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Profª. Maria dos Anjos Lopes maria.lopes@docente.unicv.edu.cv Tecnologia ambiental III – Industria e a Poluição: Efluentes gasosos Poluição Atmosférica 2 ➢ Poluição Atmosférica A Atmosfera → composição e propriedades da atmosfera → processos atmosféricos e fundamentos físico-químicos Poluentes atmosféricos mais comuns → principais fontes, concentrações e efeitos • o radicais hidroxila (OH) • monóxido de carbono • compostos de enxofre • óxidos de azoto • compostos orgânicos voláteis • ozono troposférico • aerossóis Poluição atmosférica e qualidade do ar → fatores determinantes e aspetos regulamentares; → padrões de qualidade do ar; → monitorização da poluição atmosférica - controlo das fontes estacionárias e das fontes móveis. Composição e propriedades da atmosfera A atmosfera A atmosfera? 5 A ATMOSFERA Raio Terra = 6370 Km 80% da massa da atmosfera até ~10 Km ➢ A atmosfera é uma fina e frágil camada de ar que envolve a Terra, mantendo-se agarrada a ela pelo efeito da gravidade. ➢ A atmosfera da Terra assim como a de outros planetas, Vénus e Marte, resultaram da libertação e acumulação de compostos voláteis emitidos pelos próprios planetas durante a sua formação. ➢ Modificações naturais na composição da atmosfera e do clima são processos relativamente lentos quando comparados com a escala de tempo humano. 6 ❖ Evolução da atmosfera terrestre A atmosfera do planeta primitivo ✓ provavelmente era composta por hidrogénio e hélio, os principais gases constituintes do Sol, ✓ estes gases venceram a gravidade terrestre e escaparam para o espaço exterior. 7 ❖ Evolução da atmosfera terrestre A atmosfera do planeta na sua juventude ✓ a crusta estava em formação e a atividade vulcânica era intensa, libertando H2, CH4 e NH3 e, posteriormente, H2O, CO2 e N2. ✓ o vapor de água condensou, formando os oceanos ✓ o CO2 solubilizou-se nos oceanos Qual é a composição química da atmosfera da Terra na atualidade? 9 Componentes Fracção N2 78,084 % O2 20,95 % Ar 0,934 % CO2 367 ppm (variavel) Ne 18,18 ppm He 5,24 " CH4 1,7 – 1,8 " Kr 1,14 " H2 0,5 " N2O 0,3 " Xe 0,087 " O3 ~ 0,01 – 0,1" CO 0,06 – 0,7 NO + NO2 0,0005 – 0,02 H2O variável Composição da atmosfera terrestre atual ➢ A atmosfera atual é fortemente oxidante. 10 As relações clima composição podem ser ilustradas através da interação das radiações solar e terrestre, e a atmosfera. ▪ Cerca de 1/3 desta radiação (conhecida por albedo planetário) é refletida de novo para o espaço, principalmente pelas nuvens. ▪ Constituintes do ar, tais como vapor de água, ozono e partículas de aerossol absorvem aproximadamente 20%. ▪ O balanço entre a radiação recebida e a emitida aquece a superfície terrestre. ▪ CO2, CH4, N2O, absorvem radiação na banda do infravermelho e são transparentes à radiação solar visível - gases de estufa. ▪ Na ausência destes gases e nuvens a temperatura média à superfície da Terra seria da ordem dos -18ºC. Propriedades da atmosfera 11 Propriedades da atmosfera Camadas atmosféricas: troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e Exosfera. 12 Propriedades da atmosfera Troposfera - estende-se desde a superfície até à tropopausa, que se situa entre os 10 – 15 Km de altitude dependendo da latitude e da estação do ano; é caracterizada pela diminuição da temperatura com a altitude e uma rápida mistura vertical. Estratosfera - estende-se desde a tropopausa até à estratopausa (~45 a 55Km de altitude); a temperatura aumenta com a altitude o que leva a que nesta camada a mistura vertical seja lenta. Mesosfera - estende-se da estratopausa até à mesopausa (~80 a 90 km de altitude); a temperatura decresce com a altitude até à mesopausa que é o ponto mais frio da atmosfera; mistura vertical rápida. Termosfera - é a região acima da mesopausa. É caracterizada por elevadas temperaturas devido à absorção de radiação de pequenos comprimentos de onda pelas moléculas de N2 e O2; a mistura vertical é rápida. Entre a alta mesosfera e a baixa termosfera situa-se a ionosfera onde iões são produzidos por foto-ionização. Exosfera é a camada mais exterior da atmosfera (>500 Km de altitude), onde as moléculas de gases com energia suficiente podem escapar para o espaço fora da atração gravítica. 13 Camada altitude (em km) temperatura (em K) pressão (em bar) densidade (partículas por m-3) Troposfera 0 288,15 1,013 2,547 ∙ 1025 10 223,25 0,265 8,597 ∙ 1024 12 216,65 5,529 ∙ 10-2 1,848 ∙ 1024 Estratosfera 30 226,51 1,197 ∙ 10-2 3,828 ∙ 1023 50 270,65 7,978 ∙ 10-4 2,135 ∙ 1022 Mesosfera 60 247,02 2,196 ∙ 10-4 6,439 ∙ 1021 80 198,64 1,052 ∙ 10-5 3,836 ∙ 1020 Termosfera 90 186,87 1,836 ∙ 10-6 7,116 ∙ 1019 120 360,00 2,538 ∙ 10-8 Propriedades da atmosfera 14 15 Propriedades da atmosfera ➢ Uma vasta gama de radiações (energia) • ocorrência de múltiplos processos fotoquímicos - agitação de moléculas - ionização, decomposição, … => reações químicas ➢ Múltiplos processos (físicos e químicos) → com efeitos importantes sobre o ambiente e sobre a saúde. ➢ Maior mobilidade de substâncias ➢ Mais susceptível a pequenas mudanças (na composição, nos processos, …) => sofre modificações em intervalos de tempo relativamente curtos ➢ Forte interação com os outros domínios do ambiente 16 atmosfera reactor químico aberto troca de matéria e de energia com a • hidrosfera • litosfera • biosfera Transformações químicas na atmosfera A atmosfera terrestre pode ser considerada um grande reator químico. Esse reator contém, além do oxigénio, diversos compostos em pequena concentração, os quais podem atuar como reagentes e/ou catalisadores, e a luz solar como fonte de energia. Transformações químicas na atmosfera Ao chegar a atmosfera, os compostos provenientes da superfície terrestre começam imediatamente sofrer transformações químicas. Essas transformações químicas podem ser rápidas (horas) ou lentas (anos) A velocidade da reação depende: ✓ concentração dos reagentes ✓ temperatura ✓ catalisador ✓ reatividade da molécula 17 emissão transporte transformação deposição fonte poluente atmosfera solo, … Solo (emissor) (recetor) 18 Processos atmosféricos - fundamentos físicos e químicos - A concentração de espécies químicas na atmosfera é controlada por quatro processos fundamentais: Fig. Esquema dos processos atmosféricos → adaptado de http://www.ems.psu.edu/~lno/Meteo437/Aerosol.jpg (17/02/2010) Deposição seca Precipitação Conversão gás- partícula Vulcões Fogos florestais Spray marinho Vento DMS Processos atmosféricos - fundamentos físicos e químicos - http://www.ems.psu.edu/~lno/Meteo437/Aerosol.jpg Fontes de poluição atmosférica Naturais - resultam da atividade biológica e natural solo, vegetação, animais, vulcões, queima de biomassa, oceano. Antropogénicas- resultam da atividade humana meios de transporte, instalações industriais, processos de combustão, agricultura,... 20 Exemplos: 21 Fontes de poluição atmosférica ❑ Emissão de substâncias para atmosfera • fontes naturais → gases originários da actividade biogénica: CO2, CH4, COVs, sulfuretos, ... → partículas minerais do solo: óxidos de Si, Al, Fe, Ca, Mg, … → sal marinho: Na+, Cl-, SO4 2-, K+, Ca2+, HCO3 -, … → partículas biogénicas: pólen, fungos bactérias, … → queima da biomassa: carbono elementar, COV, … • fontes antropogénicas → gases industriais: CO2, SOx, NOx, COVs, ... → gases e partículas originários da combustão dos fósseis: CO2, C, SO4 2- → poeiras (minerais, orgânicas, …) resultantes dos usos do solo, das construções, ... ➢ gases e aerossóis primários Processos atmosféricos - fundamentos físicos e químicos - Os aerossóis são constituintes importantes da atmosfera. A sua caraterização completa inclui a distribuição do tamanho das partículas e a composição química. 22 Processos atmosféricos - fundamentos físicos e químicos - ▪ Fluxos horizontais ou geostróficos- Resultam do balanço entre o gradiente da pressão e a força de Coriolis. A força de Coriolis é responsável pelo desvio na direção do movimento experimentado por um objeto quando este se desloca na atmosfera a longas distâncias. senX Y 2)( = ω é a velocidade angular da Terra = 7.292 x 10−5 rad.s-1 ΔX é a distância percorrida pelo objeto é a latitude v = velocidade do objeto → o gradiente da pressão atmosférica origina uma força que se orienta no sentido das altas para baixas pressões. O gradiente horizontal da pressão está associado ao aquecimento diferenciado da superfície do globo pela radiação solar. → a atmosfera é mais quente e expandida no equador e mais fria e contraída nos pólos. ❑ Transporte Os movimentos do ar exercem um papel determinante na distribuição das substâncias na atmosfera. Os factores determinantes desses movimentos são: a gravidade, os gradientes da pressão e da temperatura e a força de Coriolis, → A Física da Atmosfera. (eq.5) 23 A concentração das espécies na atmosfera pode ser expressa em termos dos respectivos coeficientes de mistura ou frações molares - CX [mol mol -1] → ~constante enquanto que a densidade do ar varia com a altitude. É uma medida robusta para a composição da atmosfera. (eq.1) 24 GÁS Razão mist. (ar seco) [mol mol-1] N2 0,78 O2 0,21 Ar 0,0093 CO2 365x10 -6 Ne 18 x 10 -6 He ….. H2O vapor de água (10 -6 - 10-2 mol mol-1) e partículas variáveis • Unidades de conc. gases traço: 1 ppmv = 1x10-6 mol mol-1 1 ppbv = 1x10-9 mol mol-1 1 pptv = 1x10-12 mol mol-1 • Peso molecular do ar seco: Ma = (0.78x28) + (0.21x32) + (0.01x40) = 29.0 g mol-1 ❑ Transporte Unidade própria para • cálculo da velocidade de reação • Propriedades óticas da atmosfera → Se X for um gás, a aplicação da lei dos gases perfeitos conduz à seguinte relação: XX C RT PA n = Av (constante de Avogadro) = 6,022 x 10 23 partículas por mole P = pressão do ar R = constante dos gases = 8,31 J.mol-1.K-1 T = temperatura (em K). e (eq.2) (eq.3) (eq.4) Densidade numérica nX [moléculas cm -3] 25 →Também define a concentração mássica (g cm-3): A pressão parcial de um gás é um parâmetro importante na previsão da sua condensação visto que determina as trocas de moléculas entre a fase gasosa e a fase condensada, quando as duas fases coexistem. Própria para mudança de fase ex: condensação / evaporação do vapor de água Ex: As moléculas de água condensam-se quando a pressão parcial na fase gasosa for equivalente à pressão de equilíbrio entre a fase líquida e o vapor. )( 100(%) ,2 2 TP P RH satOH OH = Diagrama de fases e ponto triplo da água. (eq.4) 26 Pressão parcial Px [Pa] 27 Inventário de emissões Um bom inventário é um instrumento importante em estratégias de desenvolvimento. As políticas têm de ser baseadas em números concretos; não interessa saber se se polui muito ou pouco, mas que se polui x. Inventário de emissões 28 Listagem das quantidades de poluentes lançadas na atmosfera por diversas fontes emissoras numa dada área e num determinado intervalo de tempo. ❖ Que (poluentes) ❖ Quais (actividades ou fontes poluidoras) ❖ Onde (referenciação espacial) ❖ Quando (referenciação temporal) Exige-se a um inventário que seja: ❖ Completo (todas as fontes para cada poluente) ❖ Comparável (para outros anos e com outros inventários) ❖ Consistente (homogeneidade no tratamento) ❖ Transparente (deve permitir em si a verificação) Um inventário de emissões de poluentes atmosféricos deve: ❖ Permitir determinar o nível de controlo exigido para reduzir os problemas de poluição do ar; ❖ Fornecer os dados de entrada para os modelos atmosféricos utilizados para estudar os processos físico-químicos e seus efeitos no ambiente. Um inventário de emissões permite ainda ➢ Quantificar a magnitude das emissões ➢ Quantificar tendências históricas ➢ Evidenciar contribuições relativas ➢ Projetar as tendências futuras ➢ Avaliar efeitos de alternativas de desenvolvimento 29 Inventário de emissões ➢ Avaliar a eficácia de políticas… ➢ Realizar estudos de impacte ambiental ➢ Estudar a poluição transfronteiriça ➢ Auxiliar a verificação do cumprimento da legislação e acordos internacionais ➢ Auxiliar a estabelecer relações de causa-efeito 30 Um inventário de emissões permite ainda Inventário de emissões Um inventário de emissões deve ser rigoroso. Principais fatores que afetam a qualidade, rigor e utilidade de um inventário e/ou projeção de emissões: ➢ Qualidade dos fatores de emissão utilizados da bibliografia; ➢ Incertezas introduzidas por suposições simplistas nos níveis de controlo de emissões; ➢ Necessidade de estimar as emissões com base em medições em contínuo; ➢ Uso de dados exteriores, por exemplo para a especiação de COV; ➢ Dificuldades na estimativa de emissões que exigem elevada desagregação espaço- temporal (modelos atmosféricos); ➢ Estimativa das incertezas no cálculo das emissões. 31 Inventário de emissões ❖Metodologia Definição da área nacional, regional, local, complexo industrial, e entre outros; Definição dos poluentes partículas, gases com efeito de estufa, fotoquímicos, acidez atmosférica Definição do período de tempo anuais, mensais, diários, horários Listagem das actividades o mais exaustiva e desagregada possível das fontes para as quais se vão calcular as emissões metodologia Inventário 32 Inventário de emissões ❖ Cálculo da emissão Ex,a = Aa . fx,a 33 Inventário de emissões Ex, a : massa do poluente x emitida pela atividade a Aa: valor que caracteriza a atividade a fx, a: fator de emissão do poluente x para a atividade a Caracterização das actividades É função da forma como é expresso o fator de emissão Podem ser encontrados bibliografia, por balanço mássico, por medição da concentração de poluentes nos gases emitidos por uma fonte específica. ➢ Exemplos de fatores emissão EMISSÕES DE PARTÍCULAS ❖ FONTES ESTACIONÁRIAS DE COMBUSTÃO ➢Carvão betuminoso: fornalha maior que 30 MJ.s-1 8,0 g.kg-1 *% cinzas fornalha menor que 3 MJ.s-1 1,0 g.kg-1 *% cinzas ➢Fuel-óleo: central térmica 0,96 kg.m-3 unidade doméstica 1,2 kg.m-3 34 Inventário de emissões ❖ FONTES MÓVEIS DE COMBUSTÃO Diesel: camiões 1,56 kg.m-3 ❖ FONTES ESTACIONÁRIAS DE COMBUSTÃO Emissões de SO2 Carvão betuminoso: Fornalha maior que 30 MJ.s-1 19*S g.kg-1 Lenha e cascas: 0 a 1,5 g.kg-1 19*S g.kg-1 35 Inventário de emissões Exercício 1: Um Central termoelétrica, 1000 MW potência, queima 7.700 ton de carvão por dia, com 10% de cinzas. Calcular as emissões de partículas, supondo que a Central não dispõe de nenhum equipamento de controlo. Exercício 2: Mesma central termoelétrica, cujo carvão tem 1,7% de enxofre. Calcule as emissões de SO2 (sem redução): 36 Inventário de emissões TEMPO DE VIDA TEMPO DE SEMI-VIDA TEMPO DE RENOVAÇÃO Em poluição/química atmosférica é conveniente ter uma ideia dos tempos característicos que as várias espécies permanecem na atmosfera. O tempo que uma dada espécie permanece na atmosfera também está associado à sua distribuição espacial. 37 Tempo de vida dos poluentes… 38 TEMPO DE VIDA E TEMPO DE SEMI-VIDA Uma medida da velocidade relativa de uma reação é o tempo necessário para que a concentração de A decresça para uma certa fração da concentração inicial. Assim: → tempo de meia vida-vida (t1/2 ) de uma reação – é o tempo necessário para que a concentração de A seja metade da sua concentração inicial. → Tempo de vida (t) de uma reação – é o tempo necessário para que a concentração de A decresça para uma certa fração da concentração inicial. Tempo de vida dos poluentes… ➢ Trabalho 2: Poluição atmosférica : Caso Bhopal Grupo- EQ&B ➢ Trabalho 3: A revolução industrial e a poluição atmosférica: Caso ChernobilGrupo: EQ&B 39 Tempo de vida dos poluentes… 40 Bom estudo!!!
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