Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Maria Eduarda de Alencar Odontologia 2019.2 Intercâmbio Gasoso → Na inspiração há uma entrada de oxigênio no meio interno, por diferença de pressão, isso aumenta os níveis de oxigênio nos alvéolos. Também por diferença de pressão, esse oxigênio vai passar dos alvéolos para os capilares, ricos em gás carbônico e pobre em oxigênio, isso faz com que o oxigênio circule no sangue, sendo distribuído pelo corpo. Nas células, esse oxigênio também vai encontrar uma diferença de pressão, então passará do sangue – rico em O2 e pobre em CO2 – para as células – ricas em CO2 e pobres em O2; → O mesmo ocorre com o CO2, o sangue, inicialmente rico em CO2 irá realizar a troca nos alvéolos, doando CO2 e recebendo O2, nas células o processo se repete, mas o sangue dessa vez irá receber CO2 dessas células, em troca do seu O2; → O sangue desoxigenado vai para o coração e posteriormente para os pulmões, onde será realizada a troca gasosa nas unidades alveolocapilar e o alvéolo receberá CO2, que posteriormente será expelido na expiração. OBS.: O CO2 e o O2 estão presentes em ambos os lados participantes das trocas gasosas, mas em concentrações diferentes, essa diferença de concentração é o que irá gerar a diferença de pressão e possibilitará as trocas gasosas. Transporte de Oxigênio ➔ Alvéolo – Célula - Por diferença de pressão o oxigênio vai sair do alvéolo e entrar no capilar, lá ele irá encontrar a hemácia, o principal meio de transporte do oxigênio, menos de 2% vai ser transportado dissolvido no plasma. A maior parte do O2, que entra na hemácia, irá se ligar a hemoglobina formando o oxiemoglobina (O2+Hb), a partir daí ele vai ser transportado para as células do corpo. Ao chegar nas células, existirá novamente uma diferença de pressão, maior no sangue e menor na célula – consumiu o oxigênio na respiração celular – isso proporcionará a troca gasosa, o oxigênio ligado a hemoglobina se dissociará dela e entrará na célula, juntamente com o oxigênio que estava dissolvido no plasma, indo então em direção as mitocôndrias, onde será usado para produção de energia; - Na hemoglobina existem quatro sítios de ligação para o O2, sendo assim, cada hemoglobina só conseguirá transportar quatro moléculas de oxigênio. No centro dessa hemoglobina existe uma molécula de ferro na sua forma reduzida, o ferro ferroso (Fe2+); OBS.: Se a carga do ferro estiver +3 o oxigênio não irá se ligar, configurando um quadro patológico; → No adulto a hemoglobina é caracterizada por duas cadeias alfa e duas beta, no feto, que precisa de mais oxigênio e de uma certeza que esse oxigênio vai se ligar a hemoglobina, há duas cadeias alfa e duas gama, onde essa cadeia gama apresenta uma afinidade maior pelo O2; Transporte de Dióxido de Carbono ➔ Célula – Alvéolo - O CO2 produzido pelas células, durante a respiração celular, vai sair do meio celular por diferença de pressão e entrará no sangue. Apenas 7% desse dióxido de carbono será dissolvido e irá ser transportado no sangue na sua forma livre. O restante do CO2 entrará na hemácia, onde 23% dele será transportado ligado à hemoglobina, mais especificamente à parte proteica dos radicais carboxila da hemoglobina, e cerca de 70% será convertido em bicarbonato, produzido na hemácia por ação da anidrase carbônica – CO2(g) + H2O(l) ⇄ H2CO3(aq) ⇄ H+ (aq) + HCO3-(aq) – mas transportado no plasma. Visando o equilíbrio elétrico, para o HCO3- chegar ao plasma haverá uma troca, onde o HCO3- sai, mas o cloreto entra Cl-. Chegando ao alvéolo, é preciso ocorrer a reação inversa, transformação do HCO3- em CO2. O HCO3- sai do plasma e entra na hemácia em troca de um cloreto, o hidrogênio formado durante a reação química de produção do bicarbonato, se dissocia da hemoglobina a que estava ligado (HbH → Hb + H+) e reage com o bicarbonato, formando ácido carbônico, que por ação da anidrase carbônica será transformado em H2O e CO2. O CO2 então sairá da hemácia e juntamente com o CO2 livre do sangue entrará no alvéolo, por diferença de pressão. Já na região alveolar, esse gás será, também por diferença de pressão, expelido durante a expiração; → O HCO3− e o CO2 transportado no plasma na sua forma livre vão atuar controlando o pH sanguíneo. A variação nos níveis de CO2 ou de HCO3- podem resultar em uma acidose ou alcalose do sangue; - O CO2, componente respiratório, acima de 45mm Hg gera uma acidose, pois ele dissociado forma ácidos, sendo assim, quanto mais CO2, mais ácido será formado, abaixo de 35 mm Hg gera uma alcalose; - O HCO3-, componente metabólico, abaixo de 22 mEq/l gera uma acidose metabólica, nessa forma ele não é eliminado pela respiração e sim pelo rim, na urina – por isso metabólica – acima de 26 mEq/l gera uma alcalose. Difusão dos Gases ➔ Alvéolos – Sangue – Tecido - Obedece às regras de difusão simples (lei de Fick): 1° (PRINCIPAL) - É diretamente proporcional ao gradiente de pressão parcial: A variação pressórica induz a movimentação do gás de uma região mais concentrada para uma região menos concentrada; 2° É diretamente proporcional a superfície de área disponível para troca (75 a 100m2): Uma patologia ou hábito deletério – fumo – que destrua a área alveolocapilar irá prejudicar a troca, visto que a área disponível para troca irá diminuir; 3° É inversamente proporcional à espessura da membrana (0,5µm) - O valor de O2 inspirado é de 159,1 mmHg, mas esse valor é menor nos alvéolos – 100 mmHg (volume de ar novo) – pois uma parte fica retido no espaço morto anatômico. O sangue que está chegando na unidade alveolocapilar tem PO2 = 40, essa variação pressórica irá gerar uma difusão do O2 para dentro do sangue, o sangue então ficará com PO2 = 100. O sangue, agora oxigenado, ao chegar na célula, que tem PO2 = 40, vai perder O2 para a célula, que agora é o meio menos concentrado; OBS.: Essas difusões não são completas, sempre permanecendo certa quantidade de O2 nas regiões que perderam esse gás para as menos concentradas, o mesmo vale para o CO2. - O sangue que perdeu O2 para a célula e recebeu CO2 – PCO2 = 40 mmHg (sangue) e PCO2 = 46 mmHg (célula) – pois nele o PCO2 é menor, embora a diferença seja pouca há uma troca, chegando aos alvéolos, com PCO2 = 40 mmHg, esse CO2, por diferença de pressão irá migrar para dentro desses alvéolos. O valor de CO2 no ambiente é de 0,3 mmHg, um valor menor que o encontrado nos alvéolos, esse gradiente de pressão irá então induzir a passagem do CO2 para o meio externo, por meio da expiração. OBS.: O O2 que não fica retido no espaço morto anatômico, chegará aos alvéolos, mas existem alvéolos que não são perfundidos (perfusão sanguínea – débito cardíaco = 5L/min), por tanto não participarão das tocas gasosas, sendo funcionalmente mortos. O espaço morto anatômico + os alvéolos não perfundidos = espaço morto fisiológico. Circulação Sistêmica e Pulmonar → A circulação brônquica, que provem da circulação sistêmica, terá a função de irrigar o pulmão, sendo a responsável por levar O2 para o pulmão. Nessa circulação, a resistência e os níveis pressóricos são elevados → A circulação pulmonar é responsável “apenas” pelas trocas gasosas. Nessa circulação, a resistência e os níveis pressóricos são baixos, sendo necessária uma força de contração menor no ventrículo direito; - Como consequência da baixa resistência e dos níveis pressóricos baixos, a circulação pulmonar sofre grande influência da lei da gravidade (pressão hidrostática), principalmente em posição ortostática; ➔ Ventilação nas Regiões do Pulmão - Devido a ação da gravidade, em posição ereta, a ventilação é menor na base decrescendo em direção ao ápice. A base recebe todo o peso do ápice, por isso, os alvéolos da base são menores que os do ápice, na inspiração, os alvéolos do ápice se enchem menos que os da base, ou seja, recebem menos oxigênio, pois partem de um volume inicial maior; ➔Perfusão Sanguínea nas Regiões do Pulmão - A perfusão sanguínea é o processo pelo qual o sangue desoxigenado passa através do pulmão e torna-se reoxigenado. O sangue chega, mais ou menos no meio o do pulmão, em posição ereta, a perfusão é maior na base e menor no ápice (efeito gravitacional). Relação Ventilação/Perfusão no Pulmão 𝐑𝐞𝐥𝐚çã𝐨 = 𝐕𝐞𝐧𝐭𝐢𝐥𝐚çã𝐨(𝐕) 𝐏𝐞𝐫𝐟𝐮𝐬ã𝐨(𝐐) ➔ Em um indivíduo normal: V = 4L/min Q = 5L/min 𝐑𝐞𝐥𝐚çã𝐨 = 𝟒 𝟓 𝐑𝐞𝐥𝐚çã𝐨 = 𝟎, 𝟖 → Apesar de a base receber mais sangue e mais oxigênio, ela não é a região que mais realiza troca gasosa. Isso ocorre pois a ventilação e perfusão são divididas (V/Q), então a região em que os valores de V e Q estiverem mais próximos, terá uma troca mais eficiente, quanto mais próximo de 1 o resultado da relação, melhor; → A região que realiza melhor troca é a da 3° costela, que está mais próxima do ápice do que da base; → Distúrbios da Relação Ventilação/Perfusão Alterações no numerador: - Shunt fisiológico: A ventilação é abolida por completo (V/Q = 0). O sangue chega (graças ao automatismo cardíaco), mas não há O2, isso acontece quando o indivíduo morre, visto que ele para de respirar - Ventilação alveolar baixa (Hipoventilação): Gerada por uma resistência aumentada das vias aéreas (asma) ou uma diminuição da complacência pulmonar, o pulmão mais rígido distende menos – enche menos – (fibrose); Alterações no denominador: - Alterações no débito cardíaco: Se ele diminui chega menor sangue no pulmão, consequentemente, diminui a perfusão e as trocas; → O que acontece quando o PO2 no alvéolo é normal, mas o PO2 no sangue que sai do pulmão é baixa? Problemas na troca gasosa entre alvéolo e o sangue, a principal causa para isso é a perda física de área de superfície alveolar (comum em fumantes). Barreira Alveolocapilar → Para ocorrerem as trocas gasosas os gases não precisam atravessar apenas as membranas, durante o percurso também existem outras barreiras. Sendo assim a barreira é formada por: Líquido que banha os alvéolos, epitélio alveolar, membrana basal do endotélio, endotélio capilar, plasma e membrana celular da hemácia; → Mesmo existindo tantas barreiras, numa situação fisiológica elas favorecem a passagem e não o contrário. As dimensões das barreiras, por exemplo, são favoráveis à difusão dos gases. OBS.: No repouso, o tempo de permanência da hemácia com a barreira é de 0,75s. No exercício físico, pode-se reduzir para 0,25s. Isso é compensado pelo aumento de vezes que a hemácia passa pela barreira, gerada pelo aumento na frequência respiratória. ➔ Influência de Anormalidade da Hemoglobina no Transporte de O2 → Alterações na sequência de aminoácidos da hemoglobina pode alterar a sua funcionalidade. Atualmente são conhecidas mais de 30 hemoglobinas anormais, por mudança de um aminoácido apenas. Ex.: HbS – Anemia Falciforme (Hemácia adquire a forma de foice e se cristaliza quando a hemoglobina sofre desoxigenação); ➔ Influência do Estado do íon ferro no Transporte de O2 → O ferro que se liga ao O2 é o ferro ferroso (Fe2+). O ferro oxidado, ou ferro férrico (Fe3+) forma a metemoglobina, a qual se combina com numerosos ânions, mas não com o O2. Ex.: Forma congênita de metemoglobinemia – decorrente de uma deficiência da enzima metemoglonina redutase (transforma Fe3+ em Fe2+); ➔ Ligação do Monóxido de Carbono (CO) ao Grupo Heme → Liga-se ao mesmo sítio de ligação do O2 com afinidade 200 a 300 vezes maior que o O2, essa ligação forma carboxihemoglobina (HbCO) e gera intoxicações por CO, se o indivíduo continuar inalando esse CO poderá ir a óbito. Porcentagem de Saturação de Hemoglobina → Esse gráfico expressa o nível de oxigenação de uma amostra sanguínea. Também chamado de curva de dissociação da oxihemoglobina – HbO2 → Hb + O2; → Essa porção plana do gráfico, situada próximo a 90%, mostra que mesmo ocorrendo uma queda da PO2 de 100 para 60 mmHg a saturação da hemoglobina ainda estará em mais de 90%, e o transporte de O2 continuará adequado devido a essa manutenção da saturação. Menos de 60 mmHg ativará os mecanismos de regulação, sendo o nível crítico abaixo de 40 mmHg. Fatores que Alteram a Interação do O2 com a Hemoglobina → Alta pressão de CO2: Estimula a dissociação da Hb com o O2; → Valores baixos de pH: Indicam um aumento de CO2, consequentemente, estimulam a dissociação; → Aumento da temperatura: Durante a atividade física, por exemplo, há um aumento da temperatura corporal o que gera um aumento no metabolismo, se o metabolismo aumenta, as células consomem mais O2 e produzem mais CO2, isso estimula a dissociação; → Aumento de 2,3-difosfoglicerato: Produto da glicólise anaeróbica, gerado no momento em que a hemácia está produzindo energia de forma anaeróbica, ou durante a hipóxia, onde existe pouco O2, então mesmo as células com mitocôndrias passam a produzir ATP de forma anaeróbica, pois não estão recebendo O2 ou não estão conseguindo utilizá-lo. Esse aumento de 2,3- difosfoglicerato induz a dissociação. Hipóxia ➔ O que é? - Condição na qual os tecidos não recebem ou não podem utilizar O2 em quantidades suficientes para suas necessidades metabólicas normais; ➔ Tipos (dependem da causa): - Hipóxia hipóxica: Consequência de doenças pulmonares que causam diminuição da pressão alveolar de O2. Ex.: Fibrose pulmonar. Além disso, se o indivíduo estiver em um lugar onde a PO2 é baixa, o volume de gás inspirado também será menor; - Hipóxia anêmica: Provocada pela diminuição da hemoglobina disponível para o transporte de O2. Ex.: Anemia, envenenamento pelo CO; - Hipóxia de estase (circulatória): Perfusão sanguínea nos tecidos está comprometida. Ex.: Cardiopatias que acarretam baixo débito cardíaco e distúrbios vasculares; - Hipóxia histotóxica: Ocorre um bloqueio no sistema de transporte de elétrons na respiração mitocondrial, o qual impede a utilização de O2 pelas células. Ex.: Envenenamento pelo cianeto, azida sódica. Respostas à Redução nos Níveis de O2 e Elevação nos Níveis de CO2 Arterial → O que estimula os mecanismos de regulação é uma variação de CO2 e O2. Para gerar ativação dos mecanismos de regulação, os níveis de oxigênio precisam estar abaixo de 60 mmHg. No caso do CO2, uma pequena alteração já é o bastante para ativar os mecanismos de regulação, apenas aumentando 3 mmHg.
Compartilhar