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Metabolismo dos lipídeos (1)

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Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS 
Rackel Resende 
@medibulandex 
 
METABOLISMO DOS LIPÍDEOS 
 
CATABOLISMO DE 
ÁCIDO GRAXO 
Os triglicerídeos (TAG) são os lipídeos de 
maior quantidade do nosso organismo, 
correspondem a 20% do nosso peso 
corporal e a nossa maior reserva energética 
(supre mais da metade das necessidades 
energéticas de órgãos como fígado, coração 
e músculo esquelético). São armazenados 
no tecido adiposo unilocular e por serem 
apolares podem ser armazenados em 
grande quantidade sem o 
comprometimento osmótico. O 
triglicerídeo é formado por uma molécula 
de glicerol mais três ácidos graxos. 
 
Fonte: 
https://andreiatorres.com/blog/2017/10/9/reducao-
da-gordura-no-sangue 
INSOLUBILIDADE 
As propriedades que tornam os TAG’s 
compostos de armazenamento adequado, 
apresentam problemas em seu papel como 
combustíveis. Por isso, é necessário que eles 
sejam emulsificados. 
A emulsificação dos triglicerídeos acontece 
por ação sais biliares, que são sintetizados 
no fígado, armazenado na vesícula biliar e 
liberados no intestino delgado. 
Os sais biliares irão conferir caráter 
anfipático aos trigliceróis. Para isso, eles se 
ligam às gorduras e as convertem em 
micelas mistas de sais biliares e 
triacilgliceróis, facilitando a ação das lipases. 
 
Fonte: https://www.slideserve.com/regina/fisiologia-
hep-tica 
MOBILIZAÇÃO DO TAG 
Em determinados momentos do 
metabolismo o TAG será utilizado como 
fonte energética. A enzima Lipase de TAG 
catalisa a reação de TAG em Ácido Graxo 
mais Diacilglicerol, posteriormente a Lipase 
Hormônio Sensível catalisa a reação de 
Diacilglicerol em outro Ácido Graxo mais 
Monoacilglicerol e por último a 
Monoacilglicerol Lipase catalise a reação de 
Monoacilglicerol em mais um Ácido Graxo 
e Glicerol. 
O glicerol é endereçado ao sangue e 
conduzido até o fígado. Lá ele será 
convertido em glicerol 3-fostafo por ação da 
glicerol quinase e posteriormente em 
diidroxiacetona fosfato por ação da glicerol 
3-fosfato desidrogenase; vale salientar que a 
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Rackel Resende 
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diidroxiacetona fosfato é intermediário da 
GLICONEOGÊNSE e da GLICÓLISE. 
Já os Ácidos Graxos no sangue por serem 
apolares serão transportados no sangue 
associados a albumina, chegarão também ao 
fígado e o músculo. Hemácias e tecido 
nervoso não usam tal fonte de energia. 
 
Fonte: http://nutrilipid.blogspot.com/2011/08/ 
BETA OXIDAÇÃO DE 
ÁCIDOS GRAXOS 
SATURADOS DE CADEIA 
PAR 
Para ser oxidado o ácido graxo é 
primeiramente oxidado a uma forma ativada 
conhecida como acil-CoA. Essa reação 
depende da enzima acil-CoA sintetase que 
está associada na fase citosólica da 
membrana interna da mitocôndria. Porém a 
membrana interna da mitocôndria é 
impermeável a acil-CoA. 
Esses grupos acila são transportados para 
mitocôndria através da sua associação com 
uma molécula de carnitina. A enzima 
carnitina acil-transferase adiciona a carnitina 
aos grupo acil de forma reversível. Existem 
duas isoformas dessa enzima. Uma se 
localiza na membrana externa e a outra na 
membrana interna e são denominadas 
respectivamente de carnitina acil-
transferase I e carnitina acil-transferase II. 
 
Fonte: https://md.uninta.edu.br/geral/bioquimica/ 
Agora dentro da mitocôndria o ácido graxo 
será oxidado. A oxidação do acilCoA 
presente na matriz é denominada beta 
oxidação. Esse nome é dado porque a 
oxidação ocorre no carbono beta do ácido 
graxo. Outro nome conhecido é ciclo de 
Lynen. São quatro reações principais onde 
no final de tudo, o acil-CoA será encurtado, 
dois carbonos por vez, que vão sendo 
liberados na forma de Acetil-CoA e podem 
ser utilizados por exemplo pelo ciclo de 
Krebs. 
ETAPA 1 
oxidação da acil-CoA a uma enoil-CoA à 
custa da conversão de FAD a FADH2. Essa 
é uma reação irreversível e é catalisada pela 
enzima acil-CoA desidrogenase. 
ETAPA 2 
Ocorre a hidratação da ligação dupla ligação 
produzindo um isômero L de uma beta 
hidroxiacil-CoA. Essa etapa é catalisada pela 
enzima enoil-CoA hidratase. 
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Rackel Resende 
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ETAPA 3 
a oxidação de grupo hidroxila a carbonila, 
resultando em uma beta-cetoacil-CoA e 
NAD reduzido. Aqui é a enzima beta 
hidroxiacil-CoA desidrogenase que atua. 
ETAPA 4 
Finalmente a cisão da beta cetoacil-CoA por 
uma reação com uma molécula de coenzima 
A formando o Acetil-CoA e uma acilCoA 
com dois carbonos a menos. É importante 
destacar que o acilCoA será totalmente 
convertido a Acetil-CoA pela ação da 
enzima tiolase. 
 
PRODUTOS DA BETA 
OXIDAÇÃO 
A cada volta da beta oxidação há produção 
de 1 FADH2 e 1 NADH, 1 Acetil-CoA e 1 
acilCoA com dois carbonos a menos. Por 
exemplo o ácido palmítico que possui 16 
carbonos, precisará de 7 voltas para sua 
oxidação nessa via, logo originará 8 
moléculas de Acetil-CoA e esse poderão ser 
utilizados no ciclo de Krebs. Uma grande 
diferença: uma molécula de glicose origina 
duas de piruvato que são transformadas em 
outras duas de acetil- CoA. No exemplo do 
ácido palmítico, a produção de Acetil-CoA 
será 4 vezes maior. 
O que significa também na maior atividade 
do ciclo de Krebs. Em resumo, uma 
molécula de ácido palmítico pode originar 
de 129 ATP! Muito mais energia do que a 
oxidação completa de um carboidrato. 
MODULAÇÃO DA BETA 
OXIDAÇÃO 
O Malonil CoA que é um intermediário da 
síntese de ácidos graxos é o principal 
modulador negativo da beta oxidação. O 
Malonil CoA é capaz de inibir a carnitina acil 
transferase. 
CETOGÊNESE 
Os corpos cetônicos são moléculas usadas 
como fonte de energia preferencial por 
alguns tecidos como exemplo o tecido 
muscular e de forma secundária por outros 
como o tecido nervoso na baixa de glicose 
por exemplo. São três corpos cetônicos: 
Acetona, Acetoacetato e o Beta OH 
Butirato, porém o primeiro é eliminado na 
respiração devido a sua característica muito 
volátil. Esse grupo de moléculas é formado 
a partir do Acetil CoA no hepatócito 
principalmente, na matriz mitocondrial. 
CORPOS CETÔNICOS 
 Importantes fontes de energia para 
tecidos periféricos; 
 São solúveis em solução aquosa; 
 Usados nos tecidos extra-
hepáticos; 
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Rackel Resende 
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 Em jejum muito prolongado, cerca 
de 75% das necessidades 
energéticas do cérebro são 
atendidas pelo acetoacetato; 
 A acetona não é utilizada pelo 
corpo como um combustível, ela é 
volátil e pode ser eliminada pela 
respiração (hálito cetônico). 
FORMAÇÃO DOS CORPOS 
CETÔNICOS 
Para o processo ocorrer, duas etapas são 
importantes. 
A primeira delas, 2 moléculas de Acetil-CoA 
originam a molécula de acetoacetil-CoA. 
Essa reação é catalisada pela tiolase. Vale 
destacar que essa reação no sentido oposto 
é a mesma encontrada na beta oxidação, 
ocorre o acúmulo de Acetil-CoA essa 
reação irá no sentido de síntese. 
A segunda etapa ocorre entre a molécula de 
acetoacetil-CoA com uma terceira molécula 
de Acetil-CoA e forma o composto HMG-
CoA, reação catalisada pela HMG-CoA 
Sintase. Posteriormente ocorre a clivagem 
desse composto pela HMGCoA Liase 
formando então Acetoacetato e Acetil-
CoA. 
O Acetoacetato pode ou não ser 
convertido em beta hidroxibutirato, por 
ação da enzima beta OH butirato 
desidrogenase ou ainda sofrer 
descarboxilação espontânea e originar 
acetona . 
Esses corpos cetônicos que são 
hidrossulúveis são liberados para corrente 
sanguínea e o acetoacetato e beta 
hidroxibutirato podem ser utilizados como 
fonte de energia extra-hepático. 
UTILIZAÇÃO DOS CORPOS 
CETÔNICOS PELOS 
TECIDOS 
Principalmente o tecido muscular utiliza 
essa fonte de energia. Ele possui a enzima 
beta acetoacil-CoA transferase que catalisa 
a reação de transferência da CoA deuma 
molécula de succinil-CoA para o 
acetoacetato formando os compostos 
acetoacetil CoA e succinato. O acetoacetil-
CoA através da tiolase libera Acetil-CoA 
que será utilizado no Ciclo de Krebs. O 
beta-hidroxibutirato pode ser utilizado 
quando ocorre a sua conversão prévia para 
acetoacetato. Essa reação ocorre através da 
enzima beta hidroxibutirato desidrogenase. 
Fonte: Sav vas [CC0] 
Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS 
Rackel Resende 
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Fonte 1: https://revolucaoketo.com/o-que-sao-
corpos-cetonicos-o-que-e-cetogenese/ 
Em situações em que a produção de corpos 
cetônicos é alta, como por exemplo o jejum 
prolongado e o diabetes descompensado, o 
cérebro também pode utilizar como fonte 
de energia. A alta concentração desses 
compostos ativa a enzima monocarboxilato 
trasnlocase que permite a entrada desses 
corpos no tecido nervoso. É importante 
compreender que a produção de corpos 
cetônicos é anormalmente alta quando a 
lipólise não é acompanhada pela degradação 
de carboidratos. 
Em situações drásticas como as já citadas, 
ocorre a diminuição de oxalacetato, pois 
não tem mais piruvato oriundo da via 
glicolítica e no tecido hepático a via da 
gliconeogênese consome ainda mais esse 
oxalacetato. A baixa concentração de 
oxalacetato faz com que a via de oxidação 
do Acetil-CoA diminua drasticamente e 
assim o Acetil-CoA se acumula e se 
condensa formando os corpos cetônicos. 
Quando a produção é muito alta pode levar 
ao quadro de cetose com cetonemia e 
cetonuria presentes. 
Outra particularidade e a eliminação do 
excesso da acetona o que leva a um hálito 
com odor característico. A consequência 
mais danosa é a formação do quadro de 
cetoacidose o que pode levar um indivíduo 
a morte. É o que ocorre muitas vezes no 
paciente com diabetes descompensado. 
 
 
	Metabolismo dos lipídeos
	Catabolismo de ácido graxo
	Insolubilidade
	Mobilização do TAG
	BETA OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS SATURADOS DE CADEIA PAR
	Etapa 1
	Etapa 2
	Etapa 3
	eTAPA 4
	Produtos da beta oxidação
	Modulação da beta oxidação
	Cetogênese
	Corpos cetônicos
	Formação dos corpos cetônicos
	UTILIZAÇÃO DOS CORPOS CETÔNICOS PELOS TECIDOS

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