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SEMANA 13 - AGRAVO DE INSTRUMENTO

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MM.DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Distribuição por urgência
JOÃO, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, não conformado com a decisão de fls. “…’, vem, por intermédio do seu procurador devidamente constituído, com fulcro no artigo 1.015 seguintes do Código de Processo Civil, tempestivamente, para interpor recurso de
AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO LIMINAR
Pugnando que o presente recurso seja recebido no seu efeito devolutivo e suspensivo, sem prejuízo do seu conhecimento e provimento.
Local, data
Nome do Advogado
Nº. OAB/UF
Assinatura
RAZÕES DE AGRAVO DE INSTRUMENTO
Colenda Câmara Cível,
Doutos Juízes.
DA TEMPESTIVIDADE
Conforme se fez constar nos autos do processo originário nº. “…”, o agravante foi intimado em “…” e faz o protocolo da presente ação em “…”, estando, portanto, no prazo legal de 10 dias previsto em Lei.
DO CABIMENTO
Conforme o rol do artigo 1.015 do CPC, é cabível recurso de agravo de instrumento contra decisão interlocutória que verse sobre deferimento ou indeferimento de tutela de urgência.
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
I – tutelas provisórias;
DA VERDADE DOS FATOS
Trata-se de ação em que Pedro, brasileiro, solteiro, jogador de futebol profissional, residente no Rio de Janeiro/RJ move em face de João.
Pedro é legítimo proprietário de um imóvel situado em Juiz de Fora/MG, celebrou, em 1º de outubro de 2012, e firmou contrato por escrito de locação do referido imóvel com João, brasileiro, solteiro, professor, pelo prazo de 48 (quarenta e oito) meses, ficando acordado que o valor do aluguel seria de R$ 3.000,00 (três mil reais) e que, dentre outras obrigações, João não poderia lhe dar destinação diversa da residencial. Ofertou fiador idôneo.
Após um ano de regular cumprimento da avença, o locatário passou a enfrentar dificuldades financeiras. Pedro, depois de quatro meses sem receber o que lhe era devido, ajuizou ação de despejo cumulada com cobrança de aluguéis perante a 2ª Vara Cível da Comarca de Juiz de Fora/MG, requerendo, ainda, antecipação de tutela para que o réu/locatário fosse despejado liminarmente, uma vez que desejava alugar o mesmo imóvel para Francisco. O magistrado recebe a petição inicial, regularmente instruída e distribuída, e defere a medida liminar pleiteada, concedendo o prazo de 72 (setenta e duas) horas para João desocupar o imóvel, sob pena de multa diária de R$ 2.000,00 (dois mil reais).
Contudo, tal decisão se mostra manifestamente equivocada, de modo que não há outra alternativa senão sua reforma, o que ora se pretende com o presente recurso.
DA REFORMA DE DECISÃO
Conforme a leitura de decisão do douto juiz, mostra-se equivocado o resultado de decisão. Na esteira do entendimento do codex processual, o credor tem o prazo de 15 dias para adimplir com sua obrigação, de modo que a decisão atacada não chegou sequer a ventilar tal hipóteses
De outro giro, a referida decisão não encontra amparo legal, visto que lei de regência do caso em comento, notadamente a Lei 8.245 de 1991 não ampara tal decisão.
Somente é possível o deferimento de medida liminar em ação de despejo quando o locador estiver desprovido de fiador, o que não se mostra no caso concreto. Logo, não há fundamento legal para o deferimento da medida liminar.
A decisão dos Tribunais reitera o fundamento aqui alegado:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. LOCAÇÃO DE IMÓVEL. AÇÃO DE DESPEJO POR DESCUMPRIMENTO DE CLÁUSULA CONTRATUAL E FALTA DE PAGAMENTO C/C COBRANÇA DE ALUGUÉIS E ACESSÓRIOS E RESCISÃO CONTRATUAL COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA. INDEFERIMENTO DE LIMINAR DE IMEDIATA DESOCUPAÇÃO DO IMÓVEL. VIABILIDADE. VERIFICAÇÃO DE QUE O CONTRATO ESCRITO ESTÁ GARANTIDO POR FIADOR. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.
(TJ-SP 20888151220188260000 SP 2088815-12.2018.8.26.0000, Relator: Cristina Zucchi, Data de julgamento: 06/06/2018, 34ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 06/06/2018).
Em que pese o magistrado desconsiderar o texto de lei acima exposto, o artigo 59 da lei de regência, em seu parágrafo terceiro prevê que seja dado prazo de 15 dias para o locatário adimplir com a obrigação, numa clara proteção ao negócio jurídico já celebrado.
Desse modo, é direito do locatário ter o prazo estipulado em lei para cumprimento da medida, conforme previsão do artigo 62, II da Lei 8.245/1991, quando prevê que o débito pode ser pago no prazo da contestação, devidamente atualizado.
Assim, o prazo de 72 horas para desocupação do imóvel se mostra totalmente equivocada. Por fim, há clara e evidente desproporção na fixação da multa diária. O contrato de locação mensal tem valor de R$ 3.000,00, contudo, o magistrado fixou a MULTA DIÁRIA em R$2.000,00, o que se mostra em clara desproporção, tornando-se verdadeira coação para a desocupação do imóvel.
Desse modo, ante os fundamentos acima expostos, a decisão ora atacada merece reforma.
DA TUTELA ANTECIPADA RECURSAL
Conforme o artigo 527, III do CPC, o desembargador relator pode conceder efeito suspensivo no agravo de instrumento.
Do mesmo modo como acontece nos juízos ordinários, deverão estar presentes os requisitos de perigo de dano irreparável e fundamento relevante para o deferimento da decisão.
No caso em comento, o dano irreparável bem como o fundamento encontram-se no direito à moradia do agravante, que está em vias de ser despejado do seu domicílio por força de decisão manifestamente ilegal.
De outro giro, caso seja despejado será jogado ao relento da Rua, visto que não conseguirá de plano moradia digna para instalar-se novamente. Desse modo, requer o efeito suspensivo para a decisão agravada.
DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
1.que o presente recurso seja recebido e encaminhado ao Tribunal ad quem;
2.que seja concedida a antecipação dos efeitos de tutela para reforma total da decisão ora atacada;
3.seja o presente recurso conhecido e provido para confirmar a antecipação de tutela;
4.a intimação do agravado;
Requer, por fim, a juntada das peças anexas, essenciais ao presente recurso, na forma do artigo 1.017 e incisos.
Nestes termos, pede deferimento.
Local, data
Advogado
OAB/UF
Assinatura

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