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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE PEDAGOGIA SAMYA PAULA FELIPE FERREIRA A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM NUMA PERSPECTIVA DE WALLON, VYGOTSKY E PIAGET GOIÂNIA 2020 SAMYA PAULA FELIPE FERREIRA A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM NUMA PERSPECTIVA DE WALLON, VYGOTSKY E PIAGET Trabalho de Pesquisa e Prática em Educação- Projeto para obtenção de nota de Pedagogia sob a orientação da Prof.ªMárcia Cristina de Faria Orientadora: Márcia Cristina de Faria GOIÂNIA 2020 3 RESUMO O Trabalho de pesquisa de conclusão de curso, tem a finalidade de fazer algumas indagações e considerações de questões que emergiram durante o período acadêmico, com habilitação em séries iniciais, cujo objetivo é discutir a importância da afetividade nas práxis pedagógicas e sua contribuição significativa no processo ensino e aprendizagem do aluno. A metodologia utilizada para realização deste estudo baseou-se numa revisão de literatura feita através de teóricos que tratam do tema como. Piaget, Vygotsky e Wallon, dentre outros. Trata ainda da relevância da relação entre escola e família para melhoria da aprendizagem escolar e, consequentemente, do desenvolvimento na sua totalidade do aluno: ator principal desse cenário. PALAVRAS CHAVE: Afetividade, Desenvolvimento, Ensino Aprendizagem, Processo Cognitivo e Ação Pedagógica. 4 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 05 1 A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM NUMA PERSPECTIVA DE WALLON, VYGOTSKY E PIAGET .............................................................................................................. 07 1.1 Antecedentes de Estudo .................................................................................. 07 1.2 Desenvolvimento Infantil: Família e Escola ................................................ 08 1.2.1 As responsabilidades da família no processo educacional ........................... 09 1.2.2 Afetividade e aprendizagem: uma relação professor-aluno .......................... 11 1.3 Conceito de Aprendizagem ............................................................................. 17 1.4 Conceito de Afetividade ................................................................................... 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 24 5 INTRODUÇÃO O presente trabalho nasceu da exigência para conclusão do Curso de Pedagogia, da Faculdade Estácio de Sá, onde se destaca a importância da afetividade no processo da aprendizagem numa perspectiva de Wallon, Vygotsky e Piaget, pois a afetividade e a aprendizagem são de certa forma, correlatas e interdependentes. O objetivo do presente estudo é a análise da afetividade no processo da aprendizagem infantil de diferentes níveis através de estudos teóricos comparativos ressaltando no primeiro capítulo a importância da afetividade nas relações família/professor/aluno, apontando para o fato de que a afetividade pode determinar o sucesso ou o fracasso de uma criança na escola. O aporte teórico que sustenta a concepção aqui desenvolvida centra-se no segundo capítulo nos postulados teóricos de Jean Piaget, Lev Semenovich Vygotsky e Henri Wallon, a respeito dos processos afetivos no desenvolvimento da aprendizagem. Os conceitos fundamentais das teorias de Jean Piaget, Lev Vygotsky e Henri Wallon, vêm ajudar a compreender a afetividade no processo da concepção do ensino e da aprendizagem, e a relação interpessoal como fator importante no desenvolvimento e humano. Percebe-se a partir dos estudos teóricos a importância da afetividade na vida, não só dos alunos, mas do indivíduo que faz parte de uma sociedade. Levando em consideração esse processo, surgiram alguns questionamentos como: a) Quais as contribuições que Piaget, Wallon e Vygotsky trouxeram para o desenvolvimento cognitivo e afetivo? b) Como a afetividade influencia no processo cognitivo? c) De que forma a escola pode atuar nessa perspectiva psicopedagógica? 6 Para responder as questões sobre a ótica dos três estudiosos, leva-se em conta as contribuições para o campo educacional, abordando o processo de cognição e afetividade. No terceiro capítulo foi abordado a perspectiva psicopedagógica e a escola, num estudo comparativo entre os teóricos numa dimensão cognitiva e afetiva direcionada à escola. As discussões que abarcam a intrínseca relação entre afeto e cognição contribuem para toda a educação em geral e não apenas as séries iniciais de ensino. Todavia o conceito de afetividade no desenvolvimento da psique humana não é apontado com ‘’objetividade’’ e generalizações, dada a complexidade do seu raio de ação. O desenvolvimento infantil por ser uma faixa etária na transição do desenvolvimento cognitivo e emocional infantil, está ligado diretamente ás conquistas, ás descobertas evolutivas que é de grande significação para as duas áreas. Esta pesquisa usou o método bibliográfico expositivo descritivo e utilizados como referências teóricas as contribuições de: Coll, Almeida, Gagné, Oliveira, Antunes, Dantas, entre outros. 7 1 A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM NUMA PERSPECTIVA DE WALLON, VYGOTSKY E PIAGET As emoções são a exteriorização da afetividade (..) Nelas que se assentam os exercícios gregários, que são uma forma primitiva de comunhão e de comunicação. As relações que elas tornam possíveis afinam os seus meios de expressão, e fazem deles instrumentos de sociabilidade cada vez mais especializados. WALLON 1.1 Antecedentes de Estudo Costa (2005) elaborou um trabalho para conclusão de curso intitulado: Afetividade e Cognição: O processo de ensino aprendizagem em anos iniciais, o qual nos deu direcionamento para elaboração desta monografia. Costa discute e afetividade e cognição como processo de ensino – aprendizagem em Anos Iniciais do Ensino Fundamental, apresentando um estudo bibliográfico sobre a importância do desenvolvimento humano nesse período escolar. Nota-se em seu trabalho uma atenção voltada para os professores, tornando imprescindível o conhecimento das teorias da psicologia da aprendizagem para um acompanhamento mais detalhado dos seus alunos. Nos últimos anos, muito se tem debatido sobre os problemas educacionais que são muitos no Brasil. Vai de evasão a fracasso escolar, porém o mais polemizado é a dificuldade no processo ensino- aprendizagem. A partir disso, Costa procurou uma forma de entender essa subjetividade que é o desenvolvimento humano na fase que o estudante começa não somente uma vida escolar, como também social. 8 No primeiro momento, ela discorre sobre como surgiu o interesse de se fazer uma pesquisa no campo da pedagogia, os principais pensadores, um breve resumo histórico e questões que nortearam a pesquisa. Em seguida, é apresentado os três teóricos de maneira a focalizar suas teorias e relações no campo da educação. Conclui-se que neste trabalho que a escola deve ser considerada indissolúvel na relação da criança com a sociedade e manter o equilíbrio entre elas, favorecendo a auto estima do estudante, tendo na sala de aula como uma oficina de convivência. Dessa maneira, o trabalho apresentado sugeriu ao professor uma compreensão das teorias do desenvolvimento humano e ter atitude de investigador do aluno e da sua prática por meio de pesquisas na área pedagógica. 1.2 Desenvolvimento Infantil: Família e Escola Na sociedade contemporânea, multiplicam-se formas de estruturação e reestruturação familiar, tornou-se comum que a criança convivia com paisseparados, com novos companheiros de uma das figuras parentais e com irmãos de outras uniões. Além disso, com a crescente participação feminina no mercado de trabalho, tem aumentado significativamente o número de mulheres que passam longos períodos do dia fora de casa o que faz com que o cuidado dos filhos, mesmo quando ainda bem pequenos, sejam compartilhados com outras pessoas. Além de instituições educacionais especializadas como creches, pré-escolas e berçários públicos e particulares – há avós, tios, e amigos que ajudam a tomar conta dos pequenos. Toda criança é influenciada por inúmeros fatores: a maneira como costuma ser trocada ou alimentada, as condições em que dorme – com barulho ou no silêncio – como é carregada. É preciso considerar ainda se outras crianças ou adultos brincam com ela ou se fica mais tempo quieta. 9 A própria cultura tem seus dispositivos para acolher a criança pequena, segundo diferentes tradições. É nessas condições que ela estabelece, desde o nascimento, seus vínculos afetivos, construídos e reconstruídos durante toda a vida. Nos primeiros anos, os estados emocionais, as relações de causa e efeito, as formas de lidar com situações concretas estão em fase de construção e podem consolidar a forma como a criança passará a ver o mundo e a si mesma. Daí a importância de lhe proporcionar experiências afetivas que facilitem seu desenvolvimento. Atualmente, se observa uma maior preocupação da sociedade, família e, sobretudo do sistema educacional na interação professor-aluno, no processo do ensino aprendizagem no desenvolvimento infantil. 1.2.1 As responsabilidades da família no processo educacional A atuação da família na escola deve ser complementar a ação educativa. A escola precisa dos pais, mas deve ser agradável para atraí-los. Com isso, destruirá o mito de que os pais não gostam de participar das atividades escolares ou não têm tempo para fazê-lo. Pesquisas mostram que os pais, sobretudo os das classes menos favorecidas, valorizam a escola, até como uma forma de dar a seus filhos o que não tiveram. Os pais não precisam ser cultos. Podem e devem dar, principalmente, exemplos de vida. Os melhores exemplos de integração escola/família estão entre as comunidades mais participativas, ainda que menos favorecidas economicamente, e não entre as mais instruídas. Um dos exemplos de escola que não assume suas responsabilidades é a que se dedica apenas aos alunos que já vêm prontos, com bagagem cultural anterior, e, por isso, são os que se destacam e passam facilmente de ano. O aluno com dificuldade de aprender, que deveria receber maior atenção, passa a ser apontado como culpado de seu próprio fracasso, e não a escola. 10 A importância da família na vida atual e futura das crianças, é imprescindível, principalmente no desenvolvimento de competências que facilitem a sua adaptação à Escola. É frequente, contudo, que, em um ou outro momento do seu percurso escolar, as crianças se confrontem com problemas comportamentais ou com dificuldades de aprendizagem. A família e a escola formam uma equipe. É fundamental que ambas sigam os mesmos princípios e critérios, bem como a mesma direção em relação aos objetivos que desejam atingir. Ressalta-se que mesmo tendo objetivos em comum, cada uma deve fazer sua parte para que atinja o caminho do sucesso, que visa conduzir crianças e jovens a um futuro mais promissor. O ideal é que família e escola tracem as mesmas metas de forma simultânea, propiciando ao aluno uma segurança na aprendizagem e que venha criar cidadãos críticos capazes de enfrentar a complexidade de situações que surgem na sociedade. Atualmente, os pais devem estar cada vez mais presentes na vida dos filhos, atentos ao que eles falam, o que eles fazem, as suas atitudes e comportamentos. E, apesar de ser difícil, a escola também precisa estar atenta. Eles se comunicam de várias formas: através de sua ausência, de sua rebeldia, seu afastamento, recolhimento, choro, silêncio. Outras, através de grito, agressividade, fugas, notas baixas, mudanças repentinas na maneira de se vestir, nos gestos e atitudes. Muitas vezes, através do comportamento, estão querendo dizer alguma coisa aos pais. E estes, na correia do dia-a-dia, nem prestam atenção aqueles pequenos gestos ou detalhes. Por vezes, os jovens estão tentando pedir ajuda e, mesmo achando que o filho ultimamente está ‘’meio estranho’’, muitos pais consideram isso como normal, ‘’coisa de adolescente’’, vai passar, é só uma fase. Há que se observar estes sinais. Podem dizer muito de problemas que precisam ser solucionados, como inadequação, dificuldades nas disciplinas, com os colegas, com os professores, e outras causas. 11 A parceira família/escola, é importante não apenas para amenizar os conflitos, mas para proporcionar uma integração entre as partes. Uma conversa franca entre professores e pais, em reuniões simples, organizadas, onde é permitido aos pais falarem e opinarem sobre todos os assuntos, será de grande valia na tentativa de entender melhor os filhos/alunos. A construção desta parceria deveria partir dos professores, pois, a proximidade dos pais na escola proporcionará benefício para ambas as partes. As crianças e jovens precisam sentir que pertencem a uma família. Sabe-se que a família é a base para qualquer ser, não se refere aqui somente família consanguíneas, mas famílias construídas através de laços de afeto. Percebe-se que muitas responsabilidades que antes eram delegadas as famílias, hoje tem sido transferida para a escola, funções como: educação sexual, definição política, formação religiosa, entre outros. Com isso a escola vai abandonando seu foco, e a família perde a função. Além disso, a escola não deve ser só um lugar de aprendizagem, mas também um campo de ação no qual haverá continuidade da vida afetiva. A necessidade de se construir uma relação entre escola e família, deverá pautar no compromissos e acordos mínimos para que o educando/filho tenha uma educação com qualidade tanto em casa quanto na escola. 1.2.2 Afetividade e aprendizagem: uma relação professor-aluno A afetividade no processo ensino-aprendizagem tem sido objeto de estudo por pesquisadores e educadores, por acreditar na sua eficácia como ferramenta fundamental no processo de desenvolvimento e aproveitamento da criança. A relação entre professor e aluno no processo de ensino aprendizagem requer o estabelecimento de um vínculo afetivo como constata Cunha (2008) em seus estudos sobre, amorosidade, aprendizagem e ensino, concluindo que os alunos tendem a buscar um professor intelectualmente capaz e afetivo. 12 Entende-se que o professor afetivo, é aquele que consegue estabelecer uma relação pessoal com seus alunos considerando a história e a subjetividade dos mesmos. Ser afetivo, significa ser mediador do processo ensino-aprendizagem, colocando como protagonista deste processo, enquanto ser humano que participa afetivamente e efetivamente da construção de si e do outro. Vale ressaltar que, para Vygotsky, este processo não se refere à forma de atividade psíquica, mas a busca do movimento de produção/elaboração de sentidos nas relações sociais vividas. A qualidade do ensino não se restringe, portanto, ao domínio do conhecimento e ás condições materiais e outros fatores técnicos, mas está intimamente ligada ao relacionamento entre professor-aluno, ao clima afetivo e de confiança do contexto de ensino-aprendizagem, condições que revelam uma boa formação pessoal e profissional dos educadores. É necessário estabelecer um bom vínculo com o ator de aprender, e este vínculo passa necessariamente pela figura do professor, do educador, do outro que está implicado na mediação da aprendizagem. O relacionamento afetivo é um dos pressupostos básicos para a obtenção do êxitoescolar. A falta de um bom relacionamento entre educador e educando, implica em um baixo rendimento dentro do aprendizado do aluno. A interação entre docente e discente fica comprometido, o interesse de ambos começa a enfraquecer e o fracasso acontece. A interação professor-aluno é um caminho que pode convergir em um enfoque educativo cuja finalidade seja a de promover a aprendizagem significativa, a socialização e o desenvolvimento dos alunos. Sendo assim, para que haja um bom relacionamento no ambiente escolar e a aprendizagem seja significativa, é importante o desenvolvimento de um clima afetivo agradável em sala de aula e que exista também entre o professor e o aluno mais que a necessidade de ensinar e aprender. Isso porque o autoritarismo torna-se uma realidade excludentes em qualquer aspecto do processo educativo, pois, o autoritarismo é repressivo, contrário ás espontâneas manifestações de vida e criatividade, e, portanto, deste não podem resultar crescimento, e muito menos a construção do conhecimento. 13 Já uma relação libertadora que se possa viver entre educador e educando, na medida em que surge entre eles uma afinidade, parcerias, hábitos de diálogo constante entre o precioso bem da liberdade e o precioso bem da disciplina e do interesse, surge assim, o compromisso consigo mesmo e com o social. Na ação educativa libertadora, existe uma relação de troca horizontal entre educador e educando exigindo-se nesta troca, atitude de transformação da realidade conhecida. É por isso, que a relação libertadora é acima de tudo uma educação conscientizadora, na medida em que além de conhecer a realidade, buscar transformá-la, ou seja, tanto o educador quanto o educando aprofundam seus conhecimentos em torno do mesmo objeto cognoscível para poder intervir sobre ele. Neste sentido, quanto mais se articula o conhecimento frente ao mundo, mais os educandos se sentirão desafiados a buscar respostas, e consequentemente quanto mais incitados, mais serão levados a um estado de consciência crítica e transformadora frente à realidade. Esta relação dialética é cada vez mais incorporada na medida em que, educadores e educandos se fazem sujeitos do seu processo. O educador tem como desafio, não só mediar o aprendizado, mas a disciplina do aluno. É preciso dentro do relacionamento humano, levar em conta as características de cada um dos envolvidos como os educadores, educando e seu meio. Afirma Coll: (...) o aluno constrói o seu próprio conhecimento, mediante um complexo processo interativo, no qual intervêm três elementos chave: o próprio aluno, o conteúdo de aprendizagem e o professor, que atua como mediador entre ambos. (COLL, 1996 p.298) Percebe-se que o educador preocupado com a aprendizagem significativa deve procurar manter um bom relacionamento com o educando, ser amigo, estar sempre atento ás necessidades e anseios de seus alunos, acompanhando o processo de construção do conhecimento, sendo o mediador entre os objetos e a aprendizagem, interagindo com os alunos em suas diversas linguagens, 14 estabelecendo limites e construindo democraticamente uma relação de respeito, de elevação da dignidade de quem educa para a vida. A importância das relações e das emoções foi desenvolvida por vários estúdios há milhões de anos, alertando quanto ás necessidades humanas como forma de sobrevivência, fonte de informação para a tomada de decisão, ajustamento dos limites físicos e mentais, comunicação com os outros, capacidade de unir toda espécie humana, independente da diversidade cultural. Segundo Wallon: A existência das emoções pressupõe o plano social. Elas dependem de reações coletivas e são componentes permanentes da ação. Sua natureza resulta expressamente de um traço que lhes é essencial sua extrema contagiosidade de indivíduo para indivíduo. Elas implicam relações interindividuais; dependem de relações coletivas; o meio que lhes corresponde é o dos seres vivos. (apud. ALMEIDA, 2000 p.75) Percebe-se que a inteligência, a emoção e o corpo manifestam-se de maneira interdependente, pois o ser humano necessita dessa relação recíproca para evoluir, sendo que ela auxilia a aprendizagem humana e a relação do ser com a sociedade. Portanto, a relação de interdependência entre a inteligência, a emoção e a motricidade são fundamentais para oferecer ao ser humano os elementos necessários para a evolução da espécie, na qual o envolvimento coletivo é indispensável para uma boa atuação da inteligência e da emoção. Diante dessa nova perspectiva, a educação estimula os princípios intelectuais e cognitivos, dando ênfase nos processos emocionais, para que o conceito de ‘’ser inteligente’’ possa abranger o autoconhecimento, o controle dos impulsos, a capacidade de sucumbir à felicidade e ao bem-estar das pessoas. Por isso os profissionais da Educação devem procurar nutrir-se sobre a competência do bom relacionamento entre educador e educando no processo de ensino-aprendizagem, e na sua prática educativa, isso exige uma postura focada na 15 valorização do potencial humano e na interação social, pois querendo ou não, o homem participa de inúmeras redes relacionais, e a instituição escolar é uma delas. Rever valores, adequar comportamentos, ajustar atitudes, mantendo a integridade, são ações que flexibilizam e transcendem a relação entre educador e educando. Assim, o processo de educação emocional é perfeitamente aplicável a todos os níveis de aprendizagem, principalmente ao educador e ao educando, pois, pode proporcionar como resultado um bom relacionamento entre eles, com isso, possibilitar aos alunos a aquisição do conhecimento, a construção da criticidade e da reflexão. A relação professor e aluno resultam de trocas que se estabelecem na interação entre o meio, que é: natural, social e cultural, onde o sujeito da ação é o professor e sua ação é de mediador do conhecimento, então a relação pedagógica consiste no provimento das condições em que professores e alunos possam colaborar para fazer progredir essas trocas, usando de interação e integração para atingir seus objetivos. O papel do professor é insubstituível mas acentua-se também a participação do aluno no processo. Ou seja, o aluno participa com sua experiência mediata num contexto cultural, na busca da verdade, ao confrontá-lo com os conteúdos e modelos expressos pelo professor. Mas esse esforço do professor em orientar, em abrir perspectivas a partir dos conteúdos, implica um envolvimento com o estudo de vida dos alunos, tendo consciência inclusive dos contrastes entre sua própria cultura e a do aluno. Mas ele não se contentará em satisfazer apenas as necessidades e as carências dos alunos, buscará despertar neles interesse por outras necessidades como: acelerar e disciplinar os métodos de estudo, exigir o esforço do aluno, propor conteúdos e modelos compatíveis com suas experiências vividas, para que o aluno se mobilize para uma participação ativa. A desvalorização do lado afetivo, e a introdução de maior formalidade no relacionamento podem prejudicar a aprendizagem. Muitas vezes os professores 16 parecem muitos preocupados em mostrar erudição e competência em sua disciplina, e acabam relegando o tão necessário relacionamento humano que, deve permear a convivência entre mestres e aprendizes. Disso pode-se perguntar qual a influência e, aplicação que se pode ter na educação quando a metodologia utilizada valoriza a motivação e afetividade nos seus conteúdos curriculares? Esta pergunta requer muita reflexão e sabedoria para ser respondida. Porque não se pode isolar a vontade da inteligência e da afetividade, assim como: comprovadamente a eficácia pode contribuir com o aluno na construção do saber. Um professor eficaz sabe que sua fala, por mais clara e objetiva que seja, não consegue atingirda mesma forma todo seu alunado. Isto porque é de conhecimento de muitos estudiosos dentro e fora da educação, o valor e a repercussão dos sentimentos, da motivação, e da afetividade na construção do conhecimento. As instituições públicas e privadas vêm sendo pressionadas, a repensar seu papel diante das transformações globais que caracterizam o acelerado processo de integração e reestruturação do capitalismo mundial. Este novo paradigma econômico afeta não só a economia, mas também os setores da educação, afetando assim a qualidade do ensino nas escolas e, o relacionamento dos docentes com os discentes. Portanto a escola e o professor, não poderão se propor apenas em formar seres autônomos, mas seres livres, pensantes e atuantes, capazes se necessário for, de saírem dos caminhos pré-determinados a eles. Uma relação de transparência e, companheirismo faz parte da maneira de ensinar. Os alunos e professores devem manter uma relação harmoniosa de acompanhamento educacional e profissional. Ambos ensinam e aprendem, de forma que a troca de experiências seja constante e produtiva, propiciando assim, uma melhor condição para aquisição da assimilação. 17 1.3 Conceito de Aprendizagem A aprendizagem como ação educativa tem como finalidade ajudar a desenvolver nos indivíduos suas capacidades para que os tornem capazes de estabelecer uma relação pessoal com o meio em que vivem (físico e humano), servindo-se para isto, das suas estruturas sensório-motoras, cognitivas, afetivas e linguísticas. A aprendizagem está inevitavelmente ligada à História do Homem a sua construção enquanto ser social com capacidade de adaptação a novas situações. Desde sempre se ensinou e aprendeu de forma mais ou menos elaborada e organizada, já antes do início desde século existiam explicações para a aprendizagem, mas o seu estudo está intimamente ligado ao desenvolvimento de Psicologia enquanto Ciência. O estudo da aprendizagem centrou-se em aspectos diferentes, de acordo com as diversas correntes da Psicologia, e com as diferentes perspectivas que cada uma defendia. Destas teorias as que adquiriram maior relevo foram: • as comportamentalistas (behavioristas) – a aprendizagem é vista como a aquisição de comportamentos expressos, através de relações mais ou menos mecânicas entre um estímulo e uma respostas, sendo o sujeito relativamente passivo neste processo. • as cognitivas – a aprendizagem é entendida como um processo dinâmico de codificação, processamento e recodificação da informação. O estudo da aprendizagem centra-se nos processos cognitivos que permitem estas operações e nas condições contextuais que as facilitam. O indivíduo é visto como um ser que interage com o meio e é graças a essa interação que aprende. • as humanistas – a aprendizagem baseia-se essencialmente no caráter único e pessoal do sujeito que aprende, em função das suas experiências únicas e pessoas. O sujeito que aprende tem um papel 18 ativo neste processo, mas a aprendizagem é vista muitas vezes como algo espontâneo. Estas diferentes perspectivas sobre a aprendizagem conduziram a diferentes abordagens e conceitos. No entanto, estas diferenças não devem ser encaradas como um problema, mas antes como uma vantagem, já que possibilita uma visão mais abrangente, não reduzindo a explicação da diversidade deste processo a uma única teoria. Atualmente a aprendizagem é vista como um processo dinâmico e ativo, em que os indivíduos não são simples receptores passivos, mas sim processadores ativos da informação. Todos os indivíduos à sua maneira e tendo em conta as suas características pessoas são capazes de ‘’aprender e aprender’’, isto é, capazes de encontrar respostas para situações ou problemas, quer mobilizando conhecimentos de experiências anteriores em situações idênticas, quer projetando no futuro uma ideia ou solução que temos no presente, interagimos com os estímulos (situações e problemas) de uma forma pessoal. É importante, contudo, não considerar a aprendizagem simplesmente como o procedimento de memorização. Mais do que isso, é parte importante do processo de construção do conhecimento. Segundo alguns estudiosos, a aprendizagem é um processo integrado que provoca uma transformação qualitativa na estrutura mental daquele que aprende. Essa transformação se dá através da alteração de conduta de um indivíduo, seja por condicionamento operante, experiência ou ambos, de uma forma razoavelmente permanente. As informações podem ser absorvidas através de técnicas de ensino ou até pela simples aquisição de hábitos. O ato ou vontade de aprender é uma característica essencial do psiquismo humano, pois somente este possui o caráter intencional, ou a intenção de aprender; dinâmico, por estar sempre em mutação e procurar informações para a aprendizagem, criador, por buscar novos métodos visando a melhora da própria aprendizagem, por exemplo, pela tentativa e erro. 19 Um outro conceito de aprendizagem é uma mudança relativamente durável do comportamento, de uma forma mais ou menos sistemática, ou não, adquirida pela experiência, pela observação e pela prática motivada. O ser humano nasce potencialmente inclinado a aprender, necessitando de estímulos externos e internos (motivação, necessidade) para o aprendizado. Há aprendizados que podem ser considerados natos, como o ato de aprender a falar, a andar, necessitando que ele passe pelo processo de maturação física, psicológica e social. Na maioria dos casos a aprendizagem se dá no meio social e temporal em que o indivíduo convive, sua conduta muda, normalmente, por esses fatores, e por predisposições genéticas. O longo da história, vários pensadores discutiram as fontes do conhecimento, fazendo alguns questionamentos, como o que é o conhecimento e como ele é adquirido? Como os homens conhecem? Existe o conhecimento inato ou todos os conhecimentos provêm das experiências? É possível aprender sem a experiência? A busca de respostas a estas questões torna-se fundamental observar que o processo de aprendizagem não é um fenômeno simples, muito pelo contrário é um processo complexo. Para entender a aprendizagem, portanto, além das bases epistemológicas, devem-se conhecer as várias fases de desenvolvimento das pessoas, principalmente das atividades cognitivas – as inteligências múltiplas e como elas se manifestam durante a aprendizagem. Gagné, define a aprendizagem como um processo que capacita o organismo a modificar sua conduta em forma mais ou menos estável e com certa rapidez. Do ponto de vista de Gagné: ‘’... aprendizagem é algo que se tem lugar dentro da cabeça de um indivíduo em seu cérebro. Se denomina processo porque é formalmente é comparável a outros processos orgânicos humanos tais como digestão e a respiração…’’ (GAGNÉ, 1971. Pág 13) 20 Gagné em sua proposta dividiu o processo da aprendizagem em 8 (oito) etapas em que as denominou fases: 1. Fase de Aprendizagem Segundo Gagné, para que ocorra a aprendizagem é necessário que o indivíduo esteja motivado. Ele propõe uma motivação estimulante, onde o indivíduo se empenha para alcançar um objetivo. 2. Fase de compreensão O aluno motivado deve dirigir sua atenção na atividade essencial da aprendizagem, para isso deverá prescindir de outros estímulos que estando presentes não constituem o propósito da aprendizagem. O autor, considera que nesta fase, são de grande importância, a atenção e a percepção seletiva. 3. Fase de Aquisição Consiste no ato de aprendizagem, chamado por Gagné de ‘’acontecimento essencial da aprendizagem’’. Nesta fase se produz o passo da informação, desde a memória de curto prazo a memória a longo prazo. Nesse processo joga um papel importante a codificação que é a forma como se armazena a informação. Na fase de aquisição da informação ocorree evento da aprendizagem que é transformado no sistema nervoso central através da codificação. 4. Fase de Retenção Na fase de retenção, ocorre a memória a longo prazo, logo que a informação tenha sido codificada, ou seja, está referindo ao armazenamento da informação. A memória a longo prazo existe informação que se conserva quase intacta por muito tempo, algumas que se debilitam notavelmente e outras que parece apagar-se. 21 5. Fase de Recordação Esta fase se faz referência a recuperação da informação. Gagné, sustenta que as estratégias empregadas para a recuperação, são muito importantes. O educador poderá favorecer a recuperação proporcionando certas pistas (indiretas). 6. Fase de Generalização Faz referência especificamente a transferência do aprendizado. Não basta que o estudante resolva problemas em livros e cadernos, tem que ser capaz de aplicar seus conhecimentos a problemas reais: os quais diferem mais ou menos do contexto em que ocorreu o aprendizado. 7. Fase de Desempenho Consiste na atuação do aluno através da qual se pode comprovar de modo irrefutável que há ocorrido a aprendizagem. 8. Fase de Realimentação A realimentação também chamada de fortalecimento da aprendizagem. Quando o estudante confirma que seguindo certos procedimentos aprendidos alcançará a meta antecipada e a aprendizagem em questão se fortalecerá. De acordo com Gagné, entende-se que os eventos externos são constituídos de estímulos oriundos do ambiente em que o ser humano (estudante) está inserido, sendo estes as diferentes ações desenvolvidas pelo educador, com o propósito de poder influenciar um ou mais processos de aprendizagem. Os eventos externos são conseguidos a partir do momento que podem ativar a motivação, dirigir a atenção, estimular a rememoração e proporcionar orientação a aprendizagem, intensificar a retenção, promover a transferência de aprendizagem, elucidar o desempenho e propiciar e realimentação. 22 Então, o que se observa é que as fases de aprendizagem apresentam-se associadas aos processos internos, e que estes, por sua vez, podem ser influenciados pela ocorrência de eventos externos. 1.4 Conceito de Afetividade A afetividade é um estado psicológico do ser humano que pode ou não ser modificado a partir das situações. Vários estudiosos afirmam que, tal estado psicológico é de grande influência no comportamento e no aprendizado das pessoas juntamente com o desenvolvimento cognitivo. Faz-se presente em sentimentos, desejos, interesses, tendências, valores e emoções, ou seja, em todos os campos da vida. Segundo Wadsworth: Afetividade é um termo utilizado para designar e resumir não só os afetos em sua acepção mais estrita, mas também os sentimentos ligeiros ou matizes de sentimentos de agrado ou desagrado, enquanto o afeto é definido como qualquer espécie de sentimento e (ou) emoção associada a ideias ou a complexos de ideias (WADSWORTH, 2003. P.64) Nas escolas em geral, alunos experimentam diversos sentimentos: o prazer de conseguir realizar algo pela primeira vez, tristeza ao saber da doença de um amigo, raiva ao discutir com colegas. Além disso, podem gostar ou não de seus professores, sentir-se felizes quando seus companheiros de sala os aceitam e culpados quando não estudam o suficiente. Em Psicologia os afetos costumam ser classificados em positivos e negativos. A afetividade positiva se refere ao tipo de emoções positivas tanto de alta energia (entusiasmos e excitação) como de baixa energia (calma e tranquilidade). O prazer a alegria também são exemplos da afetividade positiva. Já a afetividade negativa se refere a emoções negativas como a ansiedade, a raiva, a culpa e a tristeza. ‘’É possível que um aluno apresenta alta energia em ambas dimensões ao mesmo tempo. Seria o caso de apresentar um alto nível de energia entusiasta e, ao mesmo tempo estar irritado. ’’ (SANTROCK, 2002, p.84) 23 Vale dizer que os sentimentos e emoções do aluno precisam ser levados em conta, já que podem favorecer ou desfavorecer o desenvolvimento cognitivo – com o qual está intimamente relacionado. Diretamente ligada à emoção, a afetividade consegue determinar o modo com que as pessoas visualizam o mudo e também a forma com que se manifestam dentro dele. Todo os fatos e acontecimentos que houve na vida de uma pessoa traz recordações e experiências por toda a sua história. Dessa forma, a presença ou ausência do afeto determina a forma com que um indivíduo se desenvolverá. Também determina a autoestima das pessoas a partir da infância, pois quando uma criança recebe afeto dos outros consegue crescer e desenvolver com segurança e determinação. Existem alguns transtornos que ocorrem devido a uma escassez de afeto, onde os mais evidenciados são depressão, fobias, e ansiedades generalizada. Pessoas com experiências traumáticas tornam-se apáticas, ou seja, excluem a afetividade de sua vida tornando-as frias e ausentes de emoção. Pessoas excessivamente afetivas, podem ainda tornar-se incontinentes emocionais. A incontinência emocional é uma alteração da afetividade onde o indivíduo não consegue se dominar emocionalmente. Percebe que a afetividade é uma sensação de extrema importância para a saúde mental de todos os seres humanos por influenciar o desenvolvimento geral, o comportamento e o desenvolvimento cognitivo do indivíduo. 24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Ana Rita Silva. A emoção na Sala de Aula. São Paulo: Papirus, 2000. COLL, César; PALÁCIO, Jesus; MARCHESI, Álvaro. Desenvolvimento Psicológico e Educação: Necessidades Educativas Especiais e Aprendizagem Escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. COSTA, Paloma Nogueira de Oliveira. Afetividade e Cognição: O processo de ensino aprendizagem em anos iniciais, 2005. GAGNÉ, Robert. Como se realiza a aprendizagem. Rio de Janeiro: ao Livro Técnico, 1971. SANTROCK, John W. Adolescência. 8 Ed. Trad. A.B. Pinheiro de Lemos. Rio de Janeiro: Ed. LCT,2002. WADSWORTH, Barry J. Inteligência e Afetividade da Criança na Teoria de Piaget, editora Thomson Pioneira, São Paulo: 2003. UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE PEDAGOGIA RESUMO SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1 A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM NUMA PERSPECTIVA DE WALLON, VYGOTSKY E PIAGET 1.1 Antecedentes de Estudo 1.2 Desenvolvimento Infantil: Família e Escola 1.3 Conceito de Aprendizagem 1. Fase de Aprendizagem 2. Fase de compreensão 3. Fase de Aquisição 4. Fase de Retenção 5. Fase de Recordação 6. Fase de Generalização 7. Fase de Desempenho 8. Fase de Realimentação 1.4 Conceito de Afetividade REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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