Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Rômulo Roberto – FISIOLOGIA REANAL MÚLTIPLAS FUNÇÕES DOS RINS ❖ Eliminar do corpo o material indesejado que é ingerido ou produzido pelo metabolismo ❖ Controlar o volume e a composição dos líquidos corporais. ❖ Os rins realizam suas funções mais importantes pela filtração do plasma e pela posterior remoção de substâncias do filtrado em intensidades variáveis 1-Excreção de Produtos Indesejáveis ❖ Ureia (do metabolismo dos aminoácidos), creatinina (da creatina muscular), ácido úrico(dos ácidos nucleicos), produtos finais da degradação da hemoglobina(tais como a bilirrubina) e metabólitos de vários hormônios. 2-Regulação do Balanço da Água e dos Eletrólitos. ❖ Após o aumento da ingesta de sódio, a excreção renal também aumenta ❖ Durante os dias de adaptação renal, à alta entrada de sódio, ocorre acúmulo modesto de sódio que discretamente eleva o volume de líquido extracelular e desencadeia alterações hormonais e outras respostas compensatórias, e estas sinalizam para os rins 3-Regulação da Pressão Arterial. ❖ Regulação da pressão arterial a longo prazo, pela excreção de quantidades variáveis de sódio e água. ❖ Também contribuem para a regulação a curto prazo da pressão arterial, pela secreção de hormônios e fatores ou substâncias vasoativas (p. ex., renina) que levam à formação de produtos vasoativos (p. ex., angiotensina II). 4-Regulação do Balanço Acidobásico ❖ Junto com os pulmões e os tampões dos líquidos corporais, pela excreção de ácidos , exemplo dos ácidos sulfúricos e fosfórico, e pela regulação dos estoques de tampões dos líquidos corporais 5-Regulação da Produção de Eritrócitos ❖ Os rins secretam a eritropoietina que estimula a produção de hemácias pelas células-tronco hematopoéticas na medula óssea, explicando a anemia grave em pessoas com doença renal grave, remoção de rins ou diálise. 6-Regulação da Produção de Calcitriol ❖ Os rins produzem a forma ativa de vitamina D, calcitriol, essencial para a absorção de cálcio pelo trato gastrointestinal e pela deposição normal de cálcio nos ossos 7-Gliconeogênese ❖ Durante o jejum prolongado, os rins sintetizam glicose a partir de aminoácidos e outros precursores, equivalendo a do fígado ❖ Na doença renal crônica ou na insuficiência renal aguda, essas funções de manutenção da homeostasia são interrompidas e surge anormalidades graves dos volumes e da composição do líquido corporal, acumulando potássio, ácidos, líquidos e outras substâncias. Organização Geral dos Rins e do Trato Urinário ❖ Órgãos retro peritoneais, peso médio de 150 gramas. ❖ Os dois rins constituem apenas cerca de 0,4% do peso corporal total ❖ Pelo hilo passam a artéria e veia renais, vasos linfáticos, suprimento nervoso e o ureter, que carreia urina do rim para a bexiga ❖ Revestido por cápsula fibrosa ↪ ANATOMIA E HISTOLOGIA RENAL Rômulo Roberto – FISIOLOGIA REANAL ❖ A medula é dividida em oito a 10 massas de tecidos em forma de cone chamados pirâmides renais, que terminam na papila, projetando para o espaço da pelve renal, que continuam com o ureter ❖ Os cálices maiores se dividem em cálices menores, que coletam urina dos túbulos de cada papila, e ambos tem elementos contrateis para levar a urina ate a bexiga Suprimento Sanguíneo Renal ❖ Corresponde normalmente a 22% do débito cardíaco ou 1.100 mL/min. ❖ A artéria renal entra no rim pelo hilo e se divide para formar artérias interlobares, artérias arqueadas, artérias interlobulares ou radiais e arteríolas aferentes, que terminam nos capilares glomerulares, onde líquidos e de solutos (exceto as proteínas plasmáticas) são filtradas para iniciar a formação da urina ❖ As extremidades distais dos capilares, de cada glomérulo, coalescem para formar a arteríola eferente, que forma segunda rede de capilares, os capilares peritubulares, que circundam os túbulos renais. ❖ A alta pressão hidrostática nos capilares glomerulares (60 mmHg) resulta na filtração rápida de líquidos e de eletrólitos, enquanto a baixa pressão hidrostática nos capilares peritubulares (13 mmHg), permite sua rápida reabsorção ❖ Modificações da resistência das arteríolas aferente e eferente, os rins podem regular a pressão hidrostática nos capilares glomerulares e peritubulares, alterando assim a intensidade da filtração glomerular, da reabsorção tubular ou de ambas, em resposta às demandas homeostáticas do corpo. ❖ Os capilares peritubulares se esvaziam nos vasos do sistema venoso, formados pela veia interlobular, veia arqueada, veia interlobar e veia renal, que deixa o rim pelo hilo, paralelo à artéria renal e ao ureter. O Néfron É a Unidade Funcional do Rim ❖ Cada rim contém cerca de 800.000 a 1 milhão de néfrons ❖ O rim não pode regenerar novos néfrons e após os 40 vão diminuindo ❖ Cada néfron contém (1) grupo de capilares glomerulares (glomérulo) envolvido pela cápsula de Bowman e (2) longo túbulo, no qual o líquido filtrado é convertido em urina ❖ O líquido filtrado dos capilares glomerulares flui para o interior da cápsula de Bowman e daí para o interior do túbulo proximal, depois para a alça de Henle ❖ No final do ramo ascendente espesso da alça, tem a mácula densa, que tem papel importante no controle da função do néfron ❖ Depois da mácula densa, tem o túbulo distal, túbulo conector e túbulo coletor cortical, que levam ao ducto coletor cortical e depois o medular ❖ Os duetos coletores se unem e ficam maiores que se esvaziam na pelve renal, pelas extremidades das papilas renais. Micção Envolve duas etapas principais: primeira, a bexiga se enche progressivamente até que a tensão na sua parede atinja nível limiar; isso dá origem ao segundo passo, que é um reflexo nervoso chamado de reflexo da micção, que esvazia a bexiga Anatomia Fisiológica da Bexiga ❖ Câmara de músculo liso, composta por duas partes principais: (1) o corpo, onde a urina é armazenada e (2) o colo, parte que conecta com a uretra. ❖ Músculo detrusor, quando contraídas, aumenta a pressão no interior da bexiga até 40 a 60 mmHg, sendo a etapa principal no esvaziamento ❖ São acopladas eletricamente por vias de baixa resistência elétrica e o potencial de ação pode se difundir por todo o músculo, contração simultânea ❖ Na porção mais inferior, o ápice do trígono, o colo vesical se abre na uretra posterior e os dois ureteres entram na bexiga nos ângulos mais superiores do trígono. Inervação da Bexiga ❖ O principalmente pelos nervos pélvicos, com fibras aferentes e eferentes, que se conectam a medula espinhal pelo plexo sacro, principalmente, se ligando aos segmentos medulares S2 e S3 ❖ As fibras motoras do nervo pélvico são fibras parassimpáticas. Rômulo Roberto – FISIOLOGIA REANAL ❖ Fibras motoras esqueléticas no nervo pudendo que inervam o esfíncter externo da bexiga ❖ Tem as fibras simpáticas que estimulam os vasos sanguíneos e têm pouca relação com a contração vesical. Transporte da Urina do Rim à Bexiga pelos Ureteres ❖ O fluxo de urina dos duetos coletores para o interior dos cálices renais os distende e aumenta sua inerente atividade marca-passo. ❖ Com isso, são desencadeadas contrações peristálticas que se difundem para a pelve renal e ao longo do ureter, propelindo a urina da pelve renal em direção à bexiga ❖ As contrações peristálticas do musculo liso do ureter são aumentadas pela estimulação parassimpática e inibidas pela estimulação simpática. ❖ Ureteres percorrem obliquamente vários centímetros pela parede vesical ❖ O tônus normal do músculo detrusor comprime a parte do ureter inserida na parede vesical, evitando o refluxo de urina da bexiga quando ocorre aumento da pressão intravesical durante a micção ou compressão vesical. ❖ Refluxo vesicoureteral, quando a urina na bexiga é propelida de volta ao ureter, quando háa uma distancia pequena do ureter na parede dabexia, de forma que a contração vesical durante a micção oclue o ureter A Sensação de Dor nos Ureteres e o Reflexo Ureterorrenal. ❖ Reflexo ureterorrenal: Quando o ureter é obstruído (cálculo ureteral), ocorrem constrições reflexas e dor, que chegam também nos rins, causando reflexo simpático que levam à constrição das arteríolas renais, diminuindo o volume de urina produzido pelos rins Reflexo da Micção ❖ Conforme a bexiga se enche, muitas contrações de micção se sobrepõem ao tônus basal. Elas são o resultado de reflexo de estiramento iniciado pelos receptores sensoriais de estiramento na parede vesical. Os sinais sensoriais dos receptores são conduzidos aos segmentos sacrais da medula pelos nervos pélvicos, por reflexo, o sinal volta à bexiga pelas fibras nervosas parassimpáticas pelos mesmos nervos pélvicos. ❖ Quando inicia o reflexo da micção, considera-se “autorregenerativo”. Isto é, a contração inicial da bexiga ativa a geração de mais estímulos sensoriais. Isso leva a aumento reflexo da contração da bexiga; assim, o ciclo se repete até que a bexiga tenha alcançado alto grau de contração. Após alguns segundos a mais de 1 minuto, o reflexo começa a fatigar e o ciclo regenerativo do reflexo da micção se interrompe, permitindo que a bexiga relaxe. ❖ Quando o reflexo da micção se torna suficiente para esvaziar a bexiga, ele produz outro reflexo para relaxar o esfíncter externo através dos nervos pudendos Facilitação ou Inibição da Micção pelo Encéfalo ❖ O reflexo da micção é reflexo espinhal totalmente autônomo, mas pode ser inibido ou facilitado pelos centros cerebrais: I. Centros facilitadores e inibitórios no tronco cerebral, na ponte II. Centros no córtex cerebral que são inibitórios, mas podem se tornar excitatórios. ❖ Os centros superiores mantêm o reflexo da micção parcialmente inibido, exceto quando se tem vontade de urinar. ❖ Os centros superiores podem evitar a micção, mesmo quando tem reflexo da micção, pela contração tônica do esfíncter vesical externo, até o momento conveniente para o esvaziamento. ❖ No momento da micção, os centros corticais podem auxiliar os centros sacrais a iniciar o reflexo de micção e, ao mesmo tempo, inibir o esfíncter vesical externo, de forma que a micção ocorra. ❖ Micção voluntária: o indivíduo contrai a musculatura abdominal, aumentando a pressão na bexiga e permite que quantidade extra de urina entre no colo vesical e na uretra posterior, distendendo suas paredes, estimulando os receptores de estiramento e desencadeando o reflexo da micção, inibindo simultaneamente o esfíncter uretral externo. De forma geral, toda a urina é esvaziada, restando resíduo pós-miccional raramente maior que 5 a 10 mililitros. Rômulo Roberto – FISIOLOGIA REANAL Anormalidades da Micção Bexiga Atônica e Incontinência ❖ Quando fibras nervosas sensoriais da bexiga para a medula espinhal são destruídas, impedindo a transmissão dos sinais de estiramento da bexiga, perdendo o controle vesical, mesmo as fibras eferentes estarem intactas. Com isso, a bexiga se enche até atingir a capacidade máxima, quando começam a ser liberadas algumas gotas pela uretra, a incontinência de superenchimento. ❖ Causa comum é a lesão por esmagamento na região sacral da medula espinhal. Certas doenças também podem causar lesão às fibras nervosas da raiz dorsal que entram na medula, a exemplo da sífilis, que pode causar fibrose constritiva ao redor das fibras nervosas da raiz dorsal, destruindo-as. Isso é chamado de tabes dorsalis, e a condição vesical resultante é bexiga tabética. Bexiga Neurogênica não Inibida ❖ Quando tem lesão parcial da medula espinhal ou do tronco cerebral que interrompe a maior parte dos sinais inibitórios. Como isso, os impulsos facilitadores que continuam passando pela medula mantêm os centros sacrais tão excitáveis que até mesmo pequena quantidade de urina origina reflexo da micção incontrolável, dessa forma promovendo micções frequentes. A Formação da Urina Resulta da Filtração Glomerular, Reabsorção Tubular e Secreção Tubular Intensidade de excreção urinária = Intensidade de filtração-Intensidade de reabsorção + Taxa de secreção ❖ A formação da urina começa quando grande quantidade de líquido praticamente sem proteínas é filtrada dos capilares glomerulares para o interior da cápsula de Bowman. ❖ Conforme o líquido filtrado flui pelos túbulos, é modificado pela reabsorção de água e solutos específicos, de volta para os capilares peritubulares ou pela secreção de outras substâncias dos capilares peritubulares para os túbulos. A- exemplo da creatinina, B- eletrólitos corporais (sódio e cloreto), C- substâncias nutricionais (aminoácidos e glicose), D- ácidos e bases orgânicas Filtração, Reabsorção e Secreção de Diferentes Substâncias ❖ É regulado de acordo com as necessidades corporais ❖ A maioria das substâncias que devem ser retiradas do sangue, principalmente os produtos finais do metabolismo, como a ureia, creatinina, ácido úrico e uratos, é pouco reabsorvida e, portanto, excretada em grande quantidade na urina. ❖ De modo oposto, eletrólitos como os íons sódio, cloreto e bicarbonato são muito ↪ FILTRAÇÃO DO SANGUE Rômulo Roberto – FISIOLOGIA REANAL reabsorvidos, e assim pequena quantidade aparece na urina ❖ Certas substâncias nutricionais, como os aminoácidos e a glicose, são completamente reabsorvidas dos túbulos para o sangue e não aparecem na urina, mesmo que grande quantidade seja filtrada pelos capilares glomerulares. ❖ Vantagem da alta FG é que ela permite que os rins rapidamente removam os produtos indesejáveis do corpo que dependem principalmente da filtração glomerular para sua excreção. ❖ volume plasmático é de 3 litros, e a FG é de 180 L/dia, podendo o plasma ser filtrado e processado cerca de 60 vezes a cada dia. Essa alta FG permite aos rins o controle rápido e preciso do volume e da composição dos líquidos corporais. Filtração Glomerular—A Primeira Etapa da Formação da Urina Composição do Filtrado Glomerular ❖ Capilares glomerulares são impermeáveis às proteínas, assim, o filtrado glomerular é livre de proteínas e de elementos celulares como as hemácias. ❖ As concentrações de outros constituintes do filtrado glomerular, como sais e moléculas orgânicas, são similares às concentrações no plasma ❖ Quase metade do cálcio e a maior parte dos ácidos graxos plasmáticos estão ligadas às proteínas plasmáticas e então não é filtrada. ❖ Como em outros capilares, a FG é determinada pelo (1) balanço das forças hidrostáticas e coloidosmóticas, atuando através da membrana capilar e (2) o coeficiente de filtração capilar (Kf), o produto da permeabilidade e da área de superfície de filtração dos capilares. ❖ Tem alta pressão hidrostática glomerular e alto Kf. No humano adulto médio, a FG é de cerca de 125 mL/min, ou 180 L/ dia ❖ Cerca de 20% do plasma que flui pelos rins são filtrados pelos capilares glomerulares Membrana Capilar Glomerular ❖ (1)o endotélio fenestrado capilar, (2) a membrana basal (3) a camada de células epiteliais {podócitos} ❖ Todas têm cargas negativas, evita de a filtração das proteínas plasmáticas ❖ A membrana capilar glomerular é mais espessa que a dos outros capilares, mas também é muito mais porosa e, portanto, filtra líquidos com mais alta intensidade. ❖ Em certas doenças renais, as cargas negativas, na membrana basal, são perdidas, condição referida como nefropatia com alteração mínima. Com isso, proteínas com baixo peso molecular, especialmente a albumina, são filtradas e aparecem na urina, condição conhecida como proteinúria ou albuminúria. Determinantes da Filtração Glomerular FG = Kf x Pressão líquida de filtração ❖ Determinada pela pressão efetiva de filtração e pelo coeficiente de filtração capilar glomerular Kf ❖ A pressão efetiva defiltração representa a soma da: pressão hidrostática nos capilares, que promove a filtração; pressão hidrostática na cápsula de Bowman, por fora dos capilares, que se opõe à filtração; a pressão coloidosmótica das proteínas plasmáticas que se opõe à filtração; e pressão coloidosmótica das proteínas na cápsula de Bowman, que promove a filtração, mas é nula. ❖ Em certas condições patológicas, associadas à obstrução do trato urinário, a pressão na cápsula de Bowman pode aumentar e causar redução grave da FG. Por exemplo, precipitação de cálcio ou de ácido úrico pode levar à formação de “cálculos” que se alojam no trato urinário e obstrui a saída da urina e aumenta a pressão na cápsula de Bowman. Isso reduz a FG e pode causar hidronefrose (dilatação da pelve renal e dos cálices) e lesar ou até mesmo destruir o rim. ❖ A pressão hidrostática glomerular é determinada por três variáveis, cada uma das quais sob controle fisiológico: (1) pressão arterial,(2) resistência arteriolar aferente (3) resistência arteriolar eferente. Fluxo Sanguíneo Renal ❖ Em um homem médio de 70 quilos, o fluxo sanguíneo para ambos os rins é de cerca de Rômulo Roberto – FISIOLOGIA REANAL 1.100 mL/min ou, aproximadamente, 22% do débito cardíaco ❖ O propósito do alto fluxo é suprir plasma suficiente para se ter altas intensidades da filtração glomerular, necessárias para a regulação precisa dos volumes dos líquidos corporais e das concentrações de solutos ❖ Os rins consomem duas vezes mais oxigênio que o cérebro, mas têm o fluxo sanguíneo quase sete vezes maior ❖ Grande fração do oxigênio consumido pelos rins está relacionada à alta intensidade de reabsorção ativa do sódio pelos túbulos renais. ❖ Caso o fluxo sanguíneo renal e a FG sejam reduzidos e menos sódio seja filtrado, ocorrerá diminuição da reabsorção de sódio e do oxigênio consumido. Portanto, o consumo de oxigênio renal varia proporcionalmente à reabsorção de sódio nos túbulos renais que, por sua vez, está intimamente relacionada à FG e à intensidade do sódio filtrado. ❖ O fluxo sanguíneo renal é determinado pelo gradiente de pressão ao longo da vasculatura renal (a diferença entre as pressões hidrostáticas na artéria renal e na veia renal) dividido pela resistência vascular renal total. ❖ Os rins têm mecanismos para manter o fluxo sanguíneo renal e a FG constantes em faixa de PA entre 80 e 170 mmHg, processo chamado autorregulação. ❖ O fluxo sanguíneo para a medula renal corresponde a apenas sanguíneo renal total ❖ O córtex recebe maior parte do fluxo, e a medula recebe 1% a 2%, e é suprido pelo sistema capilar peritubular, vasa recta. Esses vasos entram na medula paralelamente ao ramo descendente das alças de Henle, formam várias alças em diferentes níveis da medula e retornam ao córtex, também paralelo, às alças de Henle, antes de se escoarem para o sistema venoso. Controle Fisiológico da Filtração Glomerular e do Fluxo Sanguíneo Renal ❖ Os determinantes da FG mais variáveis incluem a pressão hidrostática glomerular e a pressão coloidosmótica capilar glomerular, que são influenciadas pelo sistema nervoso simpático, por hormônios e por autacoides (substâncias vasoativas são liberadas nos rins, agindo localmente) e outros controles por feedback intrínsecos aos rins. ❖ Forte ativação dos nervos simpáticos renais pode produzir constrição das arteríolas renais e diminuir o fluxo sanguíneo renal e a FG, sendo mais importantes na redução da FG durante distúrbios graves agudos, isquemia cerebral ou hemorragia grave. No indivíduo saudável em repouso, o tônus simpático parece ter pouca influência sobre o fluxo sanguíneo renal. Controle Hormonal e Autacoide da Circulação Renal ❖ Os hormônios que provocam constrição das arteríolas aferentes e eferentes, causando reduções na FG e no fluxo sanguíneo renal, incluem a norepinefrina e epinefrina liberadas pela medula adrenal ❖ A endotelina, um vasoconstritor que pode ser liberado por células endoteliais vasculares lesionadas dos rins, minimizando a perda sanguínea quando um vaso sanguíneo é cortado, o que lesiona o endotélio e libera este poderoso vasoconstritor. Pode estar aumentado também em certas doenças associadas à lesão vascular, tais como toxemia da gravidez, insuficiência renal aguda e uremia crônica, e podem contribuir para a vasoconstrição renal e diminuição da FG. Angiotensina II ❖ Poderoso vasoconstritor renal que é formado nos rins e na circulação. Receptores para a angiotensina II estão presentes em todos os vasos sanguíneos dos rins. ❖ No entanto, os vasos sanguíneos pré- glomerulares (arteríolas aferentes) estão protegidos da constrição mediada pela angiotensina II, na maioria das condições fisiológicas, associadas à ativação do sistema renina-angiotensina, tais como dieta pobre em sódio duradoura ou pressão de perfusão renal reduzida devido à estenose da artéria renal. ❖ Essa proteção se deve à liberação de vasodilatadores, especialmente óxido nítrico e prostaglandinas, que neutralizam o efeito vasoconstritor da angiotensina II nesses vasos sanguíneos. ❖ As arteríolas eferentes são muito sensíveis à angiotensina II, causando sua constrição. O aumento dos níveis de angiotensina II eleva a pressão hidrostática glomerular enquanto Rômulo Roberto – FISIOLOGIA REANAL reduz o fluxo sanguíneo renal. Isso ocorre em circunstâncias associadas à diminuição da PA ou de depleção volumétrica que tendem a diminuir a FG. ❖ Nessas circunstâncias, ao provocar constrição das arteríolas eferentes, auxilia prevenindo as diminuições da pressão hidrostática glomerular e da FG; ao mesmo tempo, a redução do fluxo sanguíneo renal contribui para o fluxo reduzido pelos capilares peritubulares, o que, por sua vez, aumenta a reabsorção de sódio e água Óxido Nítrico ❖ Diminui a resistência vascular renal e é liberado pelo endotélio vascular de todos os capilares do corpo, responsável pela manutenção da vasodilatação dos rins ❖ Isso permite que os rins excretem quantidades normais de sódio e água. Portanto, a administração de fármacos que inibem a síntese normal de óxido nítrico aumenta a resistência vascular renal e diminui a FG, diminuindo também a excreção urinária de sódio, o que pode causar aumento da pressão sanguínea Prostaglandinas e Bradicininas ❖ Hormônios e autacoides que causam vasodilatação e aumento do fluxo sanguíneo renal e da FG ❖ Podem amenizar os efeitos vasoconstritores renais dos nervos simpáticos ou da angiotensina II, especialmente os efeitos constritores sobre as arteríolas aferentes. ❖ As prostaglandinas podem ajudar a evitar reduções excessivas na FG e no fluxo sanguíneo renal. Sob condições de estresse, tais como depleção volumétrica ou após cirurgias, a administração de anti-inflamatórios, como a aspirina, que inibe a síntese de prostaglandinas, pode causar reduções significativas na FG. Autorregulação da FG e Fluxo Sanguíneo Renal ❖ Mecanismos de feedback intrínsecos dos rins mantêm o fluxo sanguíneo renal e a FG constantes, mesmo com alterações acentuadas PA. ❖ A função primária é manter o fornecimento de O2 e de nutrientes em nível normal e remover os produtos indesejáveis do metabolismo, a despeito das variações da PA. ❖ A principal função da autorregulação nos rins é manter a FG relativamente constante e permitir o controle preciso da excreção renal de água e solutos. ❖ A FG fica normalmente autorregulada, mas uma diminuição da PA para 75 mmHg, ou aumento a 160 mmHg altera a FG por menos de 10%. Em geral, o fluxo sanguíneo renal é autorregulado em paralelo com a FG. A Importância da Autorregulação da FG, na Prevenção de Alterações Extremas da Excreção Renal ❖ Normalmente, a FG é de cerca de 180L/dia e a reabsorção tubular é de 178,5L/dia, deixando 1,5L/dia de líquido para ser excretado pela urina. ❖ Na ausência de autorregulação, aumento relativamentepequeno na PA (de 100 a 125 mmHg) poderia causar aumento semelhante de 25% na FG (de aproximadamente 180 a 225 L/dia). ❖ Caso a reabsorção tubular permanecesse constante em 178,5 L/dia, isso aumentaria o fluxo de urina para 46,5 L/dia (a diferença entre a FG e a reabsorção tubular) - aumento total na urina de mais de 30 vezes. ❖ Como o volume plasmático total é de apenas cerca de 3 litros, tal alteração depletaria rapidamente o volume sanguíneo. ❖ As variações da PA exerce pouco efeito sobre o volume de urina por dois motivos: (1) a autorregulação renal evita grandes alterações da FG e (2) existem mecanismos adaptativos adicionais nos túbulos renais que os permitem aumentar a intensidade da reabsorção, quando a FG se eleva, fenômeno conhecido como balanço glomerulotubular Papel do Feedback Tubuloglomerular na Autorregulação da FG ❖ Os rins têm mecanismo de feedbackque relaciona as mudanças na concentração de cloreto de sódio na mácula densa com o controle da resistência arteriolar renal. Rômulo Roberto – FISIOLOGIA REANAL ❖ Isso permite assegurar o fornecimento relativamente constante de cloreto de sódio ao túbulo distal, autorregulando o fluxo sanguíneo renal e em paralelo a FG ❖ O feedback tem dois componentes que agem em conjunto para controlar a FG: mecanismo de feedback arteriolar aferente e eferente, e esses mecanismos dependem da anatomia do complexo justaglomerular ❖ O complexo justaglomerular consiste de células da mácula densa na parte inicial do túbulo distal e de células justaglomerulares nas paredes das arteríolas aferentes e eferentes. ❖ A mácula densa é um grupo de células especializadas nos túbulos distais em íntimo contato com as arteríolas aferentes e eferentes, e contêm o aparelho de Golgi, organelas secretoras intracelulares, direcionadas para as arteríolas, sugerindo que essas células possam secretar substâncias direcionadas para as arteríolas. ❖ FG diminuída torna mais lento o fluxo na alça de Henle, causando reabsorção aumentada de íons sódio e cloreto no ramo ascendente, reduzindo a concentração na mácula densa. Essa redução desencadeia sinal que tem dois efeitos: (1) reduz a resistência ao fluxo sanguíneo nas arteríolas aferentes, o que eleva a pressão hidrostática glomerular e ajuda a retornar a FG ao normal e (2) aumenta a liberação de renina, pelas células justaglomerulares das arteríolas aferentes e eferentes. ❖ A renina liberada por essas células funciona como enzima que aumenta a formação de angiotensina I que é convertida em angiotensina II, que contrai as arteríolas eferentes, o que aumenta a pressão hidrostática glomerular e auxilia no retorno da FG ao normal. ❖ A ação constritora da angiotensina II sobre as arteríolas eferentes ajuda a evitar reduções graves da pressão hidrostática glomerular e na FG quando a pressão de perfusão renal cai abaixo do normal. ❖ A administração de fármacos que bloqueiam a formação de angiotensina II ou sua ação causa reduções maiores que o normal na FG quando a pressão arterial renal cai abaixo da normal. ❖ Portanto, complicação importante do uso desses fármacos, para tratar pacientes hipertensos, devido à estenose da artéria renal é a grave diminuição da FG que pode, em alguns casos, causar insuficiência renal aguda. ❖ No entanto, os que bloqueiam a angiotensina II podem ser agentes terapêuticos úteis em muitos pacientes com hipertensão, insuficiência cardíaca congestiva e outras condições, desde que exista monitoramento que assegure a não ocorrência de diminuições graves na FG. Autorregulação Miogênica do Fluxo Sanguíneo Renal e FG ❖ É a capacidade dos vasos sanguíneos individuais resistirem ao estiramento, durante o aumento da PA, com contração do músculo liso vascular, evitando a distensão excessiva do vaso e, ao mesmo tempo, pela elevação da resistência vascular, ajuda a prevenir o aumento excessivo do fluxo sanguíneo renal e da FG ❖ Em resposta ao aumento súbito da pressão sanguínea, a resposta constritora miogênica, nas arteríolas aferentes, ocorre em segundos e assim atenua a transmissão da PA aumentada para os capilares glomerulares.
Compartilhar