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Racismo no Brasil
No Brasil é conformado por mais de três séculos de escravidão e por teorias racialistas que fizeram parte da construção da identidade nacional. Após a abolição, a ausência do Estado na integração da população negra por meio do fornecimento de condições materiais e políticas para sua participação em uma sociedade livre garantiu a sobrevivência e ressignificação da mentalidade e prática escravocrata nas estruturas da república.
Como disse assertivamente Joaquim Nabuco, político abolicionista: "O nosso caráter, temperamento, a nossa moral acham-se terrivelmente afetados pelas influências com que a escravidão passou 300 anos a permear a sociedade brasileira (...) enquanto essa obra não estiver concluída, o abolicionismo terá sempre razão de ser".
O que é racismo?
O racismo é o ato de discriminar, isto é, fazer distinção de uma pessoa ou grupo por associar suas características físicas e étnicas a estigmas, estereótipos, preconceitos. Essa distinção implica um tratamento diferenciado, que resulta em exclusão, segregação, opressão, acontecendo em diversos níveis, como o espacial, cultural, social. Conforme definição do Artigo 1º do Estatuto da Igualdade Racial:
“Discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada”|1|.
O termo raça, no século XIX, era baseado nas classificações taxionômicas das ciências biológicas pelas quais os seres vivos eram categorizados. Assim, presumia-se que, nos grupos humanos, características genéticas determinavam características fenotípicas e mesmo sociais. A expressão, ainda hoje utilizada, que bem exemplifica essa associação é dizermos que uma pessoa tem determinado comportamento ou habilidade porque “está no sangue”.
A aplicação da teoria darwinista às ciências humanas produziu teorias racialistas e evolucionistas sociais que partiam de premissas de que haveria uma superioridade racial de determinados grupos sociais sobre outros e que a história humana era unilateral e dividida em fases, as quais levariam da barbárie à civilização (as sociedades consideradas superiores julgavam-se no estágio de civilização). Esse tipo de pensamento serviu como justificativa para empreendimentos neocoloniais e também para a já estabelecida escravidão de povos não brancos, que reverberaria nos séculos seguintes nas mais variadas formas de racismo.
Apesar de todos os esforços feitos desde 1888, quando a escravatura foi abolida no Brasil, a segregação e o preconceito raciais ainda estão bastante presentes em nossa sociedade. Os casos se multiplicam e, com a internet, fica ainda mais fácil percebê-los.
Poucas pessoas efetivamente procuram entender o racismo institucional sofrido por negros diariamente no país, mas existem diversos fatos que comprovam esse cenário. Confira algumas situações que comprovam a existência e a persistência do racismo no Brasil:
1. Quantidade de líderes políticos negros
Pare um pouco para refletir: quantos líderes políticos você conhece? Claro que existem senadoras como Benedita da Silva (RJ) e Leci Brandão (SP), mas eles ainda são minoria. Para ser mais exato, apenas 3% dos políticos eleitos no ano de 2014 se declararam negros, segundo pesquisa da Revista Congresso em Foco.
O que isso quer dizer? Que a política nacional, especialmente o poder legislativo, ainda é bastante dominado por indivíduos brancos. Isso é preocupante do ponto de vista institucional, porque sua atuação ignora algumas vivências para as quais somente a população negra poderia se atentar.
Assim como há um esforço no sentido de aumentar a participação feminina na política (veja a campanha do TSE em 2016), também deveria haver maior incentivo à democratização racial nesses ambientes de representação legislativa. Afinal, se há apenas 3% de negros na política, essa não é uma porcentagem que efetivamente representa a sociedade, de acordo com os dados do IBGE.
2. Recortes raciais no censo do IBGE
Segundo o censo populacional do IBGE, a população brasileira é composta por quase 46% de pretos e pardos. Esse censo é auto-declaratório, ou seja, praticamente metade da população não se vê como sendo branca. Esses dados são ainda mais significativos quando cruzados com dados econômicos (confira aqui a tabela), já que a população que se declara preta ou parda é também a que tem uma renda menor, em número de salários, se comparada relativamente. Na prática, o Brasil ainda é um país de muita concentração de renda, e essa desigualdade também ocorre por meio de recortes raciais.
É possível perceber, a partir desses dados, que há um favorecimento maior de brancos para acessarem o mercado de trabalho, seja devido à educação que receberam, os históricos familiares e sociais, bem como as oportunidades de emprego às quais tiveram acesso em vida.
3. Academia e racismo no Brasil: quantos pesquisadores negros você conhece?
Outro fato que evidencia o racismo no Brasil é a falta de pesquisadores negros nos quadros das principais universidades públicas e centros de pesquisa do país. Para atestar esse fato, basta observar a maioria dos professores que você teve ao longo da vida e tem atualmente. Quanto maior o grau do ensino, menor a quantidade de professores negros.
Isso evidencia que há menos incentivos e oportunidades para pessoas negras ingressarem não apenas no ensino superior, como também em programas de pós-graduação, mestrado e doutorado. Isso corrobora a concentração do ensino nas mãos de pesquisadores brancos, que nem sempre estão atentos para todas as temáticas raciais pertinentes para a sociedade brasileira.
4. Cotas e acesso ao ensino superior
A falta de alunos, pesquisadores e professores negros nos quadros públicos federais contribuiu para a lei nacional de cotas, nº 12.711/2012, que estabelece a obrigatoriedade de reserva de, no mínimo, 50% das vagas em universidades federais e para estudantes que tenham cursado a integralidade do ensino médio em instituições públicas de ensino.
Além disso, a mesma lei prevê que essas vagas serão preenchidas de acordo com a distribuição de pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência nas diferentes unidades da federação. Por exemplo, se o IBGE determinar que 40% da população em Minas Gerais é preta ou parda, essa deve ser a porcentagem de vagas a pretos e pardos na reserva de vagas.
Essa e uma forma de adequar à realidade social e etnográfica os meios de acesso ao ensino superior público no Brasil. Afinal, as instituições de ensino também devem refletir a sociedade.
5. Preconceito e injúria racial nas redes sociais
Se você tem acesso ao Facebook e Twitter, provavelmente já acompanhou diversas discussões e postagens com conteúdos ofensivos e discriminatórios. Por ser online, muitas pessoas acreditam que estão livres de responsabilização criminal e cível por essas ações, mas isso não é verdade. Até mesmo usuários “fakes” podem ter seus perfis e endereços de IP identificados, para posteriormente serem acionados na justiça.
O caso de injúria racial sofrido pela apresentadora de TV Maria Júlia Coutinho (Maju) em 2015 evidencia isso. A página do Jornal Nacional no Facebook foi alvo de diversas mensagens de conteúdo discriminatório naquela época. Veja mais informações sobre esse episódio aqui. O mesmo ocorreu em relação à filha do casal de atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank (mais informações aqui). Titi foi alvo de vários comentários racistas em postagens do casal, o que acarretou a apresentação de uma queixa crime no Rio de Janeiro em 2016, na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática.
Esses episódios evidenciam, mais uma vez, que o racismo está longe de ser extinto do Brasil.
Como é possível mudar essa situação?
Alteridade e empatia
Pensando de forma mais pragmática, uma das maneiras mais simplesde se lidar com o racismo em seu dia a dia é exercer mais simpatia pelo próximo, independentemente da cor da pele ou gênero. Essa é uma forma de se atentar para as negligências e sofrimentos vivenciados pelo outro, e então refletir sobre suas próprias atitudes.
Atenção ao racismo institucional
Vai contratar alguém? Prestar serviço? Verificar o histórico de crédito de um cliente? Participar de um processo seletivo profissional? Em muitas dessas situações é que colocamos em prática diversas formas de racismo institucional, mesmo sem perceber.
Preterimos pessoas negras sem motivos racionais para que isso ocorra. Atente-se para isso em seu dia a dia para que você também não cometa nenhum ato de racismo institucional.
Fonte:Racismo no Brasil

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