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Sistemas de Tratamento de Água para Uso Farmacêutico Conceito O processo para obtenção de água de características farmacêuticas está baseado na eliminação de impurezas físico-químicas e microbiológicas até níveis pré-estabelecidos conforme normas específicas de cada país. Dependendo do tipo de água que se pretende obter, serão mais ou menos rígidos os processos. Contaminantes da Água ✦ Contaminantes Químicos ✘ Orgânicos e inorgânicos - origens diversas ✘ Avaliados pelo ensaio de COT (carbono orgânico total) e de condutividade (avaliar íons). ✦ Contaminantes Microbiológicos ✘ Bactérias - gêneros: Pseudomonas, Escherichia, Flavobacterium, Klebsiella, Enterobacter, Aeromonas e Acinetobacter. Detectados e quantificados por filtração em porosidade de 0,45μm para cultura posterior do filtro em meio adequado (UFC/mL) ✘ Podem afetar a qualidade da água por desativar reagentes ou alterar substratos por ação enzimática (aumentar COT), alterar linha de base em análises espectrais e produzir pirogênios e endotoxinas. ✦ Água Potável É o ponto de partida para qualquer processo de purificação da água para fins farmacêuticos. O padrão de potabilidade da água é composto por um conjunto de características (parâmetros) que lhe conferem qualidade para o consumo humano. Tratamento – Captação Superficial Tratamento – Captação Superficial Tratamento da captação superficial consiste em 8 etapas: 1. Oxidação 2. Coagulação 3. Floculação 4. Decantação 5. Filtração 6. Desinfecção 7. Correção de dureza e pH 8. Fluoretação Tratamento – Captação Superficial 1. Oxidação - oxidar os metais presentes na água, principalmente o ferro e o manganês, que normalmente se apresentam dissolvidos na água bruta (cloro ou produto similar, pois tornam os metais insolúveis na água, ex. cloreto férrico, permitindo, assim, a sua remoção nas outras etapas - decantação). 2. Coagulação – Transformar as impurezas que se encontram em suspensões finas em estado coloidal e algumas que se encontram dissolvidas em partículas que possam ser removidas. Agentes coagulantes: adição de sulfato de alumínio ou cloreto férrico. Para otimizar o processo adiciona-se cal (óxido de cálcio) o que mantém o pH da água no nível adequado. 3. Floculação – ocorre logo após ou simultaneamente com a coagulação – formação dos flocos que misturam-se, ganhando peso, volume e consistência. 4. Decantação – sedimentação dos flocos no fundo dos tanques pela ação da gravidade. 5. Filtração – consiste em fazer passar a água por membranas porosas capazes de reter material. Permite separação das impurezas que não foram sedimentadas no processo de decantação (filtros constituídos por camadas de areia ou areia e antracito suportadas por cascalho de diversos tamanhos que retêm a sujeira ainda restante). 6. Desinfecção – adição de cloro (eliminação de microorganismos patogênicos, garantindo também a qualidade da água nas redes de distribuição e nos reservatórios). Quando existem, na água, amônia e compostos amoniacais,com a adição de cloro são formados compostos clorados ativos, denominados cloraminas. A reação do cloro com alguns compostos orgânicos leva à formação de trihalometanos (THM) – ex. triclorometano, bromodiclorometano, dibromoclorometano e tribromometano 7. Correção de dureza e pH – visa controlar o excesso de sais de cálcio e magnésio presentes na água, que têm características incrustantes e conferem gosto. Para correção de pH adição de produtos químicos para corrigir acidez ou alcalinidade excessivas. 8. Fluoretação - consiste na aplicação de uma dosagem de composto de flúor (ácido fluossilícico) que reduz a incidência da cárie dentária, especialmente no período de formação dos dentes, que vai da gestação até a idade de 15 anos. Tratamento – Captação Subterrânea A água captada através de poços profundos, na maioria das vezes, não precisa ser tratada, bastando apenas a desinfecção com cloro. Isso ocorre porque, nesse caso, a água não apresenta qualquer turbidez, eliminando as outras fases que são necessárias ao tratamento das águas superficiais. Água Potável Portaria MS no 2914 de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Revogou a Portaria n° 518 de 25 de março de 2004 “Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências”. Capítulo IV DAS EXIGÊNCIAS APLICÁVEIS AOS SISTEMAS E SOLUÇÕES ALTERNATIVAS COLETIVAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO Art. 24º Toda água para consumo humano, fornecida coletivamente, deverá passar por processo de desinfecção ou cloração. As águas provenientes de manancial superficial devem ser submetidas a processo de filtração. Art. 27º No controle de qualidade da água, quando forem detectadas amostras com resultado positivo para coliformes totais, mesmo em ensaios presuntivos, ações corretivas devem ser adotadas e novas amostras devem ser coletadas em dias imediatamente sucessivos até que revelem resultados satisfatórios. Art. 34º É obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/L de cloro residual livre ou 2 mg/L de cloro residual combinado ou de 0,2mg/L de dióxido de cloro em toda a extensão do sistema de distribuição (reservatório e rede). Art. 39º Recomenda-se que no sistema de distribuição, o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5. As concentrações de ferro e manganês não ultrapassam 2,4 e 0,4 mg/L, respectivamente. Padrão Microbiológico de Potabilidade Portaria no 2914, de 12 de dezembro de 2011 Padrão Organoléptico de Potabilidade Padrão de Potabilidade para Desinfetantes e Produtos Secundários Tipos de Água Segundo Farm Bras, 5ed. Água Potável Água para instalações farmacêuticas e Água Reagente procedimentos gerais de limpeza Água Purificada (PW) Água para Injetáveis (WFI) Água para uso farmacêutico Água Ultrapurificada Água Reagente Produzida por um ou mais processos (destilação simples, deionização, filtração, retirada de cloro ou outro) Uso: limpeza de materiais e alguns equipamentos e na fase final da síntese de ingredientes ativos e de excipientes. Abastecimento de equipamentos, autoclaves, banho-maria. Parâmetros: Condutividade: 1 a 5μS/cm a 25°C COT < 0,20mg/L Classificação da Água Grau Reagente (“Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”, 19th, 1995) Água Tipo I √ A água com a melhor qualidade possível de ser obtida com a tecnologia. √ Deve ser usada em métodos de análise que requeiram mínima interferência e máximas precisão e exatidão (absorção atômica, espectrometria de emissão de chama, traços de metais, procedimentos enzimáticos sensíveis a traços de metais, eletroforese, cromatografia líquida de alta resolução, fluorometria); preparação de soluções-padrão e de soluções tampão; processos onde a presença de microorganismos deve ser mínima. Água Tipo II √ Métodos analíticos e processos onde é tolerada a presença de bactérias: reagentes em geral, sistemas de microbiologia e métodos. √ Processos aos quais não é necessário o uso da água tipo I e da água para aplicações especiais. Água Tipo III √ Para lavagem de vidraria em geral, produção de água de maior grau de pureza e preparação de culturas bacteriológicas. Água Purificada Produzida a partir da água potável ou da água reagente. Obtida por combinação de sistemas de purificação em uma sequência lógica. Uso: matéria-prima para a produção de formas farmacêuticas não parenterais e formulações magistrais. Lavagem de material, preparo de soluções reagentes, meios de cultura, diluições, microbiologia, análises clínicas... Parâmetros:Condutividade: 0,1 a 1,3μS/cm a 25°C COT < 0,50mg/L Contagem total bactérias < 100UFC/mL Especificações para água purificada. Água para Injetáveis Formas parenterais de pequeno e grande volume e demais produtos que requeiram controle de endotoxinas. Limpeza e preparação de processos, equipamentos e componentes que entram em contato com as formas parenterais. Processo de purificação: DESTILAÇÃO (primeira escolha) – água de alimentação, no mínimo, potável e em geral necessita ser pré-tratada para alimentar os equipamentos. Água Bacteriostática Estéril Água de Hemodiálise Água Estéril para Injeção Parâmetros: Condutividade: 0,1 a 1,3μS/cm a 25°C COT < 0,50 mg/L Endotoxinas < 0,25 UE/mL Contagem total bactérias < 10 UFC/100mL Água Ultrapurificada Água purificada tratada por processo complementar. Possui baixa concentração iônica, baixa carga microbiana e baixo nível de COT. Uso: aplicações mais exigentes (ideal para métodos de análise – mínima interferência) Utilizada no momento em que é produzida ou no mesmo dia da coleta. Parâmetros: Condutividade: 0,055 a 0,1μS/cm a 25°C COT < 0,05mg/L Endotoxinas < 0,03UE/mL Contagem total bactérias < 1UFC/100mL Carbono Orgânico Total (COT) ≛ Método sensível e inespecífico de quantificar átomos de carbono ligados por covalência em moléculas orgânicas presentes em uma amostra. ≛ Fundamenta-se na oxidação completa das moléculas orgânicas a dióxido de carbono que é quantificado como carbono. A quantificação do dióxido de carbono é feita por detecção do gás ou leitura da condutividade da solução. ≛ Baixos níveis de COT sugerem a ausência de compostos químicos orgânicos potencialmente perigosos. Origem dos contaminantes orgânicos: ✬ Agua de alimentação ✬ Biofilmes nas paredes da tubulação ✬ Lubrificantes das bombas ✬ Resinas de troca iônica ✬ Trechos mortos do sistema (“dead lags”) Condutividade Procedimento – Etapa 1 1. Realizar aferição com solução de KCl de referência (utilizar somente 01 solução de referência) 2. Enxaguar a célula com pelo menos 3 porções da amostra. Valor deve ser inferior a 1,3μS/cm em 25°C ± 0,1°C. Localizar na tabela o valor de temperatura mais próximo e menor que a temperatura na qual a condutividade foi medida. O valor da condutividade correspondente a essa temperatura é o limite. Etapa 2 3. Transferir quantidade suficiente de água (100mL) e agitar a amostra. Ajustar a 25°C e agitar a amostra vigorosamente. Registrar condutividade. Se o valor não é maior que 2,1μS/cm a água obedece a exigência do teste. Se o valor for maior, proceder na etapa 3. Etapa 3 4. Realizar após 5 min com mesma amostra mantendo a 25°C 5. Adicionar solução saturada de KCl (0,3mL para 100mL amostra) e determinar pH. Utilizar tabela para determinar valor limite para condutividade de acordo com pH. 6. A água atende o teste se a condutividade medida na Etapa 2 não é maior que esse limite. Se o valor de condutividade for maior ou o valor de pH está fora da faixa de 5 a 7, a água não atende para o teste de condutividade. Sistema de Produção de Água Técnicas de Pré-Tratamento A escolha do pré-tratamento é vital para o bom funcionamento e manutenção do sistema de tratamento. Pré-tratamento adequado protege os estágios de purificação da água. Previnem: ✺ contaminação por sólidos suspensos ✺ contaminação de compostos orgânicos e controle microbiológico ✺ formação de incrustações por sólidos suspensos ✺ degradação da membrana O PRÉ TRATAMENTO É O CORAÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA. Técnicas de Pré-Tratamento Filtros Multimeios ✺ Métodos para remoção de ferro Passar água através de tanque cilíndrico (vertical) que pode ser de fibra de vidro, aço carbono ou aço inox com diferentes meios filtrantes como antracita, quartzo, entre outros. ➻ Primeiro passo para obtenção da água purificada e caracteriza-se pela remoção mecânica das partículas de até 15μm em suspensão. ➻ Sem poder de remoção bacteriana ➻ Baixo custo operacional e de manutenção Técnicas de Pré-Tratamento Métodos para Remoção de Ferro Quando presente na água de alimentação pode causar danos importantes no sistema de geração (oxidação de resinas de troca iônica e membranas de osmose) - necessário ser adequadamente removido no pré-tratamento. Podemos encontrar o ferro na água sob as mais variadas formas: Forma ferrosa (Fe+2 ) chamada de ferro solúvel ou dissolvido. Forma férrica (Fe+3 ) que é o ferro oxidado (sob a forma de óxido ou hidróxido) ou ferro precipitado ou insolúvel. Forma orgânica que pode estar associada a compostos orgânicos. Métodos para Remoção do Ferro ➩ Troca Iônica ➩ Arejamento seguido de filtração ➩ Oxidação química seguida de filtração ➩ Oxidação catalítica/filtração Troca Iônica ✺ Arejamento seguido de filtração ✺ Oxidação química seguida de filtração ✺ Oxidação catalítica/oxidação ➩ Troca Iônica Resina catiônica forte remove o ferro e manganês quando presente sob a forma iônica (dissolvida). Só deve ser utilizado esse método se as concentrações forem reduzidas, tendo sempre o cuidado de eliminar qualquer contato com o ar para evitar formação de precipitados. O sistema deve ser regenerado antes que atinja a exaustão da capacidade de troca iônica do leito de resinas. ➩ Arejamento seguido de filtração Processo Físico - permite o contato da água com o ar provocando a precipitação do ferro e do manganês dissolvidos. Método mais econômico para tratar grandes volumes de água, sendo normalmente seguido de filtração. ➩ Oxidação química seguida de filtração A oxidação do ferro e/ou manganês dissolvidos pode ser realizada por meio da injeção de agentes oxidantes como, por exemplo, o hipoclorito de sódio - injetados na linha por meio de uma bomba dosadora, o tempo de permanência requerido neste ponto é cerca de 20 minutos – após filtração da água em filtro multimeios. ➩ Oxidação catalítica/filtração Designadas de manganese green sands, algumas das formas de sílica gel e resina catiônica poliestireno podem ser utilizadas como meios para filtros de oxidação catalítica. Superfície do greensand revestida com dióxido de manganês, que atua como um catalisador na reação de oxi-redução do ferro e manganês Métodos para remoção de cloro ✺ Filtro de carvão ativado ✺ Dosagem de metabissulfito Filtro de Carvão Ativado ➩ Eliminação do cloro. Remove matéria orgânica em seus sítios, através da adsorção (potencialidade para aparecimento de contaminação microbiológica). Realizar procedimentos de sanitização do próprio carvão ativado (água quente ou vapor direto) para garantir controle da contaminação microbiológica em seu leito. Dosagem de Metabissulfito ➩ Alternativa a utilização de filtro de carvão vegetal ativado. Muito utilizada em projetos de sistemas de água purificada. A remoção ocorre por meio de uma reação rápida de redução do cloro presente em solução. O sistema de dosagem consiste em um tanque de estocagem da solução, bomba de dosagem e ponto de injeção. Pode ser utilizado: bissulfito e sulfito de sódio Dosagem de Metabissulfito x Carvão Ativado Baixo custo inicial comparado com filtro de carvão com sanitização a quente. Normalmente, baixa contribuição para o crescimento de microorganismos quando realizadas limpezas no tanque químico. Sem interrupções de operações, devido a não necessidade de sanitização térmicas regulares. Abrandador (retirar íons cálcio e magnésio) Abrandadores Redução dos teores de cálcio e/ou magnésio. Esse tipo de água que contém altos teores de cálcio e/ou magnésio é chamada de DURA Quais os problemas ocasionados por uma água com alto teor de dureza? Ca+2 e Mg+2 precipitam formando depósitos nas superfícies de tubulações, tanques e aquecedores. Ca+2 e Mg+2 possuem alta afinidade química, por isso reagem facilmente com todos os ingredientesda água, ocasionado um grave inconveniente, como por exemplo o efeito menos efetivo de sabões e detergentes. O que é dureza? A quantidade total de cátions Ca+2 e Mg+2 É medido em mg/L que possui o mesmo significado físico de ppm. A dureza total é calculada como sendo a soma das concentrações de íons cálcio e magnésio na água, expressos como carbonato de cálcio (Manual Prático de Análise de Água, MS, 2006) Qual é o mecanismo de Abrandamento? Processo parcial de troca iônica. Água bruta (potável) passa em um leito de resina catiônica forte (no ciclo sódio). Os íons cálcio e magnésio, solúveis na água, são retidos no grupamento do ácido sulfônico e os íons sódio da resina liberados para a água. Esse processo retira apenas os sais formadores de dureza da água bruta (potável). Largo emprego industrial (utilizado na proteção de tecnologias sensíveis a incrustações - osmose reversa) Quando todos os íons presos ao grupamento do ácido sulfônico foram trocados por cálcio e magnésio, a resina se encontra no estado saturado e necessita ser regenerada. Ciclo completo de regeneração das resinas compreende 4 estágios: Exaustão Saturação da resina com íons cálcio e magnésio Expansão Contra-lavagem do leito saturado da resina. Soltar as impurezas sólidas presas aos cristais, que funcionam como um filtro. Regeneração É a rejeição dos íons cálcio e magnésio retirados da água por meio da passagem de uma solução de salmoura a 10% (solução aquosa saturada de NaCl) no leito da resina quando, então, os íons sódio voltam a se prender ao grupamento de ácido sulfônico. Enxágue O enxágue lento completa a regeneração da resina e o enxágue rápido final remove todo o excesso de salmoura regenerante do leito. Ultrafiltração Remoção de endotoxinas. Realizada utilizando-se uma membrana especial com a propriedade de reter moléculas conforme PM e estereoquímica. Para remoção de endotoxinas são utilizados filtros na faixa de 10.000 Da. Tecnologia usada na etapa intermediária ou final de um sistema de purificação desde que validada. Microfiltração Utiliza membranas microporosas de 0,22μm. Devem ser validadas quanto à retenção, por meio de um teste bacteriológico, que determina o valor da redução logarítmica dos microorganismos nas membranas. Tecnologias de Purificação O método de Purificação deve ser apropriado para a qualidade da água a obter devendo observar: ⇢ Qualidade da água que se pretende obter ⇢ Rendimento e eficiência do sistema ⇢ Qualidade e sazonalidade da água de alimentação ⇢ Facilidade de manutenção ⇢ Confiabilidade e robustez dos equipamentos de tratamento de água em funcionamento. ⇢ Custos Os seguintes itens devem ser considerados ao configurar um sistema de purificação da água: ✔ Sequência exigida de etapas de purificação. ✔ Extensão exigida do pré-tratamento para proteger os passos finais de purificação. ✔ Otimização do desempenho, incluindo rendimento e eficiência da unidade de tratamento ✔ Localização adequada dos pontos de amostragem, de forma a evitar a contaminação. ✔ Adoção de instrumentos para medida de alguns parâmetros do sistema: fluxo, pressão, temperatura, pH, condutividade e COT. Destilação Processo de tratamento de água, utilizado para separação de compostos de diferentes pontos de ebulição – destiladores simples, de múltiplos efeitos e os de compressão de vapor. Consiste no aquecimento, evaporação, condensação e resfriamento da água em um dispositivo adequado. Existem casos de tratamento de água em que a separação da água dos contaminantes solúveis geralmente ocorre com ponto de ebulição muitas vezes superior ao da água. Técnica Robusta – mudança de fase e temperaturas elevadas. Desvantagens: Este apresenta um alto consumo de energia e não é suficiente para remover compostos orgânicos, devendo-se agregar um filtro de carvão ativado. Apresenta problemas com água que apresentam altos níveis de sílica (teor de sílica máximo de 5mg/l) e cálcio (necessário realizar abrandamento) Troca Iônica, Desmineralização ou Deionização Consiste na remoção de cátions e ânions dissolvidos na água. A resina catiônica forte (no ciclo hidrogênio) é utilizada para remover os cátions da água (ex: cálcio, magnésio e sódio) liberando hidrogênio ácido, que se combina com os ânions ligados aos cátions removidos. Em seguida, a água é passada em resina aniônica, fracamente básica, ou em resina aniônica, fortemente básica. Instalação simples, resinas regeneráveis (com ácidos – catiônica e bases - aniônicas), baixo investimento e consumo de energia elétrica. As desvantagens são que as resinas só removem compostos iônicos, pode ocorrer fuga de pequenos fragmentos da resina, facilidade de proliferação de microorganismos. Necessita de um sistema de pré-tratamento. Esse processo isolado não produz água de alta pureza. Osmose Reversa Osmose consiste na difusão, através de uma membrana semipermeável, entre duas soluções de concentrações diferentes (água de uma solução salina diluída para uma mais concentrada). O fluxo de água é interrompido quando atinge o equilíbrio. Osmose Reversa consiste na aplicação mecânica de uma pressão superior à pressão osmótica do lado da solução mais concentrada. Assim, a água pura pode ser retirada de uma solução salina por meio de uma membrana semipermeável. Na prática, pressiona-se a solução por meio de uma bomba e passa esta solução sob alta pressão por um vaso de pressão, em que está contida a membrana de osmose reversa. Membranas são tecidos que permitem a difusão preferencial da água e retém sais nela dissolvidos, assim como colóides e bactérias. Remove 90 a 99% da maioria dos contaminantes. Atuam como barreira a todos os sais e microorganismos com peso molecular acima de 100. Diversos fatores podem afetar a separação: ♢ pH ♢ Pressão diferencial ao longo da membrana ♢ Temperatura ♢ Tipo de polímero da membrana ♢ Construção dos cartuchos Membranas são compostas basicamente de poliamida e polisulfona microporosas e revestidas geralmente de resina ou fibra de vidro. A vida útil das membranas gira em torno de 5 anos. Devem ser controladas quanto a formação de incrustações provenientes de sais de cálcio, magnésio e outros e de biofilme – pré-tratamento antes da osmose e sanitização do sistema. Foram desenvolvidas membranas resistentes à altas temperaturas (superior a 80◦C), o que possibilita os processos de sanitização com água quente. Para ter qualidade de água WFI (água para injetáveis) a osmose precisa ter duplo passo (possui dois módulos em série de osmose reversa). Destilação e Osmose Reversa de duplo passo são os únicos métodos aceitáveis listados na USP para a produção de água WFI Vantagens: Opera com baixo consumo de energia. Equipamento compacto e eficiente na remoção de espécies iônicas e moleculares, bactérias e vírus Desvantagens: Não separa compostos orgânicos de baixo peso molecular, gases dissolvidos e dióxido de carbono, devendo assim utilizar pré- tratamento com filtro de 5 micrômetros. Eletrodeionização Usada quando a água de alimentação está com alto teor de sólidos dissolvidos e quando a água apresenta grandes variações sazonais. Utilizada atualmente em conjunto com a osmose reversa (controla melhor a condutividade) Combinação de membranas semipermeáveis, resinas de troca iônica e potencial elétrico. Capacidade de remover substâncias fracamente ionizáveis e outros contaminantes não removidos pela osmose reversa Ozonização Utiliza-se ozônio como agente de oxidação e desinfecção. A obtenção de ozônio é feita por meio de descargas elétricas em gases que contenham oxigênio. A ação da radiação ultravioleta (200nm) também pode conduzir a obtenção de ozônio. Mesmo com baixa ação residual, é necessário garantir que todo o ozônio que tenhasido adicionado à água seja destruído antes da utilização da mesma. Radiação UV Utilizada em sistemas de purificação de água. 185nm + 254nm – oxidação dos compostos orgânicos e consequente redução de sua concentração (redução de TOC). Água deve estar no estágio final de purificação 254nm – ação germicida nos diversos pontos da sequência de purificação, onde é necessário reduzir a contagem microbiana. Formação do Biofilme Comunidades microbianas complexas, e dinâmicas, envoltas por uma matriz, geralmente polissacarídica, que se formam seqüencialmente e sofrem alterações ao longo do tempo Sanitização Deve não apenas matar as células de biofilme, mas removê-las. Dificuldades: Requer a obtenção do agente sanitizantes para todos os locais do sistema onde possa crescer biofilme. Garantia do tempo de contato suficiente para os efeitos desejados: morte e remoção do biofilme. Principais Opções Sanitizantes para Água: √ Água Quente √ Ozônio √ Peróxido de Hidrogênio √ Ácido Peracético √ Substâncias Cáusticas Rouge ☾ Composição do Aço Inox Cr (16-18%) + Ni (10-14%) + Mo (2-3%) e Fe (64-68%) ☾ Depósitos de óxido de ferro encontrados em sistemas de água purificada nas cores alaranjado, vermelho, azul ou preto – ROUGE ☾ Degrada a superfície (corrosão e destruição da superfície) - aumentando a rugosidade. ☾ Aparecimento frequentes de bactérias e favorece a fixação do biofilme. Legislações Exigências para Sistema de Água para Uso Farmacêutico A água deve ser produzida, armazenada e distribuída de forma a evitar contaminação microbiológica, química ou física. As fontes de água e a água tratada devem ser monitoradas regularmente (qualidade química e microbiológica). Quando a sanitização química dos sistemas de água fizer parte do programa de controle de biocontaminação, deve ser utilizado procedimento para garantir que o agente sanitizante foi retirado com eficácia. As especificações para os equipamentos de purificação da água, sistemas de armazenamento e distribuição devem considerar: I – risco de contaminação a partir de lixívias de materiais de contato. II – impacto adverso de materiais de contato adsorvíveis. III – projeto que permita a sanitização do sistema quando exigido. IV – resistência à corrosão. V – ser livre de vazamentos. VI – configuração para evitar a proliferação microbiológica. VII – tolerância a agentes de limpeza e sanitização (térmicos/químicos) VIII – capacidade do sistema e exigências de produção. IX – Instalação de todos os instrumentos, pontos de amostragem necessários para permitir que todos os parâmetros críticos de sistema sejam monitorados. Deve ser feita a avaliação períodica de possíveis contaminações microbiológicas de filtros de areia, filtros multi- meios, leitos de carvão ativado e abrandadores no caso da existência destes (retrolavagem, sanitização química ou térmica e regeneração frequente – evitar contaminação do sistema e formação de biofilmes). Sistemas que funcionam e são mantidos em temperaturas elevadas, na faixa de 70-80°C – em geral, menos susceptíveis à contaminação microbiológica do que sistemas mantidos a temperaturas mais baixas. Materiais que entram em contato com Sistemas de Água devem ser selecionados e satisfazer os objetivos: Compatibilidade – compatível com temperatura e substâncias químicas utilizadas pelo sistema ou dentro dele. Prevenção de vazamento – materiais não podem apresentar vazamentos dentro da faixa de temperatura de trabalho. Resistência à corrosão – processo de soldagem deve ser controlado. Sistema deve ser submetido à passivação após instalação inicial ou após modificação. ⋆ Acabamento interno liso Tanques dedicados e lacrados, construídos em aço inox 316L eletropolido e válvulas de segurança. Tubulação e bomba de recirculação construídos em aço inox 316L eletropolido , instalação da tubulação em looping (“dead ends” são inaceitáveis para USP), dimensionada para proporcionar fluxo turbulento, manutenção de fluxo mesmo durante a abertura de válvulas. ⋆ Desenho de flanges ou juntas – higiênico ou sanitário. ⋆ Documentação Adequada de todos os processos de soldagem realizados incluindo inspeções, certificados rastreados de materiais de construção. Toda documentação devidamente arquivada. ⁂ Os seguintes itens devem ser considerados para o controle da contaminação de recipientes para armazenamento: ⁂ O espaço entre a superfície da água e a tampa do reservatório é uma área de risco em que gotas de água e ar podem entrar em contato em temperatura que incentivam a proliferação microbiana. Evitar zonas mortas ⁂ A distribuição de água purificada e de água para injetáveis deve ser realizada utilizando preferencialmente um anel de circulação contínua. Cuidados que devem ser tomados no projeto e dimensionamento do sistema de distribuição e armazenamento. ⁂ Quando emprega-se trocadores de calor para aquecer ou resfriar água para uso farmacêutico dentro de um sistema, devem ser tomadas precauções para evitar que o equipamento de aquecimento e resfriamento contamine a água. ↠ Programas de Manutenção do Sistema de Água: ✔ Frequência definida para equipamentos e instrumentos do sistema. ✔ Programa de calibração ✔ Procedimentos para tarefas específicas ✔ Controle das peças a serem utilizadas ✔ Cronogramas e instruções de manutenção ✔ Registro, revisão e aprovação do serviço executado. ✔ Registro e revisão de problemas e falhas durante a manutenção. EXERCÍCIOS 1. Assinale a alternativa correta quanto aos processos de purificação de água para uso farmacêutico. a) O processo de purificação da água por troca iônica ocorre quando é exercida uma pressão, a qual é aplicada para superar a pressão osmótica e forçar a penetração de água através da membrana. b) Na purificação da água por destilação, a água atravessa uma membrana semipermeável, com poros microscópicos, que retém sais, microorganismos e outras impurezas. c) Um dos aspectos principais do processo de purificação de água por troca iônica é a utilização de membranas osmóticas sintéticas, uma tecnologia de ponta, criada para uso em processos industriais. d) No processo de purificação da água por troca iônica ocorre a remoção de íons presentes em água através de resinas catiônicas e aniônicas. 2. A Farmacopéia Americana (United States Pharmacopoeia) recomenda operações unitárias que incluem filtração, deionização, destilação e osmose reversa ou outro processo apropriado, para a purificação de água para uso farmacêutico. A retirada dos íons dissolvidos na água utilizada na preparação de fármacos é importante, pois a. o paciente debilitado necessita dos sais minerais das preparações farmacêuticas. b. a água para tal fim não deve conter agentes que reajam com os fármacos. c. Os íons carregam a água eletricamente, causando a desidratação do paciente. d. Os íons dissolvidos na água contaminam os pacientes. 3. Após o processo de purificação por membrana de osmose reversa, é comum que ocorra crescimento microbiano na água dentro do tanque de estocagem. A fim de se evitar e/ou reduzir tal fato deve-se a. Esvaziar o tanque de estocagem após o uso da água purificada. b. Adicionar agente antimicrobiano na água do tanque de estocagem. c. Incluir filtros microbiológicos e lâmpadas ultravioleta ao sistema de estocagem. d. Aquecer a água estocada a 80 °C 4. É CORRETO afirmar que a água utilizada na preparação de medicamentos de uso ocular — colírios — difere da água utilizada na preparação de medicamentos injetáveis em relação: a. À presença de material particulado. b. Á presença de substâncias pirogênicas. c. Ao teor de inorgânicos dissolvidos. d. Ao teor de orgânicos dissolvidos. 5. A água purificada empregada no preparo de soluções de usooral apresenta níveis elevados de íons. É CORRETO afirmar que esse fato pode ser atribuído ao emprego de a. Destilação, seguida de filtração. b. Osmose reversa, seguida de destilação. c. Resinas de troca aniônica, seguida de filtração. d. Resinas de troca iônica de leito misto, seguida de destilação. 6. A água purificada empregada no preparo de soluções de uso oral apresenta níveis elevados de íons. É CORRETO afirmar que esse fato pode ser atribuído ao emprego de a. Destilação, seguida de filtração. b. Osmose reversa, seguida de destilação. c. Resinas de troca aniônica, seguida de filtração. d. Resinas de troca iônica de leito misto, seguida de destilação. 7. A radiação ultra-violeta (UV) é utilizada nos sistemas de purificação de água em dois comprimentos de onda, em nanômetros: a. 185 e 309. b. 155 e 284. c. 254 e 309. d. 185 e 254. e. 155 e 309 8. Segundo Ansel (2007), em INCORRETO afirmar que relação à água purificada, USP, é a. É obtida por destilação, deionização, osmose reversa ou por outro processo aceitável. b. Quando evaporada até a secagem, não deve conter mais do que 0,001% de resíduos (1 mg de sólidos por 100mL de água). c. É utilizada na preparação de formas farmacêuticas aquosas. d. Pode ser utilizada para administração parenteral (injeções). e. Apresenta menos impurezas sólidas do que a água potável usual. 9. De acordo com a Farmacopeia Brasileira (5* Ed.), a água purificada, de uso farmacêutico, apresenta alguns parâmetros críticos a serem seguidos durante o seu processo de obtenção. Assinale a opção que apresenta os valores corretos de condutividade e carbono orgânico total, respectivamente, para obtenção desse tipo de água. a. 0,055 a 0,1uS/cm e < 0,05mg/L b. 0,1 a 3,0uS/cm e < 1,0mg/L c. 1 a 1,3us/cm e < 0,50mg/L d. 1 a 5, Ous/cm e < 1,0mg/L e. 1 a 10, Ous/cm e < 0,50mg/L 10. Em comparação com a água potável comum, a água purificada, segundo a Farmacopéia Americana, tem muito menos impurezas sólidas já que, quando evaporada à secura, não deixa mais de 0,001% de resíduos. A água purificada destina-se à preparação de formas farmacêuticas aquosas, exceto as destinadas à administração parenteral. Dos métodos de obtenção, qual retira praticamente todos os vírus, bactérias, pirogênios, moléculas orgânicas e 90 a 99% dos íons? a. Osmose reversa. b. Destilação. c. Tratamento por troca iônica. d. Filtração. e. Microfiltração. 11. Segundo Jorge Antônio Barros de Macêdo (2005), a água pode ser classificada quanto a sua dureza, de acordo com os teores de sais de cálcio e magnésio expressos em mg/L de CaCo3. Após o ensaio em uma alíquota, a água demonstrou uma dureza total de 175 mg/L, podendo ser considerada a. muito dura. b. mole. c. dura. d. pouco dura. e. moderadamente dura. 12. A água é o solvente ou veículo mais desejável e o mais comumente empregado na preparação de formas farmacêuticas líquidas. Neste sentido, assinale a alternativa incorreta quanto aos processos de purificação de água para uso farmacêutico: a. Na purificação da água por destilação deve ser usado condensador de plástico, vidro ou estanho. b. O processo de purificação da água por osmose reversa ocorre quando é exercida uma pressão, a qual é aplicada para superar a pressão osmótica e forcar a penetração de água através da membrana. c. Na purificação da água por osmose reversa, a água atravessa uma membrana semipermeável, com poros sais, microorganismos e microscópicos, que retém outras impurezas. d. Um dos aspectos principais do processo de purificação de água por osmose reversa é a utilização de membranas osmóticas sintéticas, uma tecnologia de ponta, criada para uso em processos industriais. e. No processo de purificação da água por troca iônica ocorre a remoção de íons presentes em água através de resinas catiônicas e aniônicas.
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