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Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA Unidade 3 - Escola e Sociedade - Contribuições Angélica Campos Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições Introdução Nesta unidade, abordaremos os temas relacionados aos diálogos e trabalhos entre a escola e a sociedade, especialmente no que se refere aos desafios a serem enfrentados para a concretização da educação de qualidade em nosso país. Ainda existem entraves que inviabilizam a aplicação de novas metodologias, que possam promover a melhoria dos relacionamentos em ambientes escolares, bem como auxiliar o corpo docente a fomentar novos programas de ensino. Além disso, vamos tratar da implantação de um programa de ensino específico para a EJA, e dos percalços que a área enfrenta para se manter em sintonia com a proposta de Paulo Freire, cujo método tem sido utilizado com eficácia na alfabetização e educação de jovens e adultos no país, graças à participação ativa de grupos comunitários e associações, na promoção da educação popular. Ainda vamos falar sobre a Base Nacional Comum Curricular – BNCC para a EJA, pela qual os promotores da educação popular vêm buscando, de forma ativa e incansável, uma formação do currículo que respeite o perfil dos educandos, valorizando seus conhecimentos prévios e ampliando suas possibilidades de desenvolvimento, não somente profissionais, mas para a vida. Por fim, vamos ver quais as perspectivas profissionais para o professor da EJA no século XXI, seus desafios, sua formação e visão de mundo, para que possamos traçar um novo quadro educacional para jovens e adultos. Os trabalhos não podem ser interrompidos, pois a EJA já faz parte da nossa realidade educacional. E esperamos que este trabalho possa auxiliar com a reflexão sobre práticas em EJA, e que, no futuro, vejamos os resultados de um projeto construído em conjunto com a sociedade. Bons estudos! 1. Escola e Sociedade - Contribuições Nos últimos anos, muito se tem discutido a respeito das dificuldades enfrentadas pelas escolas públicas brasileiras, tais como a precariedade das instalações físicas, a carência de investimentos em materiais didáticos e de manutenção, da mesma forma que a falta de profissionais qualificados para atender todas as exigências curriculares. Diante do exposto, vamos discutir, neste módulo, os caminhos possíveis de serem trilhados, face aos múltiplos problemas encontrados nos variados ambientes escolares do país, principalmente no que se refere ao Ensino Médio e à EJA. Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições Tozoni-Reis (s. d., p. 11) critica o modelo de organização do espaço escolar na esfera pública, marcado pela ideologia mercantilista, que fragmenta os sentidos do educar, com propósitos de diferenciação social, de exclusão e de apropriação do saber, cujas consequências são “baixa qualidade; baixa valorização social da escola; baixos salários dos professores; políticas ineficientes de formação inicial e permanente dos professores; burocratização do processo de planejamento pedagógico”. Como consequência, o professor aparece como um reprodutor de conteúdos, e não um mediador para o ensino de caráter crítico e evolutivo, e constitui-se uma classe de “profissionais acríticos e simples executores de tarefas pré-estabelecidas”, segundo Tozoni-Reis (s. d., p. 11). Vemos que o impacto dessa organização gera outros problemas para a escola pública, como a indisciplina e a violência. À figura do professor associou-se a imagem de um profissional que pode ser substituído facilmente por outros, sem a necessidade de se criarem vínculos entre os alunos e os educadores. Para Tozoni-Reis (s. d.), tal imagem surge pela influência do neoliberalismo no contexto socioeconômico, que busca fragilizar a escola pública em favor da educação privada, o que corrobora ainda mais para a exclusão e a dualidade nos diferentes modos de acesso ao ensino, que se refletem igualmente em sua qualidade. Diante do exposto, não é possível a convivência harmônica nos espaços escolares sem uma linha de pensamento que valorize o caráter humano da formação do indivíduo, e a desvalorização profissional docente é um dos agravantes dessa situação. É preciso investir em políticas públicas educacionais que invertam a lógica da ideologia globalizante e foquem em uma formação cultural e social voltada para a vida em pleno equilíbrio com o mundo da diversidade, típica da nova configuração de mundo e de futuro. Outro aspecto que vem problematizando o processo de ensino e aprendizagem na escola é o uso das tecnologias da informação, que traz à tona o debate sobre a necessidade de sua inserção no ambiente escolar. Por um lado, professores antenados com as novas tecnologias se interessam em criar um novo espaço de aprendizagem, mas, por outro, profissionais, que vivenciaram toda uma carreira sem o acesso à tecnologia, ainda resistem ao seu ingresso na sala de aula. Além disso, outro agravante é a carência de infraestrutura adequada, sem um laboratório com computadores disponíveis aos estudantes, como bem salienta Nascimento (2015). Assim, mesmo diante de todo o contexto em que a escola se insere atualmente, é possível perceber que há certa resistência em aplicar a tecnologia no processo de ensino e aprendizagem. A esse respeito, Nascimento (2015, p. 4) propõe uma mudança Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições de perspectiva, pois “não há como continuar vendo a escola como um ambiente com cadeiras enfileiradas onde o professor tem apenas a função de transmitir conteúdos e o aluno veja-se obrigado a adquiri-los sem que a realidade de ambos os personagens seja levada em consideração”. É preciso, pois, repensar a escola que queremos, direcionando-a para que seja dinâmica, ativa e que seus atores interajam de maneira autônoma e crítica frente aos problemas de dentro e de fora do ambiente escolar. A tecnologia pode se tornar uma excelente estratégia para auxiliar na transformação da escola, por meio do planejamento de um projeto de inserção da mídia na realidade do ensino, com vistas a se produzir materiais de comunicação que podem, inclusive, transpor os muros da escola e serem acessíveis a toda a sociedade. Com isso, cria-se engajamento dos estudantes, os professores poderão desenvolver novos projetos e a escola pode cumprir com o seu verdadeiro papel, o de formação cultural e social do indivíduo. Você sabia? As primeiras escolas na tradição ocidental de que temos conhecimento foram aquelas fundadas na Europa no século XII. Isso se considerarmos o modelo de escola que temos hoje, com professor e crianças como alunos. Na Grécia antiga as crianças eram educadas, mas de modo informal, sem divisão em séries nem salas de aula. Já na Europa medieval o conhecimento ficava restrito aos membros da Igreja e a poucos nobres adultos. 1.1. Gestão democrática na escola e a Educação ao longo da vida Após os questionamentos colocados anteriormente, faz-se necessário pensar em alternativas para o futuro da escola, no contexto de globalização e de acelerados avanços tecnológicos. A reflexão em torno do papel da escola e dos caminhos que podem ser seguidos rumo à efetiva mudança é um meio para se obter novas ideias e possibilidades, e algumas experiências apresentam resultados satisfatórios ao universo escolar. É o caso da gestão democrática, que envolve todo o corpodocente e discente, além de coordenadores e gestores escolares. Um dos caminhos apontados pela Secretaria de Educação do Paraná, por meio do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, que é um projeto de suporte ao Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições desenvolvimento educacional para os professores da rede pública estadual, foi uma experiência desenvolvida no Colégio Estadual Professora Orlanda Distéfani Santos, na cidade de São Mateus do Sul. Nesse contexto, a gestão democrática escolar e participativa foi incentivada para a direção e o corpo docente, com o objetivo de promover mudanças, não somente na organização do espaço escolar, como também na prática pedagógica, e cujos processos e resultados incluem todos os agentes da comunidade onde a escola se insere, de acordo com Samistraro (2014). A gestão democrática e participativa envolve, segundo Coutinho (2000), a noção de cidadania, em que os sujeitos se apropriam dos bens criados em conjunto, de realização do ser humano. A consciência coletiva, bem como a tomada de decisões são meios pelos quais se coloca em prática a gestão democrática escolar. Assim, um projeto de melhoria para a infraestrutura da escola será construído com a participação de todos os atores que fazem parte do ambiente escolar, da direção aos estudantes, da mesma forma que os resultados serão partilhados por toda a comunidade, dentro e fora da escola. Como podemos observar, a participação coletiva deve ser incentivada, com vistas à promoção de mudanças efetivas nas práticas cotidianas das escolas. Somente por meio de uma ação de cunho social e democrático é que a escola poderá vislumbrar novas possibilidades para a melhoria dos processos de gestão dos recursos, sejam eles financeiros ou humanos. Os resultados atingidos pela capacitação dos profissionais da escola, seja da direção ou dos professores, no Colégio Estadual Professora Orlanda Distéfani Santos foram bastante significativos, como meio de se estabelecer uma ponte entre o fazer docente e a gestão escolar, não apenas inserindo o professor nos interesses de gerenciamento da escola, mas, da mesma forma, colocando a direção e a coordenação em íntima sintonia com as práticas de ensino e de aprendizagem. Um dos cursistas afirma que a participação de toda a comunidade é fundamental: [...] por acreditarem na Gestão Democrática e no que ela pode ser incisiva na construção coletiva da qualidade, devemos caminhar juntos para ser (sic) construirmos, unindo teoria e prática, além de possibilitar um alicerce de uma nova cultura organizacional, unindo teoria e prática, além de possibilitar o vislumbre de uma escola pública democrática, participativa e de qualidade, pensando nisso a participação das instâncias colegiadas é determinante, mas a família na escola é fundamental para concretizar essa tão sonhada democracia educacional (SAMISTRARO, 2014, s. p.). O conceito de gestão democrática dialoga com a noção de “Educação ao longo da vida”, ou seja, uma educação para a participação e para a cidadania, inicialmente Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições proposta no Relatório Edgar Faure, de 1972, segundo Gadotti (2016). A ideia é valorizar o espaço escolar como um ambiente que forma o indivíduo para o exercício pleno da cidadania, e por isso é fundamental que a prática do ensino e da aprendizagem sejam repensadas e reformuladas. Devido às inúmeras possibilidades de aprendizagem com que o sujeito se depara, durante suas experiências de vida, Gadotti (2016, p. 2) destaca que “a educação procura superar o nosso inacabamento, a nossa incompletude”. Assim, pode-se aprender não só na escola, mas também com o mundo, e é para que o indivíduo se relacione com o mundo à sua volta que a educação para a vida se faz necessária. Infelizmente, parte do conceito proposto inicialmente no Relatório Edgar Faure se perdeu, e a Educação ao longo da vida passou a focar nas exigências do capitalismo, na responsabilização individual pela aprendizagem, tornando a educação em uma prestação de serviço, de acordo com Gadotti (2016). Dessa forma, a problematização do papel da escola se intensifica cada vez mais, e a proposição de contribuições para a mudança aumentou consideravelmente nos últimos anos. 2. Método Paulo Freire – Fundamentos A contribuição de Paulo Freire para a educação, não somente no Brasil como em todo o mundo, é inquestionável. O educador desenvolveu um método de alfabetização de adultos reconhecido pela sua ação efetiva, pois provou-se que a aprendizagem da leitura e da escrita ocorria mais rapidamente, em contraposição aos métodos tradicionais de ensino. Além da criação do método, Freire escreveu inúmeras obras, em que defendia o acesso à educação por toda a sociedade, sem distinção de classe social ou de raça. Promoveu ainda a instituição de uma pedagogia de caráter libertador, baseada na concepção crítica do homem frente ao seu núcleo social, político, cultural e econômico. Para Feitosa (1999), o educador rompeu com a visão tradicionalista, mecanicista e burocratizada da educação, ao promover a educação popular, assumindo um compromisso com os oprimidos e com os excluídos do sistema elitista. Seu grande feito foi mostrar que é possível educar para a construção de uma sociedade democrática, em que o sujeito se reconhece senhor de sua própria aprendizagem, percebendo também que seus conhecimentos prévios são de grande utilidade para a aquisição de novos sentidos. O “Método Paulo Freire para Alfabetização de Adultos” é o resultado do trabalho desenvolvido por Freire nos anos 60, momento em que o Brasil buscava o desenvolvimento econômico acelerado e a redução dos problemas sociais, entre eles, Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições o analfabetismo. Para Manfredi (1978), sua validade consistia em permitir a alfabetização em tempo recorde e em possibilitar a discussão crítica dos problemas sociais, políticos e econômicos vividos pelos alfabetizandos. Com isso, as organizações estudantis, sindicais, religiosas e os líderes políticos tinham seus anseios por melhores oportunidades educacionais satisfeitos. Em 1963, iniciou-se a “experiência de Angicos”, cidade localizada no Rio Grande do Norte, selecionada para uma experiência piloto para um projeto de alfabetização de adultos em escala nacional. Devido às “suas condições adversas (sociais, climáticas, econômicas, educacionais, geográficas etc.) seria propícia para abrigar a experiência piloto, pois se ela fosse exitosa em meio a tantas condições contrárias, teria fortes chances de dar certo em qualquer outro lugar do país”, segundo Pelandré (1998, p. 30). Para melhor conhecer e compreender o Método Paulo Freire, apresentamos os princípios que constituem a sua base metodológica, adaptados a partir do trabalho de Feitosa (1999): 1°- Politicidade do ato educativo - trata da educação vista como construção e reconstrução contínua de significados de uma dada realidade, em que a ação do homem recai sobre essa realidade. A ação da proposta freireana é aquela de base crítica e libertadora. 2°- Dialogicidade do ato educativo - o indivíduo é visto como agente de transformações sociais, logo, a pedagogia precisa ter como base o diálogo, entre educador e educando, entre educando e educador e o objeto do conhecimento, entre natureza e cultura. Em termos práticos, o método promove, de forma indissociada, a educação e a politização do educando, por meio de uma práxis centrada na realidade em que este está inserido. Segundo Feitosa (1999): O alfabetizando é desafiado a refletir sobre seu papel na sociedade, enquanto aprende a escrever a palavrasociedade; é desafiado a repensar a sua história, enquanto aprende a decodificar o valor sonoro de cada sílaba que compõe a palavra história. Essa reflexão tem por objetivo promover a superação da consciência ingênua - também conhecida como consciência mágica - para a consciência crítica. (FEITOSA, 1999, p. 44). Mais especificamente, a prática do cotidiano do educando é trazida para a sala de aula, por meio de figuras representativas da sua realidade. A partir dessas representações, promovem-se debates sobre o papel social dos educandos e da sua importância na sociedade. Dentro do universo de palavras que compõem as vivências do educando, são selecionados grupos vocabulares, que partem do mais simples ao Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições mais complexo, repartindo-se as palavras em unidades ainda menores, as sílabas. A partir destas unidades menores, novas palavras são formadas, pela correspondência entre a inserção social do educando e do seu processo de alfabetização, como vemos em Feitosa (1999). Outro aspecto fundamental em todo este processo é a ação do educador, denominado “animador de debates”, pois problematiza as discussões e incentiva o surgimento de opiniões e relatos. Mais ainda, ao educador cabe “conhecer o universo vocabular dos educandos, o seu saber traduzido através de sua oralidade, partindo de sua bagagem cultural repleta de conhecimentos vividos que se manifestam através de suas histórias, de seus ‘causos’ e, através do diálogo constante, em parceria com o educando, reinterpretá-los, recriá-los”, de acordo com Feitosa (1999, p. 45). Você quer ver? Para compreender melhor como as contribuições do famoso educador brasileiro estão presentes em nossa atualidade, assista ao documentário “Paulo Freire – contemporâneo”, do diretor Toni Venturi Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5y9KMq6G8l8, acesso em 30 de julho de 2019. 2.1. Método Paulo Freire e a educação na contemporaneidade Vimos anteriormente o legado de Paulo Freire e da sua metodologia para a educação brasileira, por meio da contextualização de sua origem e do período histórico em que foi aplicada, trazendo resultados eficazes para a alfabetização de adultos. Agora, partimos para as influências do seu método para a educação na pós- modernidade, quais foram os impactos que a experiência de Angicos trouxe para os rumos da educação no Brasil. Gadotti (2016) apresenta que a iniciativa freireana de Educação Popular como política pública começou em 1964, com o Programa Nacional de Alfabetização. Entre 1989 e 1991, à frente da Secretaria Municipal de Educação, em São Paulo, Freire defendeu a “Educação Pública Popular” e criou o Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA-SP), em parceria com os movimentos sociais e populares. Constata-se, assim, que a defesa de um modelo educacional libertador, de acesso a https://www.youtube.com/watch?v=5y9KMq6G8l8 Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições todos e promotor da crítica social continuou a ser perseguida pelo pedagogo, em sua incansável luta pela educação de qualidade e em igualdade de condições. Inúmeros desafios foram enfrentados pela instituição de uma educação popular no Brasil, como o golpe militar, em 1964, e os vinte anos de sua duração, período em que se criou o MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização - um programa instituído pelo governo militar, cujo trabalho educacional corre na contramão dos sonhos e métodos de Paulo Freire, como salienta Brandão (1991). Após esses enfrentamentos, começam a surgir iniciativas em várias partes do país, em meio a grupos e associações populares na cidade ou no campo. Essas iniciativas não deixaram que se apagasse a chama do amor pela educação popular, e foi a partir delas que se deu novo fôlego para a implantação de projetos educativos no final do século XX. Brandão (1991) assim descreve a profusão de movimentos, que Paulo Freire chamou de práticas populares de libertação: Com origens e histórias diferentes a partir de 1964, surgem ou ressurgem (de que cinzas? de que tempos? de que nomes?) por toda a parte: movimentos de trabalhadores, sindicatos, oposições sindicais, associações populares, assembleias do povo, grupos de bairro, de vizinhança, de comunidade, comissões populares de saúde, de luta por creche, por educação. Ao longo dos últimos anos, não são só algumas comunidades populares trabalhadas pela prática pastoral da Igreja, ou pela iniciativa de grupos, equipes ou partidos de intelectuais de dentro e de fora das universidades, as que aos poucos aprendem a reencontrar os seus recursos e as suas práticas de mobilização comunitária, de resistência e luta popular. Na verdade são as próprias classes populares que reinventam a dimensão de seu trabalho político. (BRANDÃO, 1991, p. 53). É por meio desta ação conjunta que a semente plantada por Freire chegou aos nossos dias. Ele mesmo foi um incansável semeador, plantando aqui e ali, regando e disseminando as ideias de educação para a libertação. Seja “em São Paulo, em São Carlos, em Campinas, Paulo Freire participa de novas experiências de alfabetização popular”, de acordo com Brandão (1991, p. 57). Sem um grande programa instituído, os movimentos se direcionam a partir da “participação mais ativa e determinante das próprias comunidades locais”. Os trabalhos são desenvolvidos na e para a comunidade, com o auxílio de grupos estudantis ou de instituições universitárias, ampliando as possibilidades do fortalecimento destes grupos na defesa da educação como meio de inserção sociocultural e politizada. Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições 3. Base Nacional Curricular - Propostas para a EJA A Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil vem enfrentando uma série de percalços para se estabelecer plenamente como uma educação voltada para a formação do ser humano; que deve ser visto como portador de experiências prévias significativas e que contribuem para o próprio processo de ensino e aprendizagem. Não cabe conformar a EJA ao modelo tradicionalista de educação, nem tampouco adaptar a base curricular do ensino regular à área, já que esta possui especificidades que a diferenciam, em grande medida, do modelo de ensino dos alunos que frequentaram a escola desde a infância. Pensando em uma proposta curricular que atenda os interesses da EJA, vamos discutir a respeito do que tem sido tratado nos ambientes educativos, sem deixar de considerar o passado do ensino de jovens e adultos na educação brasileira. Com a Constituição de 1988, a EJA tornou-se um direito público, obrigatório a todos aqueles que não frequentaram e/ou concluíram a escola na idade própria. Já nos anos 90, abordou-se a educação da população para o desenvolvimento do país, conforme Cruz (2018). Estas iniciativas mostram que a EJA passou a representar importante papel na busca pela melhoria nos índices educacionais brasileiros, apesar das enormes carências que ainda podemos verificar, como o alto quantitativo de jovens e adultos que ainda se encontram fora da educação formal em nosso país. Sob este aspecto, Cruz (2018) relaciona a alfabetização dos adultos ao direito à liberdade de expressão na sociedade, com igualdade, promovendo a cidadania. Quando o assunto passa a tratar do currículo, verifica-se um enorme gargalo, pois a instituição da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) para a EJA ainda é ineficiente, se pensamos que a proposta da base não alcança toda a complexidade que envolve a EJA na prática educacional. No que se refere ao currículo em EJA, Sousa (2017) afirma que: [...] o currículo é vivo e é indissociável com a prática, com o fazer diáriode cada pessoa e profissional da educação, alicerçado pela autonomia e pelo desejo do novo. Assim, não podemos conceber um currículo e uma escola estática e presa em si própria. Numa abordagem freireana do currículo concluímos que este não deve ser engessado, do tipo narrativo, hierárquico, ao contrário, deve ser dialógico. (SOUSA, 2017, p. 5). A partir do exposto acima, vemos que as ideias de Freire nem sempre se encontram em harmonia com a prática observada em muitas escolas e que ainda é necessário que se discuta sobre a sua contribuição para a constituição de um currículo Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições que respeite o universo do educando da EJA, seu contexto sociocultural e suas especificidades. O Plano Nacional de Educação - PNE, aprovado na Lei 13.005/2014, foi a primeira iniciativa legal para a instituição da BNCC, cujo Artigo 2º apresenta caminhos para direcionar os objetivos da política educacional: Art. 2o São diretrizes do PNE: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV - melhoria da qualidade da educação [...] (BRASIL, s. p., 2014). É possível observar que, teoricamente, o PNE encontra-se em consonância com as principais teorias educacionais que se desenvolveram no Brasil, nos últimos anos, mas o que se observa, na prática, é a falta de aplicabilidade do texto legal, em especial quando o foco é a EJA. Sousa (2017, p. 7) destaca que a “BNCC limita e reduz as possibilidades de construção curricular. Construção esta que respeite e valorize as particularidades da EJA, que tem princípios fundantes baseados em tempos e espaços diferentes e singulares, público-alvo específico e diverso”. Se o que o documento se propõe a cumprir está aquém do que deveria promover mais enfaticamente, como reverter tal situação e fazer com que a EJA passe a ter um currículo que respeite as suas características? 3.1. Proposta Curricular em Canaã dos Carajás Frente aos desafios impostos pela sociedade e pela legislação específica em EJA, parece difícil imaginar uma proposta curricular que possa ter como fundamentos os preceitos defendidos por Paulo Freire: a construção de um modelo de EJA para a formação crítica do indivíduo, a partir da sua própria realidade local. Apesar dos desafios, existem experiências que tem funcionado, partindo-se da junção de esforços entre a iniciativa privada, o setor público e a organização civil organizada. É o que veremos a partir de agora, na proposta curricular para EJA publicada pela Secretaria Municipal de Educação de Canaã dos Carajás. Libâneo (2012), ao tratar dos modelos de orientação curricular que se relacionam às finalidades da escola, destaca três deles: a orientação pragmática e imediatista, que pouco agrega aos sentidos de uma formação para a vida; a Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições sociológica/intercultural, que se preocupa com a diversidade social e cultural; e a sócio-histórico-cultural, que articula a formação cultural e científica com as práticas socioculturais. O material que propõe uma base curricular municipal para a EJA, produzido por meio da parceria entre a iniciativa privada e o poder público, foi idealizado para contemplar a terceira orientação, já que sua perspectiva parte da realidade local dos educandos, contextualizada sob o olhar construído pelos saberes ao longo do tempo, como se demonstra a seguir: A organização deste material teve como linha indicadora o contexto histórico em que as experiências se realizam. Para isso, a sistematização considerou a realidade local, em que é possível apresentar a política pública existente, o diagnóstico de perfil dos (as) educandos (as), além de elucidar as metas e estratégias sistematizadas no Plano Nacional de Educação (PNE) e no Plano Municipal de Educação. (PARÁ, 2017, p. 6). Assim, parte-se do pressuposto de que os educandos, ao se inserirem em um dado contexto social, que porta consigo também uma história, já possuem conhecimentos e vivências que os tornam capazes de reconhecer-se como sujeitos de vontade e que podem, a partir da tomada de consciência disso, desenvolver o caráter crítico em relação ao mundo ao seu redor. O contexto para o qual o currículo foi desenvolvido encontra-se no trecho a seguir: Canaã dos Carajás teve sua origem nos anos 90, em projetos de colonização agrícola, constituídos a partir de colonos emigrados das regiões Sudeste e Sul do país. A cidade teve sua base econômica, inicialmente, na atividade agrícola: culturas de arroz, milho, banana e feijão e na criação bovina, sendo que essa última atingiu seu auge em 2004. A atividade madeireira também se fazia expressiva na região, onde ainda se podiam encontrar espécies nobres, a exemplo do mogno. Em relação ao setor secundário, a base econômica está na indústria extrativa mineral, voltada, principalmente, para a exploração comercial da calcopirita (minério de cobre), em suas formas oxidada e sulfetada. Encontram-se no solo, também, outros minérios, como: diamante, bauxita, níquel vermelho, ferro e ouro. A indústria extrativa mineral local é controlada pela Mineração Serra do Sossego, subsidiária da empresa Vale (PARÁ, 2017, p. 9). O município iniciou suas atividades com base na produção agrícola, tendo desenvolvido também a extração mineral, o que atraiu um significativo contingente populacional, demanda para a qual o projeto foi idealizado, a partir da verificação de que boa parte deste contingente ainda não era alfabetizada ou interrompeu os estudos. Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições Ao refletir sobre o papel da escola na construção das relações sociais entre os jovens e a escola, Dayrell (2007) problematiza este espaço-lugar, em que a escola, em muitos casos, ao invés de promover ações em prol do jovem, especialmente aquele oriundo das camadas populares, termina por aumentar o abismo entre a sociedade e a juventude, indo na contramão do seu verdadeiro papel integrador e mantendo uma postura excludente. Com o objetivo de combater tal prática, a proposta curricular de Canaã dos Carajás apresenta os eixos temáticos selecionados a partir de uma pesquisa sobre o perfil dos educandos, buscando pistas para a elaboração de um currículo que atenda às especificidades deste público. Em relação ao que os educandos esperam da escola e dos motivos que levam à evasão escolar, a pesquisa de perfil retornou os seguintes resultados: Em relação à escola, os educandos indicaram que: · Esperam ter uma educação de qualidade, bons professores. · Querem aprender a ler e escrever, dar continuidade aos estudos e adquirir conhecimentos. · O principal motivo que leva à evasão é o trabalho (PARÁ, 2017, p. 18). Após abordar as dificuldades enfrentadas pela EJA na constituição de uma base curricular apropriada à realidade dos jovens que a frequentam, o caderno (2017, p. 24) trata da seleção dos temas a serem trabalhados nas aulas e sugere a interlocução entre os professores como forma de se produzir conteúdos que estejam em sintonia com a proposta sócio-histórica de ensino e aprendizagem: “Os conteúdos de cada área deverão contribuir para o estudo das temáticas, e todos os educadores devem estar integrados em suas ações, para a realização das atividades. Essa iniciativa demanda o planejamento coletivo dos professores e contribui para a integração da EJA com a educação profissional”. A partir desta metodologia de trabalho, vê-se que há também uma preocupação em integrar a EJA com a educação profissional, umavez que a maioria dos educandos do município se deslocaram para o local em busca de oportunidades de trabalho, logo, para a construção do sujeito sob a ótica da pedagogia libertadora, é necessário que se estabeleça um elo entre a educação formal e a educação para o trabalho. Para a efetiva produção e aplicação deste trabalho, foram acionados vários conhecimentos referentes à EJA, de forma contextualizada, buscando promover uma educação não somente de base conteudista, mas essencialmente formadora de sujeitos críticos e dotados de autonomia. Este modelo exemplifica bem o que se deseja Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições em termos de práticas de educação de jovens e adultos que devem ser promovidas por todos os sistemas educacionais do país. Além da construção de uma base curricular articulada às orientações pedagógicas histórico-críticas, faz-se necessária a participação do poder público, da sociedade civil e da iniciativa privada na formulação de propostas que sejam eficientes para que as mudanças possam ser aplicadas. 4. Práticas Docentes - Novas perspectivas A prática docente vem sendo colocada diante de uma multiplicidade de desafios, em consonância com um novo contexto educacional, descortinado após as transformações rápidas trazidas pelo advento da internet, da rapidez nos processos de comunicação, de um novo modo de se relacionar e de se interagir em sociedade. Para a EJA, os desafios se problematizam ainda mais, visto que, no Brasil, ainda não dispomos de um modelo eficiente para cumprir com as demandas desta área. Assim, o professor encontra-se em um verdadeiro labirinto, em que todas as saídas parecem levar a outras problematizações. De um lado, a sociedade, que vem exercendo uma pressão profunda sobre o professor, sem analisar previamente qual seria a parcela de responsabilidade que lhe cabe. Do outro, a própria escola, que culpabiliza em muitas circunstâncias o professor, por questões que nem sempre se relacionam puramente com a função de ensinar. Segundo Antonio Nóvoa (Porto, 2000), nos últimos anos, os professores têm sido submetidos a formas de exclusão, que se materializam nos processos de tecnologização, de privatização e de racionalização do ensino, e, para que se compreenda e se discuta esse processo, é necessária uma reflexão em profundidade, cuja complexidade das opiniões seja considerada. Ou seja, não basta reconhecer que o professor esteja em uma posição desfavorável socialmente, é preciso levar em conta que todos os atores sociais, de certa forma, precisam assumir sua parcela de responsabilidade, e, principalmente, disponibilizar-se para a busca de soluções aos problemas que a escola tem vivenciado. Nos contextos de ensino para jovens e adultos, cuja realidade ainda se baseia em relações exclusivistas e de hierarquização, as restrições se assomam, tanto da parte da escola, quanto no que se refere aos estudantes da EJA. Além da falta de planejamento curricular adaptado, há a carência de metodologias que se baseiam na pedagogia da libertação, de Paulo Freire. Os problemas, devido às dificuldades dos Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições estudantes, vão desde a falta de incentivo para continuar o curso a questões sociais, como a responsabilidade com a família e com o trabalho. Seria necessário a promoção de discussões que possibilitem o acesso ao ensino e a permanência nele, para que a EJA possa ampliar sua esfera de atuação. Por outro lado, identifica-se que parcela significativa dos estudantes universitários que frequentam cursos de Pedagogia ou de licenciaturas não manifesta interesse em continuar na carreira docente, buscando novos percursos profissionais. É o que aponta a pesquisa desenvolvida por Silva (2015), com estudantes do curso de Pedagogia em uma Instituição de Ensino Superior de Pernambuco. O autor salienta a necessidade do envolvimento dos estudantes de docência na promoção dos direitos da profissão e da formação, sob um viés crítico e emancipador, com vistas a ressignificar a profissionalização docente e o seu valor. Você quer ler? Na obra “A propósito de uma administração”, de Paulo Freire (1961), recebemos um relato e sua subsequente análise feita pelo educador a respeito da administração do Professor João Alfredo Gonçalves da Costa Lima quando Reitor da Universidade do Recife. 4.1. Ser professor no século XXI Silva (2015) argumenta que parte do desinteresse dos estudantes de Pedagogia pela prática profissional se deve à dificuldade em se manter um relacionamento cúmplice com os alunos oriundos de realidades bastante violentas e opressoras, que vão do envolvimento em tráfico de drogas à prostituição. Sem dúvida, para o profissional que se depara com esta realidade, sem o devido preparo para enfrentá-la - já que a universidade não oferece nenhum suporte teórico-prático ou metodológico - torna-se praticamente insustentável o convívio escolar em harmonia e paz em ambientes conflitantes. Por isso, é preciso que, aliado à teoria, o professor possa ter uma formação prática in loco, ou seja, na própria escola, lugar de multiplicidade de perfis em convivência nem sempre pacífica. Assim, repensar a inclinação para a prática profissional, ainda no curso universitário, torna o sentido de ser professor melhor adaptado à realidade escolar. A esse respeito, Silva (2015) traz como reflexão a necessidade de professores que Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições desejam inovar e investir na educação, que façam a diferença na escola, que é, mesmo com problemas, lugar de vida, de valorização, de construção de cidadãos e da partilha da cultura. A diversidade deve fomentar o conhecimento e a mudança positiva de todos. Considerando também o contexto atual, em que a tecnologia avança rapidamente, o professor se vê em torno de situações diversas, desde a falta de equipamentos apropriados para a inserção das ferramentas de tecnologia da informação em sala de aula à própria resistência, por parte de alguns profissionais da educação, em inseri-la na rotina da sala de aula. Hoje, o professor que se recuse a dominar a tecnologia e as suas inúmeras funcionalidades está comprometendo a sua prática escolar ao vazio, pois cria-se uma lacuna entre os estudantes, cada vez mais envolvidos e super conectados, e os professores, que insistem em uma didática à moda antiga. Da mesma forma que a falta de investimentos pode gerar um caos no acesso à informatização na escola, já que sem as ferramentas básicas em multimídia, não é possível incrementar as aulas. Além disso, o professor da EJA - que como vimos durante este módulo, ainda carece de maior apoio, desde o currículo adequado à realidade de sua prática até à implantação efetiva do modelo proposto por Paulo Freire em todo o Brasil - é o que mais necessita da reorganização curricular. Isso porque seus alunos são sujeitos com bagagem cultural e de vida muito ricas, e tal componente não pode ser negligenciado. As políticas públicas em EJA precisam estar antenadas com a realidade de muitos professores e alunos da área, uma vez que dependem do suporte do Estado para manter viva a chama do ensino de base popular e libertadora. Seja para a formação universitária, seja para a formação em nível médio ou EJA, a figura do professor é essencial para que a escola continue a manter o seu compromisso com o ensino e a aprendizagem, mas como ilustrou-se até o presente momento, não se trata de um professor univalente, mas polivalente, que saiba auxiliar, mediar, apoiar, gerir, enfrentar desafios e ultrapassá-los. Para o novo modelo de escola que o mundo requer, há de se ter um profissional preparadopara as dúvidas e as incertezas, mas que queira tornar o conhecimento acessível e democrático a todos aqueles que dele desejam usufruir. Síntese A abordagem deste módulo voltou-se para a EJA, sua origem, seus desafios e suas perspectivas no cenário educacional brasileiro. Iniciamos tratando a temática da Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições escola pública e seus problemas, mas também da proposição de caminhos que possam vir a ser trilhados para a efetivação de mudanças. Vimos que o trabalho de Paulo Freire foi conduzido por ele com tamanha força de vontade e dedicação, que, mesmo diante de tantas dificuldades, a EJA vem procurando se firmar no cenário educativo, no Brasil, por meio da contribuição de comunidades que defendem a educação popular. Também falamos sobre a relação entre o BNCC e o currículo para a EJA, que ainda se encontra desarticulado de uma proposta pedagógica voltada para o ensino de jovens e adultos, apresentamos o exemplo de uma experiência que propõe a emancipação do educando por meio da educação. Por fim, a formação de professores e suas perspectivas para o século XXI completam nosso percurso, e pudemos constatar que ainda precisamos continuar em busca de mudanças, para que os futuros professores tenham a vocação e o interesse em fazer a diferença na educação brasileira. As reflexões aqui propostas podem e devem continuar a ser repensadas, com vistas a fazer do nosso país uma referência educacional de qualidade. Nesta unidade você teve a oportunidade de: ● Analisar as relações entre escola e sociedade compreendendo sua as mútuas contribuições realizadas; ● Perceber as contribuições da gestão democrática ao projeto educacional brasileiro; ● Reconhecer os fundamentos do método Paulo Freire para a educação; ● Avaliar as propostas da Base Nacional Curricular Comum para a Educação para Jovens e Adultos; ● Vislumbrar as novas perspectivas para a prática docente na realidade brasileira. Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade Nº 3 - Escola e Sociedade - Contribuições Bibliografia BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Método Paulo Freire? - 17 ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1991. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (Lei nº 9.394/96). Brasília, 20 de dezembro de 1996. BRASIL. Lei 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação PNE e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalt o.gov.br/ccivil_03/_ Ato20112014/2 014/Lei /L13005.htm>. Acesso em: 10 jul. 2019. COUTINHO, Carlos Nelson. Contra a corrente: ensaios sobre a democracia e o socialismo. São Paulo: Cortez, 2000. CRUZ, Antonio Carlos dos Santos. EJA: A Formação Docente e seus Desafios na Preparação do Aluno para o Mundo Moderno. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 03, Vol. 01, pp 5-17, Março 2018. DAYRELL. Juarez. A escola “faz” as juventudes? 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