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Carolina Amorim – Tutoria – P3 UC7 OBJETIVOS: 1. Entender os benefícios da amamentação (para mãe e o bebê), contraindicações (indicação para suplementação), sinais de boa pega, cuidados que se deve ter com a mama. 2. Compreender a fisiologia, a composição e a passagem do leite (comparação entre o colostro, leite artificial, leite de vaca e o leite materno). 3. Estudar sobre a introdução alimentar do bebê (alimentos que podem ser consumidos) 4. Explicar os tipos de icterícia, as causas e o tratamento (metabolismo da bilirrubina) Termos desconhecidos: Zona III de Krammer, coombs direto TERMOS DESCONHECIDOS: ZONAS DE KRAMMER Existem 3 tipos de diagnóstico de icterícia neonatal: o clínico, o diferencial (que envolve as questões de diagnóstico de icterícia fisiológica e patológica) e o laboratorial. As Zonas de Krammer são uma forma de diagnóstico clínico da icterícia, onde há uma digitopressão sobre a pele, sob luz natural o que vai permitir a classificação da icterícia por essas zonas (zonas dérmicas). TESTE DE COOMBS O teste de coombs é um tipo de exame de sangue que avalia a presença de anticorpos específicos que atacam as células vermelhas do sangue, provocando a sua destruição e podendo levar ao surgimento de por exemplo, anemia hemolítica. Existem dois tipos principais deste exame, que incluem: ▪ Teste de Coombs direto: avalia diretamente as células vermelhas do sangue, verificando se há anticorpos ligados à hemácia e se esses anticorpos são derivados do próprio sistema imune da pessoa ou recebidos por transfusão. Esse teste normalmente é realizado para detectar anemias hemolíticas auto-imunes ou doença hemolítica perinatal. ▪ Teste de Coombs indireto: consiste na Pesquisa de Anticorpos Irregulares (P.A.I), onde avalia o soro do sangue, identificando os anticorpos ali presentes, e geralmente é solicitado em situações de transfusão, para garantir que o sangue que vai ser doado é compatível com quem está recebendo. Quando há um P.A.I positivo, se faz outro teste chamado de Identificação de Anticorpos Irregulares (I.A.I), onde se determina a especificidade do anticorpo, ou seja, contra qual aglutinógeno específico esse anticorpo é voltado. Além da anemia, este teste também pode ajudar a identificar outras doenças que afetam as células do sangue como leucemia, lúpus, mononucleose e eritroblastose fetal (doença hemolítica do recém-nascido), assim como identificar risco de reações transfusionais. 1° OBJETIVO Entender os benefícios da amamentação (para mãe e o bebê), contraindicações (indicação para suplementação), sinais de boa pega, cuidados que se deve ter com a mama. IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO 1. Evita mortes infantis Graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno que protegem contra infecções, ocorrem menos mortes entre as crianças amamentadas. Estima-se que o aleitamento materno poderia evitar 13% das mortes em crianças menores de 5 anos. Essa proteção contra as mortes infantis é maior quanto menor for a criança. 2. Evita diarreia Há fortes evidências de que o leite materno protege contra a diarreia, principalmente em crianças mais pobres, mas essa proteção pode diminuir quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo. Crianças não amamentadas têm um risco 3 vezes maior de desidratarem e de morrerem por diarreia quando comparadas com as amamentadas 3. Evita infecção respiratória Assim como na diarreia, a proteção é maior quando a amamentação é exclusiva nos primeiros seis meses. Além disso, aleitamento também previne otites. Carolina Amorim – Tutoria – P3 UC7 4. Diminui o risco de alergias Estudos mostram que a amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida diminui o risco de alergia à proteína do leite da vaca, de dermatite atópica e de outros tipos de alergias, incluindo asma e sibilos recorrentes. A exposição a pequenas doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia ao leite da vaca. 5. Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes A OMS publicou uma importante revisão sobre evidências em que concluiu que os indivíduos amamentados apresentam pressões sistólica e diastólica mais baixas e níveis menores de colesterol total, além do risco 37% menor de apresentar diabetes tipo 2. Além disso, não é só o lactente que adquire proteção, mas também a mulher que amamenta. Foi descrita uma redução de 15% na incidência de diabetes tipo 2 para cada ano de lactação. A exposição precoce ao leite da vaca (antes dos quatro meses) é considerada um importante determinante do Diabetes Mellitus tipo 1, podendo aumentar o risco de seu aparecimento em 50% dos casos. 6. Reduz a chance de obesidade Na revisão da OMS sobre evidências do efeito do aleitamento materno em longo prazo, os indivíduos amamentados tiveram uma chance 22% menor de vir a apresentar sobrepeso/obesidade. Entre os mecanismos implicados a essa proteção, encontram-se um melhor desenvolvimento da auto- regulação de ingestão de alimentos das crianças amamentadas e a composição única do leite materno participando no processo de “programação metabólica”, alterando, por exemplo, o número e/ou tamanho das células gordurosas ou induzindo o fenômeno de diferenciação metabólica. 7. Melhor nutrição Por ser da mesma espécie, o leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento e o desenvolvimento da criança, além de ser mais bem digerido, quando comparado com leites de outras espécies. 8. Contribui para o desenvolvimento cognitivo 9. Melhora o desenvolvimento da cavidade bucal O exercício que a criança faz para retirar o leite da mama é muito importante para o desenvolvimento adequado de sua cavidade oral, propiciando uma melhor conformação do palato duro, o que é fundamental para o alinhamento correto dos dentes e uma boa oclusão dentária. Quando o palato é empurrado para cima, o que ocorre com o uso de chupetas e mamadeiras, o assoalho da cavidade nasal se eleva, com diminuição do tamanho do espaço reservado para a passagem do ar, prejudicando a respiração nasal 10. Proteção contra câncer de mama Estima-se que o risco de contrair a doença diminua 4,3% a cada 12 meses de duração de amamentação. Essa proteção independe de etnia, paridade e presença ou não de menopausa. 11. Evita nova gravidez A amamentação é um excelente método anticoncepcional nos primeiros seis meses após o parto (98% de eficácia), desde que a mãe esteja amamentando exclusivamente ou predominantemente e ainda não tenha menstruado. Estudos comprovam que a ovulação nos primeiros seis meses após o parto está relacionada com o número de mamadas, assim, as mulheres que ovulam antes do sexto mês após o parto em geral amamentam menos vezes por dia do que as demais. 12. Menores custos financeiros 13. Promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho 14. Melhor qualidade de vida ALEITAMENTO MATERNO O incentivo e o apoio ao aleitamento materno devem ocorrer no pré-natal, na sala de parto, no alojamento conjunto e após a alta hospitalar, bem como nas unidades de alto risco que atendem o recém-nascido. Definição de termos segundo a OMS: ▪ Aleitamento materno exclusivo: quando a criança recebe somente leite materno, diretamente da mama, ou leite humano ordenhado, e nenhum outro líquido ou sólido, com possível exceção de medicamentos, ou seja, toda a energia e todos os nutrientes são fornecidos pelo leite humano. ▪ Aleitamento materno predominante: quando o lactente recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água, como sucos de frutas ou chás, mas não recebe outro leite. ▪ Aleitamento materno: quando a criança recebe leite materno, diretamente do seio ou dele extraído, independentemente de estar recebendo qualquer alimento, inclusive leite não humano.Manejo clínico da amamentação: Carolina Amorim – Tutoria – P3 UC7 O bebê deve começar a mamar logo após o nascimento, ainda na sala de parto, desde que a mãe esteja em boas condições e o recém-nascido com manifestação ativa de sucção e choro. O contato precoce, da criança com a mãe, e a estimulação sensorial da mama, ajudam a consolidar o reflexo da sucção, com a abreviação do tempo de apojadura (descida do leite) e o fortalecimento do vínculo mãe-filho. Para que o bebê sugue o peito eficientemente, é necessário estar em posição que lhe permita abocanhar, adequadamente, o mamilo e a aréola. A mãe pode estar sentada, recostada ou deitada e apoiar a mama com a mão, colocando o polegar logo acima da aréola e os outros dedos e toda a palma da mão debaixo da mama; o polegar e o indicador devem formar a letra C, de modo que o lactente possa abocanhar o mamilo e boa parte da aréola (os depósitos de leite estão sob a aréola). Não é recomendado pinçar o mamilo entre o dedo médio e o indicador (posição de segurar o cigarro). O bebê deve estar bem apoiado, com a cabeça e o corpo alinhados; o corpo, bem próximo e voltado para o da mãe (barriga com barriga), o queixo tocando o peito e a boca bem aberta, de frente para o mamilo, com nariz na altura do mamilo. O bebê deve mamar em livre demanda, ou seja, todas as vezes que quiser, sem horários fixos ou determinados. Depois de ele esvaziar o primeiro peito, a mãe deve oferecer- lhe o segundo; o completo esvaziamento da mama assegura a manutenção do estímulo de produção do leite. O tempo de esvaziamento da mama é variável. CUIDADOS COM OS SEIOS PARA AMAMENTAÇÃO 1. Lavar os seios só com água Os seios e os mamilos devem ser lavados apenas com água, não devendo usar sabonetes ou cremes. Os mamilos têm uma hidratação natural que deve ser mantida durante a gravidez, por isso, quando são usados sabonetes ou cremes, essa hidratação é removida, aumentando o risco de rachaduras nos mamilos. Uma dica para manter os mamilos hidratados e evitar rachaduras, é usar o próprio leite como hidratante após as mamadas. 2. Usar um sutiã próprio Durante a gravidez, a gestante deve usar um sutiã que seja confortável, de algodão, que tenha alças largas e uma boa sustentação. Além disso, é importante que não tenha ferro para não machucar os seios, tenha fecho para ir ajustando o tamanho e em que os seios fiquem totalmente dentro do sutiã. O sutiã de amamentação pode ser usado a partir do terceiro trimestre para a grávida se habituar e saber como utilizá-lo, antes de usar pela primeira vez. 3. Tomar sol nos mamilos todos os dias A gestante deve tomar 15 minutos de sol por dia nos mamilos, mas só até às 10h da manhã ou depois das 16h da tarde, pois isto ajuda a prevenir as rachaduras e as fissuras nos mamilos, que ficam mais resistentes. Antes de tomar sol, a grávida deve colocar filtro solar nos seios, exceto nas aréolas e nos mamilos. Para as grávidas que não podem tomar sol, elas podem usar uma lâmpada de 40 W a 30 cm de distância dos mamilos em alternativa ao sol. 4. Arejar os mamilos É importante arejar os mamilos várias vezes durante o dia, pois isto permite que a pele respire, prevenindo o aparecimento de fissuras ou infeções fúngicas. 5. Estimular os mamilos invertidos As grávidas podem ter os mamilos invertidos, ou seja, virados para dentro, desde o nascimento ou eles podem ficar assim com a gestação e o crescimento dos seios. Desta forma, os mamilos invertidos devem ser estimulados durante a gravidez, para que fiquem virados para fora, facilitando a amamentação. Para estimular, a gestante pode utilizar uma seringa e depois deve fazer uma massagem, rodando os mamilos Outros cuidados que a gestante deve ter com os seios incluem: ▪ Não usar pomadas, cremes hidratantes ou outros produtos na aréola ou mamilo; ▪ Não esfregar os mamilos com uma esponja ou toalha; ▪ Não fazer ducha nos mamilos; ▪ Não extrair leite com as mãos ou uma bomba, que pode sair antes do parto. 2° OBJETIVO Compreender a fisiologia, a composição e a passagem do leite (comparação entre o colostro, leite artificial, leite de vaca e o leite materno). Fisiologia da lactação: A glândula mamária tem como função principal a lactação, que é a capacidade de produzir o alimento ideal para o bebê: o leite da sua espécie. Carolina Amorim – Tutoria – P3 UC7 O hipotálamo, tem dentre suas funções regular a liberação dos hormônios da adenohipófise. A sucção do bebê no peito estimula as terminações nervosas do mamilo e aréola enviando impulsos, via neuronal reflexa aferente, para o hipotálamo estimulando a hipófise anterior a secretar o hormônio prolactina e a hipófise posterior o hormônio ocitocina. Durante a gravidez, a prolactina produzida pela placenta está presente na circulação e alcança níveis altíssimos durante o parto, porém a sua ação na produção de leite é inibida pela alta concentração de esteróides sexuais (estrogênios e principalmente progesterona) Reflexo de Produção do Leite Com o nascimento e a remoção da placenta, diminui rapidamente a concentração sanguínea dos hormônios citados acima, cessando os efeitos inibitórios e a prolactina pode promover a secreção do leite pelas células lactotróficas, aumentando a secreção de colostro. Portanto, o controle da produção inicial de leite é endócrino, isto é, depende dos níveis dos hormônios que participam deste processo. Num período aproximado de 30 minutos após o início da mamada, há um pico de elevação na prolactina basal fazendo com que a mama produza leite para a próxima mamada. O estímulo na região mamilo alveolar percorre as fibras nervosas, alcança a medula espinhal e se conecta com o hipotálamo onde existem fatores estimulantes e inibidores da produção de prolactina. A elevação da prolactina basal pode se manter por 3 a 4 horas. A amamentação frequente mantém os níveis sanguíneos do hormônio elevados assim como a redução na frequência diminui a quantidade de prolactina. Entre 24 a 48 horas após o parto a mama se apresenta intumescida devido a migração de água e dilatação dos ductos e alvéolos levando ao fenômeno denominado de apojadura. A partir daí a regulação passa a ser feita no próprio local da produção de leite constituindo o controle autócrino. O leite possui peptídeos (frações de proteína) supressores da produção de leite e, portanto, se a mama não for esvaziada há acúmulo destes peptídeos fazendo com que a produção seja interrompida. O volume de leite passa a depender da demanda e é diretamente proporcional ao número de mamadas. Se o bebê não sugar ao seio ou não conseguir esvaziá-lo, haverá um acúmulo de peptídeos supressores e também uma contra ordem à liberação de prolactina. Prolactina é produzida principalmente à noite o que nos faz orientar e estimular as mamadas noturnas. Sabemos também que ela confere à mãe sensação de relaxamento e sonolência. Reflexo de Ejeção do Leite A estimulação tátil do mamilo pela sucção dele pelo bebê estimula as terminações nervosas, que por via aferente agem a nível de hipotálamo estimulando a adenohipófise a liberar o hormônio ocitocina. Este é transportado por via sanguínea e vai agir nas células mioepiteliais, em torno dos alvéolos e ductos, fazendo-as se contraírem expulsando o leite para os ductos mais largos até que ele possa ser removido pelo bebê. Este mecanismo, em geral, ocorre em aproximadamente 1 minuto após o início da sucção mas, nas mulheres primíparas pode levar em torno de 3 a 5 minutos. Existe uma sensibilidade aumentada principalmente do mamilo no período peri-parto e este fato, induzido pela sucção, vai ocasionar liberação de prolactina e ocitocina, daí a importância do contato do recém-nascido com a mama ainda na sala de parto. Os sentimentos agradáveis, estímulos auditivos e visuais ajudam o reflexo da ocitocina, facilitando a "descida do leite "enquanto quedor, " stress ", preocupação, ansiedade, cansaço inibem este reflexo mediados pela adrenalina e noradrenalina. Quando existe uma produção exagerada de leite, há um aumento da pressão intra-alveolar e um consequente bloqueio da ação da ocitocina sobre as células mioepiteliais, ocorrendo uma dificuldade no reflexo de ejeção. Este fato acontece por uma falha no mecanismo autócrino de regulação da lactação. Nestes casos se faz necessário esvaziar as mamas por ordenha (manual ou mecânica). A liberação de ocitocina também promove contração das fibras musculares do útero durante a amamentação, contribuindo para a involução uterina e uma recuperação mais rápida da mulher no puerpério. A produção do leite, portanto, depende primordialmente de dois controles principais :a sucção do bebê e o esvaziamento das mamas. Não se pode deixar de lembrar que os reflexos primitivos de alimentação (reflexo de busca e procura, de extrusão, de sucção, de preensão reflexa ou mordida fásica e de deglutição) tem papel principal na alimentação no período neonatal e precisam ocorrer de forma integrada e sequenciada. Distúrbios nestes reflexos podem atrapalhar a amamentação. Carolina Amorim – Tutoria – P3 UC7 Comparação dos leites: O leite de vaca integral, por várias razões, entre as quais o fato de ser pobre em ferro e zinco, não deverá ser introduzido antes dos 12 meses de vida. É um dos grandes responsáveis pela alta incidência de anemia ferropriva em menores de 2 anos no Brasil. Para cada mês de uso do leite de vaca a partir do quarto mês de vida, ocorre queda de 0,2 g/dL nos níveis de hemoglobina da criança. As inadequações do leite de vaca são: ▪ Gorduras: contém baixos teores de ácidos graxos essenciais, como o ácido linoleico (dez vezes inferior às fórmulas), sendo necessário o acréscimo de óleo vegetal para atendimento das necessidades do recém-nascido. ▪ Carboidratos: sua quantidade é insuficiente quando o leite é diluído a 2/3, sendo necessário o acréscimo de outros açúcares frequentemente mais danosos à saúde, como a sacarose, com elevado poder cariogênico. ▪ Proteínas: fornece altas taxas, com consequente elevação da carga renal de soluto e risco de desenvolvimento de obesidade no futuro. Apresenta relação caseína-proteínas do soro inadequada, comprometendo a digestibilidade. ▪ Minerais e eletrólitos: fornece altas taxas de sódio, contribuindo para a elevação da carga renal de soluto, deletéria principalmente para os recém- nascidos de baixo peso. ▪ Vitaminas: baixos níveis de vitaminas D, E e C. ▪ Oligoelementos: são fornecidas quantidades insuficientes, com baixa biodisponibilidade de todos os oligoelementos, salientando-se o ferro e o zinco. 3° OBJETIVO Estudar sobre a introdução alimentar do bebê (alimentos que podem ser consumidos) O Ministério da Saúde/Organização Pan-Americana da Saúde (MS/OPAS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria estabeleceram, para crianças menores de 2 anos, dez passos para a alimentação saudável: ▪ Dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos. ▪ A partir dos 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo-se o leite materno até os 2 anos de idade ou mais. ▪ Após os 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes) três vezes ao dia se a criança receber leite materno e cinco vezes ao dia se estiver desmamada. Carolina Amorim – Tutoria – P3 UC7 ▪ A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança. ▪ A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher; começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família. ▪ Oferecer à criança diferentes alimentos todos os dias. Uma alimentação variada é, também, uma alimentação colorida. ▪ Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições. ▪ Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação. ▪ Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir armazenamento e conservação adequados. ▪ Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo a alimentação habitual e seus alimentos preferidos e respeitando sua aceitação. A partir do sexto mês de vida, deve-se introduzir a alimentação complementar, mantendo-se o aleitamento materno até os 2 anos de idade ou mais. Retardar a introdução de alimentos complementares não protege a criança do desenvolvimento de doenças alérgicas, podendo mesmo aumentar este risco. A introdução de grande variedade de alimentos sólidos por volta de 3 a 4 meses de vida parece elevar o risco de eczema atópico e de alergia alimentar. As frutas in natura, preferencialmente sob a forma de papa, devem ser oferecidas nesta idade, amassadas, sempre em colheradas, ou espremidas. O tipo de fruta a ser oferecido terá de respeitar características regionais, custo, estação do ano e presença de fibras, lembrando que nenhuma fruta é contraindicada. Não há restrições à introdução concomitante de alimentos diferentes, mas a refeição deve conter pelo menos um alimento de cada um dos seguintes grupos: ▪ Cereais ou tubérculos. ▪ Leguminosas. ▪ Carne (vaca, ave, suína, peixe ou vísceras, em especial o fígado) ou ovo; lembrar que as vísceras, quando utilizadas, deverão sofrer cozimento atento e demorado a fim de evitar possíveis contaminações pela manipulação em abatedouros, com grande incidência de salmoneloses. ▪ Hortaliças (verduras e legumes). Aos 6 meses, os dentes estão próximos às gengivas, o que as torna endurecidas, de tal forma que auxiliam a triturar os alimentos. A consistência dos alimentos deve ser progressivamente elevada, respeitando-se o desenvolvimento da criança e evitando-se, dessa forma, a administração de alimentos muito diluídos (com baixa densidade energética) para propiciar a oferta calórica adequada. Além disso, as crianças que não recebem alimentos em pedaços até os 10 meses apresentam, posteriormente, maior dificuldade de aceitação de alimentos sólidos. Para as crianças que usam fórmulas infantis, a introdução de alimentos não lácteos deverá seguir o mesmo padrão preconizado para aquelas que estão em aleitamento materno exclusivo (a partir dos 6 meses). 4° OBJETIVO Explicar os tipos de icterícia, as causas e o tratamento (metabolismo da bilirrubina) Metabolismo da bilirrubina: Carolina Amorim – Tutoria – P3 UC7 A bilirrubina corresponde a um produto advindo do catabolismo das hemácias, denominado hemocaterese, realizado aproximadamente nos 120 dias de vida dessas hemácias (ocorre dentro do Sistema fagocítico mononuclear, mais precisamente, no macrófago). Portanto, quando a hemácia é rompida, a hemoglobina libera a globina do grupo heme. Este grupo heme tem um núcleo tetrapirrólico centralizado por uma molécula de ferro. Sob a ação de uma enzima chamada hemo-oxigenase, o núcleo tetrapirrólico abre-se e libera o átomo de ferro, formando dessa forma um pigmento chamado de biliverdina. A biliverdina é um composto instável, que sob a ação de uma enzima chamada biliverdina redutase, transforma-se em um composto chamado de bilirrubina não conjugada (livre), e por ser um composto pouco hidrossolúvel, circula no sangue associado a uma molécula de albumina e passa a ser chamada de bilirrubina não conjugada (indireta). Do sangue, quando chega ao hepatócito, o hepatócito capta avidamente a BNC, através de umas proteínas carregadoras de membrana do hepatócito. Quando essa bilirrubina entra no citoplasma desse hepatócito a BNC é transportada por algumas proteínas carreadoras,chamadas de proteínas z e y (ligandina) e vai para o Retículo endoplasmático Liso. No REL, a BNC é conjugada com o Ácido glicurônico, graças a ação da enzima glicoronil transferase (UGT1A1), esse composto, agora hidrossolúvel, vai passar a ser chamado de bilirrubina conjugada (direta). Em seguida, essa bilirrubina cai nos canalículos biliares por meio de um transporte ativo concedido por uma bomba na membrana plasmática dos hepatócitos. Nos canalículos, a bilirrubina percorre todas as vias biliares para ser liberada pela Ampola hepatopancreática, na 2° porção do duodeno. Essa bilirrubina conjugada não pode ser absorvida pelo intestino por ser polar, assim, no íleo e no cólon a bilirrubina é reduzida a urobilinogênio por meio de enzimas bacterianas chamadas de beta glicuronidase. Como o urobilinogênio é apolar, ele pode ser parcialmente reabsorvido pelo intestino e voltar de novo para o fígado ou excretado pelos rins (sendo denominado de urobilina), ou pode ser liberado nas fezes na forma de estecorbilina (é o que dá a cor das fezes). Fisiopatologia: Tanto bilirrubina não conjugada quanto a bilirrubina conjugada (glicuronídeos de bilirrubina) podem sofrer acúmulo sistêmico. Existem duas diferenças fisiopatológicas importantes entra as duas formas de bilirrubina que são importantes destacar: A BNC (bilirrubina não conjugada) é praticamente insolúvel em água em PH fisiológico e existe na forma de complexos estáveis com albumina sérica. Essa forma não pode ser excretada na urina, mesmo que os níveis sanguíneos estejam elevados. Normalmente, uma quantidade muito pequena de bilirrubina não conjugada está presente com um ânion livre de albumina no plasma. Contudo, essa fração de bilirrubina não ligada pode se difundir para os tecidos, particularmente o cérebro em lactentes (bebês), e produzir lesão tóxica. A fração plasmática não ligada pode aumentar na Doença Hemolítica Severa ou quando alguns medicamentos deslocam a bilirrubina da albumina. Consequentemente, a Doença Hemolítica do RN (Eritroblastose fetal) pode levar ao acúmulo de BNC no cérebro, o que pode causar uma lesão neurológica grave, conhecida como kernicterus. A BC (bilirrubina conjugada) é hidrossolúvel, atóxica e está ligada apenas frouxamente à albumina. Em virtude de sua solubilidade e fraca associação com a albumina, o excesso de bilirrubina conjugada no plasma pode ser excretado pela urina. A icterícia neonatal é uma patologia conhecida como Icterícia fisiológica do RN, causada pelo acúmulo de pigmento bilirrubínico não conjugado, que é lipossolúvel e pode causar danos ao SNC. Causas para essa patologia: ▪ Sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito ▪ Menor capacidade de captação, conjugação e excreção hepática da bilirrubina. Essa sobrecarga decorre da produção aumentada de BI no RN, já que produz 2 a 3 vezes mais bilirrubina do que o adulto, por causa da maior quantidade proporcional de hemoglobina e menor vida média das hemácias, que é de 70 a 90 dias. HIPERBULINEMIA INDIRETA Durante a vida intra-uterina o feto apenas produz bilirrubina indireta, que era eliminada pela placenta. Ao nascer o RN precisa começar a conjugar a bilirrubina indireta para que essa se torne bilirrubina direta e seja eliminada. No entanto, o RN ainda apresenta um fígado pouco desenvolvido, por isso a captura e conjugação lá no fígado nos hepatócitos se torna prejudicada, causando um acúmulo de bilirrubina indireta no corpo. Dessa forma, o RN depende do leite materno, pois esse leite apresenta grandes quantidades da enzima Beta- glicuronidase, que é responsável por transformar a bilirrubina direta em urobilinogênio, para que este seja Carolina Amorim – Tutoria – P3 UC7 excretado pelas fezes ou urina ou reabsorvido, voltando para a forma de bilirrubina indireta, mantendo o ciclo entero- hepático. A avaliação da bilirrubina transcutânea é realizada, de preferência, no esterno. Exames laboratoriais na investigação: Icterícia fisiológica: A literatura classicamente atribui o valor de 13mg/dL como máximo para delimitar a icterícia fisiológica. Causas não fisiológicas: A idade gestacional entre 35 e 36 semanas, independentemente do peso ao nascer, é considerada um dos fatores de risco mais importantes para hiperbilirrubinemia significativa em razão da capacidade diminuída da conjugação hepática da bilirrubina e da dificuldade na sucção e deglutição para manter oferta adequada de leite materno. Icterícia pelo aleitamento materno: Essa patologia é causada por um déficit de ingestão de leite materno pela dificuldade de sucção ou pela pouca oferta de leite. Isso provoca uma perda de peso e também desidratação do RN. A fisiopatologia deve-se ao aumento da circulação entero-hepática que causa uma sobrecarga de bilirrubina indireta no hepatócito, representando um quadro de hiperbulinemia indireta Síndrome da Icterícia pelo leite materno: Corresponde a uma predisposição genética da mãe que apresenta um leite materno com menor quantidade da enzima glicuronil transferase (UGT1A1). Dessa forma, a captura hepática de bilirrubina indireta pode até funcionar em pequenas quantidades, porém a conjugação nunca irá funcionar enquanto o RN estiver em contato com o leite materno. Essa patologia é uma hiperbilirrubinemia indireta persistente que não causa perda de peso. Outras causas: Outra causa frequente de hiperbilirrubinemia indireta é o jejum prolongado, que favorece a absorção da bilirrubina no nível intestinal e seu maior aporte para a circulação sanguínea. Lembrar que a icterícia prolongada pode ser a única manifestação do hipotireoidismo congênito, pois o hormônio tireoidiano é um indutor da atividade da glicuroniltransferase. A deficiência de G6PD deve ser pesquisada em todo RN que apresente icterícia não fisiológica, mesmo que outra causa explique a hiperbilirrubinemia. É uma doença genética associada ao cromossomo X. Incompatibilidade Rh (antígeno D) A hemólise ocorre quando as hemácias do feto e RN, portadoras do antígeno D, são destruídas por anticorpos maternos IgG anti‐D. São mães sensibilizadas em gestações anteriores que não receberam imunoglobulina específica, com prova de Coombs indireta positiva. A intensidade da Carolina Amorim – Tutoria – P3 UC7 hemólise pode determinar formas leves da doença, com icterícia tratável no máximo por fototerapia e anemia, que pode perdurar entre 1 e 3 meses, formas moderadas, tratadas com fototerapia por vários dias, às vezes com indicação de exsanguinotransfusão (EST) anemia mais profunda e também encontrada até 1 a 3 meses, e formas graves, com hidropsia fetal e péssimo prognóstico. O Coombs direto é sempre positivo, e a contagem de reticulócitos, alta. Incompatibilidade ABO Caracterizada pela tipagem A ou B em RN de mãe O, seja Rh positivo ou negativo. Mais encontrada na primeira gestação, com curso variável. A icterícia costuma aparecer nas primeiras 24 ou 36 horas de vida, e a hemólise pode ocorrer por até 2 semanas. O nível de BT pode atingir valores altos, como 20 mg/dL. A anemia não é proeminente. Menos grave do que a incompatibilidade Rh, também exige cuidados. Usualmente tratada por fototerapia; em alguns casos, a EST é indicada. Prova de Coombs positiva pode ser evidenciada em 20% dos casos, sem traduzir hemólise maciça. Tratamento da hiperbilirrubinemia indireta As formas de terapia mais utilizadas no tratamento da hiperbilirrubinemia indireta compreendem a fototerapia e a EST, e, em alguns casos, a imunoglobulina standard endovenosa. Os níveis de bilirrubinas para indicar fototerapia e EST, de acordo com idade gestacional e tempo de vida. HIPERBILIRRUBINEMIA DIRETA A elevação do nível de BD resulta de distúrbios hepáticos ou doenças sistêmicas potencialmente graves. A icterícia colestáticacaracteriza-se pelo aumento prolongado da bilirrubina conjugada e é reflexo da redução da excreção pelas células parenquimatosas hepáticas ou doença do trato biliar. A icterícia causada pela BD elevada confere à pele um tom esverdeado ou amarelo-acastanhado opaco. As causas a serem consideradas envolvem obstrução, sepse, doença do trato biliar, toxinas, inflamação e doenças metabólicas ou genéticas. Entre os critérios que indicam hiperbilirrubinemia grave, está o aumento da bilirrubina conjugada > 1 mg/ dL, se BT < 5 mg/ dL, ou quando bilirrubina conjugada > 20% da bilirrubina total se BT > 5 mg/dL.
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