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TERMOQUÍ MÍCA – CALORÍMETRÍA Ex p er im en to 8 Marcos Gabriel Lopes da Silva Departamento de Química Fundamental, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil Data da prática: 13/08/2021; Data de entrega do relatório: 21/08/2021 Palavras chaves: Calor; Introdução A energia está na vase da civilização. Usamos energia, a cada dia, em suas várias formas para sustentar a vida, para ficar suficientemente quente ou frio, para nos movermos e pensar. Todos esses processos envolvem a liberação, a absorção, a transferência ou a conversão de energia. Um imenso esforço global está se desenvolvendo para encontrar novas fontes de energia, para usar a energia disponível de maneira mais eficiente e para conservar seu uso. O acesso à energia é um dos principais problemas que afetam a humanidade, porque muita coisa depende da energia.1 As reações químicas sempre estão acompanhadas de uma liberação ou absorção de energia, ainda que a quantidade de energia seja às vezes pequena. Se a energia dos produtos é menor que a energia dos reagentes, então, enquanto a reação avança, energia é liberada. Por outro lado, se a energia dos produtos é maior que aquela dos reagentes, o sistema absorve energia das vizinhanças durante o curso da reação. Em qualquer caso, a quantidade de energia liberada ou absorvida expressa a variação da energia na mistura que reage. Isto, por certo, está de acordo com a lei da conservação de energia.2 Num sistema é possível ganhar ou perder energia de muitas maneiras; Sendo as duas formas principais o calor e o trabalho mecânico. 2 Pode-se imaginar o calor como uma forma adquirida de energia, quando ele passa naturalmente de um objeto mais quente para outro mais frio. Contudo, sempre que após um objeto ter absorvido, digamos, 200 joules de calor das vizinhanças, ele não tem mais os 200 joules de calor que tinha anteriormente. Após absorver o calor, o objeto realmente possui mais energia, mas essa energia já não está mais na forma de calor. 2 O trabalho também pode ser considerado como uma forma de energia em trânsito. Uma maneira de aumentar a energia de um sistema é realizando trabalho sobre ele; mas depois, o sistema não "contém mais trabalho". Além disso, se o sistema realiza trabalho sobre as vizinhanças, então ele não "perde trabalho", ainda que experimente uma diminuição na energia. Veremos que a relação entre o calor, o trabalho e a variação de energia de um sistema é basicamente uma. 2 A termoquímica refere-se ao estudo das transferências de calor que ocorrem durante as transformações químicas e algumas transformações físicas. 2 Em química, muitas vezes falamos sobre sistemas. Um sistema é uma parte do universo que desejamos estudar, discutir, ou talvez só visualizar. Frequentemente, as dimensões de um sistema são escolhidas de maneira que possamos trabalhar com ele (ou imaginar que trabalhamos) convenientemente no laboratório; pode estar contido num tubo de ensaio, num béquer ou num balão, por exemplo. Um sistema pode ser uma substância pura ou uma mistura, e pode ser um gás, um líquido, um sólido ou alguma combinação destes. Como já mencionado, a relação entre o calor, o trabalho e variação de energia de um sistema é importante; de fato, é a pedra fundamental da ciência. Começaremos este capítulo introduzindo esta ideia básica.2 O calor liberado ou absorvido durante as transformações físicas e químicas é medido no laboratório por meio de um calorímetro (provém da palavra calorie (cal), que não é uma unidade SI de energia. A princípio uma caloria foi definida como a quantidade de calor necessária para aumentar a temperatura da água de 14,5 °C para 15,5 °C. Agora é definida em termos de unidade SI, o joule: 1 cal = 4,184 J, exatamente.) Um tipo de calorímetro é a bomba calorimétrica, mostrada na Figura 1. Os reagentes são colocados num recipiente de aço de paredes resistentes chamado bomba, o qual está imerso numa quantidade de água contida num recipiente isolado. Após terem sido medidas as temperaturas inicial da água e do interior do calorímetro, a reação inicia-se, muitas vezes, pela passagem de uma corrente elétrica através de um fio para ignição; como foi mostrado. A variação de temperatura é acompanhada, e a temperatura final é determinada.2 Figura 1: Calorímetro. Para calcular a quantidade de calor liberada ou absorvida durante a reação, é necessário conhecer a capacidade calorífica do interior do calorímetro, incluindo a bomba, os ser componentes e a água. A capacidade calorífica de um sistema é a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de um sistema em 1°C.2 Objetivos Fazer a montagem de um calorímetro simples e através do mesmo determinar calores de reação e calores de dissolução, dadas algumas reações. Materiais e reagentes Isopor; Toalhas de papel; Béquer 250/1000Ml; Solução 2,00 M de hidróxido de sódio; Balão volumétrico; Solução 2,00 M de ácido clorídrico(HCl); Cronômetro; Solução 2,00M de hidróxido de amônio; Cloreto de amônio (NH4Cl) Água destilada Metodologia Construindo o calorímetro 1) Pese do béquer (250mL) limpo e seco. 2) Faça algumas pesagens até que a diferença entre duas pesagens seja no máximo 0,0001 g. 3) Envolva este béquer pelos lados e por baixo com toalhas de papel amassadas. 4) Não compacte as tolhas. 5) Coloque conjunto dentro do outro béquer (1.000mL) ou num isopor. 6) Coloque a tampa de isopor, com um pequeno orifício no centro. 7) Coloque o termômetro no orifício. Experimento 1 8) Meça 100mL de uma solução 2,00 M de hidróxido de sódio (NaOH) usando um balão volumétrico. 9) Coloque a solução medida no béquer de 250mL dentro do calorímetro. 10) Lave o balão volumétrico e seque-o. 11) Meça 100mL de uma solução 2,00 M de ácido clorídrico. 12) Coloque o volume de ácido clorídrico medido anteriormente em um outro béquer. 13) Verifique o equilíbrio térmico entre a solução de hidróxido de sódio e ácido acético. 14) Se as temperaturas não divergirem a mais de 1 °C prossiga. 15) Inicie a contagem do tempo com um cronômetro e meça a temperatura da solução no calorímetro CONTENDO (NaOH). 16) Intervalos de 30 segundos por 3 minutos anotando o tempo de cada medida. 17) Lave o bulbo do termômetro com água destilada. 18) Coloque-o na solução no outro béquer contendo (HCl). 19) Da mesma maneira, anote o tempo. 20) Sem parar a contagem do tempo, derrame de uma vez a solução de ácido acético sobre a solução de NaOH. 21) Anote cuidadosamente o tempo deste momento. 22) Cubra o calorímetro com o isopor. 23) Insira o termômetro pelo orifício. 24) Agite levemente a solução. 25) Reinicie as medidas de tempo e temperatura a cada 15 segundos por três minutos. Experimento 2 26) Descarte a solução do béquer do calorímetro e lave-o. 27) Seque-o. 28) Repita o procedimento anterior (experimento 1) colocando desta vez, 100mL de uma solução 2,00M de hidróxido de amônio no béquer do calorímetro. 29) Coloque 100mL de uma solução 2,00 M de ácido clorídrico no outro béquer de 250mL. Experimento 3 30) Pese cerca de 8,5 g de cloreto de amônio, garanta uma precisão de 0,1g. 31) Lave o béquer de 250mL do calorímetro. 32) Coloque 150mL de água destilada e faça a leitura do tempo e temperatura em intervalos de 30 segundos durante 3 minutos. 33) Adicione o cloreto de amônio, mexa rapidamente mas cuidadosamente a mistura, para isto utilize um bastão de vidro. 34) Cubra o calorímetro. 35) Insira o termômetro e faça leituras do tempo e da temperatura em intervalos de 15 segundos por mais 3 minutos. Resultados e Discussão Com a pesagem do béquer obteve-se o seguinte valor: Tabela 1: Pesagem do béquer Béquer Massa(g) Desvio(s) 1 90,02 ---- As temperaturas iniciais para o ácido clorídrico e para o hidróxido de sódio estão registradas na tabela 2. Tabela 2: Temperaturas iniciais. NaOH HCl Temperatura(°C) 30 29 Quando misturamos 100mL de ácido clorídrico e 100mL de hidróxido de sódio, uma reação de neutralização é desencadeada, visto que o ácido clorídrico é um ácido forte e o hidróxido de sódio é uma base considerada forte. A reação pode ser descrita por: NaOH(aq) +HCl(aq) NaCl +H2O(l) Como a reação é extremamente exotérmica, ou seja, libera uma grande quantidade de calor, podemos utiliza-la para testar nosso calorímetro. O gráfico 1 mostra a variação da temperatura na reação com tempo. Tabela 3: Tempo vs temperatura, neutralização entre NaOH e HCl. Tempo(s) Temperatura(°C) 0 30 30 41 60 42 120 41 150 41 180 41 Gráfico 1: Tempo vs temperatura, neutralização entre NaOH e HCl. Através do gráfico é perceptível que a temperatura aumenta cerca de 11 °C nos primeiros 30 segundos de reação, isto indica que, a reação está ocorrendo vigorosamente neste intervalo de tempo, visto que, a liberação de calor está sendo grande (aumento da temperatura). De 60 segundos a 90 segundos é perceptível que a temperatura não aumenta muito, percebesse apenas a variação em 1°C, isto é um indicativo que a quantidade de reagentes já é bem menor que a quantidade de produtos. Após 120 segundos a reação deixa de ocorrer, tal fato é constatado pela estabilização da temperatura em 41°C ( a liberação de calor para a vizinhança sessou). Experimento 2 A temperatura inicial registrada para o hidróxido de amônio foi de 28 °C. Já para o ácido clorídrico foi de 29°C. Novamente observamos uma reação de neutralização, porém com uma base fraca o hidróxido de amônio (NH4OH). A reação que descreve esta neutralização é: NH4OH+HCl NH4Cl + H2O Tabela 4: Tempo vs temperatura, na neutralização do HCl por NH4OH . Tempo(s) Temperatura(°C) 0 28 15 40 30 39 45 40 60 40 75 40 Gráfico 2: Tempo vs temperatura, na neutralização de HCl por NaOH. Mais uma vez temos uma reação exotérmica, a qual está acontecendo basicamente nos 15 primeiros segundos. Uma pequena anomalia é perceptível, em 30 segundos, a temperatura é aproximadamente 39°C. Tal fato pode ser explicado pela distribuição de temperatura não uniforme e não instantânea no líquido, ou seja, embora a reação ocorra rapidamente a distribuição de calor não ocorre da mesma maneira, e nem de maneira igual em todos os pontos do líquido. Então, em determinada localidade do liquido podem haver pequenas discrepâncias de temperatura. Experimento 3 A dissolução do cloreto de amônio em água é uma reação endotérmica, ou seja, absorve calor do meio para poder ocorrer, por tanto espera-se que: quando a reação estiver ocorrendo, a temperatura do meio em que a mesma ocorre deve diminuir. Observe a reação de dissolução abaixo. NH4CL(s)+H20(l) NH4+ + Cl- Dados obtidos para esta reação. A temperatura inicial da água contida no calorímetro era de 20°C. Tabela 5:Tempo vs temperatura, adição de 8,5g de cloreto de amônio em 150mL de água. Tempo(s) Temperatura(°C) 0 29 30 26 60 26 90 25,5 120 25 150 25 180 25 Segunda leitura para o experimento 3. Tabela 6:Tempo vs temperatura, adição de 8,5g de cloreto de amônio em 150mL de água(segunda leitura). Tempo(s) Temperatura(°C) 0 29 15 26 30 25 45 25 60 25 75 25 90 25 Gráfico 3: Tempo vs temperatura, adição de 8,5g de cloreto de amônio em 150mL de água. Gráfico 3: Tempo vs temperatura, adição de 8,5g de cloreto de amônio em 150 mL de água (segunda leitura). Da primeira para a segunda realização observou-se uma queda no tempo de diminuição da temperatura. Tal fato pode ser explicado por fatores externos. Observe que na primeira reação a executante do experimento colocou mais rapidamente o cloreto de amônio dentro da água, e consequentemente fechou o calorímetro mais rápido, ou seja, boa parte da reação ocorreu quando o tempo já estava sendo cronometrado. Já na segunda realização houve um atraso no fechamento do béquer, consequentemente a reação já estava acontecendo antes de começar a ser cronometrada. Um adendo: reações químicas envolvem quebras e/ou formações de novas ligações químicas e, durante esse processo determinada quantidade de energia está envolvida. Com estas reações é perceptível que o calor é uma das formas de energia que participa da reação química. Cálculos da capacidade calorífica. C=m.c ou C= Q/Δt Onde: Q= m.c.Δt Então obtemos o seguinte resultado para o sistema termoquimico. C= (mbéquer-1.cbéquer + mbéquer-2.cbéquer)± s C=( 99,02.0,753 +99,00.0,753)±0,01 J K-1 C= (174,32)±0,01 J K-1 Considerando que os demais reagentes tem a massa especifica e a capacidade calorífica da água, façamos o cálculo da capacidade calorífica no experimento 1. C= (99,02.0,753+100.4,18 + 100.4,18)± s C= (+74,56100.4,18 + 100.4,18)± 198,28 J K-1 C= 910,56± 198,28 J K-1 Tabela 7: Capacidade calorifica para cada experimento. Experimento Capacidade calorífica 1 910,56± 198,28 J K-1 2 910,56± 198,28 J K-1 3 701,56± 324 J K-1 Conclusão As reações de neutralização realizadas neste experimento são reações exotérmicas, visto que, a quantidade de calor liberada para o meio aumenta com o desenvolvimento das reações de neutralização. Já a reação de dissolução do cloreto de amônio é uma reação endotérmica, pois, percebe-se durante a sua ocorrência uma queda na temperatura do sistema, ou seja, consumo de energia na forma de calor pela reação. E perceptível ainda que, a construção de um calorímetro simples tem um grande poder para isolar as trocas de calores, pois depois de uma quantidade medianada de tempo a temperatura permaneceu sem nenhuma variação. E o principal é a constatação que as reações químicas realmente envolvem energia e, especificamente neste caso na forma de calor. Referências [1] Atkins e Jones, princípios de química, página 235. [2] J.B Russel, Química geral-volume-1, capítulo 3. Questões 1. Explique qualitativamente com o auxílio de gráfico (s) o comportamento da solubilidade do cloreto de amônio em função da temperatura. Relacione sua resposta com o (s) resultado (s) obtido (s) durante a realização do experimento. Como a diminuição da temperatura a solubilidade do cloreto de amônio cai, isto é perceptível pois a reação de dissolução para de ocorrer com o decréscimo da temperatura. 2. Se Kb para a reação: 45 NH3(aq) + H2O ⇌ NH4 + (aq) + OH- (aq) é 5,191 x 10-5 , a 57oC. Qual o valor da constante de equilíbrio à 80oC? Nesta nova condição de temperatura, os produtos ou os reagentes são favorecidos? Por quê? 3. Quais as formas conhecidas de transferência de calor e cite métodos ou procedimentos que funcionem como isolantes térmicos para estes tipos de transferência de calor. Radiação: mecanismo de transferência de calor que ocorrer através da propagação de ondas eletromagnéticas. Um método eficiente como isolante seria um refletor de ondas. Condução: transferência de calor entre dois matérias sólidos. Convecção: Transferência de calor que pode ocorrer em gases e líquidos. Uma forma eficiente de isolamento é um calorímetro. 3. Justifique as premissas a) – d) da Introdução (p. 14) a) A composição do isopor favorecer o impedimento das trocas de calor, ou seja, o isopor é um mal condutor. b) As toalhas de papel formam uma bolsa de ar que dificulta a saída e a entrada de calor na reação, funcionando também como um isolante térmico. c) É feita uma simplificação para facilitar os cálculos e o experimento,o que não fornece exatamente a capacidade calorífica do calorímetro mas um valor aproximado. d) Esse realmente é o valor teórico para esse tipo de material.
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