Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Neoplasias C ONCE I TO Pode ser definida como um distúrbio do crescimento celular que é desencadeado por uma série de mutações adquiridas que afetam uma única célula e sua progênie clonal. ► Todos os tumores apresentam dois componentes básicos: 1) Células neoplásicas clonais que constituem o parênquima tumoral 2) Estroma reativo feito de tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e números variáveis de células do sistema imune inato e adaptativo D I F ERE N ÇA S N EO P LA SI AS Neoplasias Benignas ► Crescem de maneira localizada, circunscrita ► Não são letais ► Não causam transtornos ao hospedeiro ► Podem evoluir despercebidas por muito tempo ► Não há perda de adesão célula-célula ou célula- membrana basal ► Compressão do tecido adjacente forma cápsula fibrosa ► Crescimento lento ► Necrose e hemorragia são incomuns ▪ Vascularização regular ► Pode haver migração somente em caso de lesão ou rompimento ► Adipócitos muito iguais aos normais ► Capa fibrosa ► Tumores diferenciados ▪ Mais parecidos com as de origem Neoplasias Malignas ► Crescimento muito acelerado ▪ Multiplicação fora do controle normal do organismo ► Infiltram tecidos vizinhos e sofrem metástases ► Provocam perturbações homeostáticas graves ▪ Podem levar à morte ► Tumores pouco diferenciados/anaplásicos ▪ Menos parecidos com os de origem − Mais alteração ► Induzem angiogênese → garante suprimento durante a fase de rápido crescimento ► Ocorre quando rompe a membrana basal, invade, vai para circulação, rompe novamente o vaso sanguíneo/linfático e vai se implantar em outro sítio/órgão ► + Benigno → + Maligno ► No Grau 4 há tumores que você nem consegue dizer qual foi a célula que deu início àquele tumor 2 N OME NCL A TURA Tumores benignos ► Em geral, são designados ligando o sufixo -oma ao nome a partir do qual o tumor se originou ▪ Condroma (tumor cartilaginoso) ▪ Fibroma (tecidos fibrosos) ► A nomenclatura dos tumores epiteliais benignos é mais complexa → alguns são classificados com base em suas células de origem, outros no padrão microscópico, e ainda outros em sua arquitetura macroscópica ▪ Termo adenoma é aplicado a uma neoplasia epitelial benigna derivada de glândulas, apesar de poderem, ou não, formar estruturas glandulares ► Quando uma neoplasia, benigna ou maligna, produz uma projeção macroscopicamente visível acima da superfície mucosa e se projeta, por exemplo, na luz gástrica ou colônica, denomina- se pólipo ▪ Se o pólipo possuir tecido glandular, ele é chamado de um pólipo adenomatoso Tumores Malignos ► Referidos coletivamente como “cânceres” ► Os tumores malignos que surgem em tecidos mesenquimais sólidos são geralmente chamados de sarcomas ► Os que surgem de células formadoras de sangue são as leucemias (literalmente, sangue branco) ou linfomas (tumores de linfócitos ou seus precursores) ► De origem nas células epiteliais, derivadas de qualquer uma das três camadas germinativas, são denominados carcinomas ▪ Camadas germinativas: ectoderme, mesoderme e endoderme ▪ Podem ser mais específicos: − Adenocarcinoma: padrão glandular − Carcinoma de células escamosas Tumores Mis tos ► Contêm componentes epiteliais esparsos em meio a um estroma mixoide que pode conter ilhas de cartilagem ou osso. Todos esses elementos surgem de um único clone capaz de produzir tanto células epiteliais quanto mioepiteliais ► Designação de preferência para tais neoplasias é adenoma pleomórfico ► Compostos por células de uma única camada germinativa. ▪ Exceção é o tumor chamado teratoma, que contém células maduras ou imaturas ou tecidos reconhecidamente pertencentes a mais de uma camada germinativa (às vezes a todas as três) − Originado de células germinativas totipotentes − Mais presentes em ovários e testículos VI A S DE DI SSE MI N AÇÃ O ► Ocorre através de 3 vias: 1) Implantes direto nas cavidades ou superfícies corpóreas 2) Disseminação linfática 3) Disseminação hematológica Implante ► Pode ocorrer sempre que uma neoplasia maligna penetra em um “campo aberto” natural sem barreiras físicas ► Cavidade peritoneal como local mais envolvido ► Característica de carcinomas originados dos ovários Disseminação Linfática ► Transporte pelos vasos linfáticos ▪ Via mais comum da disseminação ▪ Sarcomas também utilizam ► O padrão de acometimento dos linfonodos segue as rotas naturais da drenagem linfática Disseminação Hematogênica ► Típica dos sarcomas, também vista nos carcinomas ► Artérias menos invadidas que as veias → possuem veias mais espessas ▪ Disseminação arterial − Ocorre quando: ✓ Células tumorais passam através dos leitos capilares pulmonares ✓ Através dos shunts arteriovenosos pulmonares ✓ As metástases pulmonares por si mesmas originam êmbolos tumorais ▪ Disseminação venosa − As células produzidas pelo sangue seguem o fluxo venoso de drenagem do local da neoplasia ✓ Células tumorais frequentemente se detêm no primeiro leito capilar que encontram ► Envolve mais fígado e os pulmões ▪ Pois toda a drenagem da área portal flui para o fígado e todo o sangue da veia cava flui para os pulmões 3 C ARC INO G ÊN ESE ► Dano genético não letal se encontra no cerne da carcinogênese ▪ Dano inicial pode ser por: − Exposições ambientais ✓ Qualquer mutação adquirida causada por agentes exógenos ou por produtos endógenos do metabolismo celular − Herdada na linhagem germinativa − Espontâneo e aleatório ▪ Um tumor é formado pela expansão clonal de uma única célula precursora que sofreu danos genéticos − Tumores são clonais → alterações do DNA são hereditárias ▪ 4 classes de genes reguladores normais são os principais alvos de mutações: 1) Pronto-oncogenes promotores de crescimento 2) Genes supressores do tumor que inibem o crescimento 3) Genes que regulam a morte celular programada (apoptose) 4) Genes envolvidos no reparo do DNA ▪ Carcinogênese resulta do acúmulo de mutações complementares de forma gradual ao longo dos anos Mecanismo - Autossuficiência Oncogenes ► Promovem o crescimento celular autônomo ► Suas contrapartes celulares não mutadas são chamadas pronto-oncogenes ► Criados por mutações nos pronto-oncogenes ► Codificam proteínas chamadas de oncoproteínas que possuem a capacidade de promover o crescimento celular na ausência de sinais promotores de crescimento normais ▪ Essas OncoPTNs inativam elementos reguladores internos → a sua atividade nas células não depende de sinais externos Proto-oncogenes ► Múltiplas funções → todas participam em algum nível de sinalização que levam à proliferação ▪ Proto-oncogenes de pró-crescimento podem codificar: − Fatores de crescimento − Receptores do fator de crescimento − Transdutores de sinal − Fatores de transcrição − Componentes do ciclo celular ► Os oncogenes correspondentes geralmente codificam oncoproteínas que servem funções semelhantes às suas contrapartes normais ▪ Diferença de que elas normalmente são constitutivamente ativas − Favorecem células com a autossuficiência em crescimento Genes Supressores do Tumor ► São liberados para conter a proliferação celular ► Anomalias nesses genes levam à insuficiência da inibição de crescimento → característica da carcinogênese → insensibilidade à Inibição de Crescimento ► Proteínas supressoras de tumor ▪ Formam rede de pontos de checagem → reconhece o estresse genotóxico de qualquer fonte → respondem finalizando a proliferação ▪ Exemplos: RB e a p53 ▪ Resultados quando intactas: − Quiescência − Interrupção permanente do ciclo celular (senescência) − Apoptose RB: Regulador da Proliferação ► É um regulador negativo fundamental na transição do ciclo celular G1/S ▪ Está direta ou indiretamente inativado na maioria dos cânceres humanos ► Também controla a diferenciação celular ► Pode estar comprometidopor: ▪ Mutações de perda de função envolvendo ambos os alelos do gene RB ▪ Uma mudança do estado ativo hipofosforilado para o estado inativo hiperfosforilado por mutações de ganho de função que regulam positivamente a atividade de CDK/ciclina D ou por mutações de perda de função que anulam a atividade de inibidores de CDK − Normal seria: ✓ Estado ativo hipofosforilado nas células quiescentes ✓ Estado inativo hiperfosforilado em células que passam através da transição entre o ciclo celular G1/S ► É o ponto de integração ▪ Peça fundamental na regulação da progressão do ciclo celular 4 ► Gene do Retinoblastoma ► O paradigma atual é que a perda de controle do ciclo celular normal é fundamental para a transformação maligna e que pelo menos um dos quatro principais reguladores do ciclo celular (p16/INK4a, ciclina D, CDK4, RB) está desregulado na grande maioria dos cânceres humanos. Em células que abrigam mutações em qualquer um destes outros genes, ou em fatores a montante que regulam a sua expressão e função (p. ex., tirosina cinases receptoras, RAS), a RB pode estar funcionalmente inativada, mesmo se o próprio gene RB não sofrer mutação TP53: Guardiã do Genoma ► Um gene supressor de tumor que regula: ▪ Progressão do ciclo celular ▪ Reparoreparo de DNA ▪ Senescência celular ▪ Apoptose ► Gene que mais sofre mutações cancerígenas ► TP53 codifica a proteína p53 ▪ A p53 serve como ponto focal de uma grande rede de sinais que detectam o estresse celular, principalmente danos no DNA, mas também o encurtamento dos telômeros, a hipóxia e o estresse causado pelo excesso de sinalização pró- crescimento − Ocorrer em células portadoras de mutações em genes como RAS e MYC − Em células saudáveis: permanece indetectável, inibida pela MDM2 (enzima que faz a ubiquitinação da p53 → leva a degradação pelo proteossomo) − Em células estressadas: a p53 é liberada dos efeitos inibidores do MDM2 através de dois mecanismos principais, os quais variam dependente da natureza do estresse: ✓ Danos no DNA e na hipóxia Danos complexos contendo cinases da família ATM/ATR → fosforilam a p53, liberando-a de seus inibidores, como o MDM2 ✓ Estímulo “oncogênico” ▪ A p53 controla a expressão e a atividade das proteínas desenvolvidas na interrupção do ciclo celular, reparoreparo de DNA, senescência celular e apoptose − Ativa e regula positivamente a expressão de proteínas tais como o inibidor da cinase dependente de ciclina p21 ✓ Causa a interrupção do ciclo celular no ponto de checagem G1-S Reparo dos danos no DNA. − Se o dano no DNA não puder ser reparado, a p53 induz eventos adicionais que levam à senescência celular ou à apoptose ▪ Inativada por oncoproteínas virais 5 Efei to Warburg Alterações metabólicas promotoras de crescimento ► também conhecido como glicólise aeróbica ► Fenômeno no qual, mesmo na presença de oxigênio suficiente, as células cancerígenas demonstram uma forma distinta de metabolismo celular: ▪ Altos níveis de absorção de glicose + aumento da conversão de glicose para lactose (fermentação) através da via glicolítica ▪ “fome de glicose” observada na tomografia de emissão de pósitrons (PET) ► Não é específico de câncer, mas sim é uma propriedade geral de células em crescimento que se torna “fixa” nas células cancerígenas ► A glicólise aeróbica proporciona a células tumorais de divisão rápida intermediários metabólicos que são necessários para a síntese de componentes celulares, ao passo que a fosforilação oxidativa mitocondrial não ► Vias de sinalização ▪ Sinalização de PI3K/AKT: − Regula positivamente a atividade de transportadores de glicose e enzimas glicolíticas − Promove o desvio de intermediários mitocondriais para as vias que conduzem à biossíntese de lipídios − Estimula fatores que são necessários para a síntese proteica ▪ Atividade da tirosina cinase receptora: − Transmite sinais de crescimento para o núcleo − Influencia metabolismo ▪ MYC: − Leva a mudanças na expressão gênica que suportam o metabolismo anabólico e o crescimento celular − Regulado positivamente pelas vias de pró- crescimento Apoptose Morte celular programada ► Evasão da Apoptose por meio de mutações nos genes regulatórios ► A apoptose pode ser iniciada por meio de vias intrínsecas ou extrínsecas, ambas as quais resultam na ativação de uma cascata proteolítica de caspases que destroem a célula ► As anomalias de ambas as vias são encontradas em células cancerígenas, mas as lesões que incapacitam a via intrínseca (mitocondrial) parecem ser mais comuns ► Em mais de 85% dos linfomas de células B foliculares, o gene anti-apoptótico da BCL2 é superexpresso devido a uma translocação (14; 18). ► A superexpressão de outros membros da família BCL2 como a MCL-1 também está ligada à sobrevida da célula cancerígena e à resistência as drogas Imortalidade das células ► Relacionada a 3 fatores: 1) Evasão da senescência: − Senescência: deixar permanentemente o ciclo celular e nunca se dividir novamente ✓ Regulado positivamente pelos supressores − Fuga de células de senescência e catástrofe mitótica causadas pelo encurtamento dos telômeros a. A replicação de células somáticas, que não expressam a telomerase, leva a telômeros encurtados b. Na presença de postos de checagem competentes, as células sofrem uma interrupção e entram na senescência não replicativa c. Na ausência de pontos de checagem, as vias de reparo de DNA, tais como a via não homóloga de união de extremidade (NHEJ) são ativadas inapropriadamente, levando à formação de cromossomos dicêntricos d. Na mitose, os cromossomos dicêntricos são separados, a gerando quebras de fita dupla aleatórias, que, em seguida, ativam as vias de reparo de DNA, levando à associação aleatória de extremidades de fita dupla e à formação, novamente, de cromossomos dicêntricos e. As células passam por inúmeras etapas deste ciclo de ”ponte-fusão-quebra“, que gera uma enorme instabilidade cromossômica e inúmeras mutações f. Se as células não conseguirem reexpressar a telomerase, elas eventualmente sofrem catástrofe mitótica e morrem g. A reexpressão da telomerase permite que as células escapem do ciclo de ”ponte-fusão- quebra“, promovendo assim a sua sobrevivência e tumorigênese 2) Evasão da crise mitótica 3) Autorrenovação − Pelo menos algumas células em todos os tipos de câncer devem ser similares às células-tronco; essas células são algumas vezes referidas como as células-tronco do câncer − Elas podem surgir através da transformação de uma célula-tronco normal ou através de lesões genéticas adquiridas que lhes conferem um estado similar ao estaminal mesmo em uma célula mais madura ► As células cancerígenas adquirem lesões que inativam os sinais de senescência e reativam a 6 telomerase, que atuam em conjunto para transmitir um potencial replicativo ilimitado Angiogênese ► A vascularização de tumores é essencial para seu crescimento e é controlada pelo equilíbrio entre os fatores angiogênicos e antiangiogênicos que são produzidos pelas células tumorais e estromáticas ► A hipoxia desencadeia a angiogênese através das ações do HIF-1α na transcrição do fator pró- angiogênico VEGF ► Muitos outros fatores regulam a angiogênese ▪ Por exemplo, a p53 induz a síntese do inibidor da angiogênese trombospondina-1, enquanto a sinalização de RAS, MYC, e MAPK regula positivamente a expressão de VEGF e estimula a angiogênese ► Inibidores de VEGF são utilizados para tratar um número de cânceres avançados e prolongar o curso clínico, mas não são curativos. Invasão e Metástase ► São resultados de interações complexas entre as células cancerígenas e o estroma normal ► Principais causas de morbidade e mortalidade relacionadas ao câncer Cascata metastática ► Dividida em duas partes: 1) Invasão da matriz extracelular(MEC) 2) Disseminação vascular, instalação das células tumorais e colonização Invasão da Matriz Extracelular ► Um carcinoma deve: a. Romper a membrana basal subjacente b. Atravessar o tecido conjuntivo intersticial c. E, em última instância, ter acesso à circulação através da penetração na membrana basal vascular ► Invasão da MEC inicia a cascata metastática ► Processo ativo que pode ser separado em diversos passos: ▪ “Relaxamento” das interações célula tumoral- célula tumoral − ↓ adesividade − Contatos de célula-célula são perdidas através da inativação da E-caderina, através de diversas vias − Atraem células inflamatórias ▪ Degradação da MEC − As proteases secretadas pelas células tumorais e células inflamatórias degradam a membrana basal ▪ Migração e invasão das células tumorais − Ocorre a ligação de células tumorais nos sítios de ligação gerados proteoliticamente e a migração de células tumorais ► A locomoção é a última etapa da invasão, impulsionando as células tumorais através da membrana basal degradada e das zonas de proteólise da matriz ▪ Membranas basais e degradação da matriz intersticial são mediadas por enzimas proteolíticas secretadas por células tumorais e estromáticas, como as metaloproteases e catepsinas da matriz − As enzimas proteolíticas também liberam fatores de crescimento sequestrados na MEC e 7 geram fragmentos quimiotáticos e angiogênicos a partir da clivagem das glicoproteínas da MEC ► O local metastático de muitos tumores pode ser adivinhado através da localização do tumor primário ▪ Muitos tumores ficam presos no primeiro leito capilar que encontram (mais comumente no pulmão e fígado) ► Alguns tumores exibem tropismo em um órgão, provavelmente devido à expressão dos receptores de adesão ou quimiocina, cujos ligantes são expressos por células endoteliais do local metastático ► Genes que promovem a transição epitelial- mesenquimal, como o TWIST e o SNAIL, podem ser importantes genes de metástase nos tumores epiteliais Evasão da Defesa do Hospedeiro ► Nos últimos anos, tornou-se evidente que tumores produzem diversos fatores que promovem a tolerância à imunidade e a imunossupressão, e que agentes terapêuticos que neutralizam estes fatores podem resultar na regressão do tumor, mesmo em pacientes com cânceres avançados Antígenos Tumorais ► Classes principais: ▪ Produtos de genes mutados ▪ Proteínas celulares superexpressas ou expressas de forma aberrante ▪ Antígenos tumorais produzidos por vírus oncogênicos ▪ Antígenos oncofetais ▪ Glicolipídios e flicoproteínas de superfície celular alterados ▪ Antígenos de diferenciação específicos para o tipo celular Mecanismos Efetores Antitumorais ► Linfócitos T Citotóxicos ► Células Natural Killers ► Macrófagos Vigilância Imunológica e Fuga ► Escape Tumoral ▪ Células tumorais devem desenvolver mecanismos para escapar ou evadir-se do sistema imunológico em hospedeiros imunocompetentes, tais quais: − Crescimento seletivo de variantes antígeno- negativas − Perda ou redução da expressão de moléculas de MHC − Ativação das vias imunorregulatórias − Secreção dos fatores imunossupressores através de células cancerígenas − Indução das células T regulatórias (Tregs) ► Conceitos-chave ▪ Células tumorais podem ser reconhecidas pelo sistema imunológico como não próprias e então destruídas ▪ A atividade antitumoral é mediada por mecanismos predominantemente mediados por células ▪ Antígenos tumorais estão presentes na superfície da célula através de moléculas de MHC de classe I e são reconhecidos por CTLs CD8 + ▪ As diferentes classes de antígenos tumorais incluem produtos de proto-oncogenes mutados, genes supressores de tumores, proteínas superexpressas ou expressas de forma aberrante, antígenos tumoraisproduzidos por vírus oncogênicos, antígenos oncofetais, glicolipídios e glicoproteínas alterados e antígenos de diferenciação específicos para o tipo de célula ▪ Pacientes com imunossupressão possuem um risco maior de desenvolver câncer, especialmente os tipos causados por vírus de DNA oncogênicos ▪ Em pacientes imunocompetentes, os tumores podem evitar o sistema imunológico através de vários mecanismos, incluindo o crescimento seletivo 8 de variantes antígeno-negativas, perda ou expressão reduzida de antígenos de histocompatibilidade e imunossupressão mediada pela expressão de certos fatores (p. ex., TGF-β, PD-1 ligante, galectinas) pelas células tumorais ▪ Os anticorpos que superam esses mecanismos de evasão imune são uma promessa em testes clínicos conduzidos em pacientes com câncer avançado C ARC INO GÊN ESE Q U ÍM IC A ► Etapas de sequência iniciação-promoção a. Iniciação → resulta da exposição das células a uma dose suficiente de agentes carcinogênicos − Célula está alterada → potencial de origem tumoral − Substâncias de ação direta ou indireta b. Provoca dano permanente ao DNA (mutações) − É rápida e irreversível + possui memória − Os tumores são produzidos mesmo se a aplicação do agente promotor sofrer um atraso de diversos meses após uma única aplicação do iniciador − Gera danos não letais c. Os promotores podem induzir o surgimento de tumores nas células iniciadas, mas eles não são tumorigênicos por si mesmos − Não há formação de tumores quando o agente promotor é aplicado antes, ao invés de depois, do agente iniciador ✓ Alterações celulares que resultam da aplicação dos promotores não afetam o DNA diretamente e são reversíveis ✓ Aumentam a proliferação das células iniciadas ► Carcinógenos de Ação Direta e Indireta ▪ Agentes de ação direta não precisam da conversão metabólica para tornarem-se carcinogênicos − Ex: agentes alquilantes ▪ Agentes de ação indireta não são ativos até que sejam convertidos para um carcinógeno final, através das vias metabólicas endógenas − Precisam da conversão − Ex: Hidrocarbonetos policíclicos (presentes em combustíveis fósseis), Benzopireno (componente da fuligem e cigarros) ▪ A maioria dos carcinógenos conhecidos é metabolizada por mono-oxigenases dependentes de citocromo P-450 − Dessa forma, polimorfismos das enzimas endógenas como o citocromo P-450 podem influenciar na carcinogênese. ► Os promotores são agentes químicos não mutagênicos, mas os quais estimulam a proliferação celular ▪ Agentes que causam hiperplasias patológicas do endométrio ou atividade regenerativa no fígado C ARC INO GÊN ES E POR R AD I AÇ ÃO ► A radiação ionizante causa: ▪ Ruptura do cromossomo ▪ Translocações ▪ E, menos frequentemente, mutações pontuais ▪ Resultando em danos genéticos e carcinogênese. ► Raios UV induzem a formação dos dímeros da pirimidina dentro do DNA, resultando em mutações ▪ Portanto, os raios UV podem dar origem a carcinomas de células escamosas e melanomas da pele ▪ Indivíduos com defeitos no reparo dos dímeros da pirimidina sofrem de xeroderma pigmentoso e estão particularmente em situação de alto risco ► A exposição à radiação durante os procedimentos de imagem, como nos exames de TC, está associada a um aumento muito pequeno, porém existente, no risco de câncer em crianças C ARC INO GEN ESE M ICR OB IA NA Vírus Oncogênicos de RNA ► Vírus da Leucemia de Células T Humanas Tipo 1(HTLV-1): ▪ Retrovírus endêmico do Japão, do Caribe e de partes da América do Sul e África ▪ Causa a leucemia/linfoma das células T em adultos ▪ Ação: − Codifica a proteína viral Tax → transforma-se em vias de sinalização pró-crescimento e pró sobrevivência (PI3K / AKT, NF-κB) ✓ Resultando em uma expansão policlonal das células T 9 ▪ Após um longo período de latência (décadas), uma pequena parte dos indivíduos infectados com HTLV-1 desenvolvem leucemia/linfoma de células T em adultos − Tumor de células CD4+ que surge a partir de uma célula infectada com HTLV-1, presumivelmente devido à aquisiçãode mutações adicionais no genoma da célula hospedeira Vírus Oncogênicos de DNA Vírus do Papiloma Humano ► Alguns tipos (p. ex., 1, 2, 4 e 7) provocam o papiloma escamoso benigno (verrugas) em humanos ► HPVs de alto risco (p. ex., tipos 16 e 18) foram implicados na gênese do carcinoma de células escamosas do colo do útero, da região anogenital e da cabeça e pescoço (especialmente tumores que surgem na mucosa tonsilar) ► Cânceres são ISTs provocadas pela transmissão do HPV ► O sítio de integração viral em cromossomos hospedeiros é aleatório, mas o padrão de integração é clonal ▪ As células em que o genoma viral se integrou mostram significativamente mais instabilidade genômica ▪ A integração interrompe o DNA viral dentro do quadro de leitura E1/E2, levando à perda do repressor viral E2 e à superexpressão das oncoproteínas E6 e E7 ► Potencial oncogênico do HPV pode ser bem explicado pelas atividades dos dois genes virais codificadores E6 e E7: ▪ A proteína E6 liga-se e faz a mediação da degradação de p53 + estimula a expressão da TERT (a subunidade catalítica da telomerase que contribui para a imortalização das células) ▪ Proteína E7 se liga à proteína RB e desloca os fatores de transcrição E2F que normalmente estão sequestrados por RB, promovendo a progressão através do ciclo celular ▪ Para resumir, os tipos de HPV de alto risco expressam proteínas oncogênicas que inativam os supressores de tumor, ativam ciclinas, inibem a apoptose e combatem a senescência celular Vírus Epstein-Barr ► Herpesvírus onipresente implicado na patogênese dos: ▪ Linfomas de Burkitt ▪ Linfomas de células B em pacientes com imunossupressão de células T (infecção por HIV, receptores de transplante) ▪ Outros tipos de cânceres. ► O genoma do EBV abriga vários genes que codificam proteínas que desencadeiam as vias de sinalização da célula B ▪ Em conjunto, esses sinais são indutores potentes do crescimento e transformação das células B ▪ Na ausência da imunidade das células T, as células B infectadas com EBV podem rapidamente “desenvolver-se” como tumores de células B agressivos ▪ Na presença da imunidade das células T normais, uma pequena fração dos pacientes infectados desenvolve tumores de células B com EBV positivo (linfoma de Burkitt, linfoma de Hodgkin) ou carcinomas (nasofaríngeo e gástrico) Vírus da Hepatite B e C ► Causa entre 70% e 85% dos casos de carcinomas hepatocelulares em todo o mundo ► Efeitos oncogênicos são multifatoriais ▪ Efeito dominante parece ser a inflamação crônica imunologicamente mediada + lesão hepatocelular + proliferação de hepatócitos reparadores ▪ A proteína HBx do núcleo do HBV e HCV pode ativar as vias de transdução de sinal que também podem contribuir para a carcinogênese Helicobacter pylori ► Implicada no adenocarcinoma gástrico ou linfoma MALT ► A patogênese é multifatorial ▪ Inclui a inflamação crônica + proliferação celular gástrica reparadora ▪ Os genes de patogenicidade H. pylori, como o CagA, também podem contribuir → estímulo das vias de fator de crescimento ► A infecção por H. pylori crônica resulta em proliferações de células B policlonais que podem dar origem a um tumor de células B monoclonal (linfoma MALT) do estômago, como resultado do acúmulo de mutações
Compartilhar