas com UNIUBE 7 deficiência, preferencialmente, na rede regular de ensino. Assim, a partir da Constituição Federal de 1988, toda escola deve atender aos princípios constitucionais, não podendo, portanto, excluir nenhuma pessoa em razão de sua raça, cor, sexo, origem ou deficiência (BRASIL, 1988). Fonte: Getty Images. Acervo Uniube. Nessa perspectiva de que a escola atenda todos e cada um, em 1990 foi divulgada a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, resultado da Conferência Mundial de Educação para Todos, que aconteceu na Tailândia, no mesmo ano. O documento que estabeleceu princípios, diretrizes e normas que direcionaram as reformas educacionais em vários países, o documento defende entre outras coisas: a satisfação das necessidades básicas de aprendizagem; a expansão do enfoque da educação para todos; a universalização do acesso à educação; a oferta de um ambiente adequado para a aprendizagem (BRASIL, 1990a). A partir de então, iniciaram-se no Brasil as primeiras discussões em torno de um paradigma escolar denominado inclusão escolar, em uma reação contrária ao processo de integração. De acordo com Silva (2009), o conceito de inclusão refere-se a uma inserção total e incondicional, reconhece e valoriza as diferenças individuais e preconiza a adequação da escola e da sociedade para atender às necessidades educacionais de seus alunos. IMPORTANTE! Figura 2 – Constituição de 1988. 8 UNIUBE O movimento pela inclusão escolar no Brasil foi intensificado pela Conferência Mundial de Educação Especial, ocorrido em Salamanca, na Espanha, no ano de 1994 em que as discussões impactaram a formulação da Declaração de Salamanca, que reforça os propósitos da oferta educacional destinada a todos os grupos de pessoas, buscando assim “o compromisso de viabilização de uma educação de qualidade, como direito da população, e impõe aos sistemas escolares a organização de uma diversidade de recursos educacionais” (SOUSA; PRIETO, 2002, p.124-125). Propõe ainda a ressignificação da escola com a modificação de seus padrões homogêneos, para oportunizar a todas as pessoas as devidas condições de inserção no sistema Declaração de Salamanca Essa declaração não tem poder legal em si mesmo, mas oferece diretrizes para os Estados- membros das Nações Unidas que podem, ou não, incorporar em suas políticas públicas as orientações ali apresentadas. O Brasil é signatário e incorporou esse documento em suas legislações inclusive na LDB 9394/96. A Declaração de Salamanca é considerada “magna carta” da mudança de paradigma para uma educação inclusiva (Rodrigues, 2001), que deve abranger todos os estratos sociais. Por meio dela, é assegurado que todas as crianças tenham acesso à escola regular, em uma pedagogia centrada na criança. O documento reforça o direito a uma educação de qualidade que considere as características e os interesses únicos de cada educando, evitando-se, assim, discriminações e a exclusão escolar. Na Declaração de Salamanca as orientações e sugestões para ações em nível nacional são organizadas nos seguintes subitens: • Política e Organização. • Fatores Relativos à Escola. IMPORTANTE! UNIUBE 9 • Recrutamento e Treinamento de Educadores • Serviços Externos de Apoio. • Áreas Prioritárias. • Perspectivas Comunitárias e Requerimentos Relativos a Recursos. A partir de então, no Brasil, por parte de muitas escolas e de políticas públicas, iniciam-se ações em prol de uma sociedade mais inclusiva, em um movimento de ressignificação progressiva de paradigmas pedagógicos dentro dos sistemas de ensino. Há um fortalecimento de parcerias com organizações não governamentais, com setores de defesa dos direitos da criança, instituições de saúde e de assistência social. Outro aspecto a ser destacado nesse contexto é a importância que adquire as tecnologias da informação e comunicação (TICs), como ferramentas de acessibilidade para crianças com deficiências ou dificuldades escolares. Em se tratando de deficiência, a terminologia adequada para se referir a esse público é PESSOA com DEFICIÊNCIA (PcD), de acordo com a Portaria nº 2344, de 03 de novembro de 2010, da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, publicada no Diário Oficial da União em 05/11/2010 (nº 212, Seção 1, pág. 4). IMPORTANTE! Apesar de o paradigma da inclusão escolar ter surgido no centro dos debates pelos direitos das pessoas com deficiência, seu conceito é bem mais amplo, esse paradigma defende a inclusão de todos, e não somente das pessoas com deficiência – PcD. Não obstante os avanços legais, as escolas ainda enfrentam desafios importantes para incluir TODAS as crianças sendo para tanto imperiosa uma ressignificação dos conceitos e práticas educacionais, das concepções de aprendizagem e de ensino, uma sensibilização da sociedade, enfim, a eliminação de todas as barreiras. 10 UNIUBE Os princípios basilares da inclusão: a democratização do ensino, universalização da escolarização e flexibilização de seus princípios, métodos e técnicas visam assegurar que todas as crianças e jovens tenham direito ao pleno desenvolvimento humano por meio da educação e possam usufruir com equidade das oportunidades de acesso aos bens disponíveis na sociedade. A inclusão assume compromisso central com os direitos humanos, principalmente daqueles grupos e/ou pessoas que, por razões distintas, se encontram em situação de desvantagem e/ou vulnerabilidade em relação a seus direitos e garantias fundamentais. Educação Especial: aspectos conceituais e práticos 1.2 Como é possível observar no tópico anterior, a última década do século XX foi marcada pelo reconhecimento público e oficial das pessoas em situação de desvantageme/ou vulnerabilidade, o que provocou um movimento político e social por mudanças. A partir da compreensão do que foi o mundo passado e do que significaram todos os movimentos sociais e políticos que nos trouxeram ao movimento da Educação Para Todos, é inevitável perceber que se trata de uma crise de paradigmas, de uma ruptura com uma escola tradicional que adota métodos inflexíveis de ensino e aprendizagem para uma escola que deve aprender a receber e a ensinar de diferentes formas, para sujeitos diferentes e com diferentes especificidades. A inclusão escolar demanda um sistema de ensino que considera todos e cada um, reconhece as diferenças e se organiza para atender às especificidades de cada um, sejam estas diferenças relacionadas à cognição, ao comportamento, às crenças, aos aspectos emocionais, sociais, culturais, étnicos, físicos etc. IMPORTANTE! UNIUBE 11 Uma escola para todos, sem discriminação, assim o novo milênio começa com palavras fortes como justiça social, igualdade de direitos, combate à pobreza, equidade entre gêneros, educação para todos, educação inclusiva, educação digital, diversidade humana e respeito às diferenças, inter-relacionando campos de conhecimento e políticas públicas e se materializando na defesa da educação como um direito incondicional de todos (BRASIL, 1988; BRASIL, 1990a; BRASIL, 1990b; UNESCO, 1994; BRASIL, 1996; BRASIL, 2006b) e na promoção de uma escola como espaço de aprendizagens e convivência com as diferenças (UNESCO, 1994; BRASIL, 1996) e reconhecimento da educação como fundamental à formação humana. Portanto, o Brasil como signatário da Declaração de Salamanca assumiu o compromisso de incluir todas as crianças, independentemente de suas dificuldades. No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, publicada logo após a promulgação da Declaração de Salamanca, trouxe muitos avanços, entre eles destacamos uma nova compreensão da Educação Especial que deixa de ser compreendida como sistema de ensino, sendo assim, a partir da LDB 9394/96, o Brasil passa a ter somente o sistema de ensino regular. Nessa nova concepção, a Educação Especial passa a se configurar modalidade transversal de ensino, transversalizando todos os níveis de ensino, desde a Educação Básica até o Ensino Superior. A Educação Especial torna-se responsável pela oferta de serviços e recursos necessários para inclusão escolar de um público específico, definido pela Política Nacional de Educação Especial – PNEE (2008) como os alunos com deficiências, transtornos do espectro autista e altas habilidades/ superdotação. Nesse cenário, a Educação Especial passa ainda a se configurar como campo de conhecimento sobre as especificidades de seu público e sobre os recursos e adequações específicos para cada caso e tem seus conhecimentos incorporados em disciplinas e/ou módulos específicos nos cursos de formação inicial e continuada. 12 UNIUBE A LDB 9394/96 preconiza ainda que: • os sistemas de ensino deverão assegurar currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica para atender às necessidades dos alunos; • a possibilidade de avanço dos alunos nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado, como responsabilidade da escola; • orienta para a necessidade da preparação dos professores e da organização e disponibilização de recursos adequados para atender à diversidade dos alunos. Em termos legais a Educação Especial no Brasil encontra-se de certa forma bem amparada, no entanto a efetivação das garantias legais ainda representa importante desafio uma vez que são poucos os alunos com deficiência que têm acesso à escola, e os poucos que nela estão encontram ainda grandes dificuldades para alcançar o sucesso escolar. O insucesso se deve a vários fatores sejam barreiras do contexto, falta de acessibilidade ao ambiente educacional ou ao currículo, o que ainda é agravado por atitudes e posicionamentos contraditórios em que a deficiência muitas vezes é compreendida como incapacidade de aprendizagem e desenvolvimento ou como culpada pelo insucesso escolar. Isso impacta o fato de esse público engrossar a fila dos que não se sobressaem na escola, situação que passa a ser rotineira e normal para a escola, que assim deixa de se questionar sobre seus procedimentos e métodos didático-pedagógicos, bem como sobre a atuação docente no processo de ensino e aprendizagem. Em contrapartida, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº. 2/2001, determinam no art. 2º que: UNIUBE 13 Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educativas especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos (BRASIL, 2001b). Essa Resolução compreende a Educação Especial como processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegura um conjunto de recursos e serviços educacionais especiais para garantir a inclusão escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos alunos, caracterizados como seu público. Acrescenta ainda que os sistemas de ensino são responsáveis por garantir a modalidade de Educação Especial em seus espaços escolares com a oferta de recursos humanos, materiais e financeiros para viabilizar e sustentar o processo de construção da educação inclusiva para esse público. Nesse sentido, a Convenção da Guatemala (BRASIL, 2001a), promulgada no Brasil pelo Decreto nº. 3.956/2001, reafirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas e define discriminação como: [...]1 toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, antecedente de deficiência, consequência de deficiência anterior ou percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou o propósito de impedir ou anular o reconhecimento, o gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais (BRASIL, 2001a,p. 3). Vale mencionar a repercussão, na educação, desse decreto ao reinterpretar a Educação Especial, compreendida como campo de conhecimentos e oferta de serviços e recursos para eliminação das barreiras que impeçam o acesso à escolarização. Ainda de acordo com este documento, qualquer impedimento do direito à sua escolarização nas turmas comuns do ensino regular se configura discriminação com base na deficiência (BRASIL, 2001a). Observe a Figura 3: 14 UNIUBE Em 2006, a ONU aprova a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da qual o Brasil é signatário. Essa Convenção desloca a ideia da limitação até então presente na pessoa para a sua interação com o ambiente, ou seja, desloca a atenção para a relação/interação com a pessoa com deficiência, para atitudes e ambientes, os quais, ao produzirem barreiras, podem impedir sua plena participação cidadã. A Convenção define assim no artigo 1º que: Pessoas com deficiências são aquelas que têm impedimento de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais em interação com diversas barreiras podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas (p. 3). Fonte: Getty Images. Acervo Uniube. Figura 3 – Inclusão escolar: direito de todos à escola regular. Limitação presente na PESSOA Limitação presente no AMBIENTE UNIUBE 15 Retomando os conceitos básicos: a Educação Especial perde sua condição de substitutiva do ensino comum e deve ser compreendida como campo de conhecimento e modalidade transversal de ensino que perpassa todos os níveis educacionais desde a Educação Infantil ao Ensino Superior com a oferta serviços, recursos e conhecimentos para assegurar aos estudantes com deficiência, TEA e altas habilidades a acessibilidade aos espaços educacionais e ao currículo escolar, comaprendizado e desenvolvimento. A Educação Especial deve, portanto, para garantir sua transversalidade no ensino, estar presente em todas as etapas do ensino básico e superior, com objetivo complementar e/ou suplementar na formação do seu público, desde a educação infantil até a educação superior. É imprescindível que a Educação Especial esteja assegurada no Projeto Político Pedagógico de todas as escolas, por meio de seus serviços e recursos, o PPP precisa ainda asseverar salas de recursos multifuncionais (SRM) para viabilizar o atendimento educacional especializado – AEE aos alunos. Desenvolvimento Inclusão escolar de estudantes com deficiência, TEA e altas habilidades Acessibilidade ao currículo escolar Acessibilidade aos espaços escolaresAprendizagem 16 UNIUBE As salas de recursos multifuncionais (SRM) são espaços que precisam ser organizados e disponibilizados em todas as instituições educacionais, com mobiliário, materiais didáticos e pedagógicos, recursos de acessibilidade e equipamentos específicos para o atendimento dos estudantes, público da Educação Especial e que necessita do Atendimento Educacional Especializado – AEE no contraturno escolar. A organização e a administração deste espaço são de responsabilidade da gestão escolar, conforme as legislações oficiais como as Diretrizes Nacionais da Educação Especial na Educação Básica (MEC, 2001b), PNEE (2008), entre outras. EXEMPLIFICANDO! A PNEE (2008) orienta aos sistemas de ensino a necessidade de, além de ofertar os serviços da Educação Especial, esses sistemas de ensino precisam ainda assegurar a continuidade dos estudos para o público da Educação Especial, garantir o acesso a níveis mais elevados de ensino, e promover a articulação intersetorial (saúde, assistência social, etc) na implementação das políticas públicas inclusivas conforme a especificidade desses estudantes. O documento propõe também um currículo flexível e dinâmico, e não uma adaptação curricular como nas leis anteriores. Reafirmando a luta por uma sociedade cada vez mais inclusiva com a garantia dos direitos humanos fundamentais, foi promulgada recentemente a Lei 13.146/2015 – Lei Brasileira de Inclusão, conhecida também como Estatuto da Pessoa com Deficiência, que reafirma o compromisso brasileiro com a defesa da inclusão, do direito à cidadania, da eliminação das barreiras e do acesso de todos aos direitos sociais. Essa lei reconhece em seu art. 2o a pessoa com deficiência como aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (BRASIL, 2015). UNIUBE 17 Nesse contexto é necessário depreender que quando o direito do cidadão não está assegurado na cultura da sociedade deve estar garantido em lei, para ser efetivamente consolidado. Em termos legais muito se avançou. No Brasil, desde a promulgação da Constituição Federal muito se caminhou no sentido de promover a inclusão das pessoas e na defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. Mas ainda é preciso repensarmos nossas ações e concepções. Analisarmos a necessidade de se elaborar e decretar leis que garantam direitos de pessoas e deveres de outras, leis que propagam a convivência com a diferença – diferença esta que é própria dos seres humanos – e com a qual se deveria aprender a lidar desde sempre, sem necessariamente precisarmos de uma lei para assegurar esta convivência. Assim, é preciso rever concepções e atitudes diante da diferença, do aluno real, da complexidade humana. A inclusão perpassa por mudança de perspectiva e de olhar, mudança interna, ressignificação do eu e do outro. Pelo respeito, pela cooperação, pela consideração, pela democracia, enfim, carece nos tornarmos mais humanos! A partir das leituras realizadas até aqui, você compreendeu os conceitos de Educação Inclusiva e de Educação Especial? AGORA É A SUA VEZ A inclusão é um paradigma que defende a garantia dos direitos e liberdades fundamentais de todos e de cada um, fundamentada na garantia dos direitos humanos. A inclusão escolar tem como princípios orientadores a universalização e a democratização da escolarização, a garantia ao acesso de todos e de cada um à escola regular. A inclusão escolar é para todos. 18 UNIUBE Educação Especial: seus serviços e recursos1.3 Primeiramente, é imperioso compreender que Educação Especial não é o Atendimento Educacional Especializado – AEE. Como já estudamos nos tópicos anteriores, a Educação Especial é um conjunto de conhecimentos, recursos e serviços que tem por objetivo viabilizar, auxiliar e promover a inclusão educacional do seu público. E nesse sentido, o AEE representa um dos vários serviços oferecidos por esta modalidade; estudaremos sobre cada um logo adiante. Para a efetivação e aplicação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de 2008, os sistemas de ensino de todo o país precisam organizar “as condições de acesso aos espaços, aos recursos pedagógicos e à comunicação que favoreçam a promoção da aprendizagem e à valorização das diferenças, de forma a atender às necessidades educacionais de todos os alunos” (BRASIL, 2008, p.12). Assim, a Educação Especial oferta os seguintes serviços no contexto da escola regular: A oferta, a organização e a garantia destes serviços precisam ser apresentadas e descritas tanto no Regimento Escolar como no Projeto Político Pedagógico das escolas de ensino regular. Portanto, estes documentos devem prever em sua estrutura e organização os serviços da Educação Especial, sendo de responsabilidade dos gestores o acompanhamento sistemático no que se refere a funcionamento, profissionais, estudantes, pais e comunidade escolar etc. Atendimento Educacional Especializado Tradução e interpretação em Libras Profissional de apoio escolar Guia-intérprete UNIUBE 19 Deve ainda estar assegurada nestes documentos a sala de recursos multifuncionais com espaço físico, mobiliário, materiais didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade e equipamentos específicos; conforme assevera a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) e as Diretrizes Operacionais da Educação Especial na Educação Básica (2009). 1.3.1 Atendimento Educacional Especializado – AEE O AEE é um dos serviços da Educação Especial e acontece nas Salas de Recursos Multifuncionais (SRMs) e nos demais ambientes escolares. Tem por objetivo complementar e/ou suplementar a formação dos alunos de modo a desenvolver suas potencialidades, sua autonomia e independência dentro e fora da escola e ainda é responsável por “identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos estudantes, considerando suas necessidades específicas” (BRASIL, 2009, p.10). Este atendimento não apresenta caráter substitutivo à escolarização e, portanto, é organizado e estruturado de forma diferente da sala de aula, com atividades diferentes em seu objetivo e estrutura daquelas ofertadas na classe comum. As atividades desenvolvidas pelo AEE diferenciam-se daquelas oferecidas e organizadas para sala de aula comum por priorizar o desenvolvimento das funções cognitivas, das funções executivas, da acessibilidade, da autonomia e da eliminação de barreiras ao espaço e ao conhecimento. Assim: Dentre as atividades de atendimento educacional especializado são disponibilizados programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização e tecnologia assistiva. (BRASIL, 2008, p.10). O Atendimento Educacional Especializado – AEE é responsável ainda por oferecer os recursos necessários para que o estudante tenha acesso aos conteúdos ministrados em sala de aula. De acordocom o Decreto nº 7611 de 2011, entre os objetivos do AEE estão: 20 UNIUBE • prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e garantir serviços de apoio especializados de acordo com as necessidades individuais dos estudantes; • fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem e • assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas e modalidades de ensino. (BRASIL, 2011, p. 1). O AEE, como já vimos, é um dos serviços da Educação Especial de caráter complementar e/ou suplementar, organizado e estruturado da seguinte maneira: Quanto ao espaço: as Salas de Recursos Multifuncionais – SRMs são ambientes organizados, de acordo com Ropoli (2010), com equipamentos, mobiliários e recursos pedagógicos e didáticos específicos ao atendimento dos estudantes público da Educação Especial. No que diz respeito ao quadro de profissionais que realizam Atendimento Pedagógico do AEE esse quadro é composto por professor de AEE e por instrutor/professor de Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS no caso de alunos com surdez. Sobre o atendimento, esse pode ser realizado individualmente ou em pequenos grupos, em turno inverso àquele que o aluno frequenta a classe comum. As atividades e/ou conteúdos precisam ser organizados e desenvolvidos de acordo com as necessidades específicas de cada aluno, abrangendo: Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, Língua Portuguesa como segunda língua para estudantes com surdez, informática acessível, sistema Braille, uso do Soroban, técnicas para a orientação e mobilidade (OM), Comunicação Aumentativa e Alternativa – CAA, Atividades de Vida Autônoma (AVA), alternativas de comunicação para estudantes surdocegos, orientação para o uso de recursos ópticos e não ópticos, uso dos recursos de Tecnologia Assistiva – TA, atividades de enriquecimento UNIUBE 21 curricular para as altas habilidades/superdotação e atividades para o desenvolvimento da tríade funcional da aprendizagem humana: funções cognitivas, funções executivas e conativas. Orientação e Mobilidade (OM): referem-se a um conjunto de técnicas e estratégias que auxiliam a pessoa na sua orientação e locomoção nos espaços de forma orientada e segura para conhecer o seu entorno e dele usufruir e com ele familiarizar-se e interagir (BRASIL, 2010). Definidas pelo MEC como: Orientação – Habilidade do indivíduo para perceber o ambiente que o cerca, estabelecendo as relações corporais, espaciais e temporais com esse espaço, através dos sentidos remanescentes. Mobilidade – capacidade do indivíduo de se mover, reagindo a estímulos internos ou externos, em equilíbrio estático ou dinâmico. (BRASIL, 2006c, p. 98 e 99). Tecnologia Assistiva (TA): termo utilizado para identificar uma variedade de equipamentos, estratégias, recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência. Definido pelo Comitê de Ajudas Técnicas (CAT, 2007) como: Área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (BRASIL, 2007, p.3). Os recursos podem ser desde uma bengala até um sistema computadorizado complexo, ou seja, recursos se referem a todo e qualquer item utilizado para aumentar, manter ou melhorar as capacidades funcionais de pessoas com deficiência. E serviços são prestados profissionalmente, auxiliando diretamente a pessoa com deficiência. AMPLIANDO O CONHECIMENTO 22 UNIUBE Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA): área da Tecnologia Assistiva, constituída por vários métodos que se destinam à ampliação de habilidade de comunicação destinada a pessoas sem fala ou sem escrita funcional ou em defasagem nas habilidades comunicacionais. Utiliza outros canais de comunicação diferentes da fala: gestos, sons, expressões faciais e corporais etc. Envolve habilidades de expressão e compreensão organizadas e construídas com auxílio externo: cartões e/ou pranchas de comunicação, pranchas alfabéticas e de palavras, vocalizadores ou o próprio computador que contribui por meio de software específico, construído de forma personalizada considerando as especificidades da pessoa. Atividades de Vida Autônoma (AVA): nomenclatura alterada e utilizada desde 2008 pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Refere-se ao conjunto de habilidades desempenhadas rotineiramente visando à independência, segurança, autonomia e convivência social da pessoa com deficiência em todos os ambientes relacionais, de maneira individual e coletiva. Para atender aos seus objetivos e efetivar sua função de complementaridade e/ou suplementaridade, o AEE ainda deve acontecer por meio do assessoramento do AEE à classe comum. Trata-se de um movimento do professor do AEE, realizado para o estudante e o professor, para/com o professor, referendado pelo Decreto nº 7.611/2011. Acontece por meio da articulação entre o professor do AEE com os gestores e professores da classe comum, contempla a organização e disponibilização de serviços, recursos pedagógicos e de acessibilidade e estratégias de flexibilização e adequação para participação dos estudantes nas atividades escolares. Para tanto, o professor do AEE precisa observar, orientar e acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros ambientes da escola, em parceria com os professores da sala regular e gestores. UNIUBE 23 1.3.2 Demais serviços: – Tradução e Interpretação de LIBRAS Nos capítulos adiante, ao estudarmos o tema referente à inclusão escolar do estudante com surdez, iremos aprofundar um pouco mais sobre este serviço de tradução e interpretação de LIBRAS, serviço que de acordo com as legislações brasileiras (PNEE 2008, Decreto nº 5.626/2005, LBI 13.146/2015, entre outras) deve ser disponibilizado a todos os alunos com surdez na rede regular de ensino. A Educação Especial prevê a oferta de 03 momentos didático-pedagógicos para o estudante com surdez, como parte integrante dos serviços do AEE e que, portanto, devem acontecer no contraturno do ensino regular, na sala de recursos multifuncionais (SRMs) quais sejam: AEE em LIBRAS, AEE de LIBRAS e AEE de Língua Portuguesa. Para conhecimento, o AEE em Língua Portuguesa e o AEE em LIBRAS são ofertados pelo professor do AEE com objetivo de ensinar ao aluno com surdez a Língua Portuguesa a partir da LIBRAS. Para oferta do AEE de LIBRAS há necessidade de um instrutor ou professor de LIBRAS, preferencialmente uma pessoa com surdez, com o objetivo de ensinar ao aluno essa língua. Além dos três movimentos pedagógicos que precisam ser ofertados pelo AEE, a Educação Especial oferta ainda outro serviço para os alunos com surdez, que é o Intérprete Educacional/Intérprete de LIBRAS. Trata-se de um profissional ouvinte que atua como intérprete do estudante com surdez em sala de aula e em todos os momentos no contexto escolar que demandem a interlocução entre ouvintes e a pessoa com surdez, de forma a promover e ampliar as habilidades comunicacionais funcionais dos alunos com surdez, no próprio turno de escolarização do aluno. 24 UNIUBE – Profissional de apoio escolar: Para contribuir para o apoio necessário ao estudante público da Educação Especial, a LBI assegura o profissional de apoio escolar, para exercer atividades de alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência, bem como mediação durante a realização das atividades escolares, tanto em instituições públicas quanto privadas, em todos os níveis emodalidades de ensino, sempre que comprovada a necessidade, conforme Lei 12.764, de 27 de dezembro de 2012. A análise e comprovação da necessidade ou não do acompanhamento do profissional de apoio escolar ao estudantes é de caráter pedagógico e não clínico, ou seja, os profissionais do AEE, juntamente com a equipe de profissionais da escola, irão analisar cada caso para verificar a necessidade e a intensidade do apoio, conforme veremos nos capítulos a seguir quando tratarmos do público da Educação Especial. Esse apoio ocorrerá sempre em conformidade com as necessidades apresentadas pelo estudante e relacionadas à condição de funcionalidade e não à condição de deficiência. O mesmo profissional pode disponibilizar o apoio necessário a mais de um estudante segundo a estrutura e necessidades apresentadas pelos alunos no contexto educacional. – Guia-intérprete Profissional que atua na mediação da comunicação de pessoas surdocegas, interpretando de acordo com as modalidades de comunicação específicas utilizadas pela pessoa surdocega (Língua Oral Amplificada, Escrita na Palma da Mão, Alfabeto Manual Tátil, Língua de Sinais Tátil, Sistema Braile Tátil ou Manual, Língua de Sinais em Campo Reduzido, entre outras), facilitando sua mobilidade e promovendo o acesso nas situações de comunicação em que está atuando. O trabalho do guia-intérprete possibilita junto à pessoa surdocega interação, acesso ao lazer, trabalho, educação, conhecimento de objetos, pessoas, favorecendo suas tomadas de decisões de maneira autônoma e efetivando seu direito de cidadão pleno. Essa profissão foi recentemente reconhecida pela Lei 12.319 de 2010. UNIUBE 25 A Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-intérpretes de Língua de Sinais – FEBRAPILS e Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos – FENEIS esclarecem que esse profissional atua nos processos de mediação e interação do surdocego com o meio, permitindo-lhe o acesso à informação, locomoção e comunicação, por meio de um sistema linguístico de acordo com as modalidades de comunicação específicas utilizadas pela pessoa surdocega (Língua Oral Amplificada, Escrita na Palma da Mão, Alfabeto Manual Tátil, Língua de Sinais Tátil, Sistema Braile Tátil ou Manual, Língua de Sinais em Campo Reduzido, entre outras). Nesse sentido, o guia-intérprete representa um elemento de mediação com o mundo e deve passar pelo processo de formação e de prática a fim de desenvolver o domínio das Técnicas de Interpretação e da função de Guia-Interpretação, para que o objetivo da sua atuação seja alcançado de forma efetiva. IMPORTANTE! Seguem, a seguir, alguns dos principais documentos oficiais que tratam do direito de todos à educação e que, ao longo do tempo, consolidam a inclusão escolar como paradigma mundial em defesa dos direitos de todos e de cada um. CONVENÇÕES E DECLARAÇÕES DA ONU SOBRE A PESSOA COM DEFICIÊNCIAS. Disponíveis em: http://www.ampid.org.br/ampid/Docs_PD/ Convencoes_ONU_PD.php. Acesso em: 29 jan. 2020. DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/ seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf. Acesso em: 29 jan. 2020. DECRETO nº. 3.956/2001. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decreto/2001/D3956.htm Acesso em: 29 jan. 2020. PESQUISANDO NA WEB 26 UNIUBE DECRETO nº 5.626/ 2005. Disponível em: https://www2.camara.leg. br/legin/fed/decret/2005/decreto-5626-22-dezembro-2005-539842- publicacaooriginal-39399-pe.html. Acesso em: 29 jan. 2020. DECRETO LEGISLATIVO 186/2008. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/Congresso/DLG/DLG-186-2008.htm Acesso em: 29 jan. 2020. DECRETO nº 7611 de 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7611.htm Acesso em: 29 jan. 2020. DIRETRIZES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA, disponível em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes. pdf . Acesso em: 29 jan. 2020. Acesso em: 29 jan. 2020. LDB 9.394/96 – LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&vi ew=article&id=12907:legislacoes&catid=70:legislacoes. Acesso em: 29 jan. 2020. LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm Acesso em: 29 jan. 2020. LEI 10.098/00. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2000/ lei-10098-19-dezembro-2000-377651-publicacaooriginal-1-pl.html Acesso em: 29 jan. 2020. POLÍTICA NACIONAL DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA, disponível em http://portal.mec.gov.br/arquivos/ pdf/politicaeducespecial.pdf. Acesso em: 29 jan. 2020. UNIUBE 27 PORTARIA SEDH Nº 2.344, DE 3 DE NOVEMBRO DE 2010. Disponível em: https://www.udop.com.br/download/legislacao/trabalhista/pcd/port_2344_ pcd.pdf Acesso em: 29 jan. 2020. PORTARIA nº 3.284, de 7 de novembro de 2003. Disponível em: http://portal. mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/port3284.pdf Acesso em: 29 jan. 2020. RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 2, DE 11 DE SETEMBRO DE 2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf Acesso em: 29 jan. 2020. RESOLUÇÃO CNE/CEB nº 4/2009. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/ dmdocuments/rceb004_09.pdf Acesso em: 29 jan. 2020. Conhecer as políticas públicas educacionais é fundamental para o profissional da educação, afinal, são elas que regulam, asseguram, consolidam e intervêm de maneira conceitual e prática na ação docente e na organização do trabalho no contexto das escolas. Considerações finais1.4 A inclusão representa um paradigma que considera a inclusão total e incondicional das diferenças na escola, apontando para a necessidade de adequação da escola e da sociedade. Atentando para a grande conquista que a inclusão representa e os inúmeros desafios que dela surgem, discutimos neste estudo os marcos históricos e legais da inclusão escolar e da Educação Especial. Consideramos a Educação Especial enquanto modalidade transversal de educação que, por meio da oferta de seus recursos e serviços, visa à complementaridade e suplementaridade para contribuir para com o desenvolvimento e aprendizado dos estudantes com deficiências, transtornos do espectro autista e daqueles superdotados/altas habilidades, objetivando tornar os espaços escolares e o currículo acessíveis. 28 UNIUBE A inclusão escolar prevê a ressignificação da escola, de tal modo que se conceba como prioridade a modificação de padrões considerados até então homogêneos, para atender à prerrogativa da educação para todos, oportunizando às pessoas com diferentes necessidades as devidas condições de inserção no sistema educacional. O que está em questão é o processo de transformação da escola regular, o que supõe confronto com valores há muito arraigados na organização do trabalho escolar. Uma transformação que necessita ultrapassar a lógica classificatória e seletiva como condição para a concretização do direito de todos à educação. A universalização do acesso à educação básica e a viabilização de uma trajetória escolar que possibilite o desenvolvimento de todos os alunos supõem uma escola capaz de acolher as diferenças, o que implica ressignificação de concepções e práticas usualmente dominantes na escola e nos sistemas de ensino (PRIETO; SOUSA, 2006). Sendo assim, desejamos que esses estudos sejam significativos à sua prática profissional. Resumo A Inclusão é um paradigma mundial em prol da garantia dos direitos e liberdades fundamentais de todos os seres humanos e de condições de acesso incondicional. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 já apresentava seus princípios muito antes do tema se tornar o centro de debates em nosso país. O princípio da inclusão é a defesa dos direitos humanos e o compromisso com grupos e/ou pessoasque, por razões distintas, encontram-se em situação de vulnerabilidade em relação a seus direitos e liberdades fundamentais. Já a inclusão escolar ganhou legitimidade no Brasil a partir da promulgação da LDB 9394/96, que consolida os preceitos de uma educação para TODOS em um único sistema de ensino. Além disso, ela avança ao considerar a Educação Especial como modalidade responsável pela UNIUBE 29 oferta de serviços, conhecimentos e recursos necessários à inclusão escolar de estudantes com deficiência, TEA e Altas Habilidades/Superdotação. A Educação Especial se configura importante iniciativa na promoção da inclusão desses estudantes, por contribuir para com seu desenvolvimento, aprendizado, acesso e permanência por meio de recursos, conhecimentos e serviços e por auxiliar a escola a romper com as barreiras do contexto. São princípios fundamentais da inclusão escolar a democratização do ensino, a universalização da escolarização e a flexibilização de seus princípios, métodos e técnicas, com vias a assegurar a todas as crianças e jovens o direito ao pleno desenvolvimento humano por meio da educação e a equidade nas oportunidades e no acesso aos bens disponíveis na sociedade A Educação Inclusiva representa, portanto, um movimento mundial que presume ações políticas, culturais, sociais e pedagógicas para a garantia dos direitos humanos e da democratização e a universalização do ensino para TODOS, sem distinção. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidência da República, 1988. BRASIL. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. UNESCO, Jomtiem/ Tailândia, 1990a. BRASIL. Lei Federal nº 8069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 1990b. BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Casa Civil, 1996. BRASIL. Decreto nº 3.956, de 8 de outubro de 2001. Promulga a Convenção Interamericana para a eliminação de todas as formas de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência. Brasília: DF, 2001a. 30 UNIUBE BRASIL. Diretrizes Nacionais da Educação Especial na Educação Básica, 2001b. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf. Acesso em: 29 jan. 2020. BRASIL. Resolução nº 2, de 11 de setembro de 2001. Brasília: CNE/CEB, 2001c. BRASIL. ONU. Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência. Brasília: DF, 2006a. BRASIL. Sala de recursos multifuncionais: espaços para o Atendimento Educacional Especializado. Brasília: MEC/SEESP, 2006b. BRASIL. Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos cegos e de alunos com baixa visão. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006c. BRASIL. Comitê de ajudas técnicas - CAT. Portaria n° 142, de 16 de novembro de 2007. Disponível em: http://www.galvaofilho.net/livro-tecnologia-assistiva_CAT.pdf. Acesso em: 29 jan. 2020. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF, jan. 2008. [Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela portaria n. 555/ 2007, prorrogada pela portaria n. 948/2007, entregue ao ministro da Educação em 7 de janeiro de 2008]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/ pdf/politicaeducespecial.pdf. Acesso em: 08 fev. 2020. BRASIL. RESOLUÇÃO Nº 4, DE 2 DE OUTUBRO DE 2009. 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Seus princípios são a democratização, a universalização e a flexibilização dos princípios, métodos e técnicas, o que é desafiador para as escolas, uma vez que desconstrói antigas e tradicionais práticas excludentes e rompe com paradigmas educacionais que marcaram a sociedade no passado. Nessa perspectiva, estudaremos sobre o processo de inclusão escolar dos estudantes, público da Educação Especial considerados na Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 2008), as pessoas com deficiências, Transtornos do Espectro Autista, Altas Habilidades e/ou Superdotação. Partimos da premissa que o direito à educação se refere não somente ao acesso e a permanência dos alunos no contexto das escolas, mas na promoção do aprendizado em um espaço que considere as diferenças individuais em suas práticas pedagógicas e que promova o desenvolvimento pleno 34 UNIUBE da pessoa, na defesa da garantia dos direitos assegurados na Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/1996 (LDBN). Neste capítulo estudaremos alguns aspectos a serem considerados, repensados, ressignificados e/ou reorganizados para que a escola não deixe ninguém de fora, para que todas as crianças aprendam, independentemente de quaisquerdiferenças que possam ter. Estudaremos ainda adequações e flexibilizações necessárias na estrutura, na organização, nas metodologias, nas estratégias de ensino e nas práticas avaliativas para que todos participem e se desenvolvam a partir de uma escola real, de um aluno real e de especificidades que são reais e complexas, tanto como complexo é o ser humano. Esperamos que, ao final deste estudo, você seja capaz de: • analisar e conhecer alguns aspectos relevantes do processo de escolarização que precisam ser repensados, ressignificados e/ou reorganizados, substituindo práticas segregativas por práticas inclusivas; • fomentar a reflexão, a pesquisa e os saberes em prol de uma educação inclusiva, com equidade no acesso na permanência e no aprendizado. 2.1 Educação Inclusiva: Compromisso de todos e de cada um 2.2 Adequações e flexibilizações: uma perspectiva inclusiva 2.3 Acessibilidade e eliminação de barreiras 2.4 Processo formativo e avaliativo do público da Educação Especial 2.5 Considerações finais Objetivos Esquema UNIUBE 35 Educação Inclusiva: compromisso de todos e de cada um2.1 O paradigma da inclusão pressupõe que a escola atenda a todos os estudantes, sem discriminação ou segregação, organize seus espaços e tempos educacionais para todos e cada um, flexibilize e disponha de metodologias e práticas inclusivas, considerando ante o processo educacional as diferenças individuais. O que representa importante desafio educacional, por demandar ressignificação dos conceitos e práticas educacionais, reflexão sobre os princípios e práticas educativas e repensar os objetivos educacionais. A inclusão é exatamente a mudança de paradigma da escola. A escola se entupiu do formalismo da racionalidade e cindiu-se em modalidades de ensino, tipos de serviço, grades curriculares, burocracia. Uma ruptura de base em sua estrutura organizacional, como propõe a inclusão, é uma saída para que a escola possa fluir, novamente, espalhando sua ação formadora por todos os que dela participam. (MANTOAN, 2003 p. 12). Tais mudanças perpassam pelo desafio pessoal, profissional, institucional, político e pedagógico e envolvem desde a reformulação do currículo escolar da educação básica até cursos de formação de professores, para que a educação seja capaz de atender às demandas e necessidades de todos. Para Mantoan (2003): Essa reviravolta exige, em nível institucional, a extinção das categorizações e das oposições excludentes (iguais X diferentes, normais X deficientes) e, em nível pessoal, que busquemos articulação, flexibilidade, interdependência entre as partes que se conflitavam nos nossos pensamentos, ações e sentimentos. Essas atitudes diferem muito das que são típicas das escolas tradicionais em que ainda atuamos e em que fomos formados para ensinar. Se o que pretendemos é que a escola seja inclusiva, é urgente que seus planos se redefinam para uma educação voltada para a cidadania global, plena, livre de preconceitos e que reconhece e valoriza as diferenças. (MANTOAN, 2003, p. 14). 36 UNIUBE São necessárias transformações subjetivas dos conceitos, das atitudes, das concepções, que se caracterizam como a principal barreira para a inclusão, barreiras atitudinais. Em uma filosofia transformadora, que considera as diferenças em um espaço real, organizado para um aluno real, com características, estilos e ritmos próprios de aprendizagem. Para tanto é necessário corrigir desigualdades próprias das sociedades de classe, aproximar grupos ou categorias marginalizadas, organizar a oferta dos serviços educacionais a todos. Nessa perspectiva, em nosso país, além da Constituição Federal, há muitos outros documentos legais com dispositivos relevantes a respeito do direito à educação: Decreto Legislativo n. 592/ 1992; Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.394/96), Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90), Plano Nacional de Educação (Lei n. 10.172/2001), Lei 13.146/2015 – Lei Brasileira de Inclusão, entre outros, que juntamente com a Constituição Federal preveem uma sociedade com escolas abertas a todos, em qualquer etapa ou modalidade, bem como o acesso a níveis mais elevados de ensino. Quem é o público da Educação Especial, conforme PNEE (2008)? AGORA É A SUA VEZ Conforme estudamos no capítulo 1, a partir da promulgação da LDB (9.394/96), a Educação Especial deixa de ser reconhecida como sistema de ensino paralelo. Seguindo os preceitos da Declaração de Salamanca (1994), a Educação Especial passa a ser compreendida como campo de conhecimento e modalidade transversal de ensino para oferta de serviços e recursos de apoio à inclusão escolar para aqueles estudantes considerados público da Educação Especial conforme a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEE, 2008), quais sejam: estudantes com deficiências, Transtornos do Espectro Autista e aqueles com Altas Habilidades e/ou Superdotação. UNIUBE 37 Nessa vertente, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) foi elaborada segundo os preceitos de uma escola em que cada estudante tenha possibilidade de aprender, a partir de suas aptidões e capacidades, por meio de práticas educacionais organizadas, considerando todos e cada um. Esse documento compreende a necessidade de uma ressignificação da dinâmica pedagógica, dos processos de ensino e aprendizado, dos currículos, das expectativas de aprendizagem, enfim, das dimensões que interferem direta ou indiretamente nos resultados educativos. Organizar a inclusão escolar para esse público requer a oferta de recursos e estratégias que garantam o acesso ao conhecimento (adequações de atividades, flexibilização de tempo, flexibilização curricular); a acessibilidade ao ambiente e às comunicações e o comprometimento e colaboração de todos os envolvidos para com o processo de ensino, aprendizagem e desenvolvimento do estudante. Garantindo os princípios da igualdade, equidade, autonomia, independência, equiparação de oportunidades, com o comprometimento de todos em atitude de parceria e colaboração em prol de garantir os direitos fundamentais de todos e de cada um. Autores como Werneck, Omote, Sassaki e Mantoan defendem a conscientização sobre a diferença humana, para atender às necessidades básicas de cada um, das maiorias às minorias, dos privilegiados aos marginalizados. Na sociedade inclusiva não há lugar para atitudes como “abrir espaço para deficientes” ou “aceitá-los”, num gesto de solidariedade, e depois bater no peito ou mesmo ir dormir com a sensação de ter sido muito bonzinho. (WERNECK, 1998, p.22). Sassaki (1997; 2006; 2007; 2009) fala em adequação da sociedade para que o processo de inclusão se realize, Mantoan (1989; 1997; 2003) destaca o conceito de autonomia como finalidade da educação. Essa autonomia é definida por Sassaki, como condição de domínio no ambiente físico e social, preservando ao máximo a privacidade e 38 UNIUBE a dignidade da pessoa que a exerce. Todos esses autores citados e outros tantos convergem para o fato de que a inclusão na vida escolar é fundamental para o desenvolvimento e a garantia dos direitos de qualquer cidadão comum. Parte do reconhecimento de que todos são diferentes uns dos outros, como são diferentes suas potencialidades, preferências e necessidades. Essas diferenças dependem e são produto da interação das características biológicas com que cada um de nós vem equipado (genéticas, hereditárias e adquiridas após o nascimento), do nível de desenvolvimento real em que cada um de nós se encontra e do significado que atribuímos às situações que vivemos em nosso cotidiano. (BRASIL, 1986, p. 30). Na perspectiva da Educação Inclusiva são considerados os ritmos, estilos e tempos de aprendizagem, é reconhecida a importância do desenvolvimento da autonomia dos estudantes, a aquisição de valores,
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