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21/10/2019 1 ÁGUA PARA USO FARMACÊUTICO Por que não usamos diretamente a água potável na indústria farmacêutica e na farmácia de manipulação? 21/10/2019 2 ÁGUA PARA USO FARMACÊUTICO São os diversos tipos de água empregados: ◦ na síntese de fármacos; ◦ na formulação e produção de medicamentos; ◦ em laboratórios de ensaios (controle de qualidade) e diagnósticos; ◦ na limpeza de utensílios e equipamentos e sistemas. CONTROLE DE CONTAMINAÇÃO A água tem grande capacidade de agregar compostos diversos e, também, de se contaminar novamente após a purificação. CONTAMINANTES QUÍMICOS CONTAMINANTES MICROBIOLÓGICOS CONTAMINANTES PARTICULADOS 21/10/2019 3 CONTROLE DE CONTAMINAÇÃO Sílica, resíduos da tubulação ou colóides. Podem provocar entupimentos e prejudicar gravemente o processo de purificação reduzindo seu desempenho, ou até mesmo causando danos irreversíveis. CONTAMINANTES PARTICULADOS CONTROLE DE CONTAMINAÇÃO Bicarbonatos de cálcio e magnésio: aumentam temporariamente a dureza da água; podem ocasionar corrosão puntiforme e/ou sob depósito. Sulfatos e cloretos: causam dureza permanente; o íon cloreto é capaz de estabelecer pontos localizados de corrosão, altamente agressivos. CONTAMINANTES PARTICULADOS 21/10/2019 4 CONTROLE DE CONTAMINAÇÃO DUREZA DA ÁGUA Causada pela presença de íons cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+) e bicarbonatos (HCO3-). Depositam nas tubulações e equipamentos formando incrustações. Medida em partes por milhão (ppm = mg/litro = µg/mL) de CaCO3 e MgCO3. Removidos por abrandadores. CONTAMINANTES PARTICULADOS CONTROLE DE CONTAMINAÇÃO DUREZA DA ÁGUA Água branda: teores entre 0 e 40 mg/L Água moderada: teores entre 40 e 100 mg/L Água dura: teores entre 100 e 300 mg/L Água muito dura: teores entre 300 e 500 mg/L Água extremamente dura: teores acima de 500 mg/L CONTAMINANTES PARTICULADOS 21/10/2019 5 CONTROLE DE CONTAMINAÇÃO ORIGENS: ◦ Fonte de alimentação da água; ◦ Materiais com os quais a água entra em contato (tubulações, equipamentos); ◦ Absorção de gases da atmosfera; ◦ Resíduos poluentes; ◦ Resíduos de produtos utilizados na limpeza e sanitização de equipamentos; ◦ Endotoxinas bacterianas. CONTAMINANTES QUÍMICOS ORGÂNICOS INORGÂNICOS Ensaios de carbono orgânico total Condutividade CONTROLE DE CONTAMINAÇÃO Gases dissolvidos: CO2: produz ácido carbônico: queda de pH O2: prejudicial aos equipamentos, já que é corrosivo ao ferro e ligas de cobre. Amônia (NH3): corrosivo ao cobre. Gás Sulfídrico (H2S): reage com o metal e forma depósitos de sulfeto de ferro. 21/10/2019 6 CONTROLE DE CONTAMINAÇÃO ◦ Pirogênios são substâncias que induzem febre. ◦ Endotoxinas bacterianas são complexos de alto peso molecular associados à membrana externa de bactérias Gram-negativas, patogênicas ou não, e se constituem na mais significante fonte de pirogênio para a indústria farmacêutica. ◦ Não são destruídos pela desinfecção ou esterilização. CONTROLE DE CONTAMINAÇÃO ORIGENS: ◦ microbiota da fonte de água; ◦ equipamentos de purificação ◦ procedimentos de limpeza e sanitização inadequados (formação de biofilme); Contaminantes mais comuns: Alcaligenes, Pseudomonas, Escherichia, Flavobacterium, Klebsiella, Enterobacter, Aeromonas e Acinectobacter. CONTAMINANTES MICROBIOLÓGICOS ALGAS PROTOZOÁRIOS BACTÉRIAS 21/10/2019 7 CONTROLE DE CONTAMINAÇÃO Podem afetar a qualidade da água: ◦ Desativação de reagentes ou alteração de substratos por ação enzimática; ◦ Aumento do conteúdo de COT; ◦ Produção de pirogênios e endotoxinas. CONTAMINANTES MICROBIOLÓGICOS BACTÉRIAS Cultura do filtro em meio adequado Filtração em porosidade de 0,45 μm Detecção e quantificação Contagem: UFC/mL TIPOS DE ÁGUA NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA ◦ A indústria farmacêutica utiliza diferentes tipos de água nas diversas atividades envolvidas nos processos de produção, limpeza e controle de qualidade. Estes tipos de água possuem especificações diferenciadas: ◦ 6° edição da Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2019) possui um capítulo sobre Água para uso farmacêutico no Volume 1 e monografias referentes a Água purificada, Água ultra purificada e Água para injetáveis no volume 2. ◦ RDC nº17, de 16 de abril de 2010 possui um capítulo exclusivo, intitulado “Água para uso farmacêutico”, onde constam as exigências gerais nos sistemas de água para uso farmacêutico, as especificações de qualidade da água, os métodos de purificação e outras recomendações. 21/10/2019 8 TIPOS DE ÁGUA NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA ◦ Água Potável ◦ Água Reagente ◦ Água purificada (AP) ◦ Água ultrapurificada (AUP) ◦ Água para Injetáveis (API) Tipos de Água e Aplicação Soluções Xarope Suspensões Água purificada Emulsões Cremes Pomadas Comprimidos (via úmida) Testes e Ensaios Água para injetável Soluções parenterais (soluções administradas por outra forma que não pelo trato digestivo) 21/10/2019 9 Tipos de Água e Aplicação Água para injetável Soluções parenterais (soluções administradas por outra forma que não pelo trato digestivo) Parenteral por injeção Injeção intravenosa Injeção intra-arterial Injeção intra-muscular Injeção intra-cardíaca Injeção subcutânea Parenteral por infusão Infusão intraóssea Injeção intradérmica Injeção intraperitoneal Transdérmica Transmucosa Inalável ÁGUA POTÁVEL ◦ Obtida por tratamento da água retirada de mananciais, por meio de processos adequados. ◦ Deve atender às especificações da legislação brasileira para um determinado padrão de potabilidade. 21/10/2019 10 ÁGUA POTÁVEL ◦ O usuário do sistema de purificação pelo qual a água potável passará é responsável pelo controle rigoroso, periódico e a manutenção de conformidade dos parâmetros de potabilidade. ◦ A água potável é empregada, normalmente, nas etapas iniciais de procedimentos de limpeza e como fonte de obtenção de água de mais alto grau de pureza. ◦ A qualidade da água potável deve ser adequada ao sistema de purificação utilizado (destilação, deionização, troca iônica, osmose reversa). ÁGUA REAGENTE ◦ Produzida por um ou mais processos, como destilação simples, deionização, filtração, descloração. ◦ Empregada na limpeza de materiais e de alguns equipamentos, no abastecimento de equipamentos, autoclaves, banho-maria e em histologia. 21/10/2019 11 ÁGUA PURIFICADA ◦ Produzida a partir da água potável ou da água reagente por uma combinação de sistemas de purificação como múltipla destilação, troca iônica, osmose reversa, eletrodeionização e ultra filtração. ◦ Necessita monitoramento de contagem do total de organismos aeróbicos viáveis, na produção e estocagem, visto que não possui nenhum inibidor de crescimento adicionado. ÁGUA PURIFICADA ◦ É empregada como excipiente na produção de formas farmacêuticas não parenterais e em formulações magistrais. ◦ Pode ser utilizada na lavagem de material, preparo de soluções reagentes, meios de cultura, tampões, diluições diversas. ◦ Pode ser empregada em cromatografia a líquido de alta eficiência. ◦ Pode ser esterilizada, sem necessariamente atingir o limite de endotoxinas bacterianas estabelecido para a Água para Injetáveis. 21/10/2019 12 ÁGUA ULTRAPURIFICADA ◦ Possui baixa concentração iônica, baixa carga microbiana e baixo nível de COT. ◦ Deve ser utilizada no momento em que é produzida, ou no mesmo dia da coleta. ÁGUA ULTRAPURIFICADA ◦ Aplicações mais exigentes: laboratórios de ensaios, diluição de substâncias de referência, controle de qualidade e na limpeza final de equipamentos e utensílios utilizados em processos que entrem em contato direto com a amostra que requeira água com esse nível de pureza. ◦ Métodos de análise que exigem mínima interferência e máxima precisão e exatidão. ◦ Análises quantitativas de baixos teores de analito é essencial para obtenção de resultados analíticos precisos. 21/10/2019 13 ÁGUA PARA INJETÁVEIS ◦ Produzida por destilaçãoem equipamento de vidro neutro ou quartzo ou de aço inox AISI 316L. ◦ A água de alimentação deve ser, no mínimo, potável e, em geral, necessitará ser pré- tratada para alimentar os equipamentos. ◦ O sistema de obtenção, distribuição e armazenamento da água deve ser validado e apropriado, de forma a impedir a contaminação microbiana e a formação de endotoxinas bacterianas. ÁGUA PARA INJETÁVEIS É utilizada como: ◦ Excipiente na preparação de produtos farmacêuticos parenterais de pequeno e grande volume. ◦ Fabricação de princípios ativos de uso parenteral, de produtos estéreis (oftálmicos) e produtos que requeiram o controle de endotoxinas. ◦ Limpeza e preparação de processos, equipamentos e componentes que entram em contato com as formas parenterais na produção de fármacos. 21/10/2019 14 ÁGUA PARA INJETÁVEIS SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA ◦ Os sistemas de armazenamento e distribuição devem ser considerados como uma parte crítica de todo o sistema. ◦ A capacidade do tanque de armazenamento deve ser suficiente para oferecer reserva de curto prazo. ◦ A distribuição de AP e de API deve ser realizada com anel de circulação contínua, uma vez que um sistema de água sem anel de recirculação pode ser considerado basicamente um “ponto- morto”. 21/10/2019 15 SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA ◦ Os sistemas devem ser projetados de forma a evitar a contaminação e proliferação microbianas. ◦ Deve funcionar continuamente por períodos significativos de tempo para evitar ineficiência, desgaste e formação de biofilme. ◦ Inibição do crescimento de microrganismos: Radiação ultravioleta; Manutenção do sistema a quente (temperaturas maiores que 65ºC); Sanitização do sistema periodicamente usando água superaquecida ou vapor puro; Sanitização química rotineira usando ozônio ou outro agente químico eficaz. PRÉ-TRATAMENTO DE ÁGUA DE USO INDUSTRIAL ◦ Origem da água ◦ Qualidade da água recebida – contaminantes ◦ Pré-Filtração ◦ Carvão ativado ◦ Abrandadores 21/10/2019 16 CARVÃO ATIVADO ◦ Elimina o cloro contido na água (por formação de óxidos). ◦ Remove a matéria orgânica (por meio da adsorção). ◦ O cloro livre afeta outras tecnologias baseadas em membrana, como a osmose reversa ou a ultrafiltração. CARVÃO ATIVADO ◦ A retirada de agentes sanitizantes (cloro) propicia o crescimento bacteriano e a formação de biofilme. ◦ É necessário sanitizar o próprio carvão ativado, com vapor direto ou água quente e controlar a presença de partículas e a contagem microbiana de seu efluente. 21/10/2019 17 PRÉ-FILTRAÇÃO ◦ Conhecida como filtração de profundidade ou filtração inicial. ◦ Remove contaminantes particulados na faixa de tamanho entre 5 e 10 µm utilizando filtros de areia ou combinação de filtros. ◦ Essencial para proteger as tecnologias de purificação subsequentes. TRATAMENTO COM ABRANDADORES ◦ Resinas regeneráveis de troca iônica capturam os íons cálcio e magnésio (características incrustante), presentes em grande quantidade na água dura, e liberam íons sódio (características não incrustante). ◦ É necessário controlar a contagem microbiana, com regeneração frequente, recirculação ou outras formas de redução de contagem microbiana para evitar a formação de biofilme. 21/10/2019 18 MÉTODOS DE PURIFICAÇÃO DA ÁGUA ◦ A tecnologia para a obtenção de água purificada deve reduzir o risco de contaminação, seja física, química, ou microbiológica. ◦ A qualidade da água está diretamente relacionada ao tipo de tratamento empregado. ◦ Deionização ◦ Destilação ◦ Microfiltração e Ultrafiltração ◦ Osmose Reversa DEIONIZAÇÃO ◦ Resinas catiônicas: troca de íons hidrogênio por contaminantes catiônicos ◦ Resinas aniônicas: troca de íons hidroxila por contaminantes aniônicos ◦ Resinas mistas: troca íons hidrogênio e hidroxila ◦ Processo de remoção praticamente total dos íons presentes em uma água, através de resinas catiônicas, aniônicas e mistas. 21/10/2019 19 DEIONIZAÇÃO ◦ Remove apenas compostos inorgânicos. ◦ Não remove compostos orgânicos dissolvidos, nem materiais particulados e nem de bactérias presentes na água. ◦ Pode haver fuga de pequenos fragmentos da resina. ◦ Baixo custo e facilidade de operação. ◦ As colunas catiônicas e aniônicas devem ser regeneradas com ácidos e bases, respectivamente. ◦ Esse processo isolado não produz água de alta pureza, é necessário ter um controle sobre a geração de partículas decorrente das regenerações sucessivas, além de micro-organismos. DEIONIZAÇÃO 21/10/2019 20 DESTILAÇÃO ◦ Aquecimento, evaporação, condensação e resfriamento da água. ◦ Esta técnica remove bactérias e partículas, mas não elimina substâncias inorgânicas. ◦ Demanda grande consumo de energia. ◦ Destiladores simples, de múltiplos efeitos e os de compressão de vapor usados para produção de grandes volumes. ◦ Há a possibilidade de carreamento de compostos voláteis no condensado (trihalometanos, dióxido de carbono e amônia). ◦ https://www.youtube.com/watch?v=nF7YPr8Cmk4 DESTILAÇÃO 21/10/2019 21 MICROFILTRAÇÃO ◦ Utiliza membranas microporosas (0,2, ou 0,22 µm) que causa a retenção de micro- organismos. ◦ Deve ser validada quanto a produção de um filtrado estéril. ◦ A membrana deve produzir um filtrado estéril por meio do teste de esterilidade do filtrado. ULTRAFILTRAÇÃO ◦ A ultrafiltração é realizada utilizando-se uma membrana especial com a propriedade de reter moléculas conforme o seu peso molecular , em função da pequena porosidade de suas membranas. ◦ Para a remoção de endotoxinas são utilizados filtros na faixa de 10 000 Da, que retêm moléculas com massa molecular, maior ou igual a 10 000 Da. ◦ Pode ser usada em uma etapa final ou intermediária do sistema de purificação e requer um pré-tratamento. 21/10/2019 22 MICROFILTRAÇÃO X ULTRAFILTRAÇÃO OSMOSE REVERSA ◦ É a técnica de passagem da água por membrana semipermeável com o uso de bomba de alta pressão. ◦ O processo remove material orgânico dissolvido, material inorgânico, colóides, sólidos suspensos, bactérias, vírus e endotoxinas. ◦ Fornece água de excelente qualidade, química e microbiológica. 21/10/2019 23 OSMOSE REVERSA OSMOSE REVERSA ◦ As membranas de osmose reversa devem ser devidamente controladas quanto à formação de biofilme, fonte crítica de contaminação microbiana e de endotoxinas. ◦ Também devem ser controladas quanto à formação de incrustações provenientes de sais de cálcio, magnésio e outros (uso de abrandadores). ◦ Deve haver um sistema de pré-tratamento que remova partículas e agentes oxidantes. ◦ Deve-se fazer, periodicamente, a sanitização do sistema. ◦ Aumenta a vida útil das membranas e reduz a frequência de sua regeneração. 21/10/2019 24 OSMOSE REVERSA FILTRAÇÃO X OSMOSE REVERSA 21/10/2019 25 DEIONIZAÇÃO X OSMOSE REVERSA Deionização ◦ Rendimento próximo 100% ◦ Regeneração Química ◦ Degradação gera partículas ◦ Leito propicio a microrganismos Osmose Reversa ◦ Rendimento 70% ◦ Sem regeneração química ◦ Degradação reduz eficácia ◦ Menos propicio a microrganismos 21/10/2019 26 DISTRIBUIÇÃO, SANITIZAÇÃO E ARMAZENAMENTO ◦ Quanto maior o grau de purificação da água, mais rapidamente ela tende a se recontaminar. ◦ A água purificada deve permanecer em recirculação constante e em temperatura constante no tanque de armazenamento (aço inoxidável). ◦ A água ultrapurificada não deve ser armazenada por período superior a 24 horas. ◦ Em reservatórios de água para injetáveis a água circulante deve ser mantida em temperatura superior a 80º C. DISTRIBUIÇÃO, SANITIZAÇÃO E ARMAZENAMENTO ◦ Tubulações, válvulas, instrumentos e outros dispositivos devem ter construção e acabamento sanitário, de forma a não contribuírem para que ocorra a contaminação microbiana e ser sanitizados. ◦ O material de construção deve ser resistente aos agentes de sanitização (agentes químicos (compostos halogenados, peróxido de hidrogênio, ozônio) + calor (80° ou 65°C) + circulação contínua).21/10/2019 27 VALIDAÇÃO E MONITORAMENTO ◦ O processo empregado na produção de água para uso farmacêutico deve ser validado e os parâmetros estabelecidos na legislação e nas monografias específicas de cada tipo de água devem ser verificados sistematicamente. ◦ O monitoramento da qualidade da água deve abranger todos os pontos críticos e representativos do sistema: Controle microbiológico (contagem total de bactérias) Controle físico-químico (condutividade e o carbono orgânico total) ◦ Caso a amostra não seja analisada em seguida à coleta, deve ser preservada e armazenada em condições que garantam a sua integridade e conservação e por período adequado.
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